Autor(es): Gabriel Caprioli | |||||||||||||||
Correio Braziliense - 31/08/2010 | |||||||||||||||
Gasto exagerado do Executivo e aperto monetário promovido pelo BC minam as contas públicas.
As dúvidas dos agentes econômicos em relação à forma como o Comitê de Política Monetária (Copom) devem conduzir a taxa básica da economia (Selic), somadas às incertezas em torno da inflação e da corrida ao Palácio Planalto, continuam levando o mercado financeiro a exigir do governo remunerações maiores para comprar papéis da dívida pública. A fatura está caindo no colo dos brasileiros, que assistiram, atônitos, a conta de juros paga pelo país atingir R$ 108,1 bilhões entre janeiro e julho, valor recorde para o período e 13,66% superior ao computado nos sete primeiros meses de 2009. Diante dos encargos maiores, o governo enterrou de vez a promessa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de equilibrar as contas públicas, ou seja, chegar ao deficit nominal (1)até 2012. Somente em julho, quando a economia para o pagamento de juros da dívida foi de apenas R$ 2,4 bilhões, faltaram R$ 14,3 bilhões para cobrir a totalidade das despesas com os débitos do governo, de R$ 16,7 bilhões. A tendência desse buraco é de aumentar nos próximos meses, já que o endividamento ainda não captou toda a alta da Selic, iniciada em abril. Quer dizer: mais impostos serão direcionados para cobrir as estripulias fiscais da administração Lula, que gasta sem parar e se endivida sem compromisso com o futuro, inibindo a capacidade de investimentos em saúde, educação e segurança pública. Para Cristiano Souza, economista do Banco Santander, com a disposição de ampliar os gastos, ninguém nunca acreditou na possibilidade de o governo chegar ao deficit nominal zero. Nem em 2010, o primeiro prazo dado por Mantega, nem em 2012, devido aos estragos provocados pela crise mundial, e nem em 2014, agora o novo alvo do ministro. “Nunca imaginamos um deficit nominal zero, porque ele só seria possível se houvesse um corte expressivo nas despesas. E o que estamos vendo é que, mesmo em um ano de arrecadação recorde, os gastos consomem todas as receitas, sobrando pouco o pagamento de os juros”, disse. O custo médio da dívida mobiliária federal, acumulado em 12 meses, passou de 9,42% ao ano em dezembro para 10,50% ao ano em julho, mas também pesam na conta o aumento do estoque dos papéis emitidos, de R$ 1,4 trilhão para R$ 1,6 trilhão, no mesmo período. Na avaliação do economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles, mais importante do que reduzir o deficit nominal é garantir a trajetória de queda da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). “Perseguir a meta de 3,3% (do PIB para o superavit primário) é suficiente para reduzir essa relação”, afirmou. 1 - Descrença geral A gastança desenfreada do governo tem obrigado o Banco Central a forçar a mão na taxa básica de juros. Com isso, a dívida acaba se tornando uma bola de neve. De um lado, ela cresce porque seu custo é elevado. De outro, com a administração Lula gastando mais do que arrecada, o Tesouro Nacional é obrigado a emitir mais títulos para financiar as despesas. Por isso, a descrença generalizada na hipótese de cumprimento da meta de superavit primário de 3,3% do PIB neste ano. PIB cresceu de 0,5% a 1% São Paulo — Na tentativa de criar um contraponto à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a ressaltar ontem que o ritmo de crescimento da economia brasileira desacelerou, não sendo necessário mais um aumento da taxa básica de juros (Selic). Ele ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu entre 0,5% e 1% no segundo semestre do ano contra os 2,7% computados nos três primeiros meses do ano. O dado oficial será divulgado na próxima sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O PIB do segundo trimestre será muito inferior ao do primeiro, evidentemente”, disse Mantega durante o 7° Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar disso, o ministro garantiu que a taxa de crescimento em relação ao ano anterior deve manter-se entre 6,5% e 7%, acima da média projetada de 5,8% a 6% entre 2011 e 2014. Para o ano que vem, especificamente, a projeção é de alta de 5,5%. “O Brasil está entre os países mais dinâmicos do mundo. E o seu crescimento está sendo puxado, sobretudo, pelos investimentos, ajudando a manter a inflação perto da meta”, ressaltou. Na opinião de Mantega, um dos principais desafios do próximo presidente da República será manter os investimentos em um patamar elevado. Para isso, será preciso que o setor privado participe mais do financiamento de longo prazo. O ministro assegurou que