Superávit de julho, porém, recuou 52% em relação ao mesmo mês de 2009
Com um superávit de US$1,358 bilhão, o comércio exterior brasileiro voltou, no mês passado, aos níveis anteriores à crise financeira internacional, ao registrar US$17,674 bilhões em exportações e US$16,316 bilhões em importações. As vendas e os gastos no exterior só não superaram julho de 2008 - de US$20,5 bilhões e US$17,1 bilhões, respectivamente. A turbulência global recrudesceu em setembro daquele ano.
O desempenho da balança comercial poderia ser mais forte se os Estados Unidos estivessem se recuperando na mesma velocidade que os mercados latino-americanos. Pela primeira vez, os EUA caíram para a terceira posição entre os principais mercados do Brasil, ficando atrás de China e Argentina.
- Não sabemos ainda o que aconteceu, se nós estamos vendendo menos porque a economia americana não se recuperou, ou se estamos perdendo exportações para a China - disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, acrescentando que a crise na Europa ainda não afetou as exportações brasileiras para aquela região.
Em julho, a China importou US$3,258 bilhões do Brasil, mantendo-se na primeira posição. Depois vieram Argentina, com US$1,618 bilhão, e EUA, com US$1,581 bilhão.
Apesar da recuperação da balança comercial, o superávit de julho está 52,1% abaixo do registrado no mesmo mês de 2009. Nos sete primeiros meses de 2010, o saldo acumulado, de US$9,237 bilhões, é quase a metade do registrado no mesmo período do ano passado (US$16,817 bilhões). Isso se deve ao fato de as compras externas crescerem a taxas mais elevadas que as vendas.
No mês passado, as exportações subiram 30,7% ante julho de 2009, e as importações, 51,9%. Nos sete primeiros meses do ano, as altas foram, respectivamente, de 27,1% e 45,1%.
Nas exportações, alguns destaques foram veículos de carga (alta de 145,4% sobre julho de 2009), açúcar refinado (73,1%), minério de ferro (151,4%) e ferro-ligas (70,8%). O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressaltou a queda na média diária exportada das últimas três semanas, de US$832 milhões para US$759 milhões.
Superávit comercial cai para US$ 1,36 bi
Autor(es): Eduardo Rodrigues, |
O Estado de S. Paulo - 03/08/2010 |
Saldo cai 53% em relação a julho de 2009, com forte crescimento das importações
Apesar do bom desempenho das exportações em julho, o aumento mais intenso das importações no mês derrubou o saldo comercial do Brasil. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o superávit de US$ 1,358 bilhão em julho representou uma queda de 53,34% em relação a julho de 2009.
O resultado de julho ficou abaixo do previsto pelos analistas consultados pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, que esperavam um superávit entre US$ 1,7 bilhão e US$ 2 bilhões. No ano, a balança acumula superávit de US$ 9,237 bilhões, saldo 45,1% inferior aos US$ 16,818 bilhões registrados nos sete primeiros meses de 2009.
Avanço das importações. No mês passado, houve um avanço de 51,9% nas compras do exterior com relação à média diária de julho de 2009, chegando a US$ 16,316 bilhões no total do mês. Já as vendas aumentaram 30,7% na mesma comparação, totalizando US$ 17,674 bilhões.
Com isso, tanto as exportações como a importações alcançaram o segundo maior resultado da história para o mês, ficando atrás apenas do obtido em julho de 2008, pouco antes da eclosão da crise mundial.
"Houve uma recuperação. O comércio exterior brasileiro já está no nível pré-crise, a um ritmo superior ao do ano passado e de vários outros anos", afirmou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. No entanto, ressaltou ele, as transações com os EUA e a Europa não apresentaram grande retomada.
Exportações. Pelo lado das exportações, o crescimento está relacionado com o apetite chinês por commodities, como minério de ferro e farelo de soja, além da retomada por parte da Argentina das compras de industrializados, como veículos, máquinas e eletroeletrônicos. Em relação a julho de 2009, os aumentos de vendas para esses países foram de 66,2% e 60,3%.
Nos sete primeiros meses de 2010, as exportações somam US$ 106,861 bilhões, com média diária de US$ 737 milhões, equivalente a um aumento de 27,1% em relação à média registrada em igual intervalo de 2009 . Já as importações totalizam US$ 97,624 bilhões, com média diária de US$ 673,3 milhões e um aumento de 45,1% ante o mesmo período do ano passado.
Segundo Barral, houve um grande aumento nas importações de bens de capital em julho, com expansão de 61,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o aumento que chama mais atenção é o das compras de automóveis no exterior, sobretudo da Argentina, Coreia do Sul e México. "A Coreia exportava muito para os EUA e teve que realocar a produção. Além disso, o efeito cambial também estimula as compras de importados", disse o secretário.
Segundo Barral, um eventual esfriamento na economia, com menos apetite por consumo, pode afetar o ritmo das importações, mas esse efeito ainda não foi sentido. ""Mas há um risco para a indústria nacional. Dependendo do produto, pode haver redução na demanda interna sem queda nas importações, ou seja, com substituição do bem nacional pelo importado."
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Comércio Exterior da FGV/Ibre, Lia Valls, essa concorrência já ocorre e pode ficar mais agressiva. "Por causa do câmbio, muitos importadores já podem ter antecipado compras para compor estoques."
Saldo comercial cai 45%
Autor(es): Mariana Mainenti |
Correio Braziliense - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/saldo-comercial-cai-45 |
Tanto as exportações quanto as importações voltaram ao período pré-crise. Minério de ferro melhora contas
A corrente de comércio registrou em julho o segundo maior volume da história para o mês, totalizando US$ 33,9 bilhões. Tanto as exportações, de US$ 17,7 bilhões, quanto as importações, de US$ 16,3 bilhões, só foram menores do que as registradas em julho de 2008. “O comércio exterior brasileiro já está no nível pré-crise”, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Welber Barral.
No entanto, o saldo comercial de US$ 1,4 bilhão de julho de 2010 é inferior ao do mês anterior, quando fechou em US$ 2,9 bilhões, e também ao de julho de 2009 (US$ 2,3 bilhões). A explicação é que as importações estão crescendo em um ritmo bem mais acelerado do que as exportações. Em relação a julho de 2009, as importações cresceram 51,9% e as exportações, 30,7%.
O secretário afirmou que está mantida a projeção de US$ 180 bilhões para as exportações brasileiras neste ano, revisada em junho. A anterior era de US$ 168 bilhões. De janeiro a julho, as exportações somaram US$ 106,9 bilhões e as importações, US$ 97,6 bilhões, resultando em um saldo de US$ 9,2 bilhões, 45,1% menor do que no mesmo período de 2009.
Em alta
Em relação às exportações, Barral destacou uma recuperação no valor de produtos que sofreram depreciação com a crise. Em julho, na comparação com o mesmo mês de 2009, o minério de ferro teve alta de 139%; couros e peles, de 59,3%; ferro fundido, de 94,1%; semimanufaturados (ferro e aço), de 77,1%; autopeças, de 10,7%. O maior aumento registrado no volume de exportações por média diária foi de semimanufaturados (54,8%). As exportações de manufaturados tiveram expansão de 24,3% e as de produtos básicos, de 30%.
Do lado das importações, as compras de bens de capital aumentaram 61,4% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Nos bens de consumo duráveis, a alta foi de 73,3%, com destaque para os automóveis (43,7%). “Os países que mais venderam foram Argentina, Coreia e México, nessa ordem. A Coreia passou o México na venda de automóveis este ano. Exportava muito para os Estados Unidos antes da crise e agora teve de realocar a produção”, afirmou.
Importações fortes e superávit minguante
Autor(es): Raquel Landim |
O Estado de S. Paulo - 03/08/2010 |
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Ainda não há sinais de desaceleração da economia no comércio exterior. As importações continuaram vigorosas em julho e atingiram a média mais alta do ano - US$ 741,6 milhões por dia.
As indústrias importaram 44,5% mais insumos em julho, patamar próximo ao acumulado do ano (45,4%). As compras de bens de consumo subiram 51,5% no mês passado. Os empresários compraram no exterior 61,4% mais máquinas em julho, um ritmo quase duas vezes mais rápido que os 31,2% de janeiro a julho. Esse dado terá um impacto importante na taxa de investimento.
Portanto, pelo menos no comércio exterior, não aparece o desaquecimento que o Banco Central (BC) indicou na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) para justificar a redução do ritmo de alta da taxa de juros. "Acredito que a média das importações no segundo semestre ficará por volta de US$ 740 milhões por dia. As empresas estão fazendo as encomendas para o fim do ano", explica José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e professor da Unicamp, acredita que o crescimento das importações estabilizou em um patamar alto. E mais relevante que isso: acima do avanço das exportações. Enquanto as importações crescem a um ritmo de 50%, as exportações avançam entre 25% e 30%. É um desempenho razoável para um mundo ainda em crise, mas aponta para uma tendência inexorável: a redução expressiva do saldo, que pode virar déficit em 2011.
"Se tivermos superávit no ano que vem, vai ser por uma fatalidade, como preços excelentes de commodities", disse Almeida. No acumulado em 12 meses até julho, o superávit da balança comercial está em US$ 17,7 bilhões, muito abaixo dos US$ 24,6 bilhões de 2009.
Almeida alerta que isso é preocupante porque "o Brasil não tem outros mecanismos de compensação da conta corrente". A Espanha, por exemplo, dispõe de uma forte entrada de dinheiro de turistas. O México recebe muitos recursos de imigrantes. Países ricos lucram com as remessas de suas multinacionais. O Brasil, por enquanto, conta apenas com o desempenho da balança.
