terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Em crise, Wall Street vive nova realidade

São Paulo, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2012New York Times
New York Times
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POR PETER EAVIS E SUSANNE CRAIG
Depois dos maus resultados nos balanços de 2011 do Goldman Sachs e do Morgan Stanley, Wall Street enfrenta dúvidas a seu próprio respeito.
Será uma queda temporária? Muita gente em Wall Street esperava que, em 2011, os bancos de investimentos continuassem gerando lucros sólidos no ambiente financeiro mais sóbrio após a crise de 2008.
Em vez disso, o lucro do Goldman Sachs caiu 67%, no ano passado; a operação de bancos de investimentos do Bank of America, que inclui o Merrill Lynch, registrou queda de 53% no faturamento líquido; e os lucros do Morgan Stanley tiveram redução de 42%.
Alguns fatores que pesaram sobre os lucros -como a crise das dívidas públicas europeias e a lentidão na recuperação econômica dos Estados Unidos- podem ser passageiros.
Mas, mesmo assim, Wall Street enfrenta pressões permanentes sobre a sua lucratividade, especialmente as regulamentações mais rígidas destinadas a tornar o sistema financeiro mais seguro. As empresas de Wall Street não podem mais, por exemplo, contrair grandes empréstimos para fazer apostas com o dinheiro.
Jovens operadores e executivos de bancos não podem mais esperar remunerações melhores que seus colegas em áreas como direito e consultoria de gestão. Rodadas de demissões, que costumavam atingir empregados de nível alto e médio, chegaram neste ano às fileiras menos graduadas em instituições como o Credit Suisse, e os bônus diminuíram.
No Goldman Sachs, alguns jovens analistas - um grupo que antes chegava a receber até US$ 80 mil em bônus no fim de ano - tiveram direito a apenas US$ 20 mil no ano passado, segundo uma fonte.
Em Wall Street, muita coisa depende da métrica de rentabilidade sobre o capital, que avalia o lucro que o banco é capaz de gerar a partir do seu próprio patrimônio.
O Morgan Stanley resume o dilema enfrentado por uma grande firma de Wall Street: tentativas de diversificação podem não contribuir com a lucratividade. Nos últimos anos, em vez de reconstruir mesas de operações que assumiam riscos excessivos, o Morgan Stanley desviou seu foco para a gestão de fortunas, um negócio mais estável, mas que pode reduzir a rentabilidade.
A empresa conseguiu em 2011 uma rentabilidade de 4% sobre o seu capital, bem aquém dos 23,5%, de 2006. A rentabilidade do capital do Goldman Sachs, que foi de 33% em 2006, caiu para 3,7% no ano passado. "Se eu espero ver uma volta à rentabilidade sobre o capital para a faixa dos 25%, como nos velhos tempos? Não. Mas há um caminho para algo em torno dos 15% ao longo do tempo? Sim", disse Ruth Porat, diretora financeira do Morgan Stanley.
Embora alguns dos desafios de 2011 possam ser atenuados neste ano, Wall Street terá de lidar com novas normas que poderão abalar seus lucros. No alvo dessa regulamentação, estão as operações de gorda margem de lucro, como as negociações com títulos e com derivativos.
A chamada regra de Volcker, destinada a impedir que os bancos façam apostas financeiras envolvendo suas próprias contas, poderia morder o faturamento com o comércio de títulos.
Esforços para fortalecer o mercado de derivativos -como a obrigatoriedade de que as transações sejam adequadamente cobertas por garantias financeiras- podem também eliminar a lucratividade.
Brad Hintz, analista da Sanford C. Bernstein & Company, estima que um banco obtenha uma margem de lucro de 35% nos negócios com derivativos, e que as novas regras irão reduzir isso a 20%.
As firmas mais bem adaptadas de Wall Street sem dúvida farão uma tentativa darwiniana de lucrar com a queda de concorrentes mais fracos.
E os bancos dos EUA podem, por exemplo, assumir novos negócios na Europa.
Kevin Roose e Nelson D. Schwartz contribuíram

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