http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/23/governo-do-rio-obriga-csn-a-aplicar-r-250-milhoes-em-acoes-ambientais/?searchterm=steinbruch
Autor(es): Bruno Villas Bôas | ||||||||
O Globo - 23/08/2010 | ||||||||
Siderúrgica pode assinar hoje ajuste de conduta para renovar 11 licenças A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) vai ser obrigada a investir R$ 250 milhões nos próximos três anos para corrigir uma série de problemas ambientais da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ). O valor está no Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que renova as licenças ambientais da usina e que pode ser assinado hoje entre o governo do Rio e a siderúrgica, disse ontem Marilene Ramos, secretária estadual do Ambiente. O termo inclui ainda uma compensação de R$ 10 milhões a R$ 25 milhões pelo vazamento de óleo que contaminou o Rio Paraíba do Sul, há um ano. Se assinado, o acordo coloca um fim à queda de braço entre o governo e a CSN sobre a renovação de 11 licenças ambientais de operação da Usina Presidente Vargas, vencidas há dois anos. Caso contrário, a CSN pode perder licenças e sofrer sanções, como multa. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vai discutir hoje detalhes do TAC com a siderúrgica, que precisará executar 90 ações em três anos para obter licenças definitivas. No termo a ser assinado, está previsto que as licenças poderão ser suspensas caso a CSN deixe de cumprir qualquer prazo e condição. O TAC terá ainda um dispositivo que executa em 24 horas um seguro de R$ 210 milhões caso a empresa descumpra esses prazos disse Marilene ao GLOBO. Segundo ela, a CSN informou que já está investindo R$ 50 milhões dos R$ 250 milhões previstos no termo. A tradição do Benjamin Steinbruch (dono da CSN) é judicializar. Briga na Justiça e não há acordo. Ele está mostrando uma mudança de postura garante Marilene. Segundo Luiz Firmino, presidente do Inea, embora as licenças estejam vencidas, a CSN não opera irregularmente porque existe um processo de renovação em andamento. Os desentendimentos sobre as licenças levou o Ministério Público Federal (MPF) a abrir inquérito civil para avaliar as ações planejadas. O GLOBO não localizou porta-vozes da CSN. CSN diz que ThyssenKrupp adotou ação hostil no país
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Importação já faz grandes empresas cortarem produção
Autor(es): Ivo Ribeiro e João Villaverde, de São Paulo | |||||||||||||||||||
Valor Econômico - 17/08/2010 | |||||||||||||||||||
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/17/importacao-ja-faz-grandes-empresas-cortarem-producao/?searchterm=steinbruch | |||||||||||||||||||
O avanço das importações é descontrolado, forçando fábricas a exportar mesmo com câmbio desfavorável para evitar a formação de estoques. Apenas em Santa Catarina, cerca de 350 mil toneladas de aço estão paradas, e, para evitar uma extensão do que ocorreu entre os fabricantes de óculos, escovas e pentes, cuja venda no Brasil é suprida quase integralmente por importados, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai convocar os três principais candidatos à Presidência da República para apresentar ideias e propostas. Em entrevista concedida ao Valor na sexta-feira, da sede da CSN em São Paulo, Steinbruchapresenta essas ideias. Para combater o avanço das importações é preciso "fechar o país por um tempo, a fim de fomentar a indústria nacional". Além disso, a taxa básica de juros precisaria ser cortada para valer, no máximo, dois pontos percentuais além da inflação - o que hoje representaria uma taxa de 7,25% ao ano, e não os atuais 10,75% ao ano. "Estamos pagando o preço do sucesso, nunca estivemos tão bem", diz Steinbruch, para quem as críticas recentes ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão fora de lugar. "Não precisamos de um, mas de três BNDES", diz. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Valor: Valor: Você já viu uma eleição tão tranquila quanto essa? Benjamin Steinbruch: É normal que assim seja, mas o debate está só começando. O Brasil antes vivia muito em função das oscilações internas e externas. Tínhamos uma dependência maior da boa vontade do capital externo, algo que hoje, pela primeira vez, mudou. Temos uma situação de equilíbrio econômico e financeiro. O Brasil é que tem que ter boa vontade com outros países, porque, depois da China, temos o melhor mercado interno do mundo. Trata-se de uma situação completamente atípica se comparada com eleições anteriores, sustentada por um mercado interno forte, um fluxo de comércio