quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Brasil bate recorde em biotecnologia agrícola em 2011

Área plantada com transgênicos subiu 20% e País aprovou primeira semente nacional
Júnior Milério
O plantio de sementes geneticamente modificadas (transgênicas) no Brasil bateu um novo recorde em 2011, à medida que crescem a área plantada, a adoção de novas tecnologias e o número de variedades transgênicas aprovadas no País. A área de transgênicos cresceu 20% no Brasil sobre o ano anterior, divulgou nesta terça-feira (7) o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês).

Ao todo, foram plantados no mundo 160 milhões de hectares com variedades geneticamente modificadas, uma alta de 8% sobre 2010. O Brasil permanece atrás apenas dos Estados Unidos como maior usuário da biotecnologia agrícola. No ano passado, aquele país plantou 69 milhões de hectares com transgênicos
Posicionado há três anos consecutivos como líder na expansão de produção de transgênicos, o Brasil é destacado em relatório anual da entidade como o “motor do crescimento do plantio de transgênicos”. No ano passado, a área total plantada com transgênicos do País cresceu 4,9 milhões de hectares, enquanto o crescimento mundial foi de 12 milhões de hectares.
“A produção de transgênico no Brasil aumentará de acordo com o crescimento natural da agricultura no País. Os Estados Unidos continuarão na liderança durante, pelo menos, os próximos 10 anos. Isto porque eles têm maior área plantada e biotecnologia mais desenvolvida”, explica Anderson Galvão, sócio-diretor da Céleres Consultoria e representante do ISAAA no Brasil.
Conhecer para entenderApesar do crescimento dos transgênicos, Galvão afirma que as sementes convencionais não acabarão. “A biotecnologia é o transporte, mas a semente é o passageiro. A semente convencional favorece pesquisas para a biotecnologia”, diz ele. E a resistência do consumidor acompanha o grau de desconhecimento. “Tudo aquilo que é desconhecido gera receio e, tendo conhecimento, o grau de confiança melhora expressivamente.”
O especialista garante que a biotecnologia é baseada em ciência, e hoje é almejada por produtores europeus. “Eles precisam correr atrás do atraso tecnológico na agricultura, o que já aconteceu em países como Argentina, Estados Unidos e Brasil há 20 anos”, diz Galvão.
No Brasil, a maior parte da soja e do milho já é geneticamente modificada. As principais culturas transgênicas plantadas no Brasil são a soja (20,6 milhões de hectares, ou 82,7% da área total da cultura), o milho (9,1 milhão de hectares, ou 64,9% do total) e o algodão (600 mil hectares, ou 39% do total). O País tem Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná como os três principais Estados produtores dessas culturas.
Novas variedades devem continuar trazendo benefícios, como um tipo de milho resistente à seca em desenvolvimento nos Estados Unidos. Produto similar no Brasil poderá ser aprovado entre 2014 e 2015.
Feijão à mesaEntre os principais eventos  da biotecnologia em 2011, o relatório do ISAAA destaca a aprovação de uma variedade transgênica de feijão no Brasil. Galvão considera esse feijão um marco, por ser o primeiro produto transgênico a chegar diretamente à mesa do consumidor, diferente da soja e do milho que passam por processamento até o consumo final. “Esta é uma ótima oportunidade para as pessoas entenderem que um produto transgênico não perde sabor e é devidamente testado, assegurando a saúde alimentar da sociedade”, afirma o especialista.
O relatório cita o feijão, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como uma demonstração de “impressionante capacidade técnica para desenvolver e aprovar uma nova cultura transgênica”. Diante desse feito, Galvão afirma que a Embrapa tem perfeitas condições de também se posicionar no mercado diante de empresas multinacionais, que lideram o desenvolvimento de sementes biotecnológicas.
Além disso, o produto desenvolvido pela Embrapa deverá ser adotado principalmente por pequenos agricultores, que cultivam a maior parte da safra nacional. “A biotecnologia colabora com todo tipo de produtor e outro benefício é a possibilidade de estabilidade de preço, o que favorece diretamente o consumidor”, diz Galvão.

