segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Argentinos entram no controle da Usiminas

São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2011Poder
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Ternium desbanca CSN e compra fatia da Votorantim e Camargo Corrêa na siderúrgicaDE SÃO PAULO
A Ternium, segunda maior siderúrgica da América Latina, anunciou ontem à noite a compra de 26% das ações ordinárias da Usiminas pertencentes aos grupos Votorantim e Camargo Corrêa.
A Ternium também comprou parte da fatia da Caixa dos Empregados Usiminas, fundo de pensão dos funcionários, na empresa.
Com isso, a Ternium, controlada pelo grupo argentino Techint, passa a deter 27,7% do capital votante da Usiminas e a compor o bloco de controle da siderúrgica mineira, ao lado do grupo japonês Nippon Steel.
Os argentinos pagaram
R$ 5,03 bilhões para entrar na Usiminas, ou R$ 36 por ação ordinária, o que representa um prêmio de 83% sobre o preço de mercado dos papéis -na sexta-feira, as ações ordinárias da Usiminas fecharam a R$ 19,70.
A Camargo Corrêa e a Votorantim informaram que a saída da Usiminas está relacionada à estratégia dos grupos de focar em segmentos considerados estratégicos por cada empresa.
A Camargo Corrêa informou, por meio de nota, que deve se concentrar na área de infraestrutura. Já o grupo Votorantim tem como "core business" os mercados de cimento, metais, celulose, suco de laranja e aços longos -a Usiminas é produtora de aços planos.
A saída da Camargo Corrêa e Votorantim da Usiminas ocorre em uma fase difícil para as siderúrgicas, que tentam se adaptar à forte concentração no setor de mineração, fornecedor do principal insumo para a produção de aço, o minério de ferro.
CSN DE FORA
O anúncio põe fim a uma longa negociação envolvendo as participações de Camargo Corrêa e Votorantim na Usiminas e pode ser interpretado como uma derrota da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), do empresário Benjamin Steinbruch.
Interessadas em sair do negócio, Camargo Corrêa e Votorantim chegaram a negociar a venda de suas ações na siderúrgica mineira com a CSN, segundo rumores de mercado -a empresa não confirmou oficialmente que teria apresentado a oferta.
O acordo barrou na oposição da Nippon Steel, maior acionista individual da Usiminas, ao negócio.
Diante do fracasso nas negociações, a CSN adotou uma nova estratégia: elevar a participação acionária na Usiminas por meio da compra de papéis da empresa na Bolsa de Valores.
Ao longo deste ano, a CSN emitiu quatro comunicados ao mercado informando aumento de participação acionária na empresa.
Segundo o último aviso, divulgado em 18 de novembro, a CSN detém 11,6% das ações ordinárias e 20,1% das ações preferenciais da Usiminas.
Recentemente, em entrevista na capital paulista, o presidente da CSN admitiu o esforço para aumentar a sua participação na Usiminas, mas também as dificuldades.
"Estamos tentando fazer a nossa parte, a gente tem que fazer. Agora, se vai dar certo, só Deus sabe", disse, ao final de setembro, Steinbruch.
Para barrar o avanço da CSN na siderúrgica mineira, a Nippon teria até costurado um acordo com a brasileira Gerdau, segundo informações de bastidores.
Com preferência na aquisição dos 26% da Camargo e da Votorantim, os japoneses comprariam os papéis para, depois, negociar com a Gerdau, que se tornaria acionista da Usiminas e impediria o avanço da CSN.
Nas últimas semanas, porém, ganhou força o rumor de que a Ternium estaria perto de acordo com Camargo e Votorantim, confirmado ontem.



