terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bovespa, a que mais sobe em dólar

Um mercado de constrastes
Autor(es): agência o globo:Bruno Villas Bôas
O Globo - 01/11/2011
Bovespa fecha outubro com alta de 11,4%, a maior do mundo, e dólar tem a maior queda frente ao real: 9,4%

Do setembro negro, quando registrou seu maior tombo neste ano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) viveu outubro num céu de brigadeiro e acumulou seu melhor desempenho mensal em dois anos e meio. O Ibovespa, índice de referência do mercado, avançou 11,49% no mês, para 58.338 pontos ontem, após seis meses consecutivos de perdas. Em dólares, o mercado brasileiro subiu 20,69% e teve o melhor desempenho do mundo. Os investidores estrangeiros foram os responsáveis por isso, ao voltarem a comprar ações em peso no país, embalados pelo acordo entre líderes europeus sobre o plano de socorro a países endividados da região. Com o clima de otimismo, o dólar comercial foi deixado de lado e recuou a R$1,704 ontem, num tombo de 9,46% no mês, a maior desvalorização entre as principais moeda no mundo.
- O mercado brasileiro viveu nesses dois últimos meses movimentos exagerados e opostos, entre oito e 80. Isso pode ser explicado não apenas porque investidores têm facilidade de comprar e vender no país, mais do que em outros emergentes. Mas também porque os preços aqui oscilam muito em função dos preços das commodities (matérias-primas) e existe ainda a euforia da Copa e Olimpíadas - explica Rogério Freitas, sócio e gestor da Teórica Investimentos.
Com o forte desempenho do Ibovespa em outubro, os fundos de investimento que buscam acompanhar o desempenho do índice foram a melhor aplicação financeira do mês, com um avanço de 9,03% até o dia 26, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Isso não acontecia desde agosto de 2009. No ano, porém esses fundos ainda acumulam uma baixa de 16,01%.
- Para quem comprou ações nos últimos meses e está com ganho, o melhor é vender o papéis progressivamente. O cenário para frente ainda é muito incerto. Embora as ações tenham sido a melhor aplicação de outubro, é importante lembrar que o Ibovespa ainda cai 15,82% no ano - avalia Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Segundo especialistas, o acordo que permitiu o perdão de metade da dívida da Grécia e a ampliação do fundo de socorro europeu (de 440 bilhões para cerca de 1 trilhão puxou uma forte alta do preço das matérias-primas em outubro, principalmente de petróleo e commodities metálicas. E isso ajudou aplicações em ações de empresas de matérias-primas. Os trabalhadores que aplicaram parte do dinheiro do FGTS em ações da Vale viu seu dinheiro valorizar-se 4,63% no mês. Já o FGTS-Petrobras acumulou um ganho de 4,30% em outubro.
Fundos de renda
fixa rendem menos
Os fundos cambiais, que haviam sido a melhor aplicação em setembro, derreteram 5,80% no mês que terminou ontem. No ano, porém ainda registram um ganho acumulado de 8,55%, um dos melhores desempenhos. Segundo Wolfgang Walter, da presidente da Global Hedging, a queda do dólar comercial em outubro ocorreu no mundo inteiro.
- Os investidores de diferentes lugares venderam seus dólares e foram aplicar em mercados de maior risco, que oferecem um melhor retorno, como o Brasil. E, por isso, as commodities se valorizaram tanto. Para a frente, o câmbio segue uma incógnita. Eu acredito que o dólar pode voltar a subir fortemente - avalia o executivo.
Os investimentos em renda fixa, por outro lado, ficam cada vez menos atraentes. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou em mais 0,5 ponto percentual os juros básicos brasileiros (Selic), para 11,50% ao ano. Os fundos de renda fixa (prefixados) tiveram assim uma rentabilidade de 0,80% e os DI (pós-fixados), de 0,77%, ambos menores do que em setembro.
Os fundos multimercados multiestratégia (que podem investir em ações, câmbio e renda fixa, por exemplo) renderam 1,23% no mês. Especialistas lembram que metade desses ganhos foi corroída pela inflação. O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas, foi de 0,53% em outubro.
Em NY , o melhor mês em 20 anos
Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 1,97%, aos 58.338 pontos, num dia de quedas nas bolsas de todo o mundo. No câmbio, a moeda americana recuou 1,19%, a R$1,704. O pessimismo no último dia do mês foi provocado pela insegurança em relação à crise na Europa e pela intervenção do governo japonês no mercado de câmbio. O Japão vendeu ienes pela segunda vez em menos de três meses ontem, depois de a moeda atingir novo recorde de alta ante o dólar. O país disse ter feito uma intervenção para conter movimentos especulativos que estão prejudicando a economia. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 2,26% e o Nasdaq, 1,93%. No mês, o Dow teve o melhor desempenho desde outubro de 2002, o S&P, desde dezembro de 1991 e o Nasdaq, setembro de 2010.
- As bolsas vêm de altas expressivas neste mês e é quase irresistível para investidores embolsarem uma parte dos lucros - disse André Perfeito, da Gradual Investimentos.