internacional muito seguro, que é a exportação de matérias-primas e grãos para a China. A combinação disso permite que nos apresentemos ao mundo de forma diferente. Valor: O mercado interno forte amplia a chegada das importações. Isso incomoda a indústria? Steinbruch: A importação é uma coisa nova no Brasil. Nós ainda não tivemos tempo de considerar nossa posição. Temos uma ótima situação interna, gente comprando seu primeiro bem - casa, geladeira, fogão, carro - ao mesmo tempo que lá fora os países estão em dificuldade, com enorme capacidade ociosa. Então, nosso mercado interno, que é uma referência mundial, vira alvo. O Brasil nunca viveu isso, não temos a experiência de ficar tão bem, então pagamos um preço pelo sucesso. O mercado interno vai continuar bom, mas não necessariamente a produção local vai estar trabalhando a plena capacidade. Num curto espaço de tempo as empresas vão fazer um esforço muito grande para exportar, por falta de possibilidade de vender o produto internamente. Valor: Como assim? Steinbruch: Há um descontrole de importações em todos os setores. No ano passado, no primeiro semestre, importamos o equivalente a US$ 5,9 bilhões em manufaturas da China. Agora, em 2010, importamos US$ 9,9 bilhões entre janeiro e junho, praticamente dobrou em um ano. E estou falando da China, apenas. Valor: Isso é discutido na Fiesp? Steinbruch: Muito. Ninguém pensava que as empresas brasileiras iriam ter de parar a produção por excesso de estoques enquanto o mercado está com demanda forte, mas isso ocorre porque as importações estão ocupando espaço. Valor: O sr. tem algum caso concreto de empresa que vai fazer isso? Steinbruch: Até duas semanas atrás ninguém falava nisso. Se pegar os dados de 31 de julho, vocês não verão. É algo que está acontecendo agora. Há 350 mil toneladas de aço estocadas em Santa Catarina. As empresas vão ser obrigadas à exportar, o que é um esforço muito grande com uma moeda tão valorizada. Vai ter de baixar o preço no mercado interno para competir com o importado, o que é uma competição desleal, mas só vai ter o efeito disso no ano que vem. Qualquer medida que o governo tomasse agora só serviria para 2011, então o governo está atrasado. A economia vai bem, a demanda está forte, mas as empresas brasileiras estão com dificuldade de aproveitar essa bonança. Valor: Mas como convencer as pessoas de que é preciso fazer algo num período de crescimento forte, redução do desemprego e aumento de salários? Steinbruch: Só perceberemos depois que as empresas começarem a parar mesmo. Aí veremos que alguma coisa furou no modelo, e furou por um descuido nosso, porque ninguém pensou nisso e muita gente não percebeu ainda. Vamos bater num muro a 200 km por hora. Cerca de 95% dos óculos vendidos no país são importados, sabia? Escovas e pentes têm a mesma situação. Não se fabrica mais aqui. Ou incentivamos mais ainda o mercado interno, com financiamento, isenção de imposto, para ter efeito rápido, ou restringimos ao máximo as importações. Valor: O novo governo, seja qual for, vai fazer algo próximo disso? Steinbruch: Isso certamente vai ter de ser feito a partir de 2011. Porque enquanto o Brasil estiver bem e os outros países estiverem mal, isso vai se perpetuar. A empresa estrangeira não tem para quem vender, então manda para cá. O que desorganiza a cadeia é que quem está importando não são os clientes finais da indústria brasileira, mas o intermediário. Se você conversa com os industriais, eles vão te dizer que estão com produção toda vendida até o fim do ano. Só que os clientes não estão retirando a mercadoria. Porque entrou uma opção alternativa, o importado, que não estava previsto. Nem por quem produz, nem por quem compra. Valor: E isso ocorre porque o importado chega mais barato? Steinbruch: Sim, mas não só por isso. Temos também o absurdo em alguns Estados de fazer o deferimento do imposto, ou seja, dar vantagem maior ao produto importado que ao produto nacional, o que é um absurdo. Para criar alguns empregos na área administrativa de regiões portuárias, nós importamos milhares de empregos de fora. Valor: Mas a maior parte do que importamos é maquinário e bem intermediário, que complementa a produção. Essa importação não é benéfica ao país? Steinbruch: A importação benéfica para o país é difícil de se diferenciar. É aquela que complementa além do limite de produzir. Se há demanda para 105 e produzimos 100, assim os cinco vêm de fora, para equilibrar a inflação. Hoje, com a oferta que temos no mundo, o risco grande que temos não é de inflação, mas de deflação. O Banco Central está