PT Made in Japan

Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/pt-made-in-japan
Nippon vetou propostas da CSN e da Gerdau pela Usiminas, reescrevendo a política industrial

A venda de participações de controle do capital da Usiminas a um grupo da Argentina, acompanhada do aumento da posição acionária de um dos sócios remanescentes, do Japão, trata-se, em princípio, de uma notícia banal de negócios, sem maiores implicações.
Falamos da venda das ações do bloco de controle da Usiminas até então detidas pela Votorantim e pela Camargo Corrêa, ambas somando 26% do capital, para o grupo siderúrgico e de máquinas Techint — por meio de suas associadas Ternium e Confab — por R$ 5 bilhões.
O grupo japonês Nippon Steel, que induziu o desfecho do negócio, aumentou a sua fatia, comprando ações do quarto sócio do acordo de acionistas que dirige o complexo Usiminas/Cosipa, a CEU, Caixa dos Empregados da Usiminas. E, assim, praticamente, se desnacionalizou a produção de aço, apesar de o país possuir as maiores reservas de minério de ferro do mundo, disputando a liderança com a Austrália.
Depois das mudanças societárias, que se mantinham praticamente sem alteração desde a privatização da Usiminas, o complexo passou para o controle da Nippon, com 46,1% do capital, da Techint, com 43,3%, e da CEU, com residuais 10,6%. Foi-se embora o centro de decisões do setor siderúrgico, que era totalmente nacional e estatal sob o guarda-chuva da Siderbras até as privatizações do governo FHC.
Hoje, dos grandes do ramo, permanecem nacionais a CSN, ela também uma ex-estatal, e a Gerdau, que sempre foi privada e se tornou a empresa brasileira mais internacionalizada, com fábricas em vários países, sobretudo nos EUA. Assim como se deu com a venda, em 2005, da Cia. Siderúrgica de Tubarão, outra ex-estatal, para a Arcelor, da família Mittal, da Índia, mas baseada em Londres, o governo não interferiu. Ao PSDB isso seria o certo. Mas ao PT é questionável.
Desde a eleição de Lula, e continua com Dilma Rousseff, o governo pratica política industrial focando o desenvolvimento da indústria nacional, a criação de tecnologia própria e a agregação de valor à produção de insumos, de forma a que, em vez de minério de ferro, o principal produto exportado para China, o país vendesse aço, cujo valor é maior e gera muito mais emprego. E fazer como os chineses: processar minério em aço e exportá-lo como carro, geladeira, trem.
A desnacionalização completa da Usiminas-Cosipa chama atenção não por razões ideológicas, mas por contrariar tal diretriz do governo — a mesma a que o PT recorre a cada eleição presidencial sob a forma de defesa das empresas estatais e do nacionalismo diante da ameaça do suposto "entreguismo" do PSDB. É o que aconteceu.
O discurso e a prática
Não tivessem os governos Lula e Dilma tais discursos e políticas em favor da empresa nacional e esse negócio, como outros recentes, seria eminentemente privado. Assim foi, por exemplo, com a venda de um conjunto de ativos de distribuição de energia detidos por um grupo da Espanha para outro da China, a State Grid. A operação foi aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, sem a anuência do BNDES, que a desconhecia, embora credor do negócio vendido.
Se existem tais regras e regulamentos, supõe-se que é para serem cumpridos. O contexto é que quaisquer ativos em áreas incentivadas possam ser vendidos, dando-se a preferência a grupos nacionais.
Japoneses dissimulados
Certa ou errada, tal é a ideia da política industrial. No caso da Usiminas, havia dois grupos interessados nas ações da Votorantim e da Camargo Corrêa, que queriam vendê-las e se concentrar em outras atividades: a CSN e a Gerdau. O acordo de acionistas entre elas e a Nippon prevê que o direito de preferência é de uma delas.
A Nippon não o exerceu, mas vetou a proposta da CSN, de valor até superior ao que pagou a argentina Techint, e a da Gerdau, que não confirma ter aberto negociações. A Steinbruch o chairman da Nippon Steel disse, em Tóquio, desconhecer que os sócios quisessem sair. No caso de Gerdau, a proposta envolveria a troca de ações, o que não foi aceito, segundo gente do governo que monitorou o negócio.
O nacionalismo bizarro
A complexidade da operação é que Steinbruch, ao ouvir o não da Nippon, saiu a comprar papéis da Usiminas, acumulando o suficiente para querer assento no conselho da administração. Para a Techint, a Usiminas é a chance de abastecer a usina do grupo no México com placas que vinham da filial da Venezuela até que ela foi encampada por Hugo Chávez. A CSN a substituiu desde então. Steinbruch avisou ao dono da Techint, o empresário ítalo-argentino Paolo Rocca, que ele terá de negociar. Tal contencioso é privado, não interessa ao governo. Já a Nippon reescrever a política industrial foi bizarro.
Brasil, o gigante bobão
A Constituição não diferencia o capital nacional e estrangeiro, à exceção de poucas áreas consideradas estratégicas. Tais regras são mais liberais que as dos EUA. Lá, o Congresso já vetou a venda de petroleiras para empresas da China e analisa se a Huawei e a ZTE, provedoras de redes de comunicações, ameaçam a segurança nacional.
Já o governo chinês aprova o capital de fora a operar no país, se associado, em geral, a firmas locais. Na Índia, só agora as redes de varejo estrangeiras foram autorizadas a entrar. No Brasil, tais regras soam pecaminosas. Exportamos soja em grão em vez de óleo; minérios, não aço; açúcar em vez de doces. O aço feito nos EUA com minério brasileiro custa menos que no Brasil. É o gigante bobão.

