http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/25/sobre-as-negociacoes-climaticas
Autor(es): Laura Antoniazzi | |||||||
Valor Econômico - 25/08/2010 | |||||||
Pouco podemos esperar com relação a decisões políticas sobre metas de redução de emissões no encontro de negociações climáticas em Cancun A reunião da Convenção da ONU para Mudança do Clima (UNFCCC), ocorrida na primeira semana de agosto em Bonn, Alemanha, marca o meio do caminho entre as Conferências das Partes (CoPs) de Copenhague e Cancun. Apesar da sensação de fracasso após Copenhague, os avanços técnicos dos grupos de trabalho do Protocolo de Kyoto em Bonn podem representar um novo fôlego para as negociações e expressam a vontade de que o Protocolo seja renovado, principalmente por parte dos países em desenvolvimento. As reuniões preparatórias de negociação têm o objetivo de criar convergências de conceitos técnicos e avançar em pontos centrais para facilitar e agilizar a tomada de decisão política que acontece nas CoPs. E, em Bonn, novas perspectivas se abriram aos chefes de governo para a CoP 16, no México, com base nas reuniões realizadas nos dois trilhos de negociação da Convenção - Protocolo de Kyoto e Compromissos de Longo Prazo (LCA). No trilho do Protocolo de Kyoto, alguns países em desenvolvimento bancaram a proposta de incorporar nas definições de compromissos de redução - além da responsabilidade histórica - as emissões per capita, o que obviamente daria folga para as emissões de países superpopulosos como China e Índia. Essa mudança de foco da geografia para a demografia na definição de critérios em uma negociação multilateral representaria uma equidade ainda maior do que o princípio da ONU de igualdade entre países. Podemos esperar que essa proposta ganhe força entre os emergentes, no entanto, encontrará grande resistência entre países desenvolvidos e também entre países em desenvolvimento menos populosos. Outro ponto importante debatido no Grupo de Trabalho do Protocolo de Kyoto - e que avançou na reunião de Bonn - foi a participação das atividades de Uso e Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF). Estão sendo estabelecidos critérios para a contabilização de emissões e remoções de florestas plantadas para uso comercial e definições de linhas de referência para estoques de carbono. Os avanços nessas questões significam que o texto de negociação está conciso e com poucas divergências, tecnicamente bem encaminhado para a decisão dos líderes políticos. O Protocolo de Kyoto definiu metas de redução de gases de efeito estufa (GEE) para os países desenvolvidos - chamados de Países do Anexo I - para o período entre 2008 e 2012. Agora, o grupo de trabalho discute como será a segunda fase de compromissos, que seria de 2013 a 2017, e duas principais questões travam essa definição. A primeira é que os Estados Unidos não ratificaram o Protocolo de Kyoto e, assim, os demais países desenvolvidos percebem que estão em desvantagem e até arrependidos por terem aderido. Enquanto os Estados Unidos não se movimentarem, dificilmente uma solução consensual será alcançada na CoP. Acompanhar o desenvolvimento da legislação climática por lá é algo fundamental. O segundo nó refere-se à participação dos países emergentes nos esforços de mitigação das emissões, pois cada vez mais China, Índia e Brasil estão no centro das decisões econômicas e políticas mundiais - e igualando a responsabilidade de emissão de GEE. Esses países, por sua vez, argumentam que é preciso considerar a responsabilidade histórica dos países desenvolvidos no total das emissões e que ainda precisam continuar emitindo de forma crescente nos próximos anos a fim de obterem o mesmo nível de desenvolvimento para sua população. Em meio a esse caloroso debate, o que se tem de concreto é que mesmo as metas apresentadas pelos países desenvolvidos e os compromissos declarados pelos países em desenvolvimento anexados ao Acordo de Copenhague não são suficientes para assegurar um aumento máximo da temperatura de 2º C, conforme estabelecido no texto do próprio Acordo. Segundo estimativas de especialistas apresentadas durante workshop na reunião de Bonn, as metas e compromissos dispostos na mesa de negociação atualmente levariam a um aumento de temperatura de cerca de 3,5º C. Uma importante questão envolvida nas definições de metas é o limite para uso de mecanismos de flexibilização, que são mecanismos associados a mercados que diminuem os custos para se atingir as reduções, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Enquanto o grupo do Protocolo busca definir