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Informe JB - Leandro Mazzini |
Jornal do Brasil - 03/08/2010 |
Enfim Desde ontem, o brasileiro pode trazer do exterior um celular, uma máquina fotográfica e um relógio sem precisar declarar à Receita, além de perfumes e roubas.
Epa, epa, epa Atenção, espertinhos.
Mais que isso é contrabando, claro.
Importação expressa faz DHL crescer 18% até junho
Autor(es): Alberto Komatsu, de São Paulo |
Valor Econômico - 04/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/4/importacao-expressa-faz-dhl-crescer-18-ate-junho |
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A DHL Express, empresa do grupo alemão DHL, tem colhido bons resultados com a reação do transporte de cargas em todo mundo, especialmente no Brasil, e prevê para 2010 crescimento de até 25% no seu serviço mais forte no país, a importação de remessas expressas. A estimativa é do presidente da DHL Express Brasil, o dinamarquês Joakim Thrane. No primeiro semestre, a subsidiária acumula expansão de 18% no volume de encomendas trazidas do exterior para o mercado brasileiro. "Temos um bom crescimento, impulsionado pela conjuntura econômica do Brasil. Muitas empresas estão importando pela primeira vez", afirma Thrane. De acordo com ele, cerca de 80% do faturamento no Brasil, não divulgado, é gerado pelas remessas de importação. Os 20% restantes vêm do mercado doméstico. O executivo diz que é crescente o número de pequenas e médias empresas que passaram a importar produtos acabados. São negócios que estão reduzindo seus custos fixos ao optarem por não formar estoque, mas aproveitar a agilidade do transporte aéreo para em dois ou três dias fornecer as encomendas aos seus clientes. Até o final deste ano, o presidente da DHL Express Brasil conta que deverá ser lançada uma campanha voltada para o transporte de documentos de e para o exterior. No Brasil, a DHL não tem frota própria e utiliza os compartimentos de carga de aviões de companhias aéreas com voos regulares. "Usamos parceiros comerciais para poder oferecer a melhor malha de voos possível", diz Thrane. No mundo, a Deutsche Post DHL, holding da DHL Express, teve lucro líquido de 81 milhões no segundo trimestre de 2010, um crescimento de 22,7% em relação a igual período do ano passado. A receita consolidada foi de 12,8 bilhões, com expansão de 15,6% ante o segundo trimestre de 2009. "Mundialmente, temos um crescimento sustentável que deve continuar no ano que vem. Isso foi possível com medidas como redução de custos e uma estratégia de sair do mercado de remessas domésticas em alguns países em que esse negócio não era tão rentável, como nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra", diz Thrane. No primeiro semestre, a DHL acumulou lucro líquido consolidado de 1,8 bilhão, o que representou um crescimento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado. A americana UPS também registrou bons resultados no segundo trimestre. Seu lucro operacional nesse intervalo de tempo foi de US$ 1,4 bilhão, um ganho de 71% na comparação com igual período do ano passado. A receita global da empresa americana foi de US$ 12,2 bilhões, ou aumento de 13% diante dos US$ 10,8 bilhões do segundo trimestre de 2009. A última divulgação de resultados da também americana FedEx refere-se ao ano fiscal de 2010, encerrado em 31 de maio, quando a receita total foi de US$ 34,7 bilhões. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a redução foi de 2%. Levando-se em conta apenas o quarto trimestre, o faturamento da FedEx aumentou 20% em relação aos quatro últimos meses do ano anterior, com a receita aumentando de US$ 7,8 bilhões para US$ 9,4 bilhões. |
Brasil importa cada vez mais produtos acabados
O Estado de S. Paulo - 04/08/2010 |
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Nos sete primeiros meses de 2010, o saldo da balança comercial foi de US$ 9,237 bilhões, acusando queda de 45% em relação ao mesmo período de 2009. Uma mostra das dificuldades que teremos para chegar aos US$ 13 bilhões previstos pelo Banco Central (BC), não por falta de exportações, que provavelmente ultrapassarão a previsão do BC, mas pela alta das importações, que pela segunda vez consecutiva ultrapassaram as vendas externas.
O problema é tentar explicar o fenômeno que parece se fortalecer. Não há dúvida de que a taxa cambial continua favorecendo maiores compras no exterior, levando em conta a pesada carga tributária que recai sobre os produtos brasileiros. É possível que, diante da deterioração do resultado da conta de transações correntes, os importadores tenham apostado numa desvalorização do real ante o dólar, e adiantaram suas compras no exterior.
A análise do comércio exterior em julho mostra que a exportação de produtos básicos ultrapassou a de bens manufaturados. Ora, os produtos básicos sofrem fortes variações de preços, além de serem de menor valor adicionado. No ano passado, a participação dos produtos básicos era ligeiramente inferior à dos produtos manufaturados: 42,6%, ante 42,9%. Neste ano, para os sete primeiros meses, a situação mudou: 43,6%, ante 40,2%. Os preços dos manufaturados, em certos casos, aumentaram mais em relação ao mesmo período do ano passado. Além do minério de ferro (151,4%), certos manufaturados tiveram uma elevação de preços muito importante, como os veículos de carga (145,4%) e as máquinas de terraplenagem (135,4%), para citar dois produtos que mais foram exportados entre os manufaturados.
Examinando as importações para os sete primeiros meses, verifica-se que as de bens de capital diminuíram de 24,9%, em 2009, para 22%, neste ano; as de bens intermediários aumentaram de 46,6% para 46,7%; mas as de bens de consumo duráveis cresceram de 8,3% para 9,7%, o que parece resultar de certo grau de desindustrialização.
Tudo indica que as empresas brasileiras, que vinham aumentando suas importações de bens intermediários já há algum tempo, agora estão importando mais bens de consumo duráveis prontos que, antes, eram montados no Brasil.
Em julho houve mudança na distribuição geográfica do comércio exterior: a China assumiu o primeiro lugar nas vendas para o Brasil, com US$ 3,268 bilhões, que aumentaram 13,1% em apenas um mês. |
Impurezas cambiais
Autor(es): Antonio Machado |
Correio Braziliense - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/impurezas-cambiais |
Especialista diz que “mercado cambial tem muitos espertos e poucos distraídos”, ao alertar BC a ficar frio
A constância e aprofundamento da apreciação do real em contraste com a tendência de deficit nas contas externas do país estão dando um nó na cabeça de muita gente, especialmente no governo.
Com o volume de dólares comprados no mercado pelo Banco Central à conta da reserva de divisas do país, de modo a criar uma escassez que impedisse a valorização excessiva do real, não era para a taxa cambial estar, como agora, a R$ 1,75. Também já era tempo de tanta gente supostamente bem-formada parar de pedir ao BC que acentue as intervenções cambiais — ineficazes como se vê — e refletir.
Semana passada, segundo informações que circularam no mercado, as tesourarias dos bancos foram sondadas por emissários do BC sobre a oportunidade de retorno das chamadas operações de swap de divisas, que representam compra futura de dólar pelo governo, merecendo, ao ser indagado sobre a iniciativa, apoio do ministro Guido Mantega.
À parte as motivações do BC, o que se sabe pela experiência é que as operações de swap no mercado de derivativos serviram mais para valorizar que para depreciar o real. Elas foram acionadas em tese com tal motivação. Na prática, serviram para resolver problemas de liquidez temporária dos mercados à custa de perdas ao BC.
Quais são os fatos? Os fatos indicam que entre o fim de 2009 e o fim de julho, as reservas de divisas cresceram US$ 18 bilhões — e totalizaram US$ 256,9 bilhões —, enquanto a taxa de câmbio nem se mexeu, salvo oscilações pontuais. O fluxo líquido entre ingressos e saídas de divisas do país foi positivo no período em pouco mais de US$ 1 bilhão. E o BC adicionou mais US$ 15 bilhões que comprou.
Tal movimento, sempre com o pressuposto de enxugar os dólares no mercado, não produziu o resultado descrito nos manuais da economia — referência de 99% das análises dos que palpitam sobre câmbio no Brasil. No 1% restante, está o economista Sidnei Moura Nehme, da corretora NGO, há tempos praticamente o único analista a decifrar nas compras de dólares o mal que o BC alega tratar.
“O mercado de câmbio brasileiro”, diz ele com ironia, “tem muitos espertos, poucos distraídos e enseja estratégias financeiras sofisticadas. Portanto, nem tudo o que se vê é efetivamente o que se pode imaginar.” A primeira evidência, segundo Nehme, é que a estratégia do BC não impede a queda do dólar no Brasil, mas o faz com que sirva de âncora contra pressões inflacionárias.
A indução é primária
O movimento induzido pelo BC é até primário. Ao comprar divisas em volume muito superior ao fluxo líquido de moedas, “muitíssimo mais”, diz Nehme, o BC estimula a banca a trazer dólares, usando suas linhas de crédito externas, para vendê-los ao governo. A tal se dá o nome de “vendidos”. O circuito é rentável.
A taxa no exterior é menor que a Selic. E se, além disso, ocorrer valorização cambial entre a entrada das divisas e o momento de sua liquidação a futuro, o custo pode ser inteiramente zerado. O banco ganha juros e valorização. Para isso, a apreciação tem de ocorrer a cada período. Realizado o lucro, o dólar sobe até o próximo ato.
