terça-feira, 1 de novembro de 2011

Inflação europeia é a maior em três anos e desemprego atinge recorde


O Globo - 01/11/2011
 

Na zona do euro, 16 milhões estão sem trabalho. Na UE, são 23 milhões
BRUXELAS e ZURIQUE. A inflação na zona do euro permanece em seu maior patamar em três anos, enquanto o desemprego aumentou, informou ontem o Eurostat, escritório de estatísticas da União Europeia (UE). A inflação ficou em 3% em outubro, mesmo patamar do mês anterior e o maior percentual desde outubro de 2008. Já o desemprego passou de 10,1% em agosto para 10,2% em setembro, o maior nível da série histórica, nos anos 90. Nos 27 países da UE, o desemprego atingiu 9,7% em setembro.
O número de desempregados no 17 países da zona do euro aumentou em 188 mil, para o recorde de 16,2 milhões. Na UE, a alta foi de 174 mil frente ao mês anterior, atingindo 23,2 milhões de pessoas.
As maiores taxas foram de Espanha (22,6%), Grécia (17,6%, dado de julho, o último disponível) e Lituânia (16,1% no segundo trimestre). Os menores índices foram de Áustria (3,9%), Holanda (4,5%) e Luxemburgo (4,8%).
Os dados de inflação e desemprego devem pesar na reunião do Banco Central Europeu (BCE), na próxima quinta-feira - a primeira com o novo presidente, Mario Draghi. A maioria dos analistas ouvidos pela agência Bloomberg News espera que o BCE mantenha os juros no patamar atual, de 1,5%.
Ontem, no entanto, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez um apelo para que o BCE reduza os juros, a fim de evitar uma recaída na recessão. A OCDE estima que a economia da zona do euro registra crescimento de apenas 0,3% em 2012.
- Há fortes razões para que o BCE ignore a inflação de 3% e reduza as taxas de juros em pelo menos 0,25 ponto percentual - disse à Bloomberg Howard Archer, economista-chefe da consultoria IHS Global Insight. - Há sinais de que a pressão subjacente nos preços está diminuindo face à debilidade da atividade econômica e do elevado desemprego.
A economia espanhola, por exemplo, estagnou no terceiro trimestre, informou ontem o Banco da Espanha, o BC do país. Em grande parte, afirmou a autoridade monetária, isso se deveu ao agravamento da crise da dívida soberana na zona do euro. Frente ao primeiro trimestre (que registrara alta de 0,4%), o crescimento foi de apenas 0,2%. Em relação ao mesmo período de 2010, o PIB avançou 0,7%. Os dados ainda serão revistos.

OIT: é preciso criar 80 milhões de empregos

O Globo - 01/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/1/oit-e-preciso-criar-80-milhoes-de-empregos
 

Dilma defenderá no G-20 adoção de políticas não recessivas
GENEBRA e SÃO PAULO. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou ontem um panorama sombrio do mercado de trabalho mundial. Segundo a entidade, para recuperar o nível de emprego anterior à crise global seria preciso criar 80 milhões de vagas nos próximos dois anos, sendo 27 milhões nos países ricos, e o restante, naqueles em desenvolvimento.
No "Relatório Mundo do Trabalho 2011: Fazendo os mercados trabalharem por empregos", a OIT afirma que a economia global está às portas de uma nova recessão laboral, que vai retardar a recuperação econômica e provocar tensões sociais em muitos países. Isso se aplica, segundo o relatório, à União Europeia, à região árabe e, em menor proporção, à Ásia.
Ontem, em São Paulo, durante premiação das empresas mais admiradas, na revista "Carta Capital", a presidente Dima Rousseff defendeu:
- Inegavelmente, a solução dessa crise, apesar de ela ser de responsabilidade dos países avançados, e em especial dos europeus, não pode passar apenas por ajustes recessivos. Do contrário, a recessão será uma profecia auto-realizável - disse, lembrando que levará essa ideia à reunião do G-20, em Cannes.

