http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/26/presenca-do-brasil-no-mundo
Autor(es): Márcio Pochmann | |||||||||||||||||||||
Valor Econômico - 26/08/2010 | |||||||||||||||||||||
Política externa mostra que o Brasil não aceita mais ser liderado e quer contribuir para uma nova fase do desenvolvimento mundial A política externa dos últimos anos indica o quanto o Brasil não mais aceita ser liderado, desejando cada vez mais contribuir para uma nova fase do desenvolvimento mundial. Atualmente, por exemplo, o país, juntamente com Índia e China, tornou-se um dos principais responsáveis pelo movimento de recuperação econômica mundial, o que não se observava desde a Depressão de 1929. Diante dos sinais de relativa decadência dos Estados Unidos, abre-se um novo cenário para o desenvolvimento multipolar, assim como ocorreu durante a longa depressão de 1873 a 1896, quando a antiga hegemonia inglesa começou a ceder lugar frente à relativa ascensão econômica da Alemanha e dos Estados Unidos, entre outros países. Somente com o encerramento das duas grandes guerras mundiais do século XX , o mundo capitalista se hierarquizou centrado nos Estados Unidos, uma vez que o bloco das economias centralmente planejadas orbitou em torno da União Soviética. O fim da guerra fria, na sequência do desmoronamento das experiências de socialismo real, representado pela queda do muro de Berlim ao final da década de 1980, concedeu aos Estados Unidos uma condição de potência unipolar do mundo. Isso, porém, parece ter apresentado limites, conforme indicam as consequências atuais da crise global geradas pela queda figurada do muro de Wall Street, em 2008. Ademais dos Estados Unidos e da União Europeia, aparecem em perspectiva dois novos centros regionais na Ásia e no sul do continente americano. Para que o Brasil possa perseguir a trajetória da liderança conjunta de um novo desenvolvimento suprarregional, torna-se indispensável considerar três aspectos fundamentais. O primeiro encontra-se centrado na necessária geração de moeda supranacional, com capacidade de viabilizar as três funções clássicas da moeda (unidade de conta, troca e valor) para além do espaço nacional. Dessa forma, podem ser fincadas as novas bases de um padrão monetário e de financiamento do desenvolvimento sul-americano. O segundo aspecto vincula-se ao destravamento do sistema de produção e difusão tecnológica. Isso já vem ocorrendo em algumas áreas importantíssimas como energia (etanol) e agropecuária, entre outras, mas precisa avançar mais rápida e amplamente para outros setores estratégicos que permitam elevar o valor agregado em distintas cadeias de produção. Por fim, o desencadeamento do complexo produtivo e tecnológico para o sistema de defesa nacional, uma vez que diante de tantas riquezas - nem todas ainda plenamente conhecidas - segue o país desprotegido internamente nas enormes dimensões fronteiriças. Tudo isso, é claro, não ocorrerá espontânea e naturalmente. Torna-se fundamental o comando por parte de uma maioria política democrática e capaz de colocar em movimento o verdadeiro potencial brasileiro. O sistema de planejamento estratégico nacional precisa ser recuperado democraticamente em novas bases, necessárias para afiançar o desenrolar dos investimentos públicos e privados de médio e longo prazo para além da infraestrutura econômica e social. Entre 1960 e 1980, por exemplo, o Brasil multiplicou por 1,7 a sua presença na economia mundial, passando de 1,45% para 2,42% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. De lá para cá, a participação econômica do Brasil no PIB do mundo decaiu 12,4%, pois atingiu, em 2008, 2,14% do PIB mundial. Na comparação com o ano de 2003 (1,99%), que registrou a pior situação experimentada pelo país desde 1980, a participação do Brasil cresceu 7,5% na relação com a economia mundial. Mesmo assim, ainda está abaixo da participação verificada em 1980. Ao fortalecer o setor produtivo, sem desconsiderar a sustentabilidade ambiental e social, o Brasil passa a assumir uma posição estratégica ainda maior no cenário internacional. Mas isso não ocorre tranquilamente, tendo em vista a existência de distintos interesses organizados que se articulam em torno da volta da financeirização da riqueza e da defesa da produção e do emprego, bem como da herança colonial que muitas vezes continua ativa e aprisionadora do pensamento liberal-conservador. A libertação das mentes para o novo é mais do que a ousadia de quem constata que o conjunto de oportunidades que bate à porta dos brasileiros representa a concretização do ideário que nasceu contido na Independência nacional em 1822 e ganhou os ares abolicionistas do final do século XIX, logo interrompidos pela regressão do agrarismo da República Velha. Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Escreve mensalmente às quintas-feiras. Déficit externo cresce, mas ainda está sob controle