Corda esticada demais
O ruído do momento é que tais operações podem ter sido esticadas demais pelos bancos e pelo BC, em comparação com a tendência que se vai cristalizando de deterioração das contas externas. Não há nenhuma crise cambial à vista, como Nehme destaca. Com reservas de quase U$ 260 bilhões, o que for preciso, e o mercado não dispuser, o BC tem à larga. Mas haverá, talvez, perdas para os bancos, se o real cair, seguindo o curso das contas externas. Não se prevê nada calamitoso. Poderia chegar a R$ 2. Mas a banca terá prejuízos.
Sem vez para amadores
A dinâmica do mercado de câmbio flutuante no Brasil não é coisa para amador. O sistema é o que melhor protege a economia a ataques da especulação, mas ela o influencia, segundo Nehme, e por indução do BC, no jogo de conveniência para que a meta de inflação jamais seja frustrada. Por isso, a flutuação é “suja”, como se diz. A taxa cambial é a que o governo quiser, não a que resulta da liquidez do mercado cambial. Aliás, para que se fez o Fundo Soberano? Não era para “secar” o mercado? Se o fizesse, o real valeria ainda mais.
Distorções em série
Ameaça de frustração driblada com distorção é o que mais se vê na condução da macroeconomia. Se a política monetária levasse a juros menos assimétricos aos internacionais, não existiria arbitragem de taxas no mercado cambial. Com dívida pública menor e superavits do orçamento fiscal, o BC não precisaria inchar a Selic.
Com o binômio juro-câmbio alinhado à prioridade da exportação, a balança comercial teria superavit parrudo. Uma coisa leva a outra.
Se todas essas condicionalidades fossem certezas, a taxa de juros real seria menor, condição para o mercado de capitais e de dívidas privadas prosperar, aliviando a pressão empresarial sobre o BNDES — e talvez até dispensando a necessidade de política industrial.
Se o governo calibrasse seus projetos ao que é possível fazer sem distorcer as contas fiscais, a Petrobras poderia depender menos de capitais financeiros para explorar o pré-sal. O Tesouro não seria acionado para suprir o BNDES. A CEF preservaria sua missão social, desobrigando-se de acudir a Petrobras. O que tudo isso expressa é uma política econômica remendada. E prioridades tomadas no grito. |
Ministério vê risco de importação substituir produção local
Autor(es): Luciana Otoni, de Brasília |
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/ministerio-ve-risco-de-importacao-substituir-producao-local |
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As importações cresceram mais que as exportações em julho, o que aprofundou a retração do saldo comercial brasileiro. O país encerra os sete primeiros meses do ano com superávit de US$ 9,2 bilhões, 45% menor que o registrado em igual período de 2009. A tendência é que a redução do superávit se mantenha frente à dificuldade de recuperação dos Estados Unidos e da Europa, situação que limita a evolução das vendas das empresas brasileiras no exterior. Em julho, as exportações somaram US$ 17,6 bilhões, 30,7% maiores em relação a igual mês de 2009 e 1,3% abaixo do resultado de junho. As importações totalizaram US$ 16,3 bilhões, com alta de 51,9% frente igual mês do ano passado, 5,1% acima do verificado em junho. Apesar da redução do saldo comercial, o secretário de Comércio Exterior (Secex), Welber Barral, comentou que, com a performance das exportações no último mês, a corrente de comércio retoma os níveis pré-crise. "Em termos de valor é o mesmo, mas a composição da pauta é diferente", disse, ao se referir aos embarques e à maior participação dos itens básicos na pauta das vendas feitas pelas empresas brasileiras para o exterior. No lado das importações, os gastos chegaram a US$ 97,6 bilhões, 45% acima do registrado entre janeiro e julho. Desse montante, US$ 45,6 bilhões correspondem à compra de matérias-primas, seguidos dos US$ 21,5 bilhões usados na compra de máquinas. As importações de bens de consumo representaram US$ 16,3 bilhões. Ao comentar a ampliação das compras feitas no exterior, Barral salientou que a maior parte das importações está vinculada a investimentos, ainda que o crescimento da importação de bens de capital (31% na comparação de janeiro a julho de 2010 em relação ao mesmo período de 2009) seja inferior ao do aumento das compras de intermediários (45%) e de bens de consumo 49,7%) na mesma comparação. Ele também avaliou que a desaceleração do nível de atividade no país ainda não atingiu as importações. No contexto do real valorizado, Barral chamou a atenção para o risco de que o menor ritmo de crescimento da economia prejudique mais a industrial local do que as compras feitas no exterior. "Há um detalhe importante e que representa um risco para a indústria brasileira: Se há redução da demanda interna, haverá diminuição de importação. Esse é o efeito natural. Entretanto, dependendo do produto e do efeito cambial, pode haver redução maior da demanda (produção) interna que da importação", afirmou. Diante desse cenário, Barral salientou que são necessários novos mecanismos para incentivar a produção no mercado interno de alguns insumos encomendados a fornecedores estrangeiros. "Toda a nossa exportação de minério de ferro, de US$ 12,3 bilhões, não supera as importações de US$ 13 bilhões de produtos químicos e de fármacos", afirmou Barral. "Precisamos desenvolver esses setores, só que isso não é de imediato." Com o desempenho do mês passado, as exportações atingiram US$ 106,9 bilhões nos sete primeiros meses de 2010, 27% acima do registrado em igual período de 2009. A meta para este ano é chegar aos US$ 180 bilhões. O minério de ferro foi o destaque. Entre janeiro e julho, as vendas atingiram US$ 12,4 bilhões, com alta de 60%, devido, em sua maior parte, ao aumento dos preços do insumo. As vendas de petróleo em bruto também se sobressaíram. No período, as receitas chegaram a US$ 8,6 bilhões - 117% superiores ao ano anterior, devido à alta da cotação internacional do barril. Os embarques de soja em grão atingiram US$ 8,3 bilhões. O desempenho dos três itens evidencia a forte participação dos produtos básicos na pauta, que passaram a representar 44% do total dos embarques.
Importação de chapa grossa de aço incomoda BNDES
Autor(es): Vera Saavedra Durão, do Rio |
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/importacao-de-chapa-grossa-de-aco-incomoda-bndes |
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está preocupado com o aumento das importações de aço no país, principalmente de chapas grossas, produto usado principalmente em navios e plataformas de petróleo, informou fonte próxima ao banco. De janeiro a junho, desembarcaram no país 220 mil toneladas do produto, um volume 34% superior ao de igual período do ano passado, enquanto a Usiminas - única fabricante nacional, com duas linhas de produção (Minas e São Paulo) - pôs no mercado doméstico 410 mil toneladas, o equivalente a 68 mil toneladas mensais, ou menos de um terço da sua capacidade nominal de produção de 1,9 milhão de toneladas.
Queixas de setores industriais demandantes de chapas grossas têm chegado ao banco questionando o elevado preço da chapa grossa no mercado interno, bem mais caro que o vendido no exterior e que tem sido o principal estimulo às compras externas.
Paulo Sebastião Ferreira Marques, da Usiminas Mecânica, disse ao Valor, durante seminário de siderurgia na Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), que a tonelada de chapa grossa da Usiminas equivale hoje a US$ 1.200 (R$ 2 mil), ante US$ 860 a US$ 900 do preço na Europa, Japão e Estados Unidos, excluída a China. O diferencial é de 33% a mais para o produto nacional vendido no mercado interno. Marques atribui esta diferença "ao custo Brasil".
Ele destaca a paridade cambial como a maior responsável por essa diferença. "A moeda valorizada incentiva a importação", afirmou. Para o executivo, a importação de aço não resolve o problema da indústria brasileira. "O aço importado é de má qualidade. A China está fechando agora 200 unidades e o excedente que sobrar vai colocar no mercado e disputar preço. Quem comprar vai ter problemas", argumentou Marques.
A Usiminas, segundo informou, está investindo na expansão da produção de chapa grossa em mais 500 mil toneladas no seu site de Ipatinga (MG) e vai instalar um laminador com resfriamento acelerado para atender encomendas da Petrobras de 440 mil toneladas desse material para fabricação de tubos para perfuração do petróleo do pré-sal. A nova linha deve começar a operar em 2011.
A preocupação da Usiminas, segundo Marques, é com a qualidade do produto e não teme a concorrência na chapa grossa. O grupo Gerdau já anunciou a instalação de uma linha de produção de 900 mil toneladas anuais na Açominas, sua fábrica integrada em Ouro Branco (MG). Também a ArcelorMittal está interessada em investir nesse nicho.
O problema é como tornar a chapa grossa nacional mais competitiva para evitar a importação, ressaltam fontes do BNDES, que estudam o assunto. O banco não entende porque a siderurgia brasileira de aços planos tem os custos variáveis mais baixos do mundo e os custos fixos extremamente elevados. "É um paradoxo", comentam técnicos do banco. Um especialista do setor ressalta, porém, que as margens da indústria nacional de aço são altas, acima de 20%, enquanto as das siderúrgicas globais não ultrapassam este percentual. "Em meio a esses extremos, é preciso saber o que se pode fazer para tornar o país mais competitivo no aço", avaliam as fontes.
Carlos Loureiro, presidente do Inda, instituto dos distribuidores de aço, diz que a importação de chapa grossa é "danosa", pois a venda mensal da Usiminas este ano representa um terço da capacidade nominal de produção de chapa grossa da siderúrgica, o que sinaliza uma operação com elevado grau de ociosidade. "A importação machuca mais na medida em que a usina está com ociosidade muito grande". Por isso, vê o caso da importação de chapa grossa como "emblemático" e que merece solução.