o governo está preparado para incentivar novas fontes de empréstimos ao setor produtivo, reduzindo o peso sobre o BNDES. Segundo ele, será lançada uma agência de garantias a financiamento, de forma a reduzir os riscos de calotes, e haverá mudanças nas regras das debêntures e das Letras Financeiras, títulos usados para irrigar o caixa da indústria e do comércio. Inflação sob controle Em meio às desconfiança do mercado quanto à contaminação política do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) inicia hoje a reunião que definirá a taxa básica de juros (Selic) que vigorará pelos próximos 45 dias. A grande maioria do mercado aposta na interrupção do ciclo de alta iniciado em abril, com os juros ficando em 10,75%. Na opinião de Cristiano Souza, economista do Banco Santander, a possível estabilidade da Selic no atual nível não deve reduzir a pressão do mercado por taxas maiores para financiar a dívida pública. A razão é simples. “Pelas nossas contas, a Selic encerrará o ano em 10,75%, mas deve subir para 13% em 2011. Ou seja, a parada no aperto monetário só teria impacto (nas taxas exigidas pelo mercado para a compra de títulos públicos) se todos os agentes esperassem uma inflação estável para o próximo ano”, disse. De acordo com o boletim Focus divulgado pelo BC ontem, as instituições financeiras reduziram a estimativa da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano para 5,07%. Foi a segunda queda seguida, mas dificilmente as expectativas dos agentes econômicos vão convergir para o centro da meta definida pelo governo, de 4,5%. Para 2011, as projeções subiram para 4,87%, depois de permanecerem estacionadas por um longo período em 4,80%. Na segunda prévia do mês, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), usado para corrigir os aluguéis, deu um salto de 0,77%. Com meta de superávit inferior a 3,3%, próximo governo terá mais para gastar
As preocupações com a proposta orçamentáriaDéficit externo do país pode chegar a 10% do PIB em 2015
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terça-feira, 31 de agosto de 2010
Dívida consome R$ 108 bi em juros
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/divida-consome-r-108-bi-em-juros
FUNDOS IMOBILIÁRIOS DESLANCHAM
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/fundos-imobiliarios-deslancham
OVERDOSE DE FUNDOS IMOBILIÁRIOS? | ||||
Autor(es): Alessandra Bellotto e Luciana Monteiro, de São Paulo | ||||
Valor Econômico - 31/08/2010 | ||||
Os fundos imobiliários vão receber uma avalanche de recursos em breve, depois de terem despertado a atenção de investidores externos e dos maiores bancos nacionais. Só na última semana, o BTG Pactual entrou com pedido de análise na Comissão de Valores Mobiliários para quatro fundos de R$ 1 bilhão cada um. Com outra carteira do banco em análise desde junho, são R$ 5 bilhões, quantia que quase se iguala ao patrimônio total dos fundos em operação, de R$ 5,9 bilhões. Em fase de registro ou captação, há cerca de R$ 9 bilhões, bem mais que os R$ 3,44 bilhões de 2009. O BTG Pactual está deixando seus concorrentes com a pulga atrás da orelha. Só na última semana, o banco entrou com pedido de análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de quatro fundos imobiliários, cada um com volume de R$ 1 bilhão. São R$ 5 bilhões se somada uma outra carteira de R$ 1 bilhão, em análise desde junho. E tem mais BTG Pactual vindo por aí. Segundo fontes do mercado, a série contempla cerca de 15 fundos. Por se tratar da estreia do banco, o tamanho das operações chama a atenção e chega a causar um certo desconforto no mercado. A grande questão é se há demanda para tudo isso, mas os especialistas apostam que sim. Hoje, o patrimônio dos fundos em operação soma R$ 5,9 bilhões. Em fase de registro ou captação, há cerca de R$ 9 bilhões, volume bem acima dos R$ 3,445 bilhões registrados em 2009. "Chegar ao mercado com volumes grandes acaba causando um certo espanto", afirma Alexandre Tadeu Navarro, da Navarro Advogados. Mas não é só isso. A investida do BTG Pactual está provocando uma corrida dos concorrentes para colocar operações no mercado antes que a demanda do investidor seja totalmente atendida. "Tem muita instituição querendo antecipar avisos ao mercado para marcar posição e convencer o investidor a esperar pela sua oferta", afirma Alexandre Assolini, do PMK Advogados. "Tudo isso é reflexo do mercado imobiliário bastante aquecido, o que não falta é ativo", afirma Sergio Manoel Correia, economista-chefe da LLA Investimentos. Do lado da demanda, as instituições perceberam que há um interesse forte do investidor. "Para a pessoa física, além de