07/11/2011 | 19h39
Desde 1996 a produção de grãos dobrou e o desenvolvimento de tecnologias tornou as áreas mais produtivas
- Daniela Castro | Planaltina (DF)
Atualizada às 21h48
Em 1996 nascia o Canal Rural. Em 15 anos foram muitas as evoluções na agricultura. A produção de grãos dobrou e uma mesma área plantada passou a ser mais produtiva devido ao desenvolvimento de tecnologias. As manifestações - as principais em Brasília - fizeram surgir políticas públicas, que mudaram os rumos da agricultura, permitindo inclusive a renegociação de dívidas.
O Pronaf surgiu em 1996. O programa de financiamento com juros mais baixos era uma reivindicação do Grito da Terra, manifestação que é feita todos os anos em Brasília. O programa surgiu com uma oferta de R$ 200 milhões, hoje o valor chega a R$ 16 bilhões.
– Essa evolução é muito significativa não só sob o ponto de vista do financeiro, que isso é importante, mas das pessoas se sentirem em inclusão social – disse o secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris.
Os 4,3 milhões de agricultores familiares do Brasil produzem 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros. Segundo o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller, o Pronaf fez com que o agricultor mudasse sua estrutura de produção, comprando máquinas e se modernizando.
– O Pronaf tem dado um salto de qualidade e está financiando de uma forma crescente também investimentos de longo prazo – aponta Müller.
Os grandes produtores também se organizaram para protestar. De acordo com a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, a partir do Caminhonaço surgiu a renegociação da primeira das dívidas que foi o pesa e a securitização. Seis anos depois, cinco mil tratores ocuparam a Esplanada dos Ministérios.
– O resultado só veio em 2008, uma nova lei (emenda) estabeleceu um novo pacto dos agricultores e seu endividamento – disse Kátia.
Além de reduzir as dívidas era preciso modernizar as máquinas. Para isso foi criado o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), uma linha de financiamento criada há 11 anos que levou para o campo 250 mil novos equipamentos.
– Na década de 80 a 90 e de 90 a 2000 e aí lá se vão 20 anos, não houve nenhum programa para que se instrumentalizasse o produtor, para ele fazer uma aquisição de máquinas agrícolas, então, as máquinas estavam envelhecidas. O programa veio para o rejuvenescimento dessas máquinas – disse o secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Caio Rocha.
Expansão no Centro-Oeste
Financiamento, novas máquinas e a necessidade de ampliar a área produtiva. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi determinante para a expansão agrícola no Centro-Oeste.
– Essas áreas foram ocupadas graças ao desenvolvimento da pesquisa, ao desenvolvimento de variedades e de tecnologias de cultivo de manejo adaptadas a essas regiões – explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos, Francisco Aragão.
O produtor rural Derci Cenci veio do Rio Grande do Sul e apostou na região. No final dos anos 70 desembarcou com a família no Distrito Federal e trouxe na bagagem a experiência de agricultor familiar para cultivar 280 hectares doados pelo governo - que pretendia incentivar a produção local. Hoje Cenci possui sete mil hectares para produzir alimentos.
– Valeu a pena porque hoje nós somos felizes porque temos a melhor tecnologia do cerrado e a melhor produtividade em hectare de produção agrícola de grãos – disse o produtor.
Aumento da produção
Assim como Cenci, produtores rurais em todo o país se dedicaram para que o Brasil aumentasse o cultivo. Em 2000 rompemos a barreira de cem milhões de toneladas.
Em 15 anos, a produção mais que dobrou, saltou de 76 milhões de toneladas para 162 milhões de toneladas de grãos. Graças ao desenvolvimento de tecnologias, em uma mesma área plantada, a produtividade aumentou. A produção de milho alcançou um ganho de 50% de 1996 até agora, subiu de 2.400 quilos para 4.500 quilos por hectare.
A safra brasileira custa R$ 160 bilhões, de acordo com dados do Banco do Brasil (BB), e 18% são de recursos dos próprios dos produtores, 20% são empréstimos de empresas que fornecem insumos e sementes, e 62% são financiados pelo sistema bancário. De acordo com o vice-presidente do agronegócio do BB, Osmar Dias, o banco tem uma participação significante no aumento da produção agrícola no país.
– Ele transformou-se no maior banco do mundo a financiar a agricultura tanto em número de famílias, porque nós já estamos atendendo mais de 1,5 milhão de famílias, quanto no volume de recursos, que nós temos uma carteira que fechou em junho com mais de R$ 81 bilhões – afirma Dias.
O Pronaf surgiu em 1996. O programa de financiamento com juros mais baixos era uma reivindicação do Grito da Terra, manifestação que é feita todos os anos em Brasília. O programa surgiu com uma oferta de R$ 200 milhões, hoje o valor chega a R$ 16 bilhões.
– Essa evolução é muito significativa não só sob o ponto de vista do financeiro, que isso é importante, mas das pessoas se sentirem em inclusão social – disse o secretário de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris.
Os 4,3 milhões de agricultores familiares do Brasil produzem 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros. Segundo o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Müller, o Pronaf fez com que o agricultor mudasse sua estrutura de produção, comprando máquinas e se modernizando.
– O Pronaf tem dado um salto de qualidade e está financiando de uma forma crescente também investimentos de longo prazo – aponta Müller.
Os grandes produtores também se organizaram para protestar. De acordo com a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, a partir do Caminhonaço surgiu a renegociação da primeira das dívidas que foi o pesa e a securitização. Seis anos depois, cinco mil tratores ocuparam a Esplanada dos Ministérios.
