quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Importação de leite em pó argentino aumenta 135% em janeiro



postado 8/fev/12

O ano iniciou com aumento das importações de produtos lácteos. Se compararmos com dados de janeiro de 2011, percebe-se um aumento de 39%, com 5.643 toneladas importadas a mais. Em termos de valores em dólares, o aumento foi de 47%.

O saldo negativo da balança comercial no mês corrente foi 22% superior em comparação ao mês anterior: em janeiro, a balança fechou com saldo negativo de 17.740 toneladas frente ao déficit de 14.574 toneladas em dezembro. Analisando os valores que compõem a balança comercial, observa-se que houve redução em 36% das exportações e aumento de 10% nas importações, o que resultou nessa diferença mensal. Os dados estão apresentados na tabela 1.

O leite em pó integral e o desnatado foram os maiores responsáveis pela diferença. Foram importadas em janeiro 11.753 toneladas de leite em pó contra 5.725 toneladas em dezembro de 2011.

Outro aspecto que deve ser apontado é a importação de leite em pó da Argentina bem acima do valor limite. No acordo de importação com a Argentina foi estabelecida a cota de 3.600 toneladas mensais de leite em pó desnatado e integral. Entretanto, considerando o total de leite em pó originado desse país, foram importados 5.182 toneladas do produto, um aumento de 135% frente ao mês passado. Segundo informações da CNA, é possível que tenha havido algum tipo de compensação, já que nos meses anteriores os volumes foram inferiores, já que foram importadas 2.232 e 2.204 toneladas em novembro e dezembro, respectivamente. Outra possibilidade seria um atraso nas licenças das importações, uma vez que estas possuem um prazo de até 90 dias para serem internalizadas. De qualquer modo, haverá uma reunião para entendimento dos números, segundo informado ao MilkPoint.

Tabela 1: Balança comercial de lácteos - janeiro 2012




O leite condensado, que sempre foi um dos principais produtos exportados, teve redução de 58% do volume de exportação. Foram quase 1.000 toneladas exportadas em janeiro frente a 2.366 toneladas em dezembro.

Ao considerarmos o equivalente em leite (a quantidade de leite utilizada para produzir um quilo de determinado produto), foram importados 81,66 milhões de litros de leite em janeiro, 17% a menos do que mês passado (Gráfico 1).

Gráfico 1. Quantidade de equivalente leite importada mensal




A matéria é da Equipe MilkPoint.

Porque a produção de leite diminui em Goiás?

postado 8/fev/12

Por Gilson Gonçalves Costa, Produtor de Leite em Itaberaí-Go, Engenheiro Agrônomo e Presidente da Associação "Nata do Leite"http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/espaco-aberto/porque-a-producao-de-leite-diminui-em-goias-77839n.aspx

A diminuição da produção de leite no estado de Goiás tem sido alvo de grandes preocupações que permeiam na mídia e já foi motivo de um Workshop em Goiânia, pois de segundo colocado, Goiás já foi um dos maiores estados produtores de leite e agora passou para o sexto lugar. As causas são as mais variadas e todas as que foram elencadas tem suas razões, no entanto existem outras.

Essa diminuição de produção causa prejuízos a toda a cadeia láctea, no entanto, a meu ver, a mais prejudicada é a indústria; uma vez que seus investimentos são muito grandes e o translado para regiões com maiores produções é praticamente impossível e/ou inviável. O consumidor fatalmente pagará mais caro pelo produto, o governo arrecadará menos e ainda precisará recolocar a mão de obra que em grande parte migra para as cidades. Para nós produtores o fato do estado ser o 2º ou o 6º maior produtor brasileiro não interessa. O importante é trabalharmos com a produção de leite e obtermos uma receita que cubra os custos, remunere o nosso pesado trabalho e também o nosso capital, que está investido na atividade da mesma forma que licitamente almeja a indústria e o comércio.

É necessário que toda a cadeia láctea acorde para uma realidade que salta aos olhos. A imagem do produtor rural imortalizado por Monteiro Lobato na figura do Jeca Tatu, acabou, principalmente para aqueles produtores que produzem a grande maioria do leite que consumimos. Os tempos mudaram, as informações chegam às fazendas quase com a mesma rapidez que nas cidades, os produtores estão antenados, fazem contas, buscam informações técnicas e econômicas e norteiam suas ações baseado em dados concretos. Se não for dessa maneira e ainda aliado a uma organização classista, ele abandona a atividade por absoluta falta de dinheiro (lucro). O que não mudou foi o enorme valor biológico do leite, presente nas nossas vidas desde os primórdios da humanidade, pois afinal somos mamíferos. A melhoria do leite e todos os seus derivados colocados à disposição dos consumidores é uma realidade incontestável, uma vez que os produtores que produzem em torno de 80% do leite já estão enquadrados nas normas da IN 62 que regulamenta a produção.