ser uma alternativa de diversificação, o fundo imobiliário oferece uma renda interessante, sem o risco de bolsa pura", diz o advogado Navarro. Nos fundos com cotas negociadas em bolsa, a pessoa física tem isenção de imposto sobre o rendimento pago, em geral originado de receitas de aluguel. Correia, que na LLA lida especialmente com clientes pessoas físicas, diz que é crescente a disposição do investidor em experimentar ativos diferenciados como fundos imobiliários. "A cada dia a pessoa física vem respondendo por uma parcela maior das colocações de fundos e a restrição de liquidez e o prazo têm sido menos importantes para esse investidor", diz o executivo. Outra fatia importante de interessados é a de investidores institucionais. O fundo imobiliário, segundo Correia, faz todo sentido para as fundações, que têm um horizonte de investimentos de longo prazo e buscam indexadores ligadas à inflação. Os estrangeiros também tendem a absorver boa parte das ofertas em andamento. A demanda de investidores internacionais por ativos imobiliários no país ou mesmo por imóveis ou terrenos está para lá de aquecida, conta Marcelo Pereira, sócio da TAG Investimentos. "Tem muito banco americano comprando terrenos diretamente, estruturando operações para que sua área de private banking lá fora ofereça aos clientes, ou entrando via fundo imobiliário", diz. Segundo ele, mesmo as pessoas físicas têm se mostrado mais abertas a aplicar em ativos ligados ao segmento imobiliário, dada a isenção de imposto de renda. Só para se ter ideia, neste ano, estrearam no segmento o Itaú por meio de uma oferta da Kinea, braço de investimentos alternativos do banco, Morgan Stanley, Fator e outros gestores menores, como a Empírica. No ano passado, o Bradesco voltou a dar as caras dividindo a coordenação de emissões com o BB Investimentos e Santander. A Caixa retomou operações e o Citibank ingressou nesse mercado. "Tem um efeito manada, muita gente que nem pensava em fundo imobiliário acabou sendo forçada a olhar para isso", diz Navarro. Vale uma ressalva. O fato de os fundos do BTG Pactual terem sido registrados com volumes na casa do bilhão não significa que eles tenham necessariamente de captar tudo já - há um volume mínimo para que a carteira entre em operação. A estratégia apenas facilita a realização de novas emissões, uma vez que libera o administrador do fundo da convocação de assembleia de cotistas para aprovação. No mercado externo, é bem comum haver um fundo grande, de alguns bilhões de dólares, apenas com uma política de investimentos definida, não necessariamente com os empreendimentos ou ativos pré-selecionados. Por aqui, o comum sempre foi ter fundos de um determinado shopping, hospital ou mesmo de uma torre específica de escritórios. "O mercado nasceu torto, com cara do empreendimento, mas isso começa a mudar, num sinal de maturidade", afirma Navarro, lembrando que criar uma estrutura grande para carregar um único ativo não é nada eficiente. Os fundos do BTG Pactual, conforme as ofertas em análise, tendem a explorar, cada um, nichos diversos, de empreendimentos prontos em busca da renda do aluguel a incorporação imobiliária, passando por papéis como certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e letras de crédito imobiliário (LCIs). "O investidor que entrar em uma carteira apenas com a política de investimentos definida estará comprando a capacidade do gestor", diz Navarro. O advogado diz ainda que esperava há anos por um salto no segmento de fundos imobiliários, e que isso mal começou. Só o escritório dele, por exemplo, tem nove fundos em fase de estruturação, com um volume total de R$ 2 bilhões, para o lançamento ainda este ano. Já o PMK Advogados está trabalhando na elaboração de 31 fundos imobiliários. Sobre o volume, Assolini conta que nem teve tempo de parar para contar. "Nossa tradição sempre foi trabalhar na estruturação de CRIs; hoje, estou fazendo mais fundo imobiliário", conta o advogado. Carlyle tropicaliza operação no país e lidera aquisições no ano
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Queda da desigualdade de renda no país coloca mais 31, 9 milhões no mercado
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/queda-da-desigualdade-de-renda-no-pais-coloca-mais-31-9-milhoes-no-mercado
Autor(es): João Villaverde, de São Paulo | |||||||||||||||||
Valor Econômico - 31/08/2010 | |||||||||||||||||