OPERAÇÃO USIMINAS FRUSTRA OS ACIONISTAS MINORITÁRIOS

TUDO IGUAL NA USIMINAS?
Autor(es): Por Graziella Valenti, Vera Saavedra Durão e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo e do Rio
Valor Econômico - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/operacao-usiminas-frustra-os-acionistas-minoritarios

A entrada do grupo ítalo-argentino Ternium, braço de siderurgia da Techint, no bloco de controle da Usiminas tem vencedores óbvios: a Camargo Corrêa e a Votorantim, que venderam suas ações por R$ 36 cada uma, com um prêmio de 83%, numa operação de R$ 5 bilhões. Para os acionistas da Usiminas que se mantiveram na companhia, principalmente os minoritários, a operação ainda terá de se provar um bom negócio

A chegada da ítalo-argentina Ternium , do grupo Techint, ao bloco de controle da Usiminas tem vencedores óbvios: os vendedores Camargo Corrêa e Votorantim. Conseguiram um prêmio de 83% por suas ações, ao alienarem suas participações por R$ 36 por ação, num cenário nada motivador para commodities internacionais. Trata-se de um investimento de R$ 5 bilhões pela nova sócia, por 27,7% do capital votante da siderúrgica mineira.
Já para os acionistas da Usiminas que se mantiveram na companhia, a operação terá que se provar um bom negócio. Não está claro que essa era a melhor opção para conduzir uma virada na Usiminas. O comportamento das ações indica que não houve comemoração com a transação, a despeito do valor pago pela Ternium. As preferenciais subiram 2,83% ontem, fechando a R$ 10,90, num dia em que o Índice Bovespa teve alta de 2,05%. As ordinárias, fora do bloco de controle, tiveram queda de 3,55%, para R$ 19,00.
A Usiminas está avaliada em bolsa a R$ 14,9 bilhões. Caso o preço oferecido pelo grupo ítalo-argentino fosse extrapolado para todas as ações, a empresa valeria mais de R$ 36 bilhões.
No mercado, há quem comente que o negócio não foi o melhor para o sucesso da atividade da Usiminas, dentre as opções existentes, embora o fim das indefinições sobre o controle seja um alívio.
"Já se falou muito, no passado, de uma internacionalização da Usiminas. Hoje não é o momento, em função da crise, com um excesso de oferta de aço. Mas nada impede que essa discussão volte em um segundo momento e a presença de dois parceiros internacionais poderia ajudar", afirmou Wilson Brumer, presidente da Usiminas.
As opções brasileiras - Gerdau e CSN - ofereceriam mais sinergias operacionais, alegam alguns investidores frustrados. A Gerdau era a preferida pelo mercado, pela governança. A CSN, por sua vez, faria maior sentido operacional. Procuradas, Gerdau CSN não comentaram o assunto.
Mas as negociações de Gerdau e CSN passavam pela necessidade de integrar as companhias. A junção das atividades era vital para o investimento fazer sentido.
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, a sócia-controladora da Usiminas, Nippon, não mostrava disposição de negociar esse modelo. Assim não se chegava a bom termo, mesmo com disposição para um prêmio elevado, como demandavam os vendedores para deixar o controle. "Sem integrar as empresas, qualquer preço seria caro", comentou uma fonte que esteve envolvida nas negociações.
Segundo Roberto Vidigal, atual presidente do conselho de administração das empresas do grupo no Brasil (Ternium, Tenaris Confab e Techint Tecnologia), o preço pago embute as modificações do acordo de acionistas e as sinergias, que "são grandes".
Na opinião dos analistas do Morgan Stanley Carlos de Alba, Bruno Montanari e Alfonso Salazar, a Ternium pagou caro.
Eles observam que, na prática, os papéis da Usiminas podem ser divididos em três categorias: as preferenciais, sem direito a voto; as ordinárias que não fazem parte do bloco de controle e as ordinárias que estão no bloco de controle.
Desde que começaram os rumores de negociação pela Usiminas, as ordinárias, que historicamente negociavam com deságio frente as preferenciais, mais líquidas, passaram a ter prêmio. Na sexta-feira, antes da conclusão do negócio, esse prêmio era superior a 85%. Ainda assim, o valor pago para ingressar no bloco controlador foi 83% maior que o de bolsa.
Nas contas dos especialistas do Morgan Stanley, as ações do bloco de controle deveriam ter prêmio de 25% sobre as ordinárias de mercado que, por sua vez, deveriam valer 25% mais que as preferenciais.
Eles afirmam que a Ternium vai ingressar no grupo de controle da Usiminas, mas terá poder muito limitado para fazer mudanças radicais. As decisões terão de ser aprovada por 65% das ações do bloco de controle. Isso significa que, na prática, nem Nippon nem Ternium decidem nada isoladamente. Elas precisam que a Caixa dos Empregados da Usiminas também concorde com o rumo dos negócios.
"O controle dividido reduz a flexibilidade necessária para uma retomada da empresa", comentam os analistas do Morgan Stanley.
A manutenção do controle dividido explica a inexistência de uma oferta de compra aos minoritários de ações ordinárias - e a queda desses papéis. Como Nippon e Caixa de Empregados da Usiminas continuam compondo o controle, a chegada da Ternium não configura alienação de controle. (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)

Usiminas agora é controlada por estrangeiros

Autor(es): agência o globo:Thiago Herdy e Danielle Nogueira
O Globo - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/usiminas-agora-e-controlada-por-estrangeiros