Ano termina sem brilho para emissão de ações

Ano para ofertas de ações "já acabou"
Autor(es): Por Graziella Valenti | De São Paulo
Valor Econômico - 01/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/1/ano-termina-sem-brilho-para-emissao-de-acoes

O ano de 2011 já pode ser fechado para balanço para emissões de ações. O volume das operações deste ano, de R$ 17,9 bilhões, só foi melhor que os de 2004 e 2005, os dois primeiros da revitalização do mercado de capitais brasileiro. Banqueiros de investimento admitiram, no seminário "Mercado de capitais e o crescimento das empresas de middle market", promovido pelo Valor, que as ofertas se encerraram. Para 2012, as expectativas são mais otimistas, já que muitos fundos fizeram caixa

O ano de 2011 já pode ser fechado para balanço quando o assunto são as emissões de ações. O volume das operações deste ano só foi melhor do que o captado em 2004 e 2005, os dois primeiros da revitalização do mercado de capitais brasileiro. No total, as ofertas de ações somaram R$ 17,9 bilhões, movimentados por 11 aberturas de capital e mais 11 ofertas subsequentes por empresas já listadas.
O total deste ano é inferior até mesmo aos R$ 25 bilhões de 2010, excluídos os R$ 120 bilhões da megaoferta da Petrobras.
Banqueiros de investimento admitem que o ano terminou. Entretanto, as expectativas para 2012 são mais otimistas, já que muitos fundos fizeram caixa e ao início de cada ano os gestores estão com os "taxímetros zerados".
O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que o cenário externo, por contágio de aversão ao risco, segurou cerca de 40 ofertas iniciais de ações. No início do ano, o executivo estimava que as operações poderiam alcançar R$ 55 bilhões, o que faria de 2011 o melhor ano após o boom de 2007, quando foram levantados R$ 70,1 bilhões no mercado brasileiro. Pinto participou do seminário "Mercado de capitais e o crescimento das empresas de middle market", promovido pelo Valor.
Na opinião de Marcelo Trindade, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o governo precisa decidir "se gosta do mercado de capitais ou se não gosta". Na visão do advogado, companhia aberta é "tudo de bom" - emprega adequadamente, é auditada e não sonega.
"O governo anda com passos tortos. Às vezes incentiva e, cada vez com mais frequência, desincentiva o mercado de capitais", avaliou Trindade, durante seminário promovido pelo Valor. Para ele, o discurso oficial parece contraditório com as ações tomadas recentemente. Ele criticou em particular o veto da presidente Dilma Rousseff ao fim da obrigatoriedade das empresas de menor porte de publicarem balanços no Diário Oficial, na Lei 12.431/11.
