quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Expansão da rede de agências pressiona lucro do Bradesco

Autor(es): Por Aline Lima | De São Paulo
Valor Econômico - 01/02/2012

Para o presidente Luiz Carlos Trabuco, estratégia de crescimento orgânico precisou ser adaptada a questões conjunturais e a oportunidades de negócio
As despesas administrativas e de pessoal pesaram no resultado do Bradesco, que registrou lucro líquido contábil de R$ 2,726 bilhões no quarto trimestre de 2011 - inferior em 8,7% ante o resultado do quarto trimestre de 2010. No acumulado de 2011, o Bradesco apresentou lucro de R$ 11,028 bilhões, aumento de 10% em relação a 2010.
As ações preferenciais do Bradesco foram penalizadas e apresentaram a segunda maior queda do Ibovespa, ontem, ao recuarem 3,14%, para R$ 31,40.
Os gastos operacionais do banco somaram R$ 6,822 bilhões no quarto trimestre do ano passado, expansão de 17,8% contra o quarto trimestre de 2010. Em 12 meses, essas despesas totalizaram R$ 24,467 bilhões, crescimento de 17,4% em relação a 2010. O Bradesco promete mais comedimento nessa linha do balanço este ano. O banco projeta, para 2012, um aumento de 8% a 12% das despesas administrativas e de pessoal.
Durante teleconferência de resultados com jornalistas, ontem, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, procurou enfatizar a estratégia de crescimento orgânico adotada pelo banco, que em 2011 precisou "se adaptar a questões conjunturais e a oportunidades de negócio". Por questões conjunturais leia-se a perda do contrato de administração do Banco Postal para o Banco do Brasil (BB). Quanto às oportunidades de negócio, Trabuco se refere às aquisições do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj) e da folha de pagamento dos servidores do Estado de Pernambuco.
"No início de 2011, por ocasião do anúncio dos resultados de 2010, informamos que o plano era inaugurar 180 agências no ano, depois alterado em função de fatores não previstos, na ocasião, mas que acabaram rendendo excelentes negócios", afirmou Trabuco. O Bradesco abriu, somente em dezembro, 1.009 agências. Foram contratados, ao longo de 2011, 9,5 mil funcionários.
De acordo com o cronograma do banco para este ano, deverão ser entregues cerca de 70 novas agências - obras que restaram de 2011. "O maior impacto [dos gastos com expansão da rede de agências] já ocorreu", disse o vice-presidente Domingos Abreu. O executivo espera, para este primeiro semestre, tanto uma maturação dos investimentos feitos em 2011 quanto, para a segunda metade do ano, um incremento das receitas, oriundas da forte expansão.
Tal combinação, segundo Abreu, poderia levar a "alguma redução do indicador de eficiência". Mas, diferentemente do Itaú Unibanco, que traçou como objetivo chegar a 41% de índice de eficiência ao fim de 2013, o Bradesco não fixou uma meta numérica. O índice de eficiência do Bradesco acumulado em 2011 foi de 43%, apontando uma leve piora em relação aos 42,7% apresentados em 2010 - quanto menor, melhor, já que ele indica quanto os custos representam da receita do banco.
A carteira de crédito do Bradesco encerrou 2011 com R$ 268,67 bilhões, evolução de 16,5% em relação ao fim de 2010. O ritmo de expansão foi diminuindo ao longo do ano, embora Trabuco negue que o banco tenha "pisado no freio". "Tivemos um desempenho bastante interessante para um ano marcado pela perspectiva inicial de retração econômica e aumento da inflação", disse. As projeções do Bradesco para 2012 indicam um crescimento entre 18% e 20% da carteira de crédito expandida (que inclui, entre outras operações, avais e fianças, antecipação de recebíveis de cartões e debêntures).
O índice de inadimplência do banco fechou 2011 em 3,9%, leve aumento em relação aos 3,6% de dezembro de 2010.
São Paulo, quarta-feira, 01 de fevereiro de 2012Mercado
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/23363-bradesco-e-santander-decepcionam-em-2011.shtml
Bradesco e Santander decepcionam em 2011
Valor das ações dos dois bancos recua após o anúncio dos resultados do ano passadoDE SÃO PAULO
Bradesco e Santander decepcionaram ao divulgar ontem lucros considerados fracos pelos investidores.
No Bradesco, os ganhos foram corroídos pelas despesas para abrir 1.009 agências em 2011. A iniciativa foi um esforço para contornar a perda da licitação do Banco Postal para o rival Banco do Brasil.
O investimento físico nas novas agências consumiu R$ 695 milhões só no último trimestre. A inadimplência subiu de 3,6% para 3,9% ao longo do ano. Por isso, houve aumento de 20% nas provisões para cobrir possíveis calotes. Soma-se a isso o ganho líquido de R$ 2,726 bilhões, 8,7% menor do que no mesmo período de 2010.
No ano, porém, o resultado chegou a R$ 11,028 bilhões, 10% superior a 2010.
"Abrimos mil agências. É o tamanho de um banco no Brasil. Começamos 2012 com a perspectiva de que essas agências comecem a gerar negócios", disse Luiz Trabuco, presidente do Bradesco.
Já o Santander Brasil anunciou lucro líquido de R$ 6,661 bilhões em 2011, 6,2% menor do que o do ano anterior.
O resultado só não é pior que a matriz espanhola, que teve queda de 14% no lucro por conta do reconhecimento de perdas no setor imobiliário. No mundo, o Santander lucrou € 7,021 bilhões, 14% menos do que em 2010.
Com a crise, o Santander brasileiro aumentou sua fatia nos resultados globais.
O Brasil já contribui com 28% dos ganhos. Há um ano era 25% e, depois da compra do Real, em 2008, era 22%.
"É razoável pensar que em 2012 vamos chegar a 30% dos resultados globais", disse Marcial Portela, presidente do banco no Brasil.
Em 2011, a unidade brasileira mandou cerca de 80% dos R$ 3,175 bilhões em dividendos para a Espanha.
As ações PN (sem voto) do Bradesco recuaram 3,1%, e as do Santander, 1,4%.

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