Com entrada de grupo italiano, que pagará R$5 bi por fatia na siderúrgica, gringos terão 57,2% do capital votante
BELO HORIZONTE e RIO. Vinte anos após sua privatização, a primeira do Programa Nacional de Desestatização, a Usiminas vai mudar de mãos novamente e deixar de ser brasileira. Com a entrada do grupo italiano Techint - que desembolsará R$5 bilhões por uma fatia de 27,7% no capital votante da empresa -, o controle da siderúrgica mineira passa a ser dividido entre os recém-chegados italianos e a japonesa Nippon Steel, acionista da companhia desde 1991. Juntos, os dois terão 57,2% das ações ordinárias (com direito a voto) da Usiminas. Maior produtora de aços planos do país, a companhia é grande fornecedora de montadoras.
A operação, anunciada no fim da noite de domingo, foi detalhada ontem pelo presidente da Usiminas, Wilson Brumer. Pelo novo acordo de acionistas, o grupo Techint, por meio de suas subsidiárias Ternium, Siderar e TenarisConfab, comprará 26% do capital votante que estavam em posse de Camargo Corrêa (13%) e Votorantim (13%). Além disso, vai adquirir 1,7% da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU). O preço pago por ação será de R$36, ágio de 83% sobre a cotação da última sexta-feira (R$19,70) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Minoritários devem
ficar de fora da operação
Paralelamente, a Nippon pagará R$307 milhões por 1,7% das ações ordinárias da CEU, elevando sua fatia no capital votante para 29,5% e reduzindo a da CEU a 6,8%. Pelo acordo, não há mudanças no número de cadeiras do grupo controlador no Conselho de Administração: Ternium e empresas associadas assumem os três assentos que eram ocupadas por Camargo e Votorantim; a Nippon tem outros três, e a Caixa de Empregados, dois.
O acordo encerra uma disputa que vinha sendo liderada pela CSN. Desde janeiro, a empresa estava comprando ações da Usiminas. A última aquisição, este mês, elevou sua fatia para 11,6% do capital votante. A CSN, no entanto, permanece fora do bloco de controle. Nessa briga, a Gerdau chegou a ser apontada como potencial candidata para as fatias de Votorantim e Camargo, que vinham acenando sua disposição de vendê-las. Mas a siderúrgica gaúcha, a preferida do governo federal para encabeçar a compra, não se mexeu.
Leonardo Alves, da Link Investimentos, acredita que, com a vitória de um grupo estrangeiro na disputa, a Usiminas pode perder apoio do governo em questões pontuais. Mas Brumer não parece preocupado:
- Agora um acionista se junta a nós com o intuito de ajudar a Usiminas a crescer no Brasil - disse o executivo, que descarta mudanças imediatas na diretoria e prevê para o fim de janeiro a conclusão do acordo.
Segundo Brumer, não deve haver tag along (extensão aos acionistas minoritários do prêmio pago aos controladores). Os papéis preferenciais da Usiminas (PNA, sem direito a voto) subiram 2,83%, a R$10,90, enquanto os ordinários (ON, com direito a voto) caíram 3,55%, a R$19. Segundo Pedro Galdi, da SLW, a queda se deve ao fato de que os papéis estavam com "preço inflado", em parte por causa das recentes aquisições da CSN.
Ontem, a Usiminas anunciou a compra da Mineração Ouro Negro (MG) por US$367 milhões e a conclusão da compra da J. Mendes (MG) por US$1,9 bilhão.

Usiminas aposta em processo de internacionalização

Autor(es): Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
Valor Econômico - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/usiminas-aposta-em-processo-de-internacionalizacao

