quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Impacto da queda das commodities deve ser menor no Brasil


País será menos afetado na crise que atinge a Europa e os Estados Unidos, segundo a agência de classificação de risco Standard & Poors

  • Cristiane Viegas | Porto Alegre (RS)
Atualizada às 21h35
A crise que tem afetado a Europa e os Estados Unidos não deve atingir tão fortemente o Brasil. A afirmação é da presidente no Brasil da agência de classificação de risco Standard & Poors. Regina Nunes disse ainda que o impacto da queda no preço das commodities, observado nos últimos dias, deve ser menor aqui do que o registrado em outros países. A economista esteve em Porto Alegre para participar de um seminário sobre perspectivas para 2012.
De acordo com a presidente da agência de classificação de risco, o Brasil tem avançado no compromisso de atingir as metas fiscais. Baseada nisso a Standard & Poors elevou a nota de crédito soberano do país, há poucos dias, em um degrau. Na prática isso quer dizer que o Brasil se torna mais atrativo para investimentos.
– É resultado de políticas monetárias e fiscais deste governo, tem sido austera, pragmáticas e eficazes. Principalmente hoje se vê um compromisso de se manter a parte fiscal que é a parte mais fraca do Brasil ainda, com compromisso de pelo menos 3% do superávit do PIB, o que abre margem pra que você possa trabalhar mais a política monetária. Que ainda o Brasil tem um endividamento alto com taxas de juros elevadas, uma das maiores do mundo – aponta Regina.
O desafio brasileiro na avaliação da economista é se tornar mais competitivo, e um dos grandes entraves é o sistema tributário.
– A principal área que deveria ser atacada é a parte tributária. Ninguém está discutindo que o Brasil precisa ter arrecadação e talvez, o próprio setor privado pudesse ser desonerado, não através da diminuição da carga tributária, mas sim da simplificação desses tributos. O Brasil tem em torno de 70 tributos, os impostos são em cascatas, diminuem muito a competitividade e são extremamente complexos. Se estima que no Brasil se gaste tanto pra se pagar imposto quanto se paga de imposto – ressalta.
No agronegócio, o impacto da crise mundial, começa a se refletir na queda no preço das commodities registrada nos últimos dias. Mas para Regina Nunes, o Brasil não deve ser tão afetado por essa baixa dos preços no mercado agrícola.
O Brasil tem hoje, um dos mais baixos custos na produção de commodities. Portanto, se você tiver uma desaceleração das economias, que chegue realmente a impactar o preço de commodities, e eles continuarem caindo, o que eles talvez tivessem um impacto no agronegócio, os efeitos no Brasil serão muito menores do que outros países. Primeiro pela estrutura de custos que o Brasil tem e segundo que a consequência de uma queda no preço de commodities teria um impacto positivo inflação. Isso porque diminuiriam esses preços e daria até mais margem pro Brasil poder trabalhar em financiamentos pra esses setores através de taxas de juros menores, porque a inflação estaria mais sob controle. Se o real desvalorizasse porque o preço de commodities tivesse caído, a consequência também é uma desvalorização do real que faz com que os preços do Brasil fiquem melhores pra fora com custos diminuídos – conclui.
CANAL RURAL

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