novas regras e metas de redução de GEE para o segundo período de compromissos - com as questões técnicas já relativamente bem definidas - o grupo de Compromissos de Longo Prazo (LCA) abrange questões mais sistêmicas e ainda pouco palpáveis, como mitigação, adaptação, financiamento, transferência de tecnologia e capacitação. O LCA pretende criar objetivos ambiciosos para o futuro e incluir novos temas e ferramentas para lidar com a mudança do clima e, por ensejar temas muito conceituais e novos, não caminha com a mesma fluidez que o Protocolo de Kyoto. E o ideal, claro, seria que os dois grupos de trabalho avançassem juntos. Ao que tudo indica, pouco podemos esperar com relação a decisões políticas sobre metas ou outros objetivos concretos de redução de emissões em Cancun. No entanto, os negociadores estão se esforçando para apresentar soluções em outros temas, como abordagens setoriais e financiamento para adaptação - até mesmo para atender às grandes expectativas e comoções que o tema vem ganhando na agenda internacional. Bonn foi a segunda reunião preparatória de 2010, sendo que uma última ocorrerá na China, em outubro, antes da CoP do México, em dezembro. As negociações internacionais de clima são o principal fórum de debate sobre desenvolvimento sustentável da atualidade e seus desdobramentos são sentidos nas mais diversas áreas, desde política industrial e conservação da biodiversidade até ajuda internacional para países pobres. Assim, o acompanhamento de tal negociação é imprescindível a todos aqueles que trabalham por um mundo mais justo, limpo e próspero. Contrabando de lixo
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Fontes limpas já representam 62% da oferta nova na Europa
Autor(es): Sérgio Adeodato, para o Valor, de São Paulo |
Valor Econômico - 25/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/25/fontes-limpas-ja-representam-62-da-oferta-nova-na-europa |
O continente europeu, um dos principais blocos econômicos emissores de carbono no planeta, alcança recordes no investimento em energia renovável. De acordo com estudo do Joint Research Centre, da Comissão Europeia, quase dois terços da nova capacidade energética instalada na região em 2009 provém de fontes limpas. Delas derivam 20% do consumo total de energia, com destaque para a geração eólica, que no ano passado superou a meta estabelecida para 2010. Atingiu 74 gigawatts-hora (GWh), contra 40 GWh anteriormente planejados. Diante dos avanços, a European Wind Association tem agora o objetivo de triplicar essa capacidade até 2020. Segundo o relatório "2010 Renewable Energy Snapshots", a força dos ventos respondeu pela maior parcela (38%) da energia instalada nos países da Comunidade Europeia no ano passado, à frente das termelétricas a gás (24%), fotovoltaica (21%), biomassa (2,1%), incineração de lixo (1,6%) e hidrelétrica (1,4%). A meta europeia é consumir 20% de toda energia a partir de fontes renováveis até 2020, mas se o cenário dos investimentos permanecer como o atual, o compromisso poderá chegar a 40%, diz o estudo. A Europa é o terceiro continente que mais gera energia eólica, atrás da Ásia e América do Norte. Alemanha, Espanha, Itália, França, Reino Unido e Dinamarca estão entre os dez maiores mercados globais dessa fonte energética. Em 2009, o mundo instalou 38 GW de potência eólica ao custo de US$ 64 bilhões, atingindo um total de 160 GW, capaz de suprir 2% da demanda global de eletricidade. A instalação de novos parques eólicos offshore em pleno oceano, no total de 454 MW de potência, ampliou em 1,2% a capacidade global. Nos últimos sete anos, o mercado mundial cresceu sete vezes, tendo a dinamarquesa Vestas como maior fabricante, seguida da americana GE Wind. Correndo por fora, três das dez maiores indústrias do setor estão na China, onde existem mais de 70 empresas ligadas à fabricação de equipamentos para energia eólica. Entre os países, os EUA estão na liderança, com capacidade instalada de 35,2 GW, à frente da China (26 GW), que dobrou a potência em dois anos. No ano passado, 82 países de todo o mundo exploraram comercialmente essa fonte alternativa, dos quais 49 expandiram suas instalações, de acordo com o estudo. O mercado europeu representou 27% da capacidade adicionada globalmente em 2009, enquanto em 2004 essa fatia foi de 75%, o que demonstra maior movimento dos demais continentes pela alternativa dos ventos. Dados da Organização Mundial de Energia Eólica mostram que o setor gera 550 mil empregos, com previsão de chegar a 1 milhão em 2012. |
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