São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2011 |
No mercado, Freedom Group é conhecido por recuperar companhias para revendê-las, mas falhou anteriormenteDO "NEW YORK TIMES" Nos últimos anos, muitas armas que estão entre as mais vendidas nos EUA -como as da Remington Arms, fundada há 195 anos, as da Bushmaster Firearms e as da DPMS- passaram sem alarde para mãos de um só controlador: o Freedom Group. A empresa é a força mais poderosa e misteriosa na indústria de armas dos EUA. Não ouviu falar no grupo? Você não é o único. Mesmo entre os aficionados por armas, o Freedom Group é até certo ponto um enigma. Sua ascensão vem sendo tão rápida que a empresa se tornou alvo de especulações acirradas e teorias conspiratórias. Quem está por trás desse empreendimento é a Cerberus Capital Management, empresa de investimentos privados que primeiro chamou a atenção do público quando comprou a Chrysler, em 2007 (mais tarde, a Chrysler precisou ser resgatada pelos contribuintes norte-americanos). Com muito menos fanfarra, a Cerberus, por meio do Freedom Group, vem adquirindo grandes nomes nos setores de armas e munição. Desde sua sede em Manhattan, a Cerberus já montou um arsenal notável. Ela começou com a Bushmaster e depois comprou a Remington, cuja história data da época das espingardas de pederneira e hoje supre o governo do Afeganistão de fuzis M24 para atiradores de elite. "Acreditamos que a escala e amplitude de nossos produtos não têm igual no setor", disse o Freedom Group no ano passado em relatório arquivado na SEC (que regula o mercado de ações). Na seara dos rifles e das espingardas para consumidores -conhecidos no setor como "long guns", ou armas compridas-, o grupo domina o mercado. Segundo suas próprias contas, o Freedom Group vendeu 1,2 bilhão de armas compridas e 2,6 bilhões de cartuchos de munição nos 12 meses encerrados em março de 2010, o ano mais recente para o qual as cifras estão disponíveis ao público. Alguns aficionados por armas alegam que a eminência parda por trás da empresa é George Soros, o bilionário de fundos de "hedge" e ativista liberal. Para elas, Soros estaria comprando empresas americanas de armas para poder desmontar a indústria. As especulações cresceram tanto que em outubro a Associação Nacional de Rifles divulgou comunicado negando os boatos. Soros não faz parte do grupo, mas não está claro por que a Cerberus investiu nas empresas de armas. Muitas firmas de investimento privado evitam setores como esse, para não afastar grandes investidores como fundos de pensão. Sob muitos aspectos, porém, a iniciativa lembra o estilo Cerberus: investir em companhias que outras pessoas podem não querer, mas que ela acredita que poderá recuperar. A empresa faz parte de um dos ramos de atuação mais fortes em Wall Street na década passada: "private equity" (compra de participação em companhias). Os reis das aquisições de empresas, como Stephen Feinberg, 51, presidente-executivo da Cerberus, procuram adquirir empresas subavaliadas, muitas vezes com dinheiro emprestado, as reorganizam e então ou as vendem com lucro ou abrem seu capital na Bolsa. Antes da crise financeira de 2008, dezenas de empresas americanas conhecidas passaram para as mãos de firmas de "private equity". Para os financistas, as recompensas muitas vezes eram enormes. Mas algumas companhias que eles adquiriram mais tarde enfrentaram problemas, em parte porque carregavam o ônus da dívida decorrente das aquisições. Quando a Cerberus iniciou sua orgia de aquisições no setor de armas, ela basicamente tinha o campo de atuação livre apenas para ela. "Existe muito menos competição para a aquisição destas firmas", diz Steven N. Kaplan, da Escola Booth de Administração da universidade de Chicago e especialista em "private equity". |
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