errado quando diz que há risco de inflação. O que veremos agora é deflação. Porque a ociosidade do mundo, em termos produtivos, dificulta e muito qualquer processo inflacionário de demanda, que seria nosso caso, então não existe risco de inflação no Brasil. O nível de esforço que os países maduros estão fazendo para conseguir gerar demanda, com bilhões e bilhões de gastos para incentivar a economia é justificável para reanimar a atividade. Aqui fazemos o contrário, estamos castigando o sucesso do ciclo positivo que nós desenvolvemos - mercado interno, emprego, renda familiar -, que é quebrado pela importação, favorecida pela moeda valorizada. Estamos surpresos. Valor: Com o quê? Steinbruch: Uma situação previsível de tranquilidade no segundo semestre mudou para uma surpresa de empresas grandes estarem parando por férias ou reduzindo pessoas por um desequilíbrio entre oferta e demanda por conta do importado. Para um país como o Brasil, que tem matéria-prima, capacidade produtiva, capacidade de ter duas safras agrícolas e petróleo, não vejo onde está o benefício da importação, a não ser que seja para equilibrar preços, para evitar inflação. O Brasil teria que, de alguma forma, se fechar. Valor: Como assim? Steinbruch: Fazer um pouco o que a China fez. Vocês falaram de máquinas, por exemplo. O certo é que o Brasil pudesse desenvolver, por conta do crescimento contínuo da economia, tecnologia própria, inclusive para máquinas e equipamentos, para avançarmos tecnologicamente. Hoje, importamos equipamento chinês. Por quê? Porque cresceram por 15, 20 anos e tiveram condição de testar equipamento e tecnologia, corrigir, melhorar. Começaram copiando, depois melhorando e hoje eles têm tecnologia própria. O Brasil tem de fazer a mesma coisa. Valor: Fechar a economia, então? Steinbruch: A economia tem que se fechar um pouco para poder propiciar esse salto. Valor: Mas durante esse processo, não experimentaremos um período de inflação mais alta? Steinbruch: Você tem que incentivar o bem mais barato fabricado aqui. Nós não temos porque fazer mais caro que lá fora. Valor: E o caso da Petrobras na exploração do pré-sal que dá prioridade ao fornecedor nacional, mas há máquinas e peças que só existem no exterior? Steinbruch: E por que não têm máquina aqui? Não é por falta de capacidade nossa, seja tecnológica, gerencial ou financeira, então não é por isso. Temos que nos educar no sentido de colocar desafios maiores para o Brasil. Nós podemos tudo. Temos que dar um trato diferente ao capital que vai para investimento e ao que vai para custeio. O investimento no Brasil é muito caro, temos um custo que não é comparável com o exterior. Essa discussão do BNDES é totalmente secundária e inoportuna. Valor: Por quê? Steinbruch: Porque temos que fazer todo o esforço possível e imaginável para favorecer o investimento. Então, o banco de desenvolvimento tem de dar condições para as empresas. Para micro, pequena, média empresa e também para as grandes e gigantes. Temos que ir para fora. Um país que quer liderar tem que ter empresas fortes e isso só ocorre se o governo apostar junto. Foi o que aconteceu em todos os países do mundo. Se for copiar o que aconteceu com Inglaterra, Estados Unidos, é o mesmo modelo. Temos que copiar e depois melhorar. Nós temos que privilegiar o BNDES e outros, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O presidente Lula estava certo quando estimulou o BB e a CEF à fazerem mais, à estarem presentes num momento de crise, à não cortarem o crédito. Foi um momento muito importante. Valor: Como o sr. vê as críticas ao BNDES? Steinbruch: Não precisamos de um BNDES, mas de três bancos como o BNDES para atender a demanda por investimentos e a formação de empresas globais. Valor: Além de fortalecer o BNDES, que medidas podem fomentar os investimentos? Steinbruch: A mais imediata seria diminuir a taxa de juros, para desvalorizar a moeda. Valor: Mas já passamos por processo de redução de juros e mesmo assim a moeda continuou se valorizando... Steinbruch: Se derreteu a moeda cortando juros, imagina elevando, como fazemos agora. Nossa taxa precisa ser um ou dois pontos percentuais acima da inflação. Valor: Então não passa só pelos juros, certo? Steinbruch: Não, podemos também controlar importação. Tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Há muitos bens, como lâmpadas, que chegam custando um centavo de dólar. Precisamos ter gente treinada, investimento em pessoal para que possam controlar e desenvolver sistemas. Os países maduros têm isso, porque eles também foram alvos. Os Estados Unidos têm