Mercosul cresce 7% e tenta acelerar união | |||||
Autor(es): Agência O Globo/Eliane Oliveira | |||||
O Globo - 23/08/2010 | |||||
Miguel Jorge diz que bom momento econômico dos países fará bloco andar mais rápido agora do que em 20 anos Os quatro sócios do Mercosul vivem uma fase ímpar desde o início da década, caracterizada pela redução das brigas comerciais e pela recuperação de suas economias. O Produto Interno Bruto (PIB) de cada um dos sócios plenos Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai vai crescer em torno de 7% este ano, segundo estimativa da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), apresentando as maiores taxas da região. O desempenho seria ainda mais significativo se a Venezuela que está a um passo de entrar no bloco nas condições dos outros quatro não estivesse mergulhada em uma grave recessão. O bloco passou por momentos difíceis nos últimos anos, mas agora o momento econômico é tão bom que o Mercosul vai andar mais rápido do que em 20 anos passados prevê o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Na visão de especialistas do setor privado e alguns integrantes do governo, porém, esta fase de bonança deve ser aproveitada para se dar uma nova roupagem à união aduaneira, não importa quem sair vencedor das eleições deste ano. Divergências são bem-vindas, destacou um embaixador brasileiro, desde que aproveitadas para o bem, como a integração produtiva e a formação de polos exportadores com a união das empresas dos países associados. Usamos o tempo que perdíamos brigando para discutir como melhorar a integração produtiva resumiu o secretário de Comércio argentino, Eduardo Bianchi. Receita de mais comércio e menos amarras diplomáticas A receita, de forma geral, consiste em mais comércio e investimentos e menos amarras, como a que obriga os países do bloco a só negociarem acordos de livre comércio em conjunto, e não separados. O diplomata Rubens Barbosa não se conforma com esse dispositivo. Ele destacou que, em 2004, o Brasil não fechou um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) porque a Argentina impôs restrições: Poderíamos ter concluído sozinhos essa rodada. Miguel Jorge não concorda. Acredita que o acordo só não foi fechado até agora porque os europeus não se entendem. Países como França e Irlanda são fontes de resistência, especialmente quando se põe sobre a mesa a redução dos subsídios agrícolas. Acabamos de fechar acordos com Israel e Egito. Até o fim do ano concluiremos as negociações com a Jordânia. Se não fechamos ainda com a UE, não foi por um problema nosso, mas deles afirmou o ministro. Brasil e Argentina avançam na integração produtiva, e os argentinos são, desde julho, nossos segundos principais clientes, passando os Estados Unidos e só ficando atrás da China. Argentina e Uruguai selaram a paz no conflito gerado pela instalação de uma fábrica de celulose, em solo uruguaio, na fronteira com a Argentina. Paraguai e Brasil já não brigam mais por causa da usina de Itaipu. Constroem, juntos, estradas e linhas de transmissão. Venezuela só vai pegar carona, diz diretor da Fiesp Em meio a tudo isso, lamentou o diretor da Área Internacional da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, chegam os venezuelanos, sem indústrias, com inflação nas alturas e alto endividamento. O país ainda peca por não ter um parque industrial desenvolvido e por ser muito dependente do petróleo: A Venezuela só vai se aproveitar da situação, pegando carona em acordos comerciais com outros parceiros internacionais, sem pagar pedágio. Para Rubens Barbosa, o Mercosul é importante mas precisa sofrer ajustes, com ou sem venezuelanos. As mudanças devem ocorrer mediante a adoção de uma nova linha diplomática: O Mercosul precisa voltar às origens, seguir os cronogramas de redução tarifária. O economista e diretor da Fractal Instituto de Pesquisa, Celso Grisi, lembrou que o Brasil, ao contrário dos demais sócios, tem uma indústria forte e diversificada, da qual poderia tirar vantagem: Brasil e a Argentina têm melhores condições de industrialização e devem aproveitar a fase para expandir o bloco. Cresce a exportação de manufaturados para a América Latina e União Europeia
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Brasil tem de construir linha de energia até Assunção, diz Lula
Autor(es): Anne Warth | ||||
O Estado de S. Paulo - 10/08/2010 | ||||
