segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fome pode se agravar, diz estudo

Correio Braziliense - 28/11/2011
 

Uma pesquisa divulgada pela Oxfam, organização internacional de combate à fome, prevê um futuro catastrófico na produção de alimentos se a questão ambiental não começar a ser resolvida em breve. De acordo com o estudo, eventos como a seca no nordeste da África, que resultou em pelo menos 13 milhões de famintos, devem se tornar mais frequentes e passar a acontecer de forma generalizada no mundo.
Em regiões onde problemas econômicos e políticos já são graves, as mudanças no clima devem impactar de maneira ainda mais severa a alimentação da população mais pobre, que chega a gastar 75% de sua renda com alimentação. "No momento, há comida suficiente com problemas na distribuição. Porém, com as alterações climáticas, será cada vez mais difícil produzir alimentos", diz ao Correio o representante britânico da organização, Tim Coore. "Esse efeito é mais grave em grãos, como milho e arroz, e em alguns vegetais, que são a base da alimentação das populações mais pobres", completa.
Em julho, os preços do sorgo na Somália subiram 393%, e os preços do milho na Etiópia e no Quênia aumentaram, respectivamente, 191% e 161% nos últimos cinco anos. Seca e incêndios que se seguiram a uma onda de calor na Rússia e na Ucrânia destruíram grande parte da colheita de 2010 e provocaram um aumento de 60% a 80% nos preços mundiais de trigo em apenas três meses. Tempestades e tufões no sudeste da Ásia ajudaram a subir o preço do arroz em até 30% na Tailândia e no Vietnã. (MMM)
Longo caminho
Veja as principais expectativas e os resultados alcançados nas recentes conferências sobre mudanças climáticas
COP-13
Bali (Indonésia), 2007
Expectativas: Alcançar um consenso sobre a necessidade da adoção de medidas urgentes e universais para a diminuição dos efeitos das mudanças climáticas
Resultados: Apesar de algumas nações, entre elas os Estados Unidos, permanecerem com certo ceticismo em relação ao tema, o Bali Action Plan determinou que um novo acordo sobre a questão climática seria firmado em 2009
COP-14
» Poznán (Polônia), 2008
Expectativas: Aprofundar cinco pontos propostos pelo Bali Action Plan para facilitar um consenso na conferência do ano seguinte. Esses pontos incluíam a transferência de tecnologias menos poluentes para países em desenvolvimento e a diminuição das emissões de carbono
Resultados: A expectativa por um posicionamento do então recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama (foto), travou um avanço mais rápido nas negociações. Das cinco metas, houve consenso em apenas uma: a formação de um fundo internacional para ajudar países pobres a lidar com as mudanças no clima
COP-15
» Copenhague (Dinamarca), 2009
Expectativas: Como previa o plano elaborado na Indonésia, seria na conferência dinamarquesa que o novo protocolo que substituiria o de Kyoto seria assinado. Por essa razão, 133 chefes de governo e Estado compareceram ao evento, o maior número em uma conferência ambiental desde a Rio 92, no Brasil
Resultados: O que era para ser um momento histórico na mudança das políticas ambientais em todo o mundo, foi considerado por muitos um fiasco. Um acordo mais simples foi assinado nos instantes finais da conferência, mas sem efeitos vinculantes, ou seja, sem a obrigatoriedade de cumprimento pelas nações
COP-16
» Cancún (México), 2010
Expectativas: Com o fracasso da conferência anterior, as esperanças para a reunião do México se tornaram pequenas. O objetivo da maioria dos negociadores se transformou em solucionar uma série de questões que impediam
as negociações de um acordo
mais amplo
Resultados: De certa forma, esse objetivo foi alcançado. O número de países que aceitaram assumir metas de redução da emissão aumentou, e o os financiamentos cresceram. No entanto, o grupo liderado pelos EUA permanece irredutível quanto à adoção de metas de redução da poluição. Perdeu-se a última chance de aprovar um acordo que pudesse ratificado pelas assembleias nacionais antes do fim do Protocolo de Kyoto
Alertas climáticos
Veja algumas evidências científicas utilizadas pelo Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC) para tentar sensibilizar os negociadores na COP-17
» Desde 1900, o nível do mar aumentou entre 10cm e 20cm. A temperatura média global da superfície aumentou 0,8ºC. As temperaturas médias em terra aumentaram muito mais rápido: 0,91ºC desde meados do século 20, segundo o Berkeley Earth Surface Temperature Project
» Entre 20% e 30% das espécies de plantas e animais enfrentarão ameaça de extinção se as temperaturas globais aumentarem entre 1,5º e 2,5ºC, em comparação com as temperaturas médias das últimas duas décadas do século 20
» Na África, por volta de 2020, entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas ficarão expostas a um maior estresse hídrico. O produto da agricultura irrigada por chuvas em alguns países da África poderá ser reduzido em até 50%. Áreas similares a desertos podem se expandir entre 5% e 8% em 2080
» Na Ásia, a disponibilidade de água doce diminuirá em meados do século. Os megadeltas costeiros correrão risco de inundações devido ao aumento do nível dos mares. A mortalidade atribuída a doenças associadas a cheias e secas aumentará.

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