A entrada da Ternium no bloco de controle da Usiminas poderá viabilizar um processo de internacionalização da siderúrgica mineira, algo que já foi ensaiado no passado, mas que nunca saiu do papel.
A avaliação foi feita ontem presidente da Usiminas, Wilson Brumer, durante entrevista em Belo Horizonte. A Ternium pertence ao grupo ítalo-argentino Techint. "A Ternium está muito focada na América Latina. Ela tem usinas no México e na Argentina. Chegou a ter uma na Venezuela. Tem vários centros de serviço nos EUA. Podemos discutir muitas oportunidades de negócios", disse.
Segundo ele, em um momento de empresas globalizadas, a aquisição por parte da Ternium da fatia pertencente à Votorantim e à Camargo Corrêa permitirá à Usiminas "crescer no Brasil e certamente crescer em outros mercados quando for o tempo necessário".
"Já se falou muito, no passado, de uma internacionalização da Usiminas. Hoje não é o momento para essa discussão, em função até da crise pela qual o setor atravessa, com um excesso de oferta de aço. Mas nada impede que a discussão volte em um segundo momento, e a presença de dois parceiros internacionais poderia ajudar nesse aspecto", disse Brumer.
Pelo acordo firmado, os dois maiores acionistas passam a ser os japoneses do grupo Nippon, que aumentam sua participação de 43,47% das ações vinculadas ao acordo para 46,12% e a Ternium, que terá 43,31%. O fundo de pensão dos funcionários deixa de ter 15,86% das ações do acordo e passa a ter 10,57%. Considerando o total de ações ordinárias da siderúrgica, e não apenas as pertencentes ao bloco de controle, a Nippon tem 29,45%, a Ternium, 27,66% e os empregados, 6,75%.
Um dia após o anúncio da entrada do novo sócio na Usiminas, o executivo não deu muitas pistas sobre quais mudanças práticas deverão ocorrer nos projetos e nos negócios da siderúrgica mineira.
"Somos parceiros de longa data e, na discussão que certamente vai acontecer o tempo todo, vamos descobrir coisas que podemos fazer juntos com o passar do tempo. Mas falar de sinergias neste momento, eu acho que é prematuro."
Um eventual aumento da participação de mercado da Usiminas num futuro próximo se deverá, segundo o executivo, muito mais aos atuais investimentos feitos pela empresa do que à entrada dos novos sócios no bloco de controle.
Ao falar sobre eventuais mudanças nos cargos de diretoria decorrentes da alteração societária, o executivo voltou a dizer que é cedo para essa discussão. Além de eventuais indicações para a direção que a Ternium poderá fazer, os novos sócios também poderão indicar seus representantes para as três cadeiras no conselho de administração que herdaram da Votorantim e da Camargo Corrêa.
O negócio ainda precisará da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e talvez abra uma disputa envolvendo os acionistas minoritários que venham a cobrar na Justiça o direito de receber o mesmo prêmio pago aos controladores por suas ações.
"Nosso entendimento jurídico é que não há "tag along" porque o grupo de controle continua existindo. O acionista Nippon e a Caixa de Empregados continuam presentes nesse acordo. O que simplesmente houve foi a saída de um dos integrantes do grupo de controle para a entrada de outro."