Bolsa zera as perdas
Autor(es): Vera Batista |
Correio Braziliense - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/bolsa-zera-as-perdas |
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Investidores se animam com lucros das empresas e bons sinais da economia, e fazem Bovespa ter a 11ª alta seguida.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o mês em alta — a 11ª consecutiva — e está prestes a zerar as perdas acumuladas em 2010. Trata-se do período mais longo de valorizações seguidas desde 2003. O Ibovespa, principal índice do pregão paulista, subiu 1,48%, para os 68.517 pontos. Nos últimos 30 dias, os ganhos chegaram a 11,54%. No ano, a bolsa apresenta agora leve perda de 0,10%. No mercado de câmbio, o apetite por risco fez o dólar cair 0,23%, cotado a R$ 1,751, o menor nível desde 3 de maio.
As boas notícias no mercado doméstico, com lucros expressivos das empresas listadas na bolsa, e no cenário externo, a despeito do fraco desempenho da economia dos Estados Unidos (veja matéria nesta página), mantêm a euforia dos investidores. Também a Europa não decepcionou. O índice dos gerentes de compra de atividades industrial da Zona do Euro subiu e os resultados trimestrais dos bancos foram animadores. Nesse contexto, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1,99%. O mercado de Londres teve ganhos de 2,64% e o de Paris cravou valorização de 2,98%. Em Frankfurt, houve incremento de 2,34%.
Paraíso dos bancos
Quem apostou no bom desempenho do setor bancário brasileiro ganhou um bom dinheiro na Bolsa de Valores de São Paulo. Segundo pesquisa da Consultoria Economática, as ações de empresas do sistema financeiro lideraram a rentabilidade no mês de julho, registrando, em média, valorização de 23,39%, mais do que o dobro do Ibovespa, com alta de 10,8%. Dos 24 setores analisados pela consultoria, 22 deram bons lucros ao investidor e dois fecharam o mês passado com resultado negativo. “Já era esperado. O Brasil é o país com as maiores taxas de juros do mundo, o paraíso dos bancos. Quem paga a conta são as empresas e os consumidores, que tomam dinheiro emprestado”, afirmou Demetrius Borel Lucindo, da Corretora Prosper.
O segundo setor com melhor desempenho foi o da construção civil, com retorno de 22,75%. As empresas têxteis apareceram, em seguida, com alta de 18,11%. Fecharam o mês com queda os segmentos de software e dados, com baixa de 3,37%, e de telecomunicações, com perdas de 0,51%.
O estudo da Economática contatou ainvda que, das ações que compõem o Ibovespa, as cinco que mais subiram em julho foram Cyrela Realty (27,1%), Bradesco (26,3%), MRV (24,1%), Banco do Brasil (23,9%) e Embraer (23,8%). Já as maiores baixas foram Telemar (-11,7%), Pão de Açúcar (-8,6%), Sabesp (-6,2%) e Tim Participações (-4,8%).
A crise ficou para trás
Washington — O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, reiterou estar otimista com o crescimento da economia dos Estados Unidos, que, apesar de moderado, será impulsionado pelas empresas e pelos gastos das famílias.
De acordo com Bernanke, basicamente a crise(1) financeira ficou para trás, mas ainda resta “percorrer um longo caminho para a economia restabelecer-se completamente”. Quando o apoio das autoridades chegar ao fim nos próximos meses, “o crescimento deverá ser sustentado por uma alta da demanda dos lares e das empresas”, acrescentou o chefe do Fed.
“Depois de uma queda vertiginosa no fim de 2008 e início de 2009, a economia dos Estados Unidos estabilizou-se em meados do ano passado e cresce desde então em um ritmo moderado”, declarou Bernanke. Segundo ele, “muitos americanos ainda lutam contra o desemprego, as execuções judiciais das hipotecas relativas à compra da casa própria e a perda de suas economias”.
Recessão
Bernanke fez essas declarações três dias depois da publicação dos dados oficiais do PIB americano, dando conta de uma nítida desaceleração do crescimento no primeiro trimestre e mostrando que a recessão de 2007-2009 foi mais forte do que se pensava.
Ele insistiu em que a conjuntura financeira “converteu-se recentemente em menos favorável que antes para o crescimento”, pela situação na Europa em particular e porque o crescimento do emprego na rede privada é “insuficiente” para permitir uma redução real da taxa de desocupação (9,5% no fim de maio). “A lentidão da recuperação do mercado de trabalho e a incerteza que as perspectivas de emprego geram nos lares pesam sobre sua confiança e gastos”, disse.
1 - Fábricas nos EUA
O crescimento do setor manufatureiro norte-americano desacelerou em julho para o ritmo mais fraco deste ano, enquanto as novas encomendas e a produção perderam força. O índice de atividade industrial nacional caiu para 55,5 em julho, ante 56,2 em junho, no terceiro mês seguido de queda. Já o componente de novas encomendas caiu para 53,5 em julho, frente a 58,5 em junho, no menor patamar desde junho de 2009.
Muitos americanos ainda lutam contra o desemprego, as execuções judiciais das hipotecas relativas à compra da casa própria e a perda de suas economias”
Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve
Bovespa tem a 11ª alta consecutiva e quase zera as perdas no ano
Autor(es): Rosangela Dolis |
O Estado de S. Paulo - 03/08/2010 |
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A bolsa brasileira iniciou agosto mantendo-se em alta - com a valorização de 1,48% ontem, o Ibovespa completou onze sessões com ganhos acumulados em 9,91% e atingiu os 68.517,46 pontos - maior pontuação desde 27 de abril. Também ficou muito perto de zerar as perdas no ano, que ficaram reduzidas a 0,10%. Ontem, o Ibovespa foi impulsionado por um cenário externo positivo, em que o apetite ao risco do investidor proporcionou desempenho favorável nas bolsas europeias e em Nova York. O mercado brasileiro foi amparado também por valorizações das ações de empresas ligadas a commodities em meio à percepção de investidores de que a economia chinesa, embora em desaceleração, não exigirá novas medidas de aperto monetário. Nos Estados Unidos, as bolsas já abriram pegando carona nas altas dos índices acionários europeus, motivadas pelos bons resultados dos balanços do 2º trimestre dos bancos HSBC e BNP Paribas. Depois, as bolsas norte-americanas ganharam força própria com dados do país, que mostraram aumento inesperado nos gastos domésticos com construção e que o setor industrial continuou se expandindo em julho. O Índice Dow Jones subiu 1,99% e o Nasdaq, 1,80%.
Esse cenário também direcionou o mercado de moedas. Durante a sessão em Nova York, o euro atingiu máxima em três meses ante o dólar, enquanto a libra teve sua mais alta cotação em seis meses. No Brasil, o dólar caiu 0,23% ante o real, a R$ 1,7510 - menor valor desde 3 de maio.
No segmento de juros, a taxa para janeiro de 2011 subiu a 10,80% e para janeiro de 2012, a 11,51%.
Itaú Unibanco tem lucro de R$ 3,17 bilhões no trimestre
Autor(es): Aline Lima e Eduardo Laguna, de São Paulo |
Valor Econômico - 04/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/4/itau-unibanco-tem-lucro-de-r-3-17-bilhoes-no-trimestre |
Como de praxe, o Itaú Unibanco reportou ontem o maior lucro líquido entre as instituições financeiras privadas, de R$ 3,17 bilhões no segundo trimestre. O resultado, porém, representou uma pequena redução, de 2,1%, em relação ao desempenho do primeiro trimestre. Em 12 meses, houve um avanço de 23,1%. Se desconsiderados efeitos não recorrentes de R$ 133 milhões, referentes a provisões de contingência para planos econômicos, o lucro recorrente passa para R$ 3,3 bilhões. No semestre, o lucro líquido acumulado foi de R$ 6,4 bilhões, superior em 39,4% ao resultado de igual período de 2009. A carteira de crédito do banco apresentou evolução de 4% na comparação trimestral, crescimento em linha com o de seu principal concorrente, o Bradesco. Em 12 meses, o avanço foi de 11,4%. O saldo dos empréstimos e financiamentos alcançou R$ 296,19 bilhões. Segundo Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú Unibanco, a performance foi impulsionada pelo varejo - aí entendido como setor da economia, estando incluídos tanto pessoas físicas quanto empresas do ramo. As concessões para consumidores e cadeia de suprimentos do varejo cresceu 19% em relação a junho de 2009. Em termos de segmento de clientes, micro, pequenas e médias empresas são destaque. Os financiamentos para pessoas jurídicas com faturamento anual de até R$ 150 milhões (corte utilizado pelo Itaú Unibanco) subiu 6,7% entre março e junho e 26,3% em 12 meses, atingindo R$ 68,6 bilhões. O desempenho só foi inferior ao do crédito imobiliário, que cresceu 12,1% na comparação trimestral e 47,7% no intervalo de um ano. O estoque da linha, porém, é de R$ 10,5 bilhões, muito menor que a carteira de pequenas e médias empresas, respondendo por apenas 3,5% do saldo da carteira do banco. Analistas consideraram a evolução da carteira de crédito do Itaú Unibanco tímida. Mariana Taddeo, da Link Investimentos, observou que o crescimento ficou abaixo daquele apresentado pelo sistema financeiro, de 5,3% no trimestre e de 19,8% no ano. Segundo Calderón, as operações para grandes empresas prejudicaram a carteira como um todo. "Além do impacto cambial, essas empresas têm preferido acessar o mercado de capitais, que está bastante aquecido", explicou. O Itaú Unibanco demonstrou uma posição cautelosa sobre o comportamento da inadimplência nos próximos meses. Rogério Calderón, diretor corporativo de controladoria do banco, disse que alguns indícios apontam para um "ligeiro aumento da inadimplência". Ele afirmou que o banco ainda não visualizou em sua carteira esse movimento, mas citou que alguns indicadores sugerem um aumento nos calotes. Com isso, o Itaú Unibanco preferiu não revisar a previsão de queda entre 0,5 ponto e 1 ponto percentual no nível de calotes neste ano, apesar de os atrasos superiores a 90 dias terem mostrado baixa de 1 ponto percentual já nos seis primeiros meses de 2010, cedendo para 4,6% dos empréstimos do banco. De acordo com Calderón, a tendência é que a taxa se mantenha perto desse patamar até dezembro. A posição destoa do otimismo da direção do Bradesco, que previu na quarta-feira passada novas quedas da inadimplência até o fim do ano. Oficialmente, o banco não mudou suas previsões, que projetam uma taxa de 4% em dezembro. No entanto, o presidente do do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que os calotes podem cair para a faixa de 3,6% a 3,7% até dezembro. |
Itaú Unibanco tem lucro recorde no 1º semestre
Autor(es): Altamiro Silva Júnior |
O Estado de S. Paulo - 04/08/2010 |
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Ganho de R$ 6,4 bilhões é o mais alto da história do setor para o período; alta no segundo trimestre alcança 23%
O Itaú Unibanco, maior banco privado do País, teve um lucro líquido de R$ 3,165 bilhões no segundo trimestre. Em relação ao mesmo período de 2009, representa uma alta de 23,1%. Mas, comparado com os três primeiros meses deste ano, uma queda de 2,1%. No semestre, o ganho de R$ 6,4 bilhões foi o maior da história do setor para o período.