Curtas - Brasil
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Indústria quer barreira contra máquina importada
Autor(es): Márcia De Chiara | ||||||||
O Estado de S. Paulo - 26/08/2010 | ||||||||
Importação de máquina foi recorde em julho e Abimaq pede alta de 14% para 35% do imposto para equipamentos que tenham similares nacionais A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) vai pleitear com o governo aumento da alíquota do Imposto de Importação de 14% para 35% dos equipamentos comprados no exterior e que tenham similares nacionais. No mês passado, as importações de máquinas atingiram a maior marca mensal em 70 anos: US$ 2,253 bilhões, com crescimento de 52,6% em relação a julho de 2009. "Vamos fazer esse pleito ao Ministério da Fazenda nas próximas semanas", afirma o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. Ele frisa que a indústria brasileira de máquinas está perdendo competitividade em relação aos produtos estrangeiros. "A falta de isonomia em relação às máquinas importadas é brutal", diz ele, referindo-se à taxa de câmbio, aos tributos e às vantagens de financiamento oferecidas pelos países que vendem máquinas para o Brasil. Aubert Neto diz que a tributação de 35% está de acordo com o teto das alíquotas de importação, segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade defende o aumento do imposto em caráter emergencial para estancar o processo de desindustrialização pelo qual passa a indústria de máquinas. Para os equipamentos sem similares nacionais, o imposto de importação é hoje de 2% e essa alíquota seria mantida. De janeiro a julho, o saldo da balança comercial do setor de máquinas registrou um déficit de US$ 8,072 bilhões e a previsão é encerrar o ano com um saldo negativo de US$ 13 bilhões, o maior déficit já registrado. Aubert Neto destaca o avanço dos países asiáticos no mercado brasileiro de máquinas. "A China vai passar a Alemanha, que hoje é a segunda maior fornecedora de máquinas, no próximo mês", afirmou o executivo. No primeiro semestre, a China foi a terceira maior exportadora de máquinas para o Brasil, com vendas de US$ 1,594 bilhão, e respondeu por 11,9% das importações. "Em 2005, a China não aparecia entre os dez maiores fornecedores." Movimento semelhante ocorre com a Coreia do Sul que vendeu no primeiro semestre US$ 494,4 milhões e responde por 3,8% das importações; em 2004 detinha 1,1%. O presidente da Abimaq diz que a Coreia se destaca, pois vende com preço, qualidade e prazo. Isso faz parte da política industrial dos países que estão avançado no mercado brasileiro. Aubert Neto argumenta que, mesmo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ofertando crédito para compra de máquinas com juros de 5,5% ao ano por um prazo de dez anos dentro do Programa de Sustentação de Crescimento (PSI), as taxas cobradas aqui são muito superiores às de outros países. No Japão, o juro varia entre 1,75% e 2,5% ao ano, na Alemanha está entre 1,5% e 3% ao ano, nos Estados Unidos varia entre 2,5% e 4% e na China a taxa é zero. "Desse subsídio ninguém fala", frisa o executivo, fazendo referência às recentes críticas feitas ao BNDES pelos financiamentos dados às indústrias com recursos do Tesouro Nacional e juros menores que os cobrados pelos bancos. Encomendas. O setor já deu sinais para o governo de que é preciso prorrogar o PSI, previsto para terminar em 31 de dezembro. Auber Neto diz que as consultas para compra de máquinas estão diminuindo e isso terá impacto no faturamento da indústria em fevereiro do ano que vem. Ele não descarta a possibilidade de demissões em 2011, se o PSI acabar e o imposto de importação não subir. "Se o PSI não for prorrogado, vamos ter um ajuste forte com demissões." De janeiro a julho, o faturamento bruto do setor atingiu R$ 40,6 bilhões, com crescimento de 15% em relação a igual período de 2009, mas 11,63% abaixo do registrado nos mesmos meses de 2008. "Falta muito para recuperarmos o nível de vendas do período pré-crise." Importação de aço bate recorde e deve chegar a 20% do consumo nacional
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