"No futuro, as pessoas não olharão Lula como o novo Getúlio Vargas. Mas entenderão Vargas como o Lula do passado. O presidente encarna a principal mudança por que passou o Brasil nos últimos anos, ele é a nova classe média. Lula é o Nelson Mandela tupiniquim". A análise é de Marcelo Néri, economista da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e um dos maiores especialistas em política social do país. "Na última década, a desigualdade de renda caiu como nunca em nossa história. O equivalente a 31,9 milhões de pessoas ascenderam à classe C, ingressando no mercado consumidor, ampliando a capacidade de nossa economia crescer", avalia Neri, para quem, no entanto, o futuro do país está nas classes A e B. "Quando terminarmos o processo de transferir pessoas das classes D e E para a C, passaremos a transferi-las da C para cima, o que gerará maior pressão sobre os ricos." A percepção de Neri não é isolada. Durante seminário realizado ontem pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, economistas e cientistas políticos configuraram o atual momento da economia brasileira como "privilegiado". Para o cientista político André Singer, as condições econômicas e sociais estão próximas do período do New Deal, nos Estados Unidos, quando o governo americano, por meio de gastos em programas de amparo social e em obras de infraestrutura, impulsionou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) após o "crash" de 1929. "Para ir além", disse Singer, "é indispensável manter a elevação do salário mínimo". O processo virtuoso, conforme avaliação dos participantes do debate, está assentado em "pontos-chave", como denominou Neri. Segundo números do economista da FGV, a renda oriunda do trabalho respondeu por 67% da redução na desigualdade, a frente dos 17% oriundos de programas de transferência direta de renda, como Bolsa Família, e dos 15,7% provenientes da Previdência Social . "O tripé é este", diz Singer, "quer dizer, aumento do emprego, seguido de gastos com pobreza extrema e aposentadorias". Este quadro, no entanto, também revela problemas. "Do ponto de vista do crescimento acelerado combinado com redução da desigualdade, o jogo como está colocado hoje é preocupante", avalia Mariano Laplane, economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Ficamos por quase 30 anos completamente à margem do desenvolvimento. O mundo moveu seu eixo tecnológico e industrial para os países asiáticos, ao longo dos anos 1970, e nós ficamos parados, assistindo isso tudo", afirma. A lógica de Laplane, compartilhada por outros economistas da FGV, é que o ritmo acelerado do PIB - que neste ano, segundo estimativas do governo, deve passar por ampliação de 7%, a maior em 24 anos - não se sustentará, uma vez que o parque industrial brasileiro é pouco desenvolvido tecnologicamente, quando comparado com outros países, como a China. "Os ganhos de produtividade que nossa indústria fez após a abertura comercial, em 1990, são claramente incapazes de fazer frente aos competidores externos", avalia Laplane, para quem a ampliação do mercado de trabalho passa, principalmente, por maior oferta de empregos no setor industrial. "Nos próximos dez anos, nosso crescimento será focado no mercado interno. Se não quisermos que a renda que estamos dividindo vaze para o exterior, por meio do consumo de importados, é preciso atenção maior com a indústria", raciocina Paulo Gala, economista da FGV-SP. A pressão por mudanças, no entanto, ocorrerá de forma difusa, avaliam Neri e Singer. Para este, a nova classe média é "parcialmente conservadora", uma vez que quer continuar ascendendo socialmente, mas deseja que isso ocorra dentro da ordem, sem radicalizações. "Seja para fortalecer o processo de redução da pobreza, seja para efetuar mudanças do lado econômico, como alterar o câmbio e reduzir os juros, o Estado têm diante de si um novo proletariado, que está no setor de serviços, como os operadores de telemarketing", diz Singer. Para Neri, a nova classe média "não precisa tanto do Estado quanto os mais pobres", assim, passa a ser natural que o Estado "foque mais em políticas sociais aos mais necessitados, deixando a classe ascendente com margem para desenvolvimento próprio". Micro e pequenas empresas reúnem mais da metade de empregos formais
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O Estado e a internacionalização de empresas
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/o-estado-e-a-internacionalizacao-de-empresas
Autor(es): Ricardo Bernhard | ||||
Correio Braziliense - 31/08/2010 | ||||