Para o presidente,"o Brasil precisa entender que quem é grande tem mais responsabilidades" O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil "tem a obrigação" de construir linhas de transmissão que levem a energia elétrica produzida pelo Brasil até a capital do Paraguai, Assunção. De acordo com ele, a capital paraguaia convive com apagões praticamente diários. "Essa seria a única forma de convencer o povo paraguaio de que o acordo entre Brasil e Paraguai em relação a Itaipu é justo", disse ele durante seminário empresarial Brasil - El Salvador, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Lula disse ter conversado com um empresário brasileiro que garantiu que faria investimentos no Paraguai se o fornecimento de energia elétrica no país fosse estável. "Esse é o papel do Brasil", disse Lula, para quem a liderança brasileira entre os países da América Latina e da África exige esse tipo de ajuda. "O Brasil precisa entender que quem é grande tem mais responsabilidades", disse, referindo-se também a El Salvador. De acordo com ele, o país da América Central já produz etanol, mas com milho. Segundo ele, a substituição por cana-de-açúcar seria mais viável, além de mais limpa e ecologicamente correta. "Quem gosta de milho é frango", disse Lula, sob risos da plateia. Em clima de fim de mandato, Lula se dirigiu aos empresários e disse que "todos ganharam muito dinheiro" em seu governo, independentemente do porte da empresa. "Além disso, nos meus oito anos de governo 90% das categorias profissionais receberam aumento real acima da inflação. Temos a criação de mais de 14 milhões de empregos formais em sete anos e meio, algo impensável até poucos anos." El Salvador. O presidente disse esperar que a experiência brasileira seja replicada em El Salvador, onde o presidente Maurício Funes, eleito em março de 2009, ainda enfrenta resistências do empresariado local. No evento de hoje, Lula contou ter dito ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que considerava Funes "um menino de boa qualidade". "A gente vê que a pessoa é boa pelos olhos." Funes, presente ao evento, lembrou ter recebido dois conselhos de Lula desde que foi eleito. O primeiro é "ser paciente e contar muitas vezes até dez, algumas até 100, para atuar com inteligência e não tomar decisões impensadas". A outra, citou Funes, também foi uma recomendação para que tenha paciência, já que as mudanças sempre serão criticadas, pois serão consideradas muito rápidas para alguns setores e muito lentas, por outros. Funes citou também o presidente em exercício da Fiesp, Benjamin Steinbruch, que fez vários elogios a Lula em seu discurso. Steinbruch disse que a relação entre Lula e os empresários teve um início distanciado e recheado de dúvidas, mas evoluiu muito ao longo dos anos. "Não estou falando de questões de partidos. O presidente Lula liderou um movimento amplo e irrestrito no sentido de que todos nós temos que dar um pouco mais de nós mesmos", disseSteinbruch. "Lula começou pela esquerda e saiu pelo centro", disse o empresário, ao que Lula teria respondido, segundo Funes, que na verdade foi o contrário. "Os empresários começaram no centro e saíram pela esquerda." Delfim. Durante seu discurso, Lula disse que tanto ele como os empresários tinham muito preconceito uns contra os outros. Um dos exemplos de que isso pode mudar é a relação com Delfim Netto, ex-ministro durante o governo militar. "Passei tanto tempo fazendo críticas a Delfim. As pessoas vão ficando importantes e tudo que acontece de errado a gente encontra alguém para jogar a culpa. E teve um tempo em que tudo era o Delfim Netto", disse Lula, citando o período em que era dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, quando Delfim era ministro. "Eu hoje reconheço e admiro o Delfim Netto como uma das pessoas mais extraordinárias e inteligentes que esse País já teve", afirmou. "Nos momentos mais difíceis do meu governo, ele poderia ter escrito artigos me esculhambando, dizendo "tá provado que operário não saber governar mesmo, tem de voltar a comer marmita no bandejão, que é o que sabe fazer". Ele fez os mais extraordinários artigos defendendo a mim e defendendo a política econômica do governo, mesmo quando alguns companheiros do PT criticavam." Reflexões LULA PRESIDENTE DA REPÚBLICA "Essa seria a única forma de convencer o povo paraguaio de que o acordo em relação a Itaipu é justo" "Nos meus oito anos de governo, 90% das categorias profissionais receberam aumento real acima da inflação" Qualidade de ativos da Quattor "freia" avanços da Braskem
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