terça-feira, 24 de agosto de 2010

DÉFICIT EXTERNO TRIPLICA NO ANO E ATINGE US$ 28,2 BILHÕES

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/24/deficit-externo-triplica-no-ano-e-atinge-us-28-2-bilhoes
DÉFICIT EXTERNO TRIPLICA ESTE ANO
Autor(es): Fabio Graner, Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 24/08/2010
Saldo negativo foi de US$ 4,5 bilhões em julho, o maior desde 1947; investimento direto cobre 58% do rombo

Dados do Banco Central mostram que em julho a conta corrente brasileira que registra todas as operações de bens e serviços com o exterior - teve saldo negativo de US$ 4,5 bilhões, o pior resultado para o mês desde 1947. No acumulado do ano, o déficit ficou em US$ 28,26 bilhões (2,51% do PIB), também o pior resultado da história para o período e o triplo do verificado de janeiro a julho de 2009. Os investimentos estrangeiros diretos, voltados para produção, somaram em julho US$ 2,64 bilhões, ou apenas 58% do déficit. Para cobrir o rombo, o Brasil precisou mais uma vez dos investimentos em ações e renda fixa e dos empréstimos tomados por empresas brasileiras no exterior.

Rombo chega ao valor recorde de US$ 4,5 bi em julho e soma US$ 28,26 bi de janeiro a julho, o triplo do verificado no ano passado


Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que no mês passado a conta corrente brasileira - que registra todas as operações de bens e serviços do Brasil com o exterior - teve saldo negativo de US$ 4,5 bilhões, o pior resultado para julho desde 1947.


No acumulado do ano, o déficit ficou em US$ 28,26 bilhões (2,51% do PIB), também o pior resultado da história para o período e o triplo do verificado de janeiro a julho de 2009.

Não bastasse o elevado déficit em conta corrente, mais uma vez o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED), voltado para a produção, não foi suficiente para compensar a saída de dólares. Os ingressos de IED somaram no mês passado US$ 2,64 bilhões, equivalentes a apenas 58% do déficit na conta corrente. Para tapar o buraco, o Brasil precisou mais uma vez dos investimentos em ações e renda fixa e dos empréstimos tomados por empresas brasileiras no exterior, fenômeno que tem sido recorrente nos últimos meses.

No acumulado do ano, o saldo dos investimentos estrangeiros é positivo em US$ 14,7 bilhões, o que representou praticamente a metade do rombo da conta corrente brasileira. O fluxo de investimento estrangeiro para a produção neste ano segue bem abaixo das expectativas do BC, cuja projeção é de ingressos de US$ 38 bilhões.

Perfil. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse não enxergar risco de uma crise futura no balanço de pagamentos - que inclui a conta corrente e a de capitais, por onde ingressam investimentos e empréstimos. Segundo ele, o fato de o IED não cobrir todo o saldo negativo na conta corrente não é problema, pois os empréstimos tomados são de prazo longo e com condições favoráveis, como prazo e taxas de juro.

Altamir destacou ainda que os investimentos produtivos devem ter aceleração, motivada pela exploração do pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíada. Ele salientou que o perfil do IED é, hoje, mais voltado para setores que têm forte potencial de vendas no exterior e poderão melhorar a conta corrente.

Para o economista do BES Investimento Flavio Serrano os números das contas externas mostram que realmente há uma mudança de perfil, com o IED insuficiente para cobrir o déficit em conta corrente. Segundo ele, a dependência de outras fontes de financiamento adiciona volatilidade à taxa de câmbio, já que dólares de investimentos em ações e renda fixa podem sair a qualquer momento e o mercado externo de crédito pode secar em uma eventual crise.

Mas ele não vê risco de crise de balanço de pagamentos, como no passado, já que o perfil da conta corrente é mais relacionado ao nível de atividade econômica do País. Segundo ele, o crescente saldo negativo em conta corrente deve levar no médio prazo a uma desvalorização do real.


Déficit externo é o maior em 63 anos

Gastos dos brasileiros em viagens batem recorde e déficit externo atinge US$ 28 bi
Autor(es): Agencia o Globo/Patrícia Duarte
O Globo - 24/08/2010
Aumento de gastos com turistas no exterior mais remessas e dividendos de empresas, além do saldo comercial em queda, fizeram com que o Brasil registrasse em julho déficit de US$ 4,5 bi nas contas externas, o maior desde 1947. 
Com real forte e renda em alta, rombo nas contas de viagens dobra no ano

Com o turista brasileiro gastando como nunca no exterior, a balança comercial mostrando saldos cada vez menores e as remessas de lucros e dividendos ainda intensas, o país fechou julho com o maior déficit de todos os tempos para o mês em transações correntes que traduz boa parte das operações com o exterior, como viagens internacionais e comércio. Segundo o Banco Central (BC), o saldo ficou negativo em US$ 4,499 bilhões no mês passado. A série histórica é de 1947. No ano, o rombo nas contas externas chega a US$ 28,261 bilhões, também recorde, mas ainda sem tirar o sono dos especialistas.

