quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Governo buscará disciplinar o cultivo de palma na Amazônia

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/25/governo-buscara-disciplinar-o-cultivo-de-palma-na-amazonia
Autor(es): Bettina Barros, de São Paulo
Valor Econômico - 25/08/2010
 
Único país com terra disponível para expandir lavouras agrícolas, o Brasil quer ordenar o desenvolvimento da plantação de palma na Amazônia para não incorrer nos erros dos grandes produtores globais. Essa é a principal mensagem que o governo federal passará na 1º Conferência Latino Americana da Mesa Redonda para o Óleo de Palma Sustentável (RSPO, em inglês), que começa hoje em Belém.
"Não queremos atrair investimentos. Ao contrário: queremos coibir a expansão na Amazônia e disciplinar a atividade. Não vamos repetir a história da Indonésia e da Malásia, que se tornaram vetores da destruição da floresta", afirmou Tereza Campello, subchefe-adjunta da Casa Civil da Presidência, em entrevista por telefone ao Valor.
Desse ordenamento depende o sucesso do programa "Palma Verde", lançado em maio pelo presidente Lula para estimular o plantio de palma (dendê) e à produção de óleo no país. A commodity tem diversos usos industriais - da indústria de alimentos e química à de cosméticos - e teve na última década uma guinada expressiva na demanda mundial. Desde 2008, a palma ultrapassou a soja no comércio global de óleos vegetais. Em 2009, foram 45,11 milhões de toneladas comercializadas, contra 35,9 milhões de toneladas da soja.
"O Brasil representa apenas 0,5% do volume total, mas há mapeados 31,8 milhões de hectares de chamadas áreas aptas ao plantio", disse Tereza, referindo-se a áreas degradadas. Hoje, o principal polo de produção está na região de Belém.
O temor de uma corrida imobiliária e o consequente desmatamento da floresta amazônica, que jogaria uma pá de cal no setor brasileiro, fizeram o governo enviar ao Congresso um projeto de lei para restringir o cultivo de dendê a essas áreas. Segundo Tereza, as compras de terra nos últimos dois anos no Pará já teriam atingido 400 mil hectares para o plantio de palma. Os pedidos de compra de sementes - ainda um grande gargalo - também teriam se intensificado. "Vale e Petrobras rodaram bastante para encontrar terra", disse. As empresas entraram no segmento para produzir biocombustível.
Além de provar ao mercado interno e externo que a plantação será sustentável, o governo terá pela frente obstáculos de ordem prática. O de impacto social mais forte é a migração. Segundo Marcello Brito, diretor-comercial da Agropalma, a maior empresa do setor no país, faltará mão de obra qualificada. Isso porque, diz, para cada dez hectares plantados são necessários um emprego fixo e três indiretos. "O Brasil produz cerca de 200 mil toneladas de óleo de palma por ano e importa a mesma quantidade. Para sermos autosuficientes, a migração será uma certeza".
Vice-presidente da mesa redonda internacional para a sustentabilidade no setor, Brito diz que um objetivo do evento em Belém é criar um grupo de estudo para acompanhar o desenvolvimento da palma nos países produtores.
No último ano, Indonésia e Malásia, os maiores produtores de palma, foram alvo de críticas de ONGs que acusaram os países de derrubar florestas em nome das lavouras. Os protestos culminaram com a interrupção de contratos com empresas europeias. O Banco Mundial (Bird) também interrompeu os empréstimos ao setor.

Grupo de MT recompra fatia vendida ao BNDES

Autor(es): Alexandre, de São Paulo
Valor Econômico - 25/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/25/grupo-de-mt-recompra-fatia-vendida-ao-bndes
 
A Fiagril e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegaram a um acordo para acertar a saída do banco de fomento do capital social da trading sediada em Lucas do Rio Verde, no médio-norte de Mato Grosso. Desde 2007 o BNDES detinha uma participação de 25% da companhia, fatia que foi recomprada pelos acionistas. Com isso, a estrutura societária da empresa volta a ser a mesma que existia antes da entrada do banco.
Pelo contrato assinado em 2007, o banco tinha até cinco anos para sair da empresa, por meio de dois caminhos. O primeiro previa a abertura do capital da Fiagril, que permitiria ao BNDES vender suas ações no mercado. O segundo era exatamente a recompra da participação do banco, o que poderia acontecer até o prazo final do contrato.
"Tanto a Fiagril quanto o BNDES entenderam que não seria o momento para uma abertura de capital. Foi uma oportunidade interessante para os dois lados. O BNDES foi um excelente sócio e nosso relacionamento segue muito bom", afirma Miguel Vaz Ribeiro, presidente-executivo da Fiagril. Em sua avaliação, seria mais barato recomprar neste momento os 25% do BNDES do que esperar até o prazo final.
O executivo não revela o valor da operação, mas lembra que o aporte feito pelo banco deu o fôlego necessário para que a empresa iniciasse as atividades no mercado de biodiesel. A usina da empresa está instalada no município de Lucas do Rio Verde, consumiu investimentos de R$ 30 milhões e deve comercializar em 2010 aproximadamente 100 milhões de litros do combustível.
Com a saída do BNDES a Fiagril ganha mais flexibilidade para colocar em prática seu plano de expansão. Com previsão de faturar R$ 1,3 bilhão em 2010 - crescimento de 8% sobre 2009 - o grupo tem planos de aplicar R$ 250 milhões nos próximos cinco anos, sendo R$ 150 milhões até 2012. A ideia é dobrar a capacidade de armazenagem de grãos, construir uma indústria de esmagamento de soja e instalar um terminal portuário no Pará, aproveitando os avanços logísticos que têm ocorrido no médio norte de Mato Grosso, principalmente na BR-163.
Os dois primeiros investimentos ocorrerão na indústria de processamento e na ampliação dos armazéns. "Hoje temos que vender a soja em grão e comprar o óleo para fazer o biodiesel. A unidade daria autossuficiência para nossa produção do combustível, além de gerar o farelo para atender a demanda das indústrias de proteína animal instaladas na região", afirma Ribeiro.
No caso da capacidade de armazenagem, a meta é elevar de 500 mil para 700 mil toneladas até 2012 e chegar a 1 milhão de toneladas em 2015. "Dentro do nosso plano de investimento não está descartada a possibilidade de construirmos uma nova usina de biodiesel", diz o presidente.
Já a construção do terminal portuário no Pará, aproveitando a saída para o mar pela região Norte, estão previstos investimentos de aproximadamente R$ 100 milhões. Ainda não foi definido o local de instalação, mas já existem duas possibilidades no radar: Santarém e Itaituba. O segundo município fica na margem esquerda do rio Tapajós, ao sul de Santarém.

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