6/11/2011 | |
"Sem planejamento estratégico de longo prazo, continuaremos ao sabor das ondas, vagando a cada ano no ranking conforme progressos e fracassos alheios", escreve Flávio Comim, doutor pela Universidade de Cambridge (Reino Unido), professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e ex-economista do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 06-11-2011. Flávio Comim estará amanhã, segunda-feira, no Instituto Humanitas Unisinos - IHU, debatendo a obra de Amartya Sen. O evento integra o Ciclo Repensando os clássicos da Economia. Eis o artigo. Nada do que foi será. O crescimento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)brasileiro vem desacelerando. No período de 1980 a 2011, a taxa de crescimento média anual do IDH brasileiro foi de 0,87% ao ano. Já de 1990 a 2011, essa taxa caiu levemente, para 0,86% ao ano. Mais recentemente, de 2000 a 2011, o crescimento médio anual do IDH ficou em 0,69% ao ano. O Brasil sobe a "ladeira do IDH" como uma pessoa sedentária sobe uma montanha: vem para cima, mas diminuindo cada vez mais o passo e um pouco ofegante. Diferentemente, essa mesma ladeira é galgada por países emergentes com "o vigor da juventude". Durante os períodos acima, cabe notar que a Índia teve taxas médias de crescimento anuais do seu IDH de 1,51%, 1,38% e 1,56%, e a China, de 1,73%, 1,62% e 1,43%. A metodologia para calcular o IDH mudou no ano passado. Agora, os máximos e mínimos usados para a normalização dos valores brutos das variáveis que compõem o IDH(expectativa de vida, anos médios de estudo, expectativa de vida escolar e renda nacional bruta) dependem anualmente do progresso dos países de melhor desempenho. No contexto de um país que desacelera no seu crescimento no IDH, o Brasil parece estar ao sabor das ondas, isto é, refém das dinâmicas (positivas ou negativas) dos demais países. Pequenos progressos, como os vistos por Venezuela, Geórgia, Equador eJamaica, foram suficientes para que esses países ultrapassassem o Brasil entre 2010 e 2011. A entrada de nove outros países na frente do Brasil explica muito sua queda em 2011. Esse desempenho lento do Brasil tem nome e sobrenome: chama-se falta de investimento na educação e saúde e baixo impacto dos mesmos. Enquanto a renda nacional bruta per capita passou de US$ 7.689 em 2000 para US$ 10.162 em 2011 (crescimento de 32%), na educação, os anos médios de estudo dos brasileiros acima de 25 anos passaram de 5,6 anos em 2000 para 7,2 anos em 2011 (crescimento de 28.6%). Por sua vez, a expectativa de vida escolar caiu no mesmo período de 14,5 para 13,8 anos (redução de 5%). Na saúde, a expectativa de vida ao nascer passou de 70,1 em 2000 para 73,5 em 2011 (crescimento de 5%). Assim, pode-se dizer que o progresso nas áreas da saúde e da educação foram bem menos significativos do que os avanços na renda. Um aspecto central desse problema é a desigualdade no Brasil, que extrapola a dimensão da renda e também encontra-se tanto na saúde como na educação. Quando ajustamos o IDH às desigualdades que existem na distribuição de renda, educação e saúde no país, perdemos 27,7% do valor do IDH brasileiro. Ele passa de 0,718 para 0,519. Essa perda é levemente superior à perda do ano passado, que era de 27,2%. O Brasil perde 13 posições no ranking devido à sua alta desigualdade. Enquanto o país não tiver um planejamento estratégico de longo prazo para transformar seus sistewmas educacional e de saúde em prioridades efetivas do Estado brasileiro, continuaremos ao sabor das ondas, vagando a cada ano no ranking do IDH de acordo com progressos e fracassos dos demais. |
São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011 |
Agronegócio reduz desigualdade no Centro-Oeste do país Empregos gerados pela atividade levou a melhorias nos serviços públicos e fez região se aproximar do Sul e Sudeste Apesar de melhoras na região, cidades brasileiras levarão 26 anos para ter alto grau de desenvolvimento PEDRO SOARES DO RIOhttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0611201104.htm Cidades brasileiras que tinham os piores indicadores de emprego, renda, saúde e educação entre 2000 e 2009 conseguiram melhorias nesses setores, mas ainda vão levar 26 anos, a contar de agora, para alcançar um elevado grau de desenvolvimento. Há, porém, uma exceção: o Centro-Oeste. Apoiada na expansão da fronteira agrícola e seu impacto no emprego, a região saiu de um patamar de desenvolvimento similar ao do Norte e Nordeste e se aproximou do Sudeste. Tal retrato pode ser extraído do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, um indicador preparado por economistas da federação das indústrias fluminenses. O levantamento faz um raio-X do país com base em três