Depois de meses de especulações e movimentos envolvendo as siderúrgicas brasileiras Gerdau e CSN, a venda de uma parte do controle da Usiminas para a Ternium põe fim a um período em que a empresa mineira ficou cercada por incertezas.
A opção pela pelo grupo ítalo-argentino se deveu muito à longa história de parcerias e negócios que a Usiminas e a Nippon têm com as empresas da Techint.
"Esse assunto [da venda] vinha sendo debatido [há meses] e de uma certa maneira vinha criando muitos rumores no mercado. Isso não é bom para a empresa porque acaba criando uma certa insegurança, acaba criando outros tipos de problemas. [Agora] a solução está dada. Então, vira-se uma página", disse Brumer.
"A solução foi com um parceiro de primeira linha, que tem com a Usiminas uma relação muito próxima e que tem uma relação muito próxima com a Nippon Steel."
Segundo Brumer, embora a participação da Votorantim e da Camargo Corrêa não depreciasse a Usiminas - "ao contrário", disse -, a mudança societária faz com que a siderúrgica passe a ter um grupo em seu controle "de empresas do setor, o que valoriza o futuro da Usiminas".
A Usiminas também anunciou ontem que a sua subsidiária de mineração finalizou duas parcerias na região de Serra Azul, em Minas. A empresa comprou ativos e direito minerário na região da Mineração Ouro Negro, por US$ 367 milhões. Também fez um acordo com a Ferrous, que permitirá um melhor aproveitamento pela Usiminas de uma área localizada entre as reservas das duas mineradoras.

Usiminas compra mina em Serra Azul por US$ 367 mi

O Estado de S. Paulo - 29/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/29/usiminas-compra-mina-em-serra-azul-por-us-367-mi
A Usiminas anunciou ontem o aumento das reservas de minérios de ferro da empresa em 24,44%, chegando à capacidade estimada em 2,8 bilhões de toneladas. O crescimento se deve à compra, por US$ 367 milhões, de ativos e direito minerário da Mineração Ouro Negro, em Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, que elevará as reservas da empresa em 550 milhões de toneladas. A Usiminas também concluiu a compra da J. Mendes, Somisa e Global Mineração, iniciada em 2008. Na ocasião, a siderúrgica fez um aporte US$ 925 milhões e agora concluiu o negócio com mais US$ 100 milhões. Segundo a empresa, as compras permitirão sua autossuficiência em minério de ferro em meados de 2013, passando da atual produção de 8 milhões de toneladas anuais para 29 milhões de toneladas em 2015. A siderúrgica consome cerca de 15 milhões de toneladas de minério por ano. / MARCELO PORTELA

São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2011Mercado
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COMMODITIES
Maior multinacional argentina aumenta presença no Brasil

Grupo Techint compra, por meio de subsidiária, 26% das ações da siderúrgica Usiminas
Grupo argentino emprega 70 mil pessoas no mundo; no ano passado, faturamento foi de US$ 22 bilhões