As transações correntes formam com a conta de capital (investimentos diretos e financeiros) o balanço de pagamentos do país com o exterior.

Esse número ainda não representa 3% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços gerados no país). Está em 2,24% num fluxo de 12 meses e o Brasil tem condições de reverter esse déficit disse o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani.

Segundo ele, o país tem instrumentos para fazer frente a esse cenário, como o câmbio flutuante e a capacidade de administrar o crescimento por meio da política monetária. As contas correntes brasileiras afundaram no vermelho porque, sobretudo, o país está crescendo mais do que o resto do mundo este ano (cerca de 7%, contra 3,5%). Como não tem condições de suprir todas as demandas, precisa importar.

De acordo com o BC, o saldo comercial em julho, por exemplo, ficou em só US$ 1,357 bilhão. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, veio abaixo do esperado. Ele não revelou qual era sua projeção.

Remessas de multinacionais chegam a US$ 16,7 bilhões Pesaram ainda no desempenho das transações correntes os gastos com viagens internacionais que, no mês passado, ficaram em US$ 1,535 bilhão recorde absoluto para todos os meses. As receitas, ou gastos de turistas estrangeiros no país, somaram no período US$ 438 milhões, gerando saldo líquido negativo em US$ 1,098 bilhão.

No ano, o descasamento na área de viagens já está em US$ 5,208 bilhões, quase 110% mais do que em igual período de 2009.

Em agosto, até o dia 23, o saldo já estava negativo em US$ 584 milhões.

Segundo Lopes, isso ocorre porque a economia mundial cresce menos, bem como a renda, afetando o número de turistas estrangeiros no Brasil: E aqui, no Brasil, temos mais renda e o câmbio (valorizado), que ajuda nas viagens internacionais.

As remessas de lucros e dividendos feitas por multinacionais instaladas no país também contribuíram para o pior resultado das contas externas em 63 anos, somando US$ 1,802 bilhão em julho. No ano o saldo é negativo de US$ 16,769 bilhões.

Para Lopes, esse segmento mostrou certa acomodação em relação aos meses recentes, mas é cedo para falar que isso seja uma tendência. Já o pagamento de juros, ainda segundo o BC, foi de US$ 1,545 bilhão no período.

Mais uma vez, os investimentos estrangeiros diretos (IED, voltados para o setor produtivo) não cobriram o rombo das transações correntes, com apenas US$ 2,643 bilhões em julho. No ano, esses investimentos que são de longo prazo e não sofrem com instabilidade dos investimentos financeiros somam US$ 14,701 bilhões, tornando cada vez mais difícil atingir a projeção do BC para o ano, de US$ 38 bilhões. O mercado, segundo a pesquisa Focus, está bem menos otimista, apostando em uma entrada líquida de apenas US$ 31 bilhões em 2010.

O BC informou também que os investimentos estrangeiros em carteira (ações e títulos, por exemplo) tiveram saldo positivo de US$ 5,806 bilhões em julho, somando no ano superávit de US$ 28,964 bilhões. O volume mensal é quase o dobro ao visto em junho, com US$ 2,984 bilhões.

Em agosto, até ontem, as aplicações em ações no país somavam US$ 2,968 bilhões, enquanto que títulos de renda fixa, US$ 1,877 bilhão.


Buraco de US$ 28 bilhões

Autor(es): Vânia Cristino
Correio Braziliense - 24/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/24/buraco-de-us-28-bilhoes
Deficit das operações realizadas pelo país com o exterior triplica de janeiro a julho. Mês passado tem pior resultado desde 1947. Gastos com embaixadas ajudam rombo.
Monique Renne/CB/D.A Press - 31/3/10
Investimento direto ficou aquém do esperado, diz Altamir, do BC: “Aceleração ainda não aconteceu”
 

O que estava ruim ficou pior. O deficit de transações correntes — que engloba todas as operações de bens e serviços do Brasil com o exterior — registrado em julho é o pior da série, desde 1947, para o mês e também para o acumulado do ano. Segundo o Banco Central, o resultado foi negativo em US$ 4,5 bilhões no mês passado, contra US$ 1,6 bilhão apurados a um ano atrás. Nos primeiros sete meses do ano, o rombo fica ainda mais evidente: atingiu US$ 28,2 bilhões, três vezes pior que o do mesmo período de 2009 — quando ficou negativo em US$ 8,8 bilhões — e ainda maior que o saldo negativo de todo o ano passado, quando a conta, no vermelho, fechou em US$ 24,3 bilhões.

