terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Como investir em renda fixa em cenário de queda dos juros

São Paulo, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2012Mercado
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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Há alguns anos o investidor brasileiro está aprendendo a conviver com taxas de juros menores do que as que estava acostumado nos tempos de inflação elevada.
Aos que ainda sentem saudades daquele tempo cabe um lembrete de que taxa de juros alta não significa, necessariamente, ganho para o investidor. O que faz nosso patrimônio crescer é a taxa de juros real, que supera a inflação e gera um rendimento excedente à mera reposição de perda provocada pela elevação dos preços.
No passado, a taxa nominal de juros era muito elevada, mas raramente proporcionava ganho ao investidor porque não conseguia superar a inflação do período.
Se observarmos a taxa de juros praticada no Brasil nos últimos anos, fica evidente que, embora menor em termos nominais, ela proporcionou ganho real para os investidores que optaram pela renda fixa. Embora a taxa de juros real também tenha apresentado queda, ela ainda proporciona um bom prêmio.
Investir no mercado de juros nos remete a escolher, basicamente, entre três alternativas disponíveis: taxa de juros prefixada, taxa de juros pós-fixada que paga a variação da taxa Selic ou a taxa DI, e variação do IPCA mais cupom fixo de juros.
TAXA PRÉ
Embora possa transmitir certa sensação de segurança ao investidor ao definir com exatidão sua rentabilidade, os instrumentos de taxa prefixada oferecem riscos que não são facilmente percebidos pelo investidor.
A transação não define uma taxa de juros prefixada que será paga haja o que houver. Ela define um valor futuro de resgate que será pago na data do vencimento.
Se o investidor precisar de dinheiro antes dessa data, terá de vender o título no mercado ou solicitar resgate antecipado. O novo comprador do título exigirá a taxa de juros vigente no mercado.
Se ela for maior do que a taxa por ocasião da primeira compra, o investidor perde dinheiro. Se, por outro lado, a taxa vigente for menor do que a da primeira compra, o investidor ganha dinheiro.
Resumindo, a opção de taxa prefixada é recomendada quando: 1) o investidor acredita que a taxa de juros no período da aplicação será igual ou inferior à taxa negociada; 2) não pretende vender o título antes do vencimento e, se o fizer, está ciente de que poderá perder dinheiro no caso de elevação dos juros.
Essa perda será tanto maior quanto maior for o prazo do título até o vencimento e quanto maior for a elevação da taxa de juros de mercado.
TAXA PÓS
Diferente da taxa pré, que toma partido em direção à queda dos juros, a pós-fixada acompanha a flutuação da taxa de juros de mercado. Será conhecida somente no final da aplicação e proporciona ao investidor a taxa Selic média (caso da LFT) ou a taxa DI média (caso do CDB).
É a alternativa recomendada quando o investidor acredita em cenário de muita incerteza, não tem convicção de queda dos juros e liquidez é um atributo desejável.
No caso do CDB, cabe ao investidor negociar o percentual da taxa DI e a condição de liquidez, se desejável.
INFLAÇÃO
No caso da taxa pré ou da taxa pós que acabamos de ver não houve preocupação em relação ao risco da inflação, que pode surpreender e levar embora uma boa parte do rendimento esperado.
Em ambos os casos a taxa negociada é a nominal de juros. Para os que querem ou precisam de proteção contra a inflação existe alternativa mais apropriada, os títulos corrigidos pela variação do IPCA mais cupom de juros.
A NTN-B e a NTN-B Principal, que podem ser compradas via Tesouro Direto, têm essa característica.
DIVERSIFICAÇÃO
Uma estratégia muito válida é ter de tudo um pouco. Para objetivos de curto prazo com liquidez diária, opte pelas operações de taxa pós-fixada. Para objetivos de médio prazo em cenário de queda nos juros, a taxa prefixada é uma boa pedida. Para objetivos mais longos que buscam proteção contra a inflação, compre NTN-B.
Assim terá uma carteira diversificada que protege contra riscos inesperados e proporciona uma rentabilidade média muito competitiva.
DICAS QUE VALEM DINHEIRO
1 Apure a rentabilidade real da sua carteira e analise se o retorno está compatível com o risco.
2 Antes de comprar taxa prefixada, avalie se ela reflete sua expectativa. Você acha que a taxa de mercado (pós-fixada) será menor do que a que lhe foi oferecida? Se sua resposta for sim,
vá em frente.
3 O cupom de juros da NTN-B, atualmente na faixa de 5,5% ao ano, representa juro real, acima da inflação. Aproveite!
4 Lembre-se que, além do risco da flutuação dos juros e da inflação, as operações de renda fixa estão sujeitas ao risco de crédito.
MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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