LUCAS FERRAZ

DE BUENOS AIRES

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/11843-maior-multinacional-argentina-aumenta-presenca-no-brasil.shtml

Maior multinacional argentina, o Grupo Techint amplia sua relação com o Brasil ao adquirir, por meio de uma subsidiária, 26% das ações da Usiminas, empresa com quem mantém negócios desde a década de 1990.
Em 1998, um consórcio integrado pelas duas companhias tornou-se sócio da Sidor, siderúrgica venezuelana que terminou estatizada pelo presidente Hugo Chávez há três anos.
No ano seguinte, a Tenaris, outra empresa do Grupo Techint, comprou a Confab, instalada em Pindamonhangaba (SP) e responsável por produzir e fornecer tubos de aço para a indústria energética do Brasil e região.
Grupo que emprega 70 mil pessoas ao redor do mundo, a Techint tem algumas subsidiárias com sede na Europa, como é o caso da Ternium (segunda maior siderúrgica da América Latina, que comprou parte da Usiminas) e da Tenaris, ambas com sede em Luxemburgo. No ano passado, o faturamento de todo o grupo foi de US$ 22 bilhões.
"Considero essa operação um marco fundamental na história da Ternium, da Siderar e da Usiminas, assim como também um importante avanço na integração industrial do Mercosul", disse por meio de nota o presidente-executivo do Grupo Techint, Paolo Rocca.
"A aliança (...) configura um sistema industrial capaz de atender as exigências mais complexas de toda a cadeia de valor de setores produtivos estratégicos da América Latina: automotivo, construção, agroindústria, linha-branca, energia, entre outros", afirmou.
Empresário ítalo-argentino, Rocca atua hoje para mudar a imagem antikirchnerista atrelada ao grupo, fundado por seu avô em 1945.
Na semana passada, após vários anos de enfrentamento, Rocca se reuniu com a presidente Cristina Kirchner. Não só ele mas muitos empresários argentinos, antes contrários ao governo, trataram de se aproximar da Casa Rosada, movimento iniciado após outubro, quando ela foi reeleita com votação recorde.

São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2011Mercado
Mercado

Usiminas paga US$ 367 mi por mineradora

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/11844-usiminas-paga-us-367-mi-por-mineradora.shtml

A Usiminas deu ontem mais um passo em direção à autossuficiência em minério de ferro, principal insumo para a produção de aço, estimada para 2013.
A empresa anunciou a aquisição da Mineração Ouro Negro, na região de Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, por US$ 367 milhões.
Com a compra, a Usiminas adiciona 550 milhões de toneladas de minério de ferro à sua capacidade e eleva em 24% suas reservas em Serra Azul, para 2,8 bilhões de toneladas.
A notícia foi divulgada após o anúncio de venda das participações de Votorantim e Camargo Corrêa na empresa para o grupo ítalo-argentino Ternium.
Com isso, a Usiminas, primeira estatal a ser privatizada no país, não tem mais empresas nacionais no seu grupo controlador, que passa a ser formado pela Ternium e pela japonesa Nippon Steel, além do fundo de pensão dos funcionários da Usiminas, com participação de 10%.
Mas o presidente da empresa, Wilson Brumer, afasta o termo "desnacionalização", alegando que a Usiminas está instalada no Brasil, tem fábricas no país e ações negociadas na Bolsa de Valores nacional.
Ele considera, porém, que, se a necessidade de internacionalização voltar à pauta do setor, a presença da Nippon e da Ternium pode ser um facilitador.

A nova disputa pelo controle da Usiminas

Autor(es): Cláudio Gradilone
Isto é Dinheiro - 05/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/5/a-nova-disputa-pelo-controle-da-usiminas
 