Os resultados ficaram dentro das expectativas dos analistas. A estimativa era de ganho de R$ 3,219 bilhões no trimestre, segundo média das consultorias ouvidas pela Agência Estado. Mesmo assim, os investidores não reagiram bem aos dados.
As ações do Itaú Unibanco caíram mais que as da concorrência ontem. Os papéis perderam 2,97%, enquanto as ações do Bradesco recuaram 1,6% e as do Santander, apenas 0,43%.
O retorno sobre o patrimônio do Itaú, de 24,4%, também ficou dentro da previsão dos analistas, que estimavam o indicador em 24,2%, o maior entre os grandes bancos brasileiros.
A carteira de empréstimos do Itaú Unibanco fechou o segundo trimestre em R$ 296,192 bilhões, crescimento de 4% em relação ao primeiro trimestre e de 11,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
No crédito, o destaque foram as operações de financiamento imobiliário, que subiram 12,1% no segundo trimestre comparado com janeiro a março, para R$ 10,5 bilhões. O banco destacou também a expansão nos empréstimos para micro, pequenas e médias empresas, com alta de 6,7%, atingindo R$ 68,602 bilhões. Já o financiamento ao varejo cresceu 4,5% no período, totalizando R$ 191,354 bilhões.
As operações de financiamento via cartão de crédito aumentaram 4,2% no segundo trimestre. No relatório de apresentação dos resultados, o banco destacou a expansão dos cartões para as classes C e D.
As despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa (recursos que o banco poupa para casos de calote) do segundo trimestre somou R$ 4,019 bilhões, com aumento de R$ 153 milhões em comparação com o primeiro trimestre do ano. O Itaú foi o único entre os grandes bancos que já divulgaram o resultado a registrar aumento nessas despesas.
No Santander e no Bradesco, as provisões para calote caíram. O Itaú atribuiu o aumento à ampliação do saldo da carteira de crédito.
Inadimplência. Mesmo com o crescimento das operações de crédito, a taxa de inadimplência para pessoas físicas e para empresas tiveram queda pelo terceiro trimestre consecutivo no banco. O índice de inadimplência total, considerando os atrasos acima de 90 dias, fechou o trimestre em 4,6%, abaixo dos 4,9% do trimestre anterior e dos 5,4% do segundo trimestre de 2009. O indicador atingiu o pico em setembro de 2009, quando bateu em 5,9%, e, de lá para cá, vem caindo.
O diretor corporativo de controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderon, afirmou que não espera novas quedas na taxa de inadimplência para os próximos trimestres. Ele não descarta até um "ligeiro" aumento. "Não tem mais muito espaço para melhoria, mas estamos em um nível muito bom", disse.
Integração. A integração das agências do Unibanco com as do Itaú deve ser concluída até novembro. "Estamos migrando uma média de 100 agências por mês", disse Calderon.
O processo completo de união das duas empresas, que inclui áreas como cartões de crédito, deve terminar no primeiro trimestre de 2011. A expectativa do banco é chegar ao fim deste ano com 85% a 90% da integração concluída.
O banco não divulga os ganhos com sinergias da integração com o Unibanco. Segundo executivos, a maior parte é consequência da união dos modelos tecnológicos. Calderon disse que 2012 será o primeiro ano em que o balanço do banco vai refletir todos os benefícios da fusão.
O Itaú Unibanco manteve os planos anunciados de abrir 150 novas agências este ano. |
Itaú vence disputa para ETF do setor financeiro
Autor(es): Alessandra Bellotto, de São Paulo |
Valor Econômico - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/itau-vence-disputa-para-etf-do-setor-financeiro |
O Itaú Unibanco foi o vencedor da concorrência promovida pela BM&FBovespa para a seleção do gestor do novo ETF (Exchange Traded Funds, fundo negociado em bolsa), que replicará o Índice Financeiro (IFNC). O banco, que disputou com outras três instituições, foi o que se comprometeu com o maior volume financeiro, o que, no final das contas, significa mais receita de emolumentos para a bolsa. Segundo a superintendente da área de fundos indexados do Itaú Unibanco, Tatiana Grecco, com o novo ETF, o banco reforça sua posição num mercado que está apenas começando no Brasil, mas que lá fora reúne US$ 1 trilhão de patrimônio. O Itaú já administra o PIBB (Papéis Índice Brasil Bovespa), com R$ 2 bilhões. "Não vamos parar por aí", diz. Tatiana conta que o Itaú já tem planos de sugerir para a bolsa novos ETFs. O fundo do setor financeiro, num primeiro momento, deve atrair investidores institucionais e alocadores, por conta do volume alto de recursos exigido para integralizar as carteiras, acredita Tatiana. A pessoa física deve entrar apenas no mercado secundário, por meio das corretoras de valores. Para esse público, o lote mínimo de negociação na bolsa, conforme o edital, não deve passar dos R$ 1 mil. A taxa de administração máxima foi fixada em 0,75% ao ano. O contrato será assinado nos próximos 15 dias. Após a concessão das autorizações por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Bovespa, o Itaú Unibanco terá 30 dias corridos para iniciar a negociação do novo ETF. O fundo terá formador de mercado, assim como o PIBB. |
Em ativos, distância para o Bradesco diminui
O Estado de S. Paulo - 04/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/4/em-ativos-distancia-para-o-bradesco-diminui |
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De um ano para cá, a diferença entre os dois maiores bancos privados caiu de R$ 114 bilhões para R$ 93 bilhões
O Itaú Unibanco cresceu menos no crédito que o Bradesco e viu a distância entre seu maior concorrente privado se reduzir ainda mais em ativos. A expansão dos empréstimos do Itaú ficou em 11,4% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, abaixo da previsão dos analistas, que estimavam aumento de 13%, segundo média da projeções de sete casas consultadas pela Agência Estado (Deutsche, BTG Pactual, UBS, Votorantim Corretora, HSBC, Barclays Capital e Santander). A carteira de crédito do Bradesco cresceu 15% no período.
O Itaú anunciou lucro de R$ 3,1bilhões no segundo trimestre, ante R$ 2,4 bilhões do Bradesco e R$ 1 bilhão do Santander (considerando o padrão contábil brasileiro). Em rentabilidade, o Itaú continua na frente entre as grandes instituições financeiras, com 24,4%, batendo o indicador do Bradesco (22,8%) e do Santander (18%). No crédito, a explicação do Itaú para crescer menos que os maiores competidores foi o fraco desempenho nos empréstimos para grandes empresas, com grande peso na carteira total do banco. Esses empréstimostiveram desempenho mais fraco no período, com queda de 1,3%, porque as grandes companhias passaram a fazer mais operações no mercado de capitais, segundo o diretor corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderon.
Em ativos, o Itaú segue confortável como o maior do País, com R$ 651,2 bilhões, diferença de R$ 93 bilhões em relação ao Bradesco. No primeiro trimestre, porém, a distância era de R$ 100 bilhões e no segundo trimestre do ano passado, a diferença era ainda maior, de R$ 114 bilhões. Já o Santander ainda está bem aquém dos dois maiores, com ativos de R$ 374,8 bilhões.
O Bradesco destacou na semana passada que seu objetivo é o crescimento orgânico, mas reduziu a previsão de aberturas de agências este ano, de 250 para 175. Mesmo assim, ainda está acima da meta anunciada pelo Itaú, que pretende inaugurar 150 pontos. |
Com receita menor, Embraer tem queda de 77% no lucro do trimestre
Autor(es): Eduardo Laguna, de São Paulo |
Valor Econômico - 03/08/2010 |
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O lucro da fabricante de aeronaves Embraer recuou 77% no segundo trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2009. A companhia registrou resultado líquido de R$ 109 milhões entre abril e junho, em um desempenho prejudicado pelo efeito da variação cambial sobre o cálculo do Imposto de Renda.