Diplomata de carreira. A opinião expressa no artigo é exclusivamente do autor e não reflete a posição do Ministério das Relações Exteriores. Cerne do pensamento liberal, a crítica à ação do Estado como promotor do desenvolvimento econômico e favorecedor de grupos da população encontra, nos dias de hoje, caso especial de aplicação no âmbito das potências emergentes no cenário internacional. Governos de países como China, Índia e Brasil vêm instituindo políticas de estímulo à internacionalização de empresas, fenômeno que ganhou força natural no mundo em desenvolvimento no fim do século 20. A tendência no Brasil é de expansão do volume de recursos públicos despejados em empresas dispostas a se internacionalizar, como se depreende do documento Termo de referência: internacionalização de empresas brasileiras, elaborado sob a coordenação da Câmara de Comércio Exterior e publicado em dezembro de 2009. É prudente, assim, analisar o assunto — e aplicar-lhe a crítica liberal. Por meio do BNDES, o Estado desembolsou R$ 8 bilhões em financiamentos para internacionalização de empresas de junho de 2005 ao início de 2010. É um montante superior ao orçamento dos ministérios da Cultura, do Desenvolvimento, do Esporte e das Relações Exteriores, para o mesmo período; ultrapassa o valor das verbas destinadas ao programa Minha Casa, Minha Vida para este ano; deve pouco aos R$ 9 bilhões a serem investidos na construção de portos até 2013. Não se trata de valor desprezível e, caso não se demonstrem as implicações negativas dessa política, nada evitará que trilhe sua trajetória de aprofundamento. JBS-Friboi, Camargo Corrêa, Odrebrecht, Votorantim, Gerdau: exemplos de empresas que contam com o apoio do BNDES em sua internacionalização. Alegadamente servindo ao desenvolvimento econômico e à consolidação da imagem do Brasil como potência emergente, aquele apoio tem como principal consequência o fortalecimento de grandes corporações, para prejuízo do povo. Como afirma Roderick Long, em artigo publicado no site do instituto Ordem Livre, “em um mercado livre, as empresas seriam menores e menos hierárquicas, mais locais e menos numerosas; os preços seriam mais baixos e os salários mais altos; e o poder das corporações estaria em ruínas. Não é à toa que as grandes empresas, apesar de elogiarem com frequência os ideais do livre mercado, tendem a se opor sistematicamente a eles na prática”. Para se transformarem em grandes empresas, “dependem da intervenção estatal no mercado (...) como subsídios e socorros financeiros.” Felizmente, não vivemos mais sob um regime de restrição a transações externas. Nada impede que empresas realizem operações no exterior. Se a internacionalização das empresas brasileiras, por ausência de financiamento, não desfruta do vigor que se considera proporcional à pujança da economia nacional, a medida cabível não é utilizar a coerção do Estado para arrancar dinheiro do povo e emprestá-lo, a taxas subsidiadas, às corporações. Se o custo de captação de recursos no mercado inviabiliza movimentos de internacionalização, é de se pensar que o empurrãozinho do Estado produz investimentos externos artificiais, para a miséria pública e os benefícios privados. Ainda que os financiamentos do BNDES se convertessem em impulso ao desenvolvimento, deveríamos apoiar a política de fortalecimento da Marca Brasil? Que sociedade ajudamos a constituir, ao sinalizarmos que a solução dos problemas comuns deve ser obtida não por transações voluntárias entre indivíduos, mas por uma instituição caracterizada pelo uso da força? Como o cronista americano Albert Jay Nock ressaltava, o verdadeiro liberal não observa só o fim imediato, mas os meios empregados para alcançá-lo. O incentivo público à internacionalização de empresas representa meio equivocado e perigoso de se concretizar o objetivo de consolidação da imagem do país como potência emergente. Já são R$ 8 bilhões transferidos para grandes empresas, em operações artificiais de inserção externa. A tendência é de aprofundamento dessa “cooperação” compulsória para fortalecer a Marca Brasil. Nada mais apropriado do que recordar a principal lição no estudo da política, segundo Nock: “O poder que é dado ao Estado para fazer coisas para você implica um poder equivalente para fazer coisas contra você”. Política fiscal enfrentará mudanças
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Segurança alimentar
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/curtas-agronegocios
O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que o decreto nº 7.272/2010, que instituiu a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), foi assinado na semana passada. Segundo o ministério, "o fortalecimento da agricultura familiar, povos indígenas e comunidades tradicionais é um dos objetivos dessa Política Nacional que visa promover a segurança alimentar e nutricional, para garantir a realização do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável".