A disputa pelo prêmio de controle da Usiminas é muito menos visível que o chute no engravatado, mas igualmente danosa para o capitalismo brasileiro.
A melhor imagem da privatização da Usiminas, concluída com choro e ranger de dentes no dia 24 de outubro de 1991, é a foto abaixo: um manifestante contrário à venda chutando um anônimo engravatado. Ambos – agressor e agredido – personificavam a disputa visceral que se desenrolava então sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro. De um lado, os defensores de uma economia cartorial, estatizada e ineficiente. De outro, os autoproclamados paladinos da modernidade, representada pelo então presidente Fernando Collor, que tentava atualizar o capitalismo brasileiro com uma boa dose de truculência. Uma das promessas era a possibilidade de que os brasileiros pudessem comprar ações da empresa privatizada. Isso permitiria que os ganhos fossem repartidos entre muitos. Não há dúvida de que a privatização fez bem à siderúrgica.
A Usiminas de 1991 faturou US$ 1,03 bilhão e lucrou US$ 60 milhões. A de 2010 faturou US$ 6,8 bilhões e lucrou US$ 943 milhões. A receita foi multiplicada por sete e o lucro por 15. No entanto, a participação dos pequenos investidores nesse processo ainda é apenas uma promessa. Duas décadas depois de deixar de ser estatal, a Usiminas também deixou de ser brasileira. Seus controladores agora são os argentinos da Ternium, controlada pelo grupo italiano Techint, e os japoneses da Nippon Steel. Ao contrário de 1991, o processo foi isento de paixões políticas e de manifestações ruidosas. Mesmo assim, a nova venda da Usiminas mostra que o capitalismo brasileiro ainda tem um longo caminho a percorrer. Pela Lei das Sociedades Anônimas, que foi aprovada dez anos após a privatização, os investidores que tivessem ações ordinárias teriam direito a 80% do prêmio de controle no caso de a empresa mudar de mãos.
A Usiminas afirma que seu controle não mudou. Os minoritários – entre eles a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil – discordam, e prometem pleitear sua fatia do prêmio de controle. Não se discutem, aqui, filigranas legais. O fato é que a Usiminas tem novos donos. Mesmo assim, apesar de a lei das Sociedades Anônimas proteger os minoritários, é pouco provável que eles consigam participar dos frutos da transação sem mobilizar um exército de advogados e enfrentar uma longa batalha legal. Essa disputa é muito menos visível do que o chute no engravatado há duas décadas, mas é igualmente danosa para o capitalismo brasileiro. A dolorosa abertura da economia exigiu que empresários e trabalhadores encetassem uma marcha forçada em direção à modernidade. O mercado de capitais não ficou ao largo desse processo.
Além da lei das S.A. e da instalação do Novo Mercado, ambos de 2001, várias empresas vêm discutindo com seriedade formas de aperfeiçoar sua governança corporativa. No entanto, casos como o da Usiminas (e vários outros, menos recentes) mostram que muitas companhias abertas de grande porte ainda não enxergam seus "pequenos" acionistas como sócios, ou seja, parceiros nos períodos de vacas magras e nas épocas de dinheiro farto. E nunca é demais lembrar: apesar de todos os seus defeitos, distorções e injustiças, o eficiente mercado de capitais americano é o instrumento mais eficaz para gerar – e distribuir – riqueza em grande escala.

Minoritários da Usiminas rubros de raiva

Dinheiro em ação
Isto é Dinheiro - 05/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/5/minoritarios-da-usiminas-rubros-de-raiva
 
Papéis avulsos
A transação entre o grupo ítalo-argentino Ternium e os brasileiros Votorantim e Camargo Corrêa, que envolveu 43,3% das ações ordinárias da Usiminas, deixou os acionistas minoritários da siderúrgica rubros de raiva. Logo após o anúncio da transação, representantes do mercado questionaram o fato de que os compradores não estenderam o prêmio pago, de 82%, para todos os investidores. Segundo Edison Garcia, presidente da Associação de Mercado de Capitais (Amec), em casos semelhantes, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) obrigou o novo sócio a oferecer esse benefício, conhecido como "tag along", a todos que detinham ações ordinárias. "Isso ocorreu com a compra do Pão de Açúcar pelo Casino", diz Garcia. As reclamações devem envolver grandes acionistas. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informou apenas que está avaliando o assunto. Na prática, as providências ainda estão na fase de contratação de advogados. O fundo possui 5,9% do capital da Usiminas, dividido em 10,4% das ações ordinárias e 1,2% das preferenciais. Procurada, a Usiminas não comentou o assunto.

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