quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Chicago é modelo para bolsa de commodities

Autor(es): Por Tarso Veloso e João Villaverde | De Brasília
Valor Econômico - 01/02/2012
 

A equipe econômica brasileira quer repetir no Brasil o êxito das bolsas de commodities de Chicago, hoje reunidas debaixo do CME Group, que concentra os negócios com derivativos de commodities mundialmente. A antiga Chicago Board of Trade (CBOT), a meca das negociações com grãos, e a Chicago Mercantile Exchange (CME), especializada em gado e leite, uniram-se em 2007 e, posteriormente, absorveram outras duas bolsas, a Nymex, forte em café, cacau e algodão, e a Comex, focada em commodities metálicas.
Nos últimos anos, nem a decadência econômica americana nem a ascensão da China, que conta com sua própria bolsa para derivativos de commodities, abalaram o prestígio de Chicago. A CBOT foi criada em 1848 e a CME, em 1898, em meio a uma das maiores crises da agricultura americana. Nas plataformas do grupo CME os preços das principais commodities são definidos diariamente, em dólares, e servem de referência para contratos de commodities fechados no mundo todo.
Segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS), os contratos de derivativos de commodities negociados em balcão somavam US$ 3,2 trilhões em junho de 2011 - valor 10,8% superior ao registrado um ano antes.
"Hoje estamos na vanguarda do agronegócio no mundo, com maquinário de primeira linha, pesquisas da Embrapa ampliando a produtividade no campo, uma relação moderna entre produtores, bancos e governo. Mas estamos chegando no limite", diz uma fonte da equipe econômica. "O próximo passo é a financeirização".
A "financeirização" é permitir que o próprio produtor participe da negociação e da formação de preço de seus produtos - ao mesmo tempo em que investidores institucionais, fundos de pensão e fundos de hedge. Por este motivo, existe a preocupação de criar oportunidades para que todos os produtores possam acessar o serviço. Uma fonte explicou que a prioridade para o setor neste ano é "organizar" as diferentes culturas, especialmente grãos, de forma a "perenizar" um modelo de financiamento, securitização e regulação.
Segundo essa fonte, a bolsa para derivativos de commodities será importante para trazer recursos ao país e fazer circular melhor as mercadorias produzidas em território nacional. Acredita-se que a nova bolsa também constituirá no Brasil um espaço para estudos e pesquisas no setor, atraindo know-how de especialistas com problemas para atuar em países mergulhados na crise internacional.
A Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (Iosco, na sigla em inglês), da qual a CVM brasileira faz parte, publicou no fim do ano passado regras para regulação dos mercados de derivativos de commodities. A iniciativa foi do grupo de 20 países mais ricos do mundo, o G-20, que cobrou das praças que negociam esses contratos maior regulação, para evitar volatilidade excessiva.
A forte demanda dos asiáticos por commodities pressiona os preços, que são depois impulsionado pelos contratos futuros, devido à aposta de investidores de que os preços continuarão aumentando. Essa combinação, segundo entende uma fonte na equipe econômica, esteve por trás do salto nos preços das commodities entre 2005 e 2008, e depois entre o segundo semestre de 2010 e o início de 2011.

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