uma bíblia para você poder entrar lá e um pessoal profissional para controlar o que entra. Agora, o alvo somos nós e nós não temos essa experiência, então vem tudo para cá. Valor: A Usiminas entrou com um pedido de antidumping contra a importação de chapa grossa de aço. Acha que a abertura de processos antidumping pode ser uma saída? Steinbruch: Tem que fazer. A gente vai deixar de ser um país produtor industrial para ser um importador? É um castigo que não podemos pagar. Valor: Então devem partir das empresas as medidas de controle? Steinbruch: Tem que ser algo coordenado com o governo. Valor: Mas o governo atual ou o futuro vai fazer isso? Steinbruch: Tem que fazer. O Brasil vai ter que adotar uma política dura porque hoje em dia é muito mais importante para nós a produção e o emprego [indústria] que a fazenda [campo]. O problema para nós é muito mais dar garantia à produção e ao emprego que a questão econômica e financeira, que já está equacionada. A prioridade agora é o Ministério do Desenvolvimento, tanto com incentivo para exportar quanto para evitar importação desordenada. Cada porto tem que ter um controle e isso precisa ser integrado. Valor: Quando o governo instituiu o IOF sobre capital estrangeiro sofreu uma série de pressões porque os críticos diziam que o capital deixaria de vir. O sr. não acha que instituir um controle sobre importações seria igual? Steinbruch: Capital é uma coisa e produto é outra. Seja nacional, seja estrangeiro, capital para investimento é sempre bom. O que for para especulação ou aplicação financeira tem de ser tratado de forma diferente. A produção nacional, como o capital para investimento, precisa ser cultivada, precisa de atenção e dedicação. Precisamos limitar e penalizar os importados. O Brasil está hoje numa situação que precisa olhar para o umbigo. Valor: Os dois principais candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), são percebidos entre os economistas como mais intervencionistas. O novo governo será mais intervencionista em câmbio, juros e comércio exterior? Steinbruch: O governo não precisa ser tão intervencionista num país como o Brasil. Temos uma classe empresarial bastante ativa, seja no agronegócio, nos serviços, na indústria ou na parte financeira. O país está estruturado e não foi fácil chegar onde chegamos. Se forem dadas condições apropriadas, a parte provada faz o seu papel. O governo, então, pode priorizar aquilo que é fundamental, ou seja, a regulamentação e o controle. Para países que não tem a estrutura que nós construímos, aí sim, vale um governo intervencionista. Não precisamos ter juros subsidiados, mas compatíveis com o mundo. Se lá fora o juro é zero, aqui não pode ser 10% ao ano. Valor: Então passa por intervenção para mudar isso, não? Steinbruch: O Brasil pode escolher o país que quer ser, mas é um debate que obrigatoriamente passa pela classe empresarial, pelo governo e pela academia. Estamos numa direção em que nunca estivemos, podemos andar com nossas próprias pernas. Valor: Caso a Dilma vença, o que ela faria diferente do Lula? Steinbruch: Não sei se ela precisa fazer coisa diferente do Lula. Se ela seguir a linha do presidente Lula seria bastante bom. Estar atenta para essas questões, ou seja, dar mais chance para o setor privado evoluir. A gente pode jogar melhor, mas quem pode reclamar? Se o Serra ganhar a eleição é a mesma coisa. Precisamos de uma visão desenvolvimentista para o Brasil. Valor: O que mais preocupa o empresariado? Steinbruch: Preocupa tudo. Está faltando mão de obra, estamos colocando escola dentro do canteiro de obra, fazendo o que podemos para formar gente, algo que é um limitador do crescimento brasileiro. Valor: O que acaba por aumentar os salários. Isso é um empecilho? Steinbruch: Aumentar salário para o consumo de produção nacional é razoável. Duro é aumentar salário para o cara consumir bem importado, isso é uma distorção. Estamos em condições de avançar e agregar outros 50 milhões de consumidores na economia. É um país fantástico, mas ainda temos muito o que fazer. Enquanto lá fora estão fazendo de tudo, o possível e o impossível para ressuscitar a economia, aqui não precisamos disso. Valor: O jovem percebe esse momento que passamos? Steinbruch: O jovem brasileiro quer isso, existe esse anseio de se firmar como país. Sempre ouvi que o Brasil era o país do futuro. Hoje somos o país do presente e o desafio é ser uma potência do futuro. O Brasil hoje é um caso a ser estudado e replicado em outros países. Presidente da Fiesp e da CSN
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