23,2 milhões de desempregados

Correio Braziliense - 01/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/1/23-2-milhoes-de-desempregados
 

Com perspectivas econômicas frágeis, a Europa tem taxa de desocupação recorde em setembro. OCDE pede "medidas enérgicas" para restaurar a confiança
Bruxelas — A crise de dívida da Zona do Euro continua desafiando os líderes europeus e fazendo vítimas entre a população. Em setembro, o índice de desemprego na região voltou a crescer e alcançou o recorde de 10,2% da força de trabalho, o número mais alto desde 1998, quando os dados começaram a ser compilados. A piora refletiu sobretudo a situação da Espanha, onde a redução do número de postos de trabalho foi bem maior do que em outras nações do bloco. Em toda a União Europeia (UE), que abrange 10 países além dos 17 que formam a união monetária, o desemprego alcançou 9,7%.
Segundo os cálculos da agência, 16,2 milhões de cidadãos da Zona do Euro estavam sem trabalho em setembro. Em toda a União Europeia, o número de desempregados alcançava 23,2 milhões. O pior é que, tão cedo, não há previsão de melhora. Num estudo divulgado em Paris, no qual analisa as perspectivas do G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo que se reúne nesta semana em Cannes, na França, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que a atividade produtiva continuará se enfraquecendo na Europa. De acordo com a entidade, o crescimento da Zona do Euro será de 1,6% neste ano, cairá para apenas 0,3% em 2012, voltando a mostrar pequena recuperação em 2013, quando deverá chegar a 1,5%. Diante desse quadro desanimador, a organização pediu que o G-20 adote "medidas enérgicas" para restaurar a confiança dos investidores.
Em setembro, segundo a Eurostat, a Espanha foi novamente o país com maior taxa de desemprego — 22,6%, em comparação aos 20,5% de um ano atrás, enquanto Áustria e Holanda registraram os menores índices (respectivamente 3,9% e 4,5%). A taxa foi de 9,9% na França. Não há dados disponíveis para a Alemanha. A velocidade com que a situação do mercado de trabalho se deteriorou na Espanha chegou a surpreender. O país também lidera no desemprego entre as mulheres (23,1%) e entre os homens (22,1%). Mas a cifra mais dramática é a da desocupação entre os jovens com menos de 25 anos. Há um ano, 43,2% das pessoas dessa faixa etária, muitas em busca do primeiro emprego, não conseguiam encontrar uma colocação no mercado. Em setembro passado, o indicador já estava em 48%.
Para muitos especialistas, os dados mostram que a economia espanhola pode estar entrando em um novo período recessivo. "Esses resultados piores do emprego terão repercussão negativa no consumo privado, com reflexo no desempenho do Produto Interno Bruto nos dois últimos trimestres do ano", afirmou o economista-chefe da Caixa Catalunha, Xavier Segura.
Disparidade
Se os dados da Eurostat mostram diferenças no desemprego entre as nações da Europa, o relatório da OCDE aponta uma forte disparidade entre as perspectivas econômica dos países avançados, mergulhados na crise, e as economias emergentes, com desempenho bem mais vigoroso. Além das previsões nada encorajadoras para a Zona do Euro, a entidade calcula que a economia do Japão terá um retrocesso de 0,5% este ano, retomando o crescimento em 2012, quando o Produto Interno Bruto se expandiria em 2,1%, mas voltando a se enfraquecer em 2013, com alta de1,5%. Os
Estados Unidos, embora também debilitados, estão em uma situação relativamente melhor. A previsão para a maior economia do mundo é de crescimento de 1,7% em 2011, de 1,8% no próximo ano e de 2,5% em 2013.
Já os mercados emergentes manterão uma taxa de crescimento próxima de 7% nos três anos considerados pelo estudo, sob liderança da China, cuja economia terá expansão próxima de 9% nesse período. A performance dos emergentes sustentará o crescimento do conjunto do G-20 ao redor dos 4% no triênio, diz a OCDE. Segundo a entidade, "a debilidade atual (da economia) se deve à perda da confiança na capacidade dos responsáveis em oferecer respostas apropriadas para recuperar uma situação orçamentária sustentável". Para o professor da Universidade de Vigo Gonzalo Caballero Miguez, "a reunião do G-20 deve tomar decisões relevantes e efetivas, além da retórica de outras reuniões".
Bancos descartam novos calotes
O diretor do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), uma entidade de análises e pesquisa sobre o setor bancário, considerou ontem que a Grécia será o único país da Zona do Euro que precisará reestruturar sua dívida pública. Para ele, as medidas adotadas pelos dirigentes europeus protegerão os outros 16 membros do bloco. "Essa reestruturação não deve se repetir", afirmou Charles Dallara, em uma entrevista à imprensa em Washington, referindo-se ao acordo em que os credores privados concordaram em perdoar 50% da dívida grega. "Acredito que esta é também a opinião dos líderes europeus", disse Dallara, cuja instituição também representa os maiores bancos internacionais.