8. Produtores brasileiros puxam avanço global do cultivo de transgênicos
Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 4433 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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Pelo terceiro ano seguido, o Brasil foi o grande responsável pela expansão do cultivo mundial de lavouras geneticamente modificadas em 2011.
É o que mostram os dados divulgados ontem pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Biotecnológicas (ISAAA, na sigla em inglês), uma organização não governamental pró-transgênicos. No ano passado, a área global plantada com sementes geneticamente modificadas cresceu em 8% - ou 12 milhões de hectares - para 160 milhões de hectares.
 
O Brasil sozinho respondeu por 40% dessa expansão. No ano passado, a área ocupada com transgênicos no País somou 30,3 milhões de hectares, um aumento de quase 20% ou 4,9 milhões de hectares em relação à safra anterior. Foram 20,6 milhões de hectares de soja, 9,1 milhões de milho e 600 mil de algodão. Desse modo, o País isolou-se na segunda posição entre os países que mais plantam transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos - até 2009, o País perdia também para a Argentina.
 
"Isso só foi possível porque o Brasil conseguiu desenvolver um sistema rápido de aprovações e é capaz de desenvolver sua própria tecnologia", declarou Clive James, presidente da ISAAA, durante uma teleconferência com jornalistas de todo o mundo.
 
Desde 2005, quando a tecnologia foi regulamentada no Brasil, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberou o plantio de 32 variedades geneticamente modificadas de soja, milho, algodão e feijão. Só em 2011 foram seis aprovações.
 
A disseminação da tecnologia no Brasil impressiona, sobretudo no milho. Em apenas quatro safras, desde que o primeiro híbrido transgênico foi liberado no País, quase 65% das lavouras de milho passaram a ser geneticamente modificadas - nos últimos três anos, registraram-se mais variedades transgênicas do que convencionais do grão. No caso da soja, esse índice beira os 83%, mas as primeiras sementes modificadas chegaram ao Brasil ainda no fim dos anos 1990, de maneira ilegal, contrabandeadas da Argentina.
 
Durante a entrevista, James ressaltou mais de uma vez o papel da Embrapa, que obteve em 2011 a liberação comercial para o feijão resistente ao vírus do mosaico dourado - a primeira variedade transgênica totalmente desenvolvida por uma instituição nacional. Em 2009, a empresa já havia obtido a liberação para uma nova soja transgênica, desenvolvida em parceria com a Basf.
 
Apesar do avanço brasileiro, os Estados Unidos seguem líderes, não apenas em área, mas também em variedade de cultivos transgênicos e no desenvolvimento da tecnologia. Em 2011, o país plantou cerca de 69 milhões de hectares com soja, milho, algodão, canola, abóbora, papaia, alfafa e beterraba geneticamente modificados - um aumento de 3,3% ou 2,2 milhões de hectares em relação a 2010.
 
Desde 1996, quando a Monsanto lançou nos Estados Unidos suas primeiras sementes de soja resistente ao herbicida glifosato, apenas 29 países adotaram a transgenia em suas lavouras e apenas plantam áreas superiores a 1 milhão de hectares. A tecnologia ainda enfrenta grande resistência por parte dos ambientalistas, sobretudo na Europa, onde a tecnologia é vista como uma ameaça à biodiversidade.
 
Em resposta à crítica, James afirma que a disseminação dos transgênicos é "fundamental para assegurar um crescimento sustentável da produção mundial de alimentos, reduzindo o uso de pesticidas, aumentando a produtividade e poupando áreas ocupadas com florestas".
 
Segundo a ISAAA, metade de toda a área plantada com transgênicos está nos países em desenvolvimento - em 2012, eles deverão ser a maioria no uso da tecnologia. No ano passado, a área plantada com transgênicos cresceu em 11% ou 8,2 milhões de hectares em países como Brasil, Argentina, China, Índia e África do Sul, contra apenas 5% (3,8 milhões de hectares) nos países industrializados.
 
Segundo a ISAAA, o mercado de sementes geneticamente modificadas movimentou US$ 13,2 bilhões em 2011, um aumento de 12,8% em relação a 2010. O valor corresponde a pouco mais de um terço do mercado total de sementes, estimados em US$ 37 bilhões, e apenas 22% do mercado de defensivos agrícolas, que movimentou US$ 59,6 bilhões em 2011. Contudo, o "valor da produção transgênica" - ou seja, das safras geneticamente modificadas - ficou próximo de US$ 160 bilhões, nas contas da organização
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(Valor Econômico)

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