indicadores: renda e emprego formal, saúde e educação. E se assemelha ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), divulgado pela ONU na semana passada. Encabeçada por Barueri (SP), a lista dos 15 municípios com os mais altos níveis de desenvolvimento tem 14 cidades paulistas. A hegemonia quase absoluta é quebrada por Lucas do Rio Verde (MT), na oitava posição. O município é um dos mais dinâmicos do cinturão da soja de Mato Grosso, maior produtor do país e polo da agroindústria que processa o grão, além de sede de uma ampla rede de frigoríficos. Mais duas cidades de Mato Grosso estão entre as cem mais desenvolvidas: Primavera do Leste e Sorriso. As três apresentam evolução rápida no item emprego e renda -impulsionados pelo bom preço da soja e dos demais grãos no exterior e as sucessivas safras recordes. A pesquisa mostra que o efeito da renda maior no Centro-Oeste se irradiou, via tributos, para os cofres das várias cidades dos Estados, que passaram a prestar melhores serviços públicos. Isso se traduziu em bons índices em educação e especialmente em saúde nesses três municípios, diz Júlio Miragaya, pesquisador do Conselho Federal de Economia. "A expansão da fronteira agrícola fez o Centro-Oeste se destacar e explica essa redução regional da desigualdade que não se vê no Norte e no Nordeste", afirma Luciana Sá, diretora da Firjan. Em 2009, o Centro-Oeste tinha 83,4% das cidades com alto ou moderado grau de desenvolvimento, percentual semelhante ao do Sudeste (86,4%), que só perdia para o Sul (96,2%). No mapa do desenvolvimento das cidades, porém, persiste uma linha imaginária que corta o país a partir do sul da Bahia e norte de Minas Gerais e se estende pelas franjas da Amazônia. A linha revela a desigualdade que separa Sul, Sudeste e mais recentemente o Centro-Oeste, onde estão os municípios com alto ou moderado nível de desenvolvimento, do Norte e Nordeste. |
DESENVOLVIMENTO
PAÍS TEM 22 CIDADES NA LANTERNA
Existem atualmente 22 cidades do país que estão na lanterna do desenvolvimento -ou seja, têm os piores indicadores de saúde, educação, emprego e renda.
Elas representam 0,4% dos 5.564 municípios brasileiros. Apesar do fosso que ainda as separa de regiões mais desenvolvidas, em 2000 a situação era pior: elas eram 18,3% das cidades.
PAÍS TEM 22 CIDADES NA LANTERNA
Existem atualmente 22 cidades do país que estão na lanterna do desenvolvimento -ou seja, têm os piores indicadores de saúde, educação, emprego e renda.
Elas representam 0,4% dos 5.564 municípios brasileiros. Apesar do fosso que ainda as separa de regiões mais desenvolvidas, em 2000 a situação era pior: elas eram 18,3% das cidades.
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Lucas do Rio Verde (MT) é destaque entre os melhores municípios do país
O estado de São Paulo continuou liderando em 2009 o ranking dos municípios de maior desenvolvimento do Brasil, de acordo com oÍndice Firjan de Desenvolvimento Municipal(IFDM), divulgado no dia 5 de novembro de 2011 pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Lucas do Rio Verde, de Mato Grosso, é o único município que não é paulista.
Em 2009, a primeira colocação foi alcançada por Barueri, que se mantém entre as dez cidades de alto desenvolvimento desde a primeira edição do IFDM, em 2008. Entre os 15 melhores municípios do Brasil em termos de desenvolvimento, apenas um -- Lucas do Rio Verde (MT) - não é paulista.
"Lá tem importante cultivo de commodities, como soja, milho e algodão", disse, em entrevista à Agência Brasil, o economista Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan. Commodities são produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional.
Em contrapartida, o Maranhão, por meio do município de São Felix de Balsas, teve a pior posição no ranking geral de desenvolvimento. O IFDM de 2009 mostra ainda que, pela primeira vez, outras capitais, além de São Paulo, Vitória e Curitiba, entraram no rol das 100 melhores cidades do país. Elas são Florianópolis, Campo Grande, Belo Horizonte, Palmas, Rio de Janeiro e Goiânia.
Mercês destacou que Palmas, capital do Tocantins, foi o primeiro e único município da Região Norte que chegou aos 100 melhores do Brasil, "por conta, principalmente, de incrementos na área de emprego e renda. No ambiente de crise, conseguiu se destacar".
Em relação à cidade do Rio de Janeiro, o economista da Firjan explicou que a inclusão entre os 100 municípios de maior desenvolvimento é resultado dos avanços registrados no setor de educação. A capital fluminense apresentou as melhores notas doÍndice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). "E o Rio de Janeiro manteve um alto índice de emprego e renda, por conta principalmente do setor petrolífero".