Trindade acredita que o desafio é "convencer o investidor que uma boa ação preferencial pode ser um bom veículo de investimento", em especial, na fase intermediária de uma companhia, quando inicia sua vida no mercado de capitais. A chegada de um sócio, como fundos de investimento em participações, ou vários, representa duas grandes novidades para uma companhia: dividir direitos econômicos e políticos.
A BM&FBovespa tem como meta trazer ao mercado 200 companhias até 2015, em especial companhias de médio porte.
O presidente da bolsa, Edemir Pinto, enfatizou que é justamente por deter uma enorme oportunidade de crescimento que a bolsa brasileira é tão bem avaliada internacionalmente. Atualmente, são 467 empresas listadas, que fecharam setembro com uma capitalização de mercado de R$ 2,1 trilhões.
A BM&FBovespa é a terceira maior em valor de mercado, com US$ 12,6 bilhões ao fim de outubro - perde apenas para a bolsa de Hong Kong (US$ 19 bilhões) e para a Chicago Mercatile Exchange (US$ 18,7 bilhões). Pinto enfatizou que um sinal de que a bolsa brasileira está avaliada pelo seu potencial é a comparação com a Nyse, a maior do mundo em companhias listadas. A Nyse é a 6ª maior bolsa, avaliada em US$ 7,3 bilhões.
O presidente da BM&FBovespa ressaltou que a grande oportunidade de crescimento está nas companhias de médio porte, com vendas anuais entre R$ 100 milhões e R$ 400 milhões e com um quadro de empregados entre 250 e 1.000.
Na avaliação do presidente do BTG Pactual, André Esteves, não há problemas de fundamento com a economia brasileira. Além disso, para ele, o governo está, sim, comprometido com o mercado e, eventuais questões, ocorreram mais por má execução do que por postura ideológica.
Assim, para Esteves, passada a turbulência, os investidores voltam para o país e as ofertas de ações serão retomadas. Segundo ele, que também participou do seminário promovido pelo Valor, o país sofre com a falta de cultura em ações. "Vivíamos a Disneylândia dos juros." Com o cenário de queda na taxa, acredita que está gradualmente havendo uma mudança. "No futuro, nós todos teremos posição em ações."
Porém, o presidente do BTG lembrou que não há como promover todas as evoluções ao mesmo tempo. Ele lembrou que a revitalização do mercado nem mesmo completou uma década. Com isso, respondeu ao presidente da BM&FBovespa, que destacou que, no Brasil, as ofertas movimentam em média entre US$ 400 milhões e US$ 450 milhões por colocação - muito mais do que a média na América, Europa e Ásia. (Colaboraram Flavia Lima e Vinícius Pinheiro)

TODOS QUEREM CRÉDITO

Todos querem crédito
Autor(es): Por Fernanda PRESSINOTT
Isto é Dinheiro - 31/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/todos-querem-credito
 
Queda dos juros anima a captação dos fundos de recebíveis, que ganham terreno como uma alternativa às aplicações tradicionais de renda fixa.