No balanço - que já está de acordo com o padrão contábil internacional, conhecido como IFRS -, a Embraer reportou perdas de R$ 119,9 milhões na linha de Imposto de Renda e contribuição social.
No campo operacional, a empresa obteve receita líquida de R$ 2,43 bilhões no segundo trimestre, 20% abaixo do montante de um ano antes. Nos três meses, a Embraer entregou 69 aeronaves, sendo 29 jatos comerciais e 40 executivos.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) ficou positivo em R$ 297,7 milhões, com queda de 44% em relação ao segundo trimestre de 2009. Na mesma base de comparação, a margem lajida, que é a relação entre o lajida e a receita líquida da companhia, cedeu de 17,6% para 12,2%.
Na expectativa de uma continuidade na recuperação do mercado e de mudanças no mix dos jatos vendidos, a empresa elevou a projeção para a receita líquida neste ano, que passou de US$ 5 bilhões para US$ 5,25 bilhões, no padrão contábil americano, conhecido como US Gaap. Ainda dentro das mudanças nas estimativas divulgadas, a margem lajida projetada para o ano passou de 7,5% para 8%.
Até junho, de acordo com o padrão internacional de contabilidade, a receita líquida da empresa foi da ordem de R$ 4,22 bilhões, abaixo das vendas de R$ 5,70 bilhões dos seis primeiros meses do ano passado.
A Embraer ainda informou que a carteira de pedidos firmes alcançou US$ 15,2 bilhões em junho, queda de US$ 1,4 bilhão em seis meses. Os pedidos equivalem a três anos da receita prevista.
Mercosul fecha acordo comercial com o Egito
Autor(es): Ariel Palacios |
O Estado de S. Paulo - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/mercosul-fecha-acordo-comercial-com-o-egito |
Cúpula também estabelece fim gradual da dupla tributação entre os países que [br]integram o bloco
O chanceler argentino Héctor Timerman anunciou ontem, na 39.ª cúpula de ministros e presidentes do Mercosul, na cidade argentina de San Juan, que o bloco conseguiu fechar o acordo de livre comércio negociado desde 2004 com o Egito. O objetivo é que 90% do comércio entre o Mercosul e o Egito fique livre de tarifas alfandegárias. O comércio será liberado de forma gradual nos próximos dez anos.
Em 2009, o Mercosul teve um fluxo comercial bilateral de US$ 2,2 bilhões com o Egito. Desse total, US$ 1,5 bilhão equivaleu às exportações brasileiras ao mercado egípcio. Até agora, o único acordo de livre comércio do Mercosul fora da América Latina é com Israel, assinado em 2007. "Outros países árabes estão interessados em acordos de livre comércio com o Mercosul, como a Jordânia e a Síria", afirmou o chanceler Celso Amorim.
Europeus. Enquanto o acordo com o Egito foi fechado rapidamente, os negociadores esperam que as discussões com a União Europeia (UE) avancem, depois do estancamento provocado pelas divergências sobre a liberalização do mercado de produtos industrializados - sensível para o Mercosul - e os produtos agrícolas - que provocam resistência entre os europeus.
Ontem, os chanceleres disseram esperar que a UE faça uma boa proposta. "Fizemos uma boa oferta, positiva, e esperamos uma correspondência da UE", disse Amorim. As negociações do Mercosul com a UE foram retomadas em junho, após seis anos de total paralisia.
Dupla tributação. Os governos do Mercosul também definiram o fim da dupla tributação na área do bloco. O objetivo é que, no futuro, um produto de fora do Mercosul, depois de entrar em um país-sócio, não pague novamente impostos ao entrar em um segundo membro do bloco (por exemplo, um veículo que entrava no Brasil e era reexportado ao Paraguai devia pagar novamente impostos ao entrar em território paraguaio).
A medida enfrentou resistência de vários governos do Paraguai, já que os tributos alfandegários representam cerca de 20% da arrecadação (no Brasil estão em torno de 2%). Porém, o atual governo, do presidente Fernando Lugo, mostrou-se mais flexível para aceitar o fim da dupla tributação. O Mercosul definiu que o duplo tributo acabará gradualmente a partir de 2012.
Projetos. O secretário de Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Alfredo Chiaradía, disse que desde que foi criado em 2006 até o fim do ano passado o Fundo de Convergência Estrutural (Focem) concedeu financiamentos de US$ 197,7 milhões a 25 projetos de obras de infraestrutura nos países do Mercosul. Na reunião de ontem, os governos do Mercosul aprovaram nove projetos que totalizam US$ 794 milhões nos quatro países do bloco.
Os governos também aprovaram fundos para a construção de uma linha de transmissão de energia elétrica entre Itaipu e a cidade de Villa Hayes, um plano de apoio a pequenas e médias empresas exportadoras da Argentina e a construção de estradas no Paraguai, além de uma linha de transmissão elétrica entre o Uruguai e o sul do Brasil.
Entre os pontos pendentes, ainda está a entrada oficial da Venezuela como sócio pleno do Mercosul (aprovação que depende do Parlamento paraguaio). Ontem, o chanceler venezuelano ressaltou que seu país ainda espera a aprovação do Paraguai.
Acordos
CELSO AMORIM CHANCELER BRASILEIRO
"Outros países árabes também estão interessados em acordos de livre comércio com o bloco, como a Jordânia e a Síria"
"Fizemos uma boa oferta, positiva, e esperamos uma correspondência da UE"
Bloco assina acordo com o Egito e pensa na Jordânia
Valor Econômico - 03/08/2010 |
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Após seis anos de negociações, Mercosul e o Egito assinaram ontem um acordo de livre comércio que terminará com as barreiras alfandegárias a 22 dos 25 principais produtos de exportação brasileiros ao país árabe, em um período máximo de dez anos. O tratado só foi fechado depois de exaustivas discussões, ontem à tarde, quando as autoridades argentinas já davam por garantido que seria postergado para o fim de 2010. Conforme antecipou o Valor, haverá quatro cestas de produtos, com quedas graduais (imediata, quatro, oito e dez anos) das tarifas de importação. Nos quatro primeiros anos de vigência do acordo, que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos, o Egito eliminará tarifas para 46% do universo de produtos do Mercosul. Ao término do período, estarão isentos de alíquotas cerca de 95% do total de exportações brasileiras, que totalizaram US$ 1,5 bilhão em 2009. A Embraer, com cliente no Egito, será beneficiada pela liberalização imediata do mercado local. Para produtores de etanol, a abertura total ocorrerá em oito anos. De acordo com o Itamaraty, sairão ganhando setores como o de frango, café solúvel, papel e automóveis. Por outro lado, o Mercosul dará tarifa zero a 99% do universo dos produtos do Egito, no prazo de dez anos. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, comemorou o fechamento do acordo - o segundo com parceiros fora da América do Sul, após o tratado com Israel, em vigência desde abril. "O principal de um acordo comercial é o que não está escrito: o fluxo de investimentos, o trânsito de pessoas, as ligações aéreas que se criam", afirmou. A última etapa de negociações foi conduzida diretamente pelo ministro de Comércio do Egito, Rachid Mohamed. O país árabe já tem acordos de livre comércio com a União Europeia, Turquia, países do Mercado Comum da África Oriental e Austral (Comesa) e países da Área de Livre Comércio Pan-árabe. O acordo entre Mercosul e Egito contempla as áreas de bens, regras de origem, salvaguardas e solução de controvérsias. Foi incluída a "possibilidade de entendimento", no futuro, sobre serviços e investimentos. O diretor do departamento de negociações internacionais do Itamaraty, embaixador Evandro Didonet, classificou o acordo como "ambicioso" e buscou tranquilizar a indústria. Segundo ele, o Mercosul tratou com cuidado uma questão considerada sensível, que envolvia as regras de origem adotadas pelo Egito. Didonet demonstrou otimismo com outras negociações em curso e considerou "boas" as chances de fechar mais um acordo de livre comércio - com a Jordânia - neste ano. Além disso, o bloco sul-americano negocia com a UE e com o Conselho de Cooperação do Golfo, entre outros. Nos próximos meses, iniciará conversas com a Palestina.
Mercosul aprovará pacote para diminuir assimetrias
Jornal do Brasil - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/mercosul-aprovara-pacote-para-diminuir-assimetrias |
Projetos que somam US$ 794 milhões vão reduzir diferenças entre o grupo Economias de Argentina e Brasil, as duas maiores da América do Sul, e as menores, Paraguai e Uruguai, ressurgiram como obstáculo para o aprofundamento da integração do bloco regional na 39º Cúpula do Mercosul em San Juan, Argentina, que começou ontem e termina hoje. O Conselho do Mercado Comum, integrado por chanceleres e ministros da economia do bloco, apresentou nove projetos que somam US$ 794 milhões que beneficiam Uruguai e Paraguai, e serão submetidos à aprovação hoje, com a presença do presidente de cada país.
Os projetos, financiados pelo Fundo de Convergência Econômica (Focem), serão destinados principalmente a obras de infraestrutura para interconexão energética entre Paraguai e Uruguai.
Esses projetos são uma demonstração de que nosso compromisso com o processo de integração do Mercosul é real, e estamos permitindo que Uruguai e Paraguai avancem em áreas importantes disse o chanceler brasileiro, Celso Amorim.
De acordo com o chanceler da Argentina, Héctor Timerman, ainda restam decisões a serem tomadas para o aprofundamento da livre circulação de bens e serviços. Não será fácil sem uma abordagem sincera e ampla das assimetrias entre os sócios. A integração, para funcionar, tem que ser mais profunda, ressaltou.