Dados mostram zona do euro mais perto da recessão

Autor(es): Por Brian Blackstone | The Wall Street Journal, de Frankfurt
Valor Econômico - 01/11/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/11/1/dados-mostram-zona-do-euro-mais-perto-da-recessao
 

A zona do euro se aproximou mais da recessão com a estagnação da economia na Espanha e com o desemprego nos 17 países atingindo, inesperadamente, seu maior índice desde a criação da moeda comum, o que complica os esforços do Banco Central Europeu de tirar a região da crise da dívida.
A inflação permanece em alta, no maior nível em três anos e bem acima da meta de 2% do BCE, o que limita o espaço para que o próximo presidente do banco, Mario Draghi, estimule o crescimento por meio de cortes na taxa de juros, quando a diretoria do banco se reunir na semana que vem.
Segundo relatório da agência de estatística da União Europeia, a Eurostat, o número de pessoas sem emprego na zona do euro aumentou em 188 mil em setembro, levando a taxa de desemprego para 10,2%, alta de 0,1 ponto percentual ante agosto. O desemprego atinge agora 16,2 milhões de pessoas, o mais alto nível desde a criação do euro há mais de 12 anos.
"Há riscos reais de que a região agora entre em recessão", diz Ben May, economista da consultoria Capital Economics. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cairá 0,5% em 2012, na comparação com 2011.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo com sede em Paris que reúne as principais economias desenvolvidas, reduziu sua previsão de crescimento do PIB da zona do euro para 2012: há cinco meses, previa um crescimento de 2%, hoje, a expectativa é de 0,3% (leia texto abaixo). Pelas novas previsões, a zona do euro ficará bem atrás das outras grandes economias, incluindo os EUA e o Japão.
A recessão costuma ser definida como queda do PIB por dois trimestres seguidos (em relação ao trimestre anterior). A zona do euro provavelmente teve expansão no terceiro trimestre, graças ao forte crescimento da Alemanha, diz Greg Fuzesi, economista do J. P. Morgan Chase. Mas deve ter contração de 0,5% no quarto trimestre, diz ele, citando o nível de desemprego e os índices de atividade.
Mais preocupante ainda, diz Fuzesi, é a discrepância crescente entre membros do bloco. O desemprego na Alemanha, Áustria e Holanda está em 6%. Mas o índice está subindo para níveis de crise na periferia da Europa. Na Irlanda, o desemprego está acima de 14%, enquanto na Grécia a taxa quase alcança os 18%, o que coloca ainda mais pressão sobre os gastos públicos com seguro-desemprego e outros benefícios sociais. "O detalhe de cada país é quase pior" que o número consolidado, diz Fuzesi.
O desemprego na Espanha subiu para 22,6% em setembro, o maior da zona do euro. O Banco da Espanha (BC espanhol) disse que a atividade econômica na quarta maior economia da região não cresceu nada no último trimestre. Com a atividade estagnada, Madri pode não alcançar sua meta de redução do déficit público. Isso poderia forçar o governo a uma nova rodada de cortes de gastos, que afetam o crescimento econômico.
A resposta comum dos bancos centrais a níveis de desemprego crescentes e a riscos de recessão é a redução das taxas de juros de curto prazo. O BCE é um dos poucos bancos centrais do mundo com espaço para cortar taxas, tendo aumentado os juros em abril e depois em julho para 1,5%. Essas decisões foram muito criticadas, principalmente fora da Europa, por adicionar dificuldade num momento em que a crise da dívida se agravava.
O Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA), o Banco da Inglaterra e o Banco do Japão têm taxas de juros perto do zero
É pouco provável que Draghi, que ontem substituiu Jean-Claude Trichet como presidente do BCE, responda com cortes na taxa de juros na sua primeira reunião à frente do banco, na quinta. A inflação na zona do euro em 12 meses subiu para 3% em outubro, o maior nível em três anos, disse a Eurostat.
Manter a inflação abaixo dos 2% é o mandato único do BCE, um legado filosófico do conservador banco central alemão, o Bundesbank. Draghi precisou superar dúvidas iniciais de que um italiano seria linha-dura o suficiente para lutar contra a alta dos preços, considerando o histórico italiano de inflação e níveis de dívida. Alguns analistas dizem que cortar juros tão cedo, com a inflação ainda alta, ameaçaria prejudicar a credibilidade de Draghi logo de saída.
"A inflação está claramente em um nível desconfortável para o BCE. Com Draghi querendo parecer mais alemão do que os alemães, isso será considerado na quinta-feira", diz Gustavo Bagattini, economista do RBC Capital Markets. Assim como muitos outros economistas, Bagattini espera evidências para que um corte dos juros aconteça a tempo da reunião de dezembro do BCE, quando serão reveladas as previsões de crescimento e inflação para 2013.
Ele espera uma redução de meio ponto percentual na reunião, a segunda sob a chefia de Draghi - revertendo totalmente os aumentos de abril e julho feitos sob Trichet.

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