Com os juros em queda, os investidores em renda fixa estão procurando alternativas mais lucrativas do que os tradicionais CDBs ou fundos de renda fixa. Uma das opções prediletas tem sido os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Esses produtos, que dão ao investidor o direito de receber parcelas de financiamentos de todos os tipos, existem há dez anos, mas só agora estão se popularizando entre os investidores individuais. Segundo a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P), a captação dos FIDCs, em 2011, está muito acima do esperado. O previsto para o ano era de R$ 15 bilhões, mas essa cifra já foi atingida em agosto. "O total captado neste ano deve chegar a R$ 20 bilhões", diz Leandro Albuquerque, analista de crédito da S&P. "Somente em setembro, fizemos oito avaliações de novas emissões, um recorde."
Hoje, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registra 200 fundos ativos, com um patrimônio de R$ 75 bilhões. Tanta demanda é explicada pela boa rentabilidade. Esses fundos rendem mais que as aplicações de renda fixa convencionais porque o investidor recebe uma parte dos juros elevados cobrados de quem pede dinheiro emprestado. A rentabilidade média dos FIDCs tem sido equivalente a 140% dos juros de mercado, medidos pelos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI), que dão um retorno bruto de 16% ao ano. Para comparar, os melhores fundos de renda fixa convencionais vêm rendendo em média 95% do CDI, pouco menos de 11% ao ano. Trata-se de uma diferença de cinco pontos percentuais a favor dos FIDCs. Para conseguir esses retornos, esses papéis reúnem vastos lotes de créditos que uma empresa tem a receber, como pagamentos com cartão de crédito ou financiamentos para a compra de imóveis ou automóveis.
Daí eles serem chamados também de fundos de recebíveis. A busca dessa rentabilidade maior motivou o administrador de empresas paulista Renato Galotti a investir em FIDCs, no início de 2010. "O retorno elevado me fez colocar 20% do meu patrimônio nessa aplicação", diz ele. Investidor sofisticado, Galotti já teve experiências ruins com crédito ao apostar em uma empresa de fomento mercantil. "Depois disso, preferi reduzir meu risco e optar por recebíveis pulverizados, por meio dos fundos", diz. Sua escolha foi o fundo Quatá FIDC Multissetorial, da Quatá Investimentos, com patrimônio líquido de R$ 70,5 milhões e que rendeu 13,86% no ano até o dia 17 de outubro. André Macedo, sócio da Quatá e gestor do fundo, diz que sua estratégia é preferir recebíveis de empresas que faturam entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão por ano e atuem em setores menos vulneráveis às oscilações da economia, como alimentos e infraestrutura. "Conseguimos um retorno médio de 140% do CDI em 12 meses", diz Macedo.
Claro que juros mais altos não vêm de graça. Para ganhar esses pontos percentuais a mais, o investidor corre mais riscos do que numa aplicação convencional. "Empréstimos consignados apresentam uma inadimplência média de 2%, no financiamento de veículos novos esse percentual é de 4% e, na compra de veículos usados, o calote médio chega a 7%", diz Antonio Oliveira, superintendente-executivo do mercado de capitais do HSBC. Os FIDCs não possuem apenas recebíveis de varejo, mas podem ser montados também com duplicatas e cheques de uma ou de várias empresas. Um ponto a ser analisado com lupa na hora de aplicar em um FIDC é a estrutura que o fundo montou para proteger os investidores do calote. Na maioria dos casos, o gestor reserva uma fatia do dinheiro captado junto aos cotistas para fazer frente à inadimplência. Se um devedor não pagar, essa reserva – chamada de estrutura subordinada – será usada para cobrir o buraco. Quem aplica em um fundo, porém, não investe nisso, mas compra as chamadas cotas seniores.
"O percentual total de cotas subordinadas, ou o colchão contra inadimplência, é importante em nossa avaliação do risco de um FDIC", diz Albuquerque, da agência S&P. Esse é um investimento de longo prazo. O empresário rural paulista Renato Dias é um entusiasta do produto há tempos. "Investi em FIDC há dois anos e tive um ótimo resultado, mas fui obrigado a resgatar porque precisei do dinheiro", diz. "Agora estou investindo novamente e só vou sacar se surgir uma oportunidade de negócio para minhas fazendas." O crescimento dos FIDCs é consequência do amadurecimento da indústria de fundos. Além das vantagens para os investidores, as empresas emissoras também podem usar esses instrumentos como uma alternativa de captação. O vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades de Mercado de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, está animado com a efervescência do produto. Somente no mês passado, 27 fundos do tipo foram estruturados. "Ao optar por esses fundos, as empresas e os bancos tiram os recebíveis do balanço e conseguem recursos para usar como capital de giro", diz Kiraly.

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