No entanto, o Brasil citou a necessidade de avançar na elaboração de um cronograma para a instrumentação plena da união alfandegária, o que implica deixar paulatinamente de lado as medidas de exceção que protegem as menores economias do bloco.
As assimetrias têm de ser respeitadas propôs Amorim, apesar de insistir que uma união alfandegária plena beneficiará sobretudo países menores, que no médio e longo prazo serão os mais beneficiados.
O cronograma pode ser suave, para Uruguai e Paraguai, mas temos que lembrar que é uma deficiência de nosso trabalho.
Em balanço sobre a atuação no último semestre no qual a Argentina esteve a cargo da presidência pro tempore do bloco, o secretário de Relações Econômicas da Chancelaria, Alfredo Chiaradía, considerou um passo crucial a eliminação da multiplicidade da cobrança de tarifa externa comum, outro dos pontos que essa cúpula espera discutir. O presidente Lula vai assumir hoje a presidência rotativa do bloco.
Também se espera conseguir neste encontro a aprovação do Código Alfandegário Comum para regular o comércio com países fora da região, do qual resta apenas fechar dois artigos sobre um total de 200 itens, o que permitirá encerrar diversos anos de discussões.
Em sua relação com o mundo, o Mercosul avançou nos últimos meses nas negociações com a Jordânia e a Índia para a assinatura de convênios preferenciais de comércio.
Também fechou um acordo com a Autoridade Palestina para iniciar negociações no próximo semestre a fim de conseguir um acordo comercial.
O chanceler argentino Héctor Timerman anunciou a assinatura de um acordo de livre comércio com o Egito. Brasil pediu pelo avanço da instrumentação para a união alfandegária.
Mercosul: fim da cobrança dupla da TEC
Autor(es): Agencia o Globo |
O Globo - 03/08/2010 |
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SAN JUAN, Argentina. Os presidentes dos quatro países do Mercosul assinarão hoje acordo que elimina a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), que incide sobre importações de terceiros países. A primeira fase entra em vigor em janeiro de 2012 e incluirá produtos finais. Com a regra, um carro francês importado por uma empresa brasileira para ser vendida a outra paraguaia, por exemplo, pagará apenas uma vez a TEC, de 35% de seu valor. Hoje, este veículo pagaria o mesmo imposto duas vezes: quando entra no Brasil e quando entra no Paraguai.
Em janeiro de 2014, começa a segunda fase do acordo, que eliminará a dupla cobrança da TEC para insumos de produção com tarifas baixas (2% e 4%). (Mônica Yanakiew)
Mercosul acaba com a cobrança em dobro da TEC
Autor(es): Daniel Rittner, de San Juan (Argentina) |
Valor Econômico - 03/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/mercosul-acaba-com-a-cobranca-em-dobro-da-tec |
Os quatro sócios do Mercosul chegaram ontem a um acordo que vinha sendo adiado desde 2004 e permitirá acabar com uma das principais aberrações para o funcionamento do bloco como uma união aduaneira. Contornando a resistência do Paraguai, assumiram o compromisso de eliminar a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) para produtos extra-Mercosul que circulam dentro do bloco. Definiram três fases para implementar o acordo e datas fixas a cada uma delas. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, aproveitou o clima de entendimento para fazer uma crítica incomum ao Mercosul e cobrar mais empenho dos sócios para diminuir a quantidade de produtos excluídos das obrigações da TEC - ou seja, em que um país aplica uma alíquota diferente, contrariando a essência de uma união alfandegária. É o caso, por exemplo, da exceção feita pela Argentina aos bens de capital. "É uma deficiência no nosso trabalho." Amorim avaliou que o acordo fortalecerá a posição do Mercosul nas negociações comerciais com outros parceiros, como a União Europeia. Uma das queixas da UE é que, embora conversem como um bloco único, os países do Mercosul têm tarifas diferentes entre si. "Se quisermos ter força nas negociações internacionais, temos que provar sermos quem dizemos que somos", afirmou o chanceler, durante a 39ª cúpula do bloco. Hoje, mercadorias provenientes de fora do Mercosul pagam a TEC ao entrar no Brasil, por exemplo. Mas a tarifa comum volta a incidir sobre esses produtos caso eles sejam "re-exportados" para outros países do bloco. É o que ocorre com frequência com o Paraguai. Há resistência do governo local em eliminar a dupla cobrança da TEC, porque cerca de 20% de sua arrecadação de tributos tem origem nas tarifas de importação. O acordo prevê que, a partir de janeiro de 2012, termine a dupla cobrança para todos os produtos acabados. É o caso, por exemplo, de automóveis ou computadores - sempre que não houver nenhuma complementação industrial ou agregação de valor dentro do bloco. "Isso terá como efeito a integração e a modernização das aduanas", explicou o diretor do departamento de Mercosul do Itamaraty, Bruno Bath. "Haverá a necessidade de adotar padrões técnicos, como o acompanhamento das operações de um país por outro país, em tempo real." No início de 2014, o bloco terá o desafio de implementar a segunda fase do acordo, que se estenderá a mercadorias com tarifa de 2% e de 4%. Essa etapa exigirá um mecanismo de partilha das receitas alfandegárias, que ainda não foi definido. Por último, a partir de 2019, a eliminação da dupla cobrança da TEC seria estendida a todos os bens. "Avançar nessa matéria é fundamental para melhorar as condições de circulação das mercadorias entre nossos países e resolve obstáculos recorrentes e de longa data observados por terceiros (países) em nossas negociações externas", disse o secretário de Comércio e Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Alfredo Chiaradía. Para Amorim, a dupla cobrança "emperra a engrenagem" do Mercosul. "Também sabemos dos problemas que pode causar ao Paraguai, mas encontraremos as soluções justas", prometeu. O Brasil obteve ainda aprovação dos demais sócios para conceder descontos nas alíquotas de importação (preferências tarifárias) a produtos têxteis do Haiti. A medida é considerada inexpressiva, do ponto de vista da balança comercial brasileira, e está sendo tomada para ajudar a economia haitiana e contribuir com a sua reconstrução. Hoje, após a cúpula do Mercosul, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner terão uma reunião para avaliar questões bilaterais e a possibilidade de novas parcerias, inclusive na área nuclear, com o desenho conjunto de um reator atômico para a fabricação de radiofármacos. Eles também deverão conversar sobre a situação de Honduras e os últimos desdobramentos das tensões entre Venezuela e Colômbia.
Fundo libera US$ 794 milhões para nove projetos na região
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/fundo-libera-us-794-milhoes-para-nove-projetos-na-regiao |
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A construção de uma linha de transmissão entre a usina de Itaipu e os arredores de Assunção, a interconexão elétrica entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai, a modernização de 72 escolas na Província de Santa Fé (Argentina) e outros seis projetos tiveram financiamento aprovado ontem pelo Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem). O fundo, com 70% dos recursos provenientes do Brasil e outros 27% oriundos da Argentina, foi criado como uma tentativa de reduzir as diferenças entre os países do bloco, inspirado pela experiência adotada na União Europeia. De 2006 ao fim de 2009, haviam sido financiados 25 projetos, totalizando US$ 197,7 milhões. Os projetos aprovados ontem preveem desembolso de US$ 794 milhões. "Não é nenhuma migalhinha", definiu o chanceler brasileiro Celso Amorim. O maior deles refere-se a Itaipu e consumirá US$ 555 milhões. Mas há ainda US$ 100 milhões para possibilitar o envio de energia da térmica a carvão de Candiota (RS) para o Uruguai, além de um projeto de saneamento básico em Ponta Porã (MS), o único exclusivamente em território brasileiro. |
Argentina e Brasil acertam parceria na área nuclear
Autor(es): Daniel Rittner, de San Juan (Argentina) |
Valor Econômico - 04/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/4/argentina-e-brasil-acertam-parceria-na-area-nuclear |
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Os governos do Brasil e da Argentina assinaram ontem um acordo para aumentar a cooperação na área nuclear e trabalhar em conjunto na engenharia de construção de dois reatores atômicos de multipropósito. À margem da 39ª reunião de cúpula do Mercosul, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner prometeram transferir mutuamente tecnologia no setor e fazer o desenho dos reatores em parceria - será construído um em cada país. Anunciado com pompa pelos dois presidentes, o acordo remeteu às origens do Mercosul, criado como resultado da distensão entre Brasil e Argentina nos anos 80, após uma minicorrida nuclear na década anterior. O novo reator não tem relação com o projeto da Marinha brasileira para construir um reator em Iperó (SP), voltado ao desenvolvimento de tecnologia para o futuro submarino nuclear. O objetivo dos dois novos reatores não será gerar energia elétrica. No caso brasileiro, o que se quer é ter produção local de radioisótopos, hoje inexistente. Trata-se da matéria-prima para medicamentos, usados principalmente com fins de diagnóstico em exames clínicos que envolvem tecnologia nuclear, como tomografias. O maior problema diz respeito ao fornecimento do isótopo molibdênio-99, que era importado pelo Brasil do Canadá. A redução das atividades do reator canadense, nos últimos anos, gerou uma crise no abastecimento do insumo e o Brasil foi salvo graças ao envio de radiofármacos da Argentina, que hoje atende 30% das necessidades brasileiras, segundo um diplomata envolvido nas negociações. Outro uso dos radioisótopos foi no mapeamento do aquífero Guarani, quando eles foram injetados no leito subterrâneo para medir a extensão e a capacidade do reservatório de água. O novo acordo de cooperação prevê troca de peças e de conhecimento tecnológico. Brasil e Argentina são os dois únicos países da América do Sul que já têm reatores nucleares para produzir energia, mas usam tecnologias completamente diferentes. Em Angra, o urânio é enriquecido e a água usada no processo é natural. Na Argentina, que está atualmente construindo seu terceiro reator para geração de eletricidade, o urânio é natural e a água é pesada. O país vizinho está bem mais adiantado, no entanto, na produção de radioisótopos. Já vendeu, inclusive, reatores multipropósito para a Austrália, Argélia e Peru. À primeira vista, o Brasil parece ganhar mais na cooperação, mas há benefícios mútuos. "Queremos aprender o que for possível sobre enriquecimento de urânio", disse o embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé. "Não se trata de ser fabricado, mas desenhado em conjunto", afirmou o chanceler Celso Amorim. Ele lembrou que a área nuclear é "pilar" das relações estratégicas entre os dois países. Não foram divulgadas estimativas de custos dos reatores. Fala-se apenas em algo perto de US$ 500 milhões por unidade. Também não houve menção ao financiamento. O Ministério de Ciência e Tecnologia, no Brasil, já havia liberado recursos do orçamento próprio e de fundos à pesquisa para o projeto. O acordo também prevê o fortalecimento da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc). A entidade é responsável por verificar o uso pacífico dos materiais nucleares. Foi a primeira organização conjunta entre Brasil e Argentina e é a única entidade bilateral do mundo a cuidar de salvaguardas nucleares. Nasceu em 1991, justamente o ano em que foi assinado o Tratado de Assunção, documento de criação do Mercosul. |
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O Mercosul e seus parceiros
O Estado de S. Paulo - 04/08/2010 |
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Sem um acordo sequer com os grandes mercados do mundo rico, o Mercosul acaba de fechar seu segundo tratado de livre comércio fora da América do Sul. Desta vez o acerto foi com o Egito. O anterior foi com Israel. Há um acordo de preferências comerciais com a Índia, definido formalmente como primeiro passo na direção de um pacto de livre comércio. O entendimento com o Egito foi oficializado na cidade argentina de San Juan, na segunda-feira, no primeiro dia da reunião de ministros e presidentes do bloco. Foi um dos principais eventos de uma conferência sem grandes emoções.
