sábado, 18 de fevereiro de 2012

Brasil deve se tornar, neste ano, o segundo maior mercado da Nestlé


Autor(es): JAMIL CHADE,
O Estado de S. Paulo - 17/02/2012
 

Avanço. Apesar de o crescimento estar se desacelerando no País, a crise na Europa deve fazer com que o Brasil ultrapasse a França em 2012, ficando atrás somente dos Estados Unidos na lista dos principais mercados da maior empresa de alimentos do mundo

Mesmo com uma expansão de vendas que perde fôlego, o Brasil caminha para se transformar no segundo maior mercado mundial para a Nestlé. A multinacional vai apostar nos mercados emergentes para garantir seu crescimento nos próximos anos e metade dos investimentos da companhia já ocorre nesses mercados.
Diante da estagnação nos países ricos, 50% de suas vendas dependerão das economias emergentes até 2020. "As placas tectônicas estão se mexendo e estamos vivendo uma nova realidade", afirma Paul Bulcke, presidente da maior empresa de alimentos do mundo.
Ele não disfarça: a decisão de destinar metade dos investimentos da Nestlé para os emergentes ocorre porque são nesses mercados que está o crescimento nos próximos anos.
Os dados financeiros da empresa mostraram que o Brasil terminou 2011 como terceiro maior mercado, posição que já havia conquistado em 2010 ao superar a Alemanha em vendas. No ano passado, as vendas da multinacional no País chegaram a 5,4 bilhões de francos suíços (US$ 5,9 bilhões). Em reais, a expansão ficou em 8% em comparação a 2010.
Se a tendência de crescimento das vendas for mantida no caso do Brasil, em 2012 o País roubará a posição da França, que fechou 2011 com vendas de 5,64 bilhões de francos suíços, mas que pena para registrar uma expansão sólida. Parte do motivo que impediu 2011 de fechar com o Brasil na segunda posição foi a valorização do franco suíço, que ganhou 10% em relação ao real no ano. Na moeda suíça, portanto, as vendas no Brasil foram reduzidas de 5,6 bilhões em 2010 para 5,4 bilhões em 2011, uma redução de 3%.
A valorização do franco suíço gerou mesmo um impacto importante nos resultados da empresa. As vendas foram de 83,6 bilhões de francos suíços, contra 93 bilhões de francos em 2010. Os lucros líquidos caíram para 9,4 bilhões de francos suíços, 8,1% abaixo do que foi registrado um ano antes para a fabricante do Nescafé, chocolates Garoto, Perrier e sorvete Häagen-Dazs.
Desaceleração. Além da moeda, o que também contou foi a desaceleração na expansão da Nestlé no Brasil no ano. Em 2010, as vendas haviam sofrido uma alta de 21%. No ano passado, a expansão ficou em 8%, inferior ao desempenho dos demais Brics, da América Latina e da média dos emergentes.
A perda de fôlego também já foi notada por outras gigantes do setor. Há dois dias, a Danone apontou que a debilidade do mercado europeu neutralizaria seu desempenho nos países em desenvolvimento em 2012. Para a Unilever, a crise europeia vai começar a afetar os emergentes.
Mesmo assim, a cúpula da Nestlé insiste que os resultados no Brasil são positivos. "O Brasil é uma de nossas prioridades", insiste Bulcke. O executivo evitar falar em cifras de investimentos. Mas aponta que os planos no Brasil estão "no topo de sua agenda". "Temos confiança no mercado brasileiro e as perspectivas do País são muito boas", declara o belga, que tem um salário de quase US$ 9 milhões por ano.
No mercado mundial, a economia americana continua sendo o principal destino dos produtos Nestlé, com 31 bilhões de francos suíços em vendas. Mas, num ritmo cada vez maior, os emergentes substituem a Europa e outros mercados maduros, em recessão e com um consumo estagnado. Hoje, três dos sete maiores mercados da Nestlé já são países emergentes - Brasil, México e China. Juntos os mercados em desenvolvimento representam 41% das vendas da multinacional que contam com 328 mil funcionários e 460 fábricas.