Denominação de origem para arroz do RS
Autor(es): Sérgio Bueno, de Porto Alegre | ||||||||
Valor Econômico - 31/08/2010 | ||||||||
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/31/denominacao-de-origem-para-arroz-do-rs | ||||||||
O arroz cultivado e beneficiado em 12 municípios do litoral norte do Rio Grande do Sul, que na safra 2009/10 respondeu por 8,7% da produção de 6,9 milhões de toneladas do grão no Estado, é o primeiro produto brasileiro com Denominação de Origem (DO) reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Com o registro, obtido após um processo de organização do setor que começou há cerca de cinco anos, os arrozeiros esperam agora a valorização do produto no país e o ingresso em mercados exigentes como Europa e Estados Unidos. O trabalho foi conduzido pela Associação dos Produtores de Arroz do Litoral Norte do Estado (Aproarroz), que foi constituída para buscar a DO em 2006 e protocolou o pedido no INPI em 2008. Segundo o presidente da entidade, Clóvis Terra Machado dos Santos, o registro, que abrange 12 municípios, até 130 mil hectares e quase 1,5 mil produtores na região, foi emitido na semana passada e será entregue aos representantes do setor amanhã, na Expointer. Segundo o INPI, a Denominação de Origem é a indicação geográfica que vincula a qualidade de um produto aos recursos naturais e humanos da região onde ele é produzido. Na prática, ela é reconhecida como um degrau acima da Indicação de Procedência, que relaciona o produto à "reputação" da área de origem e que já foi concedida aos vinhos do Vale dos Vinhedos (RS), à carne bovina do pampa gaúcho, ao couro acabado de Novo Hamburgo (RS), ao café do Cerrado mineiro, à cachaça de Paraty (RJ), à uva e à manga do Vale do Rio São Francisco. Conforme o presidente da Aproarroz, as condições climáticas específicas do litoral gaúcho - situado entre o mar e grandes lagoas internas - incluem variação térmica menos acentuada, abundância de água e regime de ventos favorável, o que proporciona grãos de melhor aspecto e qualidade para preparo e consumo. No processo de beneficiamento, o arroz em casca da região rende de 64% a até 68% de grãos inteiros, contra a média estadual de 58% a 59%. Santos não faz projeções sobre o ganho econômico potencial dos arrozeiros com a concessão da DO. Graças à qualidade diferenciada, os agricultores da região já recebem, historicamente, de 8% a 10% a mais do que a média estadual, conforme o agrônomo Daniel Menezes Sant"Anna, que trabalhou como consultor na elaboração do projeto. Para o agrônomo José Enoir Daniel, da Emater-RS, o novo status pode elevar esse prêmio a até 20% no médio prazo. O plano da Aproarroz é colocar os primeiros lotes com Denominação de Origem no mercado em 2011, mas ainda não há estimativa de volumes. Para receber o selo, cada produtor terá que registrar áreas específicas de cultivo e cumprir um protocolo elaborado pela entidade e aprovado pelo INPI, que inclui rastreabilidade das sementes, controle de insumos, cuidados ambientais, cumprimento da legislação trabalhista, transporte e beneficiamento dos grãos - que deve ser feito obrigatoriamente na própria região. A associação fará o acompanhamento do processo. "O simples fato de ser da região não garante que o produto vai receber o selo", diz Santos. Segundo ele, 30% da produção de arroz em casca dos 12 municípios, que nesta safra somou 600 mil toneladas, é beneficiada localmente e comercializada com marcas como Palmares, Mostardeiro e Coripil no Rio Grande do Sul e no centro do país, mas a meta é elevar esse índice nos próximos anos. O restante é vendido em casca para beneficiamento em outros Estados. Para o presidente da Cooperativa Arrozeira Palmares (Coopalmares), Francisco Selistre, os benefícios da Denominação de Origem serão percebidos de maneira "gradual" tanto pelos agricultores quanto pela indústria. Ele também não arrisca o potencial de valorização do produto nas gôndolas dos supermercados, mas acredita na abertura de mercados internacionais importantes como Europa e EUA. Hoje a cooperativa vende o arroz com a marca Palmares no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Com 130 arrozeiros associados, a Coopalmares produziu nesta safra 36 mil toneladas de arroz beneficiado a partir de quase 55 mil toneladas do produto em casca e tem capacidade para aumentar imediatamente os volumes em 20%, explica Selistre. "Mas temos três linhas de produção e podemos colocar mais quatro sem grandes investimentos em estrutura física", acrescenta. De acordo com ele, cada nova linha custa cerca de R$ 1 milhão em equipamentos. Na Argentina, cultivo de trigo pode avançar 21% neste ciclo
Área de milho deve cair novamente no Paraná
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