sábado, 11 de fevereiro de 2012

FAO controlará de venda terras agrícolas para estrangeiros


A FAO adotará no próximo mês uma regulação para as vendas de terras agrícolas para estrangeiros. A meta do diretor da entidade, José Graziano, é a de regular essa prática, que vem dominando o mundo nos últimos anos com a China e países árabes buscando terras na África e no Brasil para produzir. A FAO garante que não é contra a venda de terras para estrangeiros, “MMas isso tudo precisa ser regulado”, alertou Graziano.
Em 2010, dados coletados por ONGs apontam que um território do tamanho da França teria sido vendido por governos africanos para empresas estrangeiras e para outros governos, em busca de garantir o fornecimento de alimentos em um momento tenso nos mercados. “Temos muito poucas terras novas disponíveis no mundo”, alertou Graziano, que aponta para a América do Sul e a Savana Africana como os únicos reservatórios ainda restantes de terras virgens. “Tirando essas regiões, não há mais para onde expandir”, declarou.  [Me faz lembrar do Vergé, do Fluxo e Refluxo, e imaginar um Bolívar mais burguês do que liberal.]
A corrida por terras fez a própria FAO há um ano alertar os países africanos para o risco do “neo-colonialismo”, com governos como o da China desembarcando em locais miseráveis e alugando terras por 99 anos para realizar uma produção que é integralmente embarcada para alimentar os chineses. Uma série de multinacionais também seguiu o mesmo caminho e projetos incluem até mesmo a chegada de brasileiros em Moçambique.
“Em março deveremos terminar as diretrizes sobre a compra de terras. Serão recomendações para investidores e, com isso concluído, esperamos que governos adotem esse marco em suas leis nacionais. O que ocorre é que a maioria dos países não tem legislação” declarou Graziano, que completou seu primeiro mês na direção da FAO.
No caso do Brasil, Graziano aponta que as leis são suficientes. “Precisa haver uma regulação. Sabemos o que ocorre quando os mercados não são regulados”, acrescentou o brasileiro. Paul Bulcke, CEO da Nestlé, admite que um desembarque de uma empresa ou governo estrangeiro em um país não pode acarretar na compra de todas as terras aráveis daquela região e nem prejudicar a população legal. Mas, defensor de mercados livres e da abertura de economias, o chefe da maior empresa de alimentos do mundo deixa claro que simplesmente proibir a compra de terras por estrangeiros não é a solução. “A questão é de senso comum” avaliou Bulcke.
Fonte: Agência Estado, resumida e adaptad apela Equipe BeefPoint.




FAO revê demanda por alimentos até 2050

O mundo vai precisar de menos alimentos até 2050, contrariando as estimativas vigentes. A explicação está na demanda global, que crescerá a taxas menores do que vinha sendo previsto. Foi o que afirmou ontem o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jose Graziano da Silva, surpreendendo mais de 200 executivos do agronegócio reunidos em Genebra, Suíça.
Em 2009, a FAO havia estimado que o mundo precisaria aumentar a produção global de alimentos em 70%, tomando como base a média de produção entre 2005 e 2007, para alimentar 9,1 bilhões de pessoas em 2050 – 2 bilhões a mais do que a atual população do planeta. Nada menos que 90% desta expansão deveria vir de maior produtividade, colheitas intensivas e incremento de 10% do uso da terra.
A agência da ONU refez os mesmos cálculos, por meio de novas informações disponíveis, e concluiu que a necessidade de incrementar a produção agrícola até 2050 será por volta de 60%, tanto para uso alimentar como para a produção de biocombustíveis. Conforme Graziano, esta conclusão reflete pelo menos três fatores. Primeiro, o crescimento populacional será menor e haverá declínio da população em vários países e regiões, incluindo Japão, China, Brasil e Europa.
Em segundo lugar, mais países e grupos populacionais deverão atingir, gradualmente, um nível de consumo de alimentos que, por sua vez, encontrarão pouco espaço para a expansão.
Terceiro: ao mesmo tempo em que a demanda por alimentos pode aumentar em certos países, muitos outros continuarão a ver suas populações aumentarem e permanecerão com baixas rendas ou pobreza significativa ainda por um longo período.
“O aumento da renda per capita, principalmente nos Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] é menor do que o previsto por causa da crise. Menos renda significa menos consumo”, afirmou Graziano. “Além disso, houve redução de metas de uso de biocombustíveis na Europa, o que também explica a nova projeção”, disse o brasileiro.
Mas os participantes do seminário sobre “como alimentar o mundo”, realizado em Genebra, pareceram pouco convencidos. Paul Bulcke, presidente da Nestlé, um dos patrocinadores do evento, continuou falando da necessidade de aumentar a produção mundial em até 90% para atender à demanda. O executivo insistiu que o aumento da população mundial, a escassez de água e o desperdício de alimentos ou seu uso na produção de biocombustíveis – em referência ao etanol a base de milho dos EUA – têm impactos sobre a segurança alimentar. [luta de crasse! a FAO, como Banco Central dos Fundos de Investimentos que especulam com o abastecimento alimentar, reviu as previões, isto é: como gestor de expectativas, sob Graziano, tenta baixar as cotações. Serve,talvez, para incentivar a entrada de players menos capitalizados.]
“O pessoal se assustou [com a nova estimativa], mas 60% de aumento na produção significa muito”, observou Graziano, notando que as terras disponíveis para agricultura são poucas e situadas basicamente na América do Sul e nas savanas africanas.
Para o diretor da FAO, os países do Mercosul continuarão a ser o celeiro do mundo e a “grande restrição ao bloco é o comércio internacional e os fertilizantes, que são caros e quase todos importados”, disse. Ele reiterou que o mundo passará por uma década de preços elevados de alimentos e a grande preocupação será a volatilidade, que não favorece o produtor nem o consumidor. [porque a volatilidade é o instrumento dos especuladores para ganharem margem de preço e, paradoxalmente, dirimirem o risco dos papéis de risco que os capitaliza.]
Graziano sinalizou, também, os limites da FAO na luta contra a fome: o órgão dispõe de apenas US$ 1 dólar para cada pessoa mal nutrida no mundo, e elas somam 1 bilhão atualmente. Por isso ele reforçou a defesa pela redução do desperdício de alimentos em toda a cadeia produtiva, do campo ao consumo. No Brasil, essas perdas são estimadas em 40%. “As pessoas acham que sabem comer, mas não é verdade”, disse. Estima-se que a redução global do desperdício em 25% seria suficiente para alimentar 500 milhões de pessoas por ano sem a necessidade de ampliar a produção.
Até março, a FAO deverá aprovará, ainda, um código de conduta para reduzir investimentos estrangeiros na aquisição de terras, mas as normas serão voluntárias e os 190 países-membros poderão adotá-las ou não.
Fonte: jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.