Nestlé cresce menos no Brasil do que em outros emergentes

Autor(es): Assis Moreira
Valor Econômico - 17/02/2012
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/2/17/brasil-deve-se-tornar-neste-ano-o-segundo-maior-mercado-da-nestle
 

As vendas da Nestlé no Brasil alcançaram 5,418 bilhões de francos suíços (R$ 10,1 bilhões) em 2011, numa expansão menor do que a média dos mercados emergentes. Mas a direção mundial da companhia se diz otimista com o potencial de mais negócios nesse que é o seu terceiro maior mercado.
Globalmente, o maior grupo alimentar do mundo encerrou 2011 com vendas de 83,6 bilhões de francos suíços (US$ 89,1 bilhões), o que representa um crescimento orgânico de 7,5% em relação a 2010. O lucro líquido cresceu 8,1% para US$ 10,1 bilhões.
As vendas nos mercados emergentes aumentaram 13,3%, três vezes mais do que a expansão de 4,3% nos mercados desenvolvidos. No Brasil, a Nestlé vendeu 8% a mais em reais, mas o resultado é de queda de 3,3% em franco suíço, por causa da persistente valorização da moeda helvética.
Este ano, serão investidos pouco mais de 5 bilhões de francos suíços, dos quais metade nos emergentes, onde a companhia faz 41% de suas vendas e espera chegar a 50% do total até 2020.
A diretoria em Vevey não quis detalhar o montante de investimentos no Brasil. Mas o presidente mundial, Paul Bulckle, declarou: "A nossa prioridade está lá, temos muita confiança no Brasil". O país é o terceiro maior mercado da Nestlé no mundo, depois dos Estados Unidos e da França.
A estratégia para aumentar as vendas no país incluem o patrocínio para a Copa do Mundo. Já o engajamento na Olimpíada não está decidido. Na coletiva de ontem com a imprensa internacional, a Nestlé expôs produtos de suas fábricas ao redor do mundo, incluindo os chocolates Garoto, no Brasil.
O resultado global de 2011 mostra margem operacional de 15%, mas diminuiu 30 pontos base nas Américas. Segundo Bulckle, 2011 foi um ano "desafiador", e a empresa não espera que 2012 seja "mais fácil". Este ano, a Nestlé projeta um crescimento orgânico entre 5% e 6%.
Os concorrentes são igualmente cautelosos. A francesa Danone, maior produtora mundial de iogurtes, projeta crescimento de vendas de 5% a 7% e o baixo consumo na Europa será compensado pelo crescimento nos emergentes.
A britânica-holandesa Unilever também projeta um ano difícil, estimando que a expansão nos emergentes diminuirá de ritmo e a demanda na Europa e na América do Norte vai estagnar, na melhor das hipóteses.
Nestlé e Danone teriam feito propostas para adquirir a unidade de nutrição infantil da Pfizer, que poderia alcançar até US$ 10,5 bilhões, conforme rumores no mercado, mas a direção da companhia suíça não quis fazer comentários.
A empresa informou que irá examinar toda possível aquisição que faça sentido para sua estratégia de mercado. Também pretende expandir a venda de novos produtos como máquina de café Alegria, para comércio de pequeno porte, como floristas e cabeleireiros. Sua maquina Special T.tea (para fazer chá) também avança em vendas. E Nespresso continua a ser um enorme sucesso, com crescimento de 20% no ano passado.
Persistem as especulações sobre a fatia de 31% de Nestlé na L"Óreal, sobretudo depois que o maior grupo de cosméticos do mundo revelou que a herdeira Liliane Bettencourt, com 30% dos € 49 bilhões da companhia, abandonaria seu cargo no conselho de administração em favor de seu neto Jean-Victor.
Mas o presidente mundial da Nestlé foi lacônico, dizendo que isso não afeta o pacto de acionistas que expira em 2014, pelo qual cada lado pode recusar a oferta do outro por aquisição, assim como nenhum acionista pode aumentar sua fatia enquanto Liliane, de 89 anos, estiver viva ou até seis meses após sua morte.
Bulcke prevê aumento de um dígito nos preços de commodities este ano, e em todo caso persiste a volatilidade. (Colaborou Daniele Madureira, de São Paulo)

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