O que acontece hoje em Goiás, aconteceu em São Paulo e fatalmente acontecerá em outros estados, pois a próxima geração - com a quantidade de opções de trabalho que se abrem - não se sujeitarão a trabalhar com pecuária leiteira e suas inúmeras dificuldades: sem estabilidade, sem garantias de que sua produção sequer será comprada e preços instáveis. As causas enumeradas acima são atribuídas ao mercado, mas é imprescindível que todos compreendam o que nós produtores já sabemos que essas justificativas não nos trazem lucro e consciente ou inconscientemente não trabalhamos mais sem ganhos condizentes com nosso esforço físico e nosso capital.

Para remediar essa situação é preciso de que o Governo diminua e até isente o leite de impostos - cuja carga tributária (direta e indiretamente) é de 33,63% - proporcionem estradas transitáveis durante todo o ano e energia elétrica de boa qualidade. Cabe ainda ao governo a fiscalização, pois de nada adianta leis, instruções normativas e outras se não há fiscalizações. Leite sem qualidade deve ser simplesmente descartado, não serve para alimentação de seres humanos.

Que todos os bancos voltem a praticar o crédito rural conforme já foi feito no passado, com juros mais baratos, pois os atuais são muito caros, iguais ou maiores que a inflação. A produção agropecuária não tem condições de se manter com custos financeiros elevados. Não sou apologista a ditaduras, mas lembro que naquela época em que a inflação era de 35% ao ano os juros variavam de 0% a 15%, isso sim contribuiu para o grande avanço da produção agropecuária que pode ainda ser aumentada. Importante diminuir a burocracia na concessão de empréstimos, diminuir também a quantidade de papéis (seguros, previdência privada, aplicações a longo prazo, etc), isso desvirtua e onera muito os financiamentos. Os bancos passam a idéia de que não querem emprestar ao produtor, haja vista o tanto de documentos solicitados de forma segmentada e às vezes até sem sentido além do grande período de estudos de propostas e projetos
. Isso tudo se torna um inibidor e até mesmo um fator de desânimo para o produtor.

Os laticínios devem agilizar os pagamentos por qualidade, cumprir as determinações da IN 62, não adquirir leite fora dos padrões especificados, utilizar mecanismos que deem de forma concreta segurança ao produtor, como exemplo um preço mínimo discutido no início de cada ano. O preço a ser pago no mês deve ser comunicado antes de começar a coleta. Da forma que é praticado na atualidade, os riscos ficam todos com o produtor, pois os supermercados tiram seus custos e lucros, repassam a sobra para os laticínios, estes por sua vez tiram os seus custos mais o lucro e o que sobra é do produtor, obviamente, se sobrar.

Nós produtores precisamos nos organizar em grupos até para conscientizarmos da nossa posição na cadeia láctea, para trocarmos informações, buscarmos êxito no nosso empreendimento e se não obtivermos lucro, não nos acanharmos em deixar a atividade antes do negócio descambar para prejuízos maiores.

Importante lembrar que muitas fazendas trabalham "sozinhas", pois o proprietário vai a fazenda esporadicamente e passa o dia "batendo prosa" na cidade e, os serviços ficam completamente nas mãos dos funcionários. A dificuldade com a mão de obra é muito grande, mesmo que a remuneração dos empregados rurais seja bem maior que o recebido pelas pessoas da zona urbana que possuem o mesmo nível cultural. Os ganhos são bons, aliás, maiores que as limitações financeiras que a atividade permite e, no entanto, é difícil achar funcionários com responsabilidade, com fidelidade e compromissos com o empreendimento. Reconhecemos que o trabalho é bastante duro e contínuo, mesmo gozando dos direitos das CLT, a mão de obra para esse serviço esta cada dia mais difícil.

É imperioso uma gerencia direta, assistência técnica, muito trabalho, eficiência, competência e principalmente, gostar do que se propõe a fazer.

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