– O resultado só veio em 2008, uma nova lei (emenda) estabeleceu um novo pacto dos agricultores e seu endividamento – disse Kátia.
Além de reduzir as dívidas era preciso modernizar as máquinas. Para isso foi criado o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), uma linha de financiamento criada há 11 anos que levou para o campo 250 mil novos equipamentos.
– Na década de 80 a 90 e de 90 a 2000 e aí lá se vão 20 anos, não houve nenhum programa para que se instrumentalizasse o produtor, para ele fazer uma aquisição de máquinas agrícolas, então, as máquinas estavam envelhecidas. O programa veio para o rejuvenescimento dessas máquinas – disse o secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Caio Rocha.
Expansão no Centro-Oeste
Financiamento, novas máquinas e a necessidade de ampliar a área produtiva. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi determinante para a expansão agrícola no Centro-Oeste.
– Essas áreas foram ocupadas graças ao desenvolvimento da pesquisa, ao desenvolvimento de variedades e de tecnologias de cultivo de manejo adaptadas a essas regiões – explica o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos, Francisco Aragão.
O produtor rural Derci Cenci veio do Rio Grande do Sul e apostou na região. No final dos anos 70 desembarcou com a família no Distrito Federal e trouxe na bagagem a experiência de agricultor familiar para cultivar 280 hectares doados pelo governo - que pretendia incentivar a produção local. Hoje Cenci possui sete mil hectares para produzir alimentos.
– Valeu a pena porque hoje nós somos felizes porque temos a melhor tecnologia do cerrado e a melhor produtividade em hectare de produção agrícola de grãos – disse o produtor.
Aumento da produção
Assim como Cenci, produtores rurais em todo o país se dedicaram para que o Brasil aumentasse o cultivo. Em 2000 rompemos a barreira de cem milhões de toneladas.
Em 15 anos, a produção mais que dobrou, saltou de 76 milhões de toneladas para 162 milhões de toneladas de grãos. Graças ao desenvolvimento de tecnologias, em uma mesma área plantada, a produtividade aumentou. A produção de milho alcançou um ganho de 50% de 1996 até agora, subiu de 2.400 quilos para 4.500 quilos por hectare.
A safra brasileira custa R$ 160 bilhões, de acordo com dados do Banco do Brasil (BB), e 18% são de recursos dos próprios dos produtores, 20% são empréstimos de empresas que fornecem insumos e sementes, e 62% são financiados pelo sistema bancário. De acordo com o vice-presidente do agronegócio do BB, Osmar Dias, o banco tem uma participação significante no aumento da produção agrícola no país.
– Ele transformou-se no maior banco do mundo a financiar a agricultura tanto em número de famílias, porque nós já estamos atendendo mais de 1,5 milhão de famílias, quanto no volume de recursos, que nós temos uma carteira que fechou em junho com mais de R$ 81 bilhões – afirma Dias.
Desafios
Apesar dos avanços, são muitos os desafios. Desde 2008, o Brasil é o país que mais faz uso de agrotóxicos.
– O grande desafio da pesquisa hoje é dar suporte em uma perspectiva de caminharmos para uma produção mais orgânica, mais agroecológica, onde efetivamente, o componente ambiental e saúde pública estejam efetivamente incorporados – disse o diretor de Políticas Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto.
Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Nogueira, o problema da agricultura brasileira não está dentro da fazenda.
– Nossa infraestrutura foi jogada às traças durante 25 anos. As nossas estradas melhoraram muito, mas continuam muito aquém do que a gente precisaria. Os nossos portos ainda estão muito a quem do que nós precisaríamos ter para sermos efetivamente um país muito competitivo – aponta o professor.
Do campo vem 22% da riqueza produzida no país, 37% dos empregos e ainda 38% das exportações. Esses números justificam a necessidade de mais atenção.
– Nós fomos criados na lavoura, na agricultura e direcionamos nesse sentido, estamos hoje ainda produzindo alimentos para o país – afirma Derci Cenci.
Apesar dos avanços, são muitos os desafios. Desde 2008, o Brasil é o país que mais faz uso de agrotóxicos.
– O grande desafio da pesquisa hoje é dar suporte em uma perspectiva de caminharmos para uma produção mais orgânica, mais agroecológica, onde efetivamente, o componente ambiental e saúde pública estejam efetivamente incorporados – disse o diretor de Políticas Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto.
Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Nogueira, o problema da agricultura brasileira não está dentro da fazenda.
– Nossa infraestrutura foi jogada às traças durante 25 anos. As nossas estradas melhoraram muito, mas continuam muito aquém do que a gente precisaria. Os nossos portos ainda estão muito a quem do que nós precisaríamos ter para sermos efetivamente um país muito competitivo – aponta o professor.
Do campo vem 22% da riqueza produzida no país, 37% dos empregos e ainda 38% das exportações. Esses números justificam a necessidade de mais atenção.
– Nós fomos criados na lavoura, na agricultura e direcionamos nesse sentido, estamos hoje ainda produzindo alimentos para o país – afirma Derci Cenci.
CANAL RURAL
07/11/2011 | 20h17
Rural Notícias: produção de grãos dobrou no Brasil em 15 anos
Série de reportagens mostra evolução da agricultura no período
Em 1996 nascia o Canal Rural. No mês em que a emissora completa 15 anos, você vai conhecer a evolução do agronegócio brasileiro. No período, a produção de grãos dobrou e uma mesma área plantada passou a ser mais produtiva.
Veja a reportagem do Rural Notícias:
Veja a reportagem do Rural Notícias:
RURALBR
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