De acordo com o estudo, em termos absolutos, o estado de São Paulo apresenta o maior número de municípios (168) incluídos entre os 500 melhores em emprego e renda, seguido de Minas Gerais (51) e do Rio Grande do Sul (48). Em termos relativos, isto é, quando se considera o número de cidades em cada estado, o Rio conseguiu incluir 29 dos seus 92 municípios entre os 500 melhores do IFDM Emprego e Renda, refletindo o bom momento da economia fluminense.
O único município, entretanto, a receber nota máxima do IFDM Emprego e Renda foi Ipojuca (PE), enquanto Tarrafas (CE) ficou em último lugar. Guilherme Mercês informou que Ipojuca é um grande centro petrolífero. "A maior refinaria do Hemisfério Sul está localizada em Ipojuca". Segundo o economista, isso reflete o início do movimento de exploração de petróleo na camada do pré-sal, que demandou mão de obra qualificada e elevou o índice de emprego e renda daquela cidade ao máximo.
Em geral, o IFDM Emprego e Renda de 2009 registrou queda de 5,2% no país, em relação ao ano anterior, em função da crise mundial, principalmente nos grandes centros econômicos. "Dos 50 maiores mercados de trabalho do país, 37 recuaram na área de emprego e renda. O impacto da crise foi bastante agudo", disse o gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
PARA SABER MAIS
Acesse aqui os dados do IFDM.
Baixe aqui o Ranking IFDM (arquivo Excel).
FONTE
Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter
Graça Adjuto - Edição
Em 2009, a primeira colocação foi alcançada por Barueri, que se mantém entre as dez cidades de alto desenvolvimento desde a primeira edição do IFDM, em 2008. Entre os 15 melhores municípios do Brasil em termos de desenvolvimento, apenas um -- Lucas do Rio Verde (MT) - não é paulista.
"Lá tem importante cultivo de commodities, como soja, milho e algodão", disse, em entrevista à Agência Brasil, o economista Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan. Commodities são produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional.
Em contrapartida, o Maranhão, por meio do município de São Felix de Balsas, teve a pior posição no ranking geral de desenvolvimento. O IFDM de 2009 mostra ainda que, pela primeira vez, outras capitais, além de São Paulo, Vitória e Curitiba, entraram no rol das 100 melhores cidades do país. Elas são Florianópolis, Campo Grande, Belo Horizonte, Palmas, Rio de Janeiro e Goiânia.
Mercês destacou que Palmas, capital do Tocantins, foi o primeiro e único município da Região Norte que chegou aos 100 melhores do Brasil, "por conta, principalmente, de incrementos na área de emprego e renda. No ambiente de crise, conseguiu se destacar".
Em relação à cidade do Rio de Janeiro, o economista da Firjan explicou que a inclusão entre os 100 municípios de maior desenvolvimento é resultado dos avanços registrados no setor de educação. A capital fluminense apresentou as melhores notas doÍndice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). "E o Rio de Janeiro manteve um alto índice de emprego e renda, por conta principalmente do setor petrolífero".
De acordo com o estudo, em termos absolutos, o estado de São Paulo apresenta o maior número de municípios (168) incluídos entre os 500 melhores em emprego e renda, seguido de Minas Gerais (51) e do Rio Grande do Sul (48). Em termos relativos, isto é, quando se considera o número de cidades em cada estado, o Rio conseguiu incluir 29 dos seus 92 municípios entre os 500 melhores do IFDM Emprego e Renda, refletindo o bom momento da economia fluminense.
O único município, entretanto, a receber nota máxima do IFDM Emprego e Renda foi Ipojuca (PE), enquanto Tarrafas (CE) ficou em último lugar. Guilherme Mercês informou que Ipojuca é um grande centro petrolífero. "A maior refinaria do Hemisfério Sul está localizada em Ipojuca". Segundo o economista, isso reflete o início do movimento de exploração de petróleo na camada do pré-sal, que demandou mão de obra qualificada e elevou o índice de emprego e renda daquela cidade ao máximo.
Em geral, o IFDM Emprego e Renda de 2009 registrou queda de 5,2% no país, em relação ao ano anterior, em função da crise mundial, principalmente nos grandes centros econômicos. "Dos 50 maiores mercados de trabalho do país, 37 recuaram na área de emprego e renda. O impacto da crise foi bastante agudo", disse o gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
PARA SABER MAIS
Acesse aqui os dados do IFDM.
Baixe aqui o Ranking IFDM (arquivo Excel).
FONTE
Agência Brasil
Alana Gandra - Repórter
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