A ministra de Indústria e Comércio da Argentina, Débora Giorgi, descreveu o acordo como um passo importante para o bloco, porque o Egito, com 76 milhões de habitantes, tem crescido com rapidez e alcançou no ano passado um PIB de US$ 187 bilhões. O chanceler Celso Amorim mostrou igual entusiasmo. Segundo nota do Itamaraty, o acerto com o Egito "reafirma o interesse dos países do bloco em negociar acordos comerciais ambiciosos".
O acordo pode ser interessante, mas a adjetivação usada pelos diplomatas brasileiros é um tanto exagerada. No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,4 bilhão para o mercado egípcio e importou US$ 87,7 milhões. Os principais produtos exportados foram minério de ferro, açúcar, carne bovina congelada e aviões. As principais importações foram de fertilizantes e algodão. O autor da nota aproveitou para lembrar negociações com outros parceiros da região - Jordânia, Marrocos e países do Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Omã).
A parte final da nota é especialmente instrutiva para quem quer entender as atuais prioridades comerciais do Itamaraty e do Palácio do Planalto. Segundo a notícia, o Egito tem acordos de livre comércio com a União Europeia, a Turquia, o Mercado Comum da África Oriental e Austral e a Área de Livre Comércio Pan-árabe. Graças ao novo acordo, os países do Mercosul poderão exportar para o Egito com as mesmas facilidades já concedidas àqueles blocos e países.
Em outras palavras: o Brasil poderá competir com os países da União Europeia e com a Turquia pelo mercado egípcio. Mas o governo brasileiro e seus parceiros do Mercosul fizeram muito menos que o necessário, nos últimos dez anos, para competir com o Egito e a Turquia pela conquista de mercados na Europa.
Egípcios, turcos e vários países do Mediterrâneo têm acesso privilegiado à União Europeia, concorrendo vantajosamente com os brasileiros. Os negociadores do Mercosul deveriam ter trabalhado há muito tempo para eliminar essa diferença, mas objetivos como esse não se encaixam bem na sua concepção de comércio. O acordo com a União Europeia, em negociação há mais de dez anos, permaneceu emperrado por muito tempo, principalmente por causa de divergências entre Brasil e Argentina. As discussões foram retomadas e o acordo agora está próximo, segundo autoridades do Mercosul. Mas isso já foi dito em outras ocasiões.
Os governos do Brasil e da Argentina tiveram o cuidado, pelo menos, de não enterrar as negociações com os europeus, como fizeram no caso da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A liquidação da Alca dependeu muito mais de Brasília e Buenos Aires do que de Washington. Depois, o governo americano avançou em conversações com outros sul-americanos. Reação do Itamaraty: são acordos sem grande consequência, porque esses mercados são menos importantes que o brasileiro para os EUA. Como agora, os estrategistas de Brasília enxergaram o quadro de cabeça para baixo.
Com aqueles acordos, outros países sul-americanos teriam acesso preferencial ao maior mercado não só do hemisfério, mas do mundo, e ganhariam investimentos de empresas interessadas nessa vantagem. Empresas brasileiras também seriam atraídas. Além disso, esses países se abriram não só às indústrias americanas, mas também às de outros países, como a China. O Brasil perdeu de todos os lados. Só os estrategistas de Brasília parecem não perceber.
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A volta da dependência
Autor(es): Agencia o Globo/Carlos Thadeu de Freitas Gomes |
O Globo - 04/08/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/4/a-volta-da-dependencia |
Déficits nas transações correntes demonstram níveis de investimento superiores ao da poupança doméstica.
Também pode ser visto como a ocorrência de uma demanda agregada maior que o produto do país.
O ano de 2003 marcou a mudança no resultado das transações correntes brasileiras, tendo um superávit de US$ 4,2 bilhões. Estes se sucederam até 2008, quando ocorreu um déficit de US$ 28,2 bilhões.
Até o ano de 2008 o Brasil era um exportador de poupanças. O acumulado em 12 meses até junho de 2010 constatou um déficit de US$ 40,9 bilhões, 2,1% do PIB.
O desenvolvimento da economia brasileira pode ser sustentável, mesmo com o déficit, pois o país tem condições de continuar atraindo capital estrangeiro, visto que o Brasil conseguiu ultrapassar a crise relativamente intacto, enquanto outros países, já maduros, não foram tão bem-sucedidos. A incerteza nas economias desenvolvidas, a demanda por reformas fiscais nesses países e a expectativa de aumento nas taxas de juros internacionais podem afetar negativamente o fluxo de capital estrangeiro.
Portanto, apesar da alta atratividade brasileira, não há garantias de que os investimentos poderão compensar os déficits caso estes se tornem constantes.
O ritmo de crescimento das importações é superior ao das exportações e deve permanecer assim.
Comparando o primeiro semestre de 2010 com o mesmo período de 2009, verifica-se que as importações aumentaram 44,7%, enquanto as exportações cresceram 26,5%. O aquecimento da economia dá maior poder de compra à população, gerando mais consumidores e maior necessidade de importação.
Uma das formas de se impedir que o déficit aumente é incentivando a poupança doméstica, para que esta possa ser uma fonte de financiamento interno.
Como o déficit é a relação entre o produto e a demanda agregada, ao se reduzir esta última pode-se controlar as transações correntes. Para tanto, é necessário reduzir os gastos do governo.
O real tornou-se uma das commodities monetárias mais desejadas, dada a sua trajetória esperada de valorização. Entusiasmado pelo interesse dos investidores pelo real, o Tesouro alongou a dívida interna, mesmo sem a existência de mercados secundários líquidos.
Logo, quando da ocorrência dos primeiros sintomas da desvalorização dos ativos denominados em real, sem portas de saída imediatas, a ansiedade dos investidores é potencializada pelos sucessivos aumentos da cotação do dólar e das taxas de juros futuras.
Os investimentos dos não residentes em títulos públicos já alcançam 8,95% do total da dívida pública mobiliária. Apesar de os títulos serem nominalmente de longo prazo, sua liquidez os transforma em ativos de curto prazo. Qualquer sinal de aumento das taxas de juros que recaem sobre os títulos da dívida pública americana pode estimular a saída de capitais investidos nesses ativos. Como consequência, as taxas de juros que recaem sobre os títulos emitidos pelo Tesouro do Brasil voltariam a subir, e a saída de recursos acarretaria volatilidade cambial.
Em 2005, dadas as expectativas de aumento da taxa de juros americana, os investidores não residentes nos títulos brasileiros, os quais representavam um pequeno percentual, liquidaram suas posições, obrigando o Tesouro a recomprá-las via leilões.
Os investidores que aplicam em ações sofrem perdas de capital ao tentarem sair de suas posições, já que os preços desses ativos refletem essas mudanças. Os investidores não residentes em renda fixa, contudo, não sofrem perdas de capitais em reais ao saírem de suas posições, já que, dada a pouca liquidez do mercado de títulos públicos, o Tesouro garante, via leilões, a recompra desses papéis, ainda que com prejuízo. Logo, todo cuidado é pouco na volta dos capitais voláteis para financiamento dos déficits nas transações correntes do balanço de pagamentos. CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES é economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e foi diretor do Banco Central. |
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