FAO afirma que preços dos alimentos continuarão elevados durante toda a década


A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e multinacionais afirmam que os preços de commodities vão continuar elevados durante toda a década, exigindo de países importadores novas estratégias para enfrentar o desafio de alimentar sua população e do G-20 a implementação de decisões para frear a volatilidade nos mercados. "Viveremos uma década de preços altos", disse o brasileiro José Graziano, diretor da FAO.

Apesar de colheitas recordes, os preços de commodities superaram todas as barreiras a partir de 2007. A crise mundial fez a demanda perder força. Mas não o suficiente para reverter a tendência, segundo executivos de empresas, organismos internacionais e governos, que ontem (08) se reuniram em Genebra para debater o futuro da produção de alimentos no mundo.

Todos apontam na mesma direção: alimentar mais 2 bilhões de pessoas nos próximos 40 anos terá um forte impacto nos mercados, na produção e, acima de tudo, nos preços, diante da emergência de milhões de consumidores que até agora viviam abaixo da linha da pobreza.

Graziano, apresentado internacionalmente como o pai do Fome Zero no Brasil, admite que a organização que dirige não tem recursos. "Tenho US$ 1 para cada pessoa faminta no mundo por ano", lamenta. Para 2012, a FAO terá orçamento de US$ 1 bilhão. "A FAO não tem dinheiro e não vai resolver o problema da fome sozinha. Precisamos dos governos, e nisso não vamos bem."

O diretor da FAO estima que os preços altos são positivos para os exportadores brasileiros. Mas diz que, por enquanto, a volatilidade reduz os ganhos e não é boa para ninguém. "Estamos todos preocupados com a volatilidade, que não beneficia nem o produtor nem o consumidor." Graziano revelou que, no próximo mês, o G-20 implementará as decisões que tomou em 2011 para garantir maior transparência no mercado agrícola e, assim, reduzir a volatilidade. Um sistema foi criado para a troca de informações e ele garante que China, Índia e multinacionais, além de europeus, americanos e brasileiros, começam a repassar os dados sobre sua produção anual. Mas, para o ministro de Agricultura da França, Bruno Le Maire, o sistema levará anos para de fato começar a funcionar.

Para o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, a questão dos preços de alimentos não está resolvida e só será solucionada com um aumento da produção. Segundo ele, a dependência de um número pequeno de grandes produtores, como o Brasil, precisa acabar, para permitir que a produção aumente de forma significativa nos próximos anos. "Hoje cinco países produzem 70% do arroz consumido, e três produzem 80% da soja." "Podemos estar fazendo apostas arriscadas com o nosso futuro se não deixarmos que a produção prospere em outros lugares do mundo", alertou, em um recado direto ao principais produtores mundiais. [dissimulado Graziano, que não admite o empoderamento social dos pequenos produtores, mas a concentração do poder social já constituído dos grandes proprietários e das empresas transnacionais; hão de colonizar, entrelaçarem-se, com as cooperativas dos pequenos, modelo norte-americano testado com algum sucesso nas áreas prioritárias de RA do centrossul brasileiro. Como não dá pra pedir, vai negociar a entrada da Embrapa, como player, nessa estreita rinha, lançando mão das estruturas de fiscalização e publicidade da FAO. Rentabilidade garantida para os produtores brasileiros que constituírem cooperativa transnacional exportadora de capital fixo, e escaparem à tributação do Banco Mundial, com crédito o mais possível próprio.]

Sua aposta é a África, que deve receber investimentos no setor agrícola e mirar no exemplo brasileiro como forma de ampliar sua produção. "O milagre brasileiro pode e deve ser repetido", disse o francês, lembrando que o País deixou de ser importador para se tornar o quinto maior exportador de alimentos em apenas 30 anos.

As informações são do jornal O Estado de São Paulo, adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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