A deterioração das contas externas surpreendeu até mesmo o Banco Central, que projetava um deficit em transações correntes de US$ 3,7 bilhões para o mês de julho. O chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o resultado ruim é consequência de um desempenho mais fraco da balança comercial — as importações cresceram muito no período, ao passo que as exportações caminham em ritmo lento —, além de um forte avanço das despesas com serviços, sobretudo dos gastos em viagens internacionais. A balança comercial foi responsável por US$ 7,6 bilhões.

A maior parcela do crescimento do deficit, destacou Altamir, foi na conta serviços e rendas, que registra o pagamento de juros e as remessas de lucros e dividendos das empresas. De um ano para outro, a quantidade de dólares que saiu por essa conta aumentou em US$ 4,6 bilhões. Mas é nos serviços onde se concentra a piora das contas externas. Foram US$ 7 bilhões a mais de despesa com transporte, viagens, seguros, computação e informações, aluguel de equipamentos e serviços governamentais. As viagens internacionais têm maior peso. Elas incrementaram a conta em mais de US$ 2,7 bilhões.

Gastança
O governo também vem contribuindo para aumentar o rombo. A despesa com serviços governamentais, que incluem a abertura de novas embaixadas e consulados no exterior, dobrou de US$ 754 milhões para US$ 1,4 bilhão na comparação dos sete primeiros meses do ano. Enquanto o buraco nas contas externas aumenta, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) — que ajudaria a diminuí-lo — vem se mostrando aquém do esperado. Em julho, até superou a expectativa de US$ 2 bilhões, chegando a US$ 2,6 bilhões. Mas, no ano, deixa a desejar: o volume está em US$ 14,7 bilhões, o que significa que vai ter que acelerar muito para alcançar os US$ 38 bilhões estimados pelo BC.

Agosto
“Prevíamos uma aceleração do ingresso de investimentos diretos para o segundo semestre, principalmente por conta do pré-sal, o que ainda não aconteceu”, admitiu Altamir. Mesmo faltando investimentos diretos para fechar as contas, o técnico disse que não existe risco de financiamento. “O IED não vai cobrir a totalidade do deficit em transações correntes que, em parte, vai ser financiado com empréstimos de médio e longo prazo”, avaliou. Para agosto, a estimativa de defasagem é de US$ 2,5 bilhões e a de investimentos diretos, de US$ 2,2 bilhões.

E eu com isso

A fragilidade nas contas externas brasileiras representa um risco para toda a economia, e para o cidadão, à medida que o país, sem recursos internos suficientes para bancar seu crescimento, torna-se dependente do capital estrangeiro. Quando os recursos de fora são carreados para a produção, não há grandes riscos. Mas se eles ficam aquém do esperado, acaba-se virando presa fácil dos investidores de curto prazo, que não têm qualquer compromisso com o Brasil e só vêm atrás dos ganhos fáceis assegurados pela atraente remuneração assegurada por uma taxa de juros elevada. Todas as crises recentes em solo verde e amarelo foram provocadas pela fuga de dinheiro do país.


Brasileiro viaja mais

Os gastos dos brasileiros com viagens internacionais continuaram em disparara em julho. Com câmbio favorecido e renda crescente, as famílias não param de ir ao exterior. O aumento das despesas com viagens —incluídos os gastos com cartões — é recorde. Segundo dados do Banco Central, em julho, os brasileiros desembolsaram US$ 1,5 bilhão fora do país, o que representa um incremento de 47% em relação às despesas feitas em igual mês do ano passado. Em 2010, o crescimento das despesas foi ainda mais surpreendente: subiu 56%, de US$ 5,5 bilhões para US$ 8,5 bilhões.

Em 12 meses, a situação é bastante parecida. As despesas somaram US$ 13,9 bilhões até julho, com crescimento de 42% em relação aos 12 meses imediatamente anteriores. “É influência direta do fator renda”, avaliou o chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. No outro lado, o das receitas, que representam o gasto dos estrangeiros no país, a situação é inversa. Como a crise econômica persiste na maioria dos países europeus e nos Estados Unidos, os turistas andam gastando menos nas visitas ao Brasil. As receitas em julho último até caíram em relação a julho de 2009.

Nas férias do ano passado, os estrangeiros deixaram US$ 445 milhões no país e, este ano, US$ 438 milhões. Nos sete primeiro meses do ano, as receitas cresceram apenas 12%, passando de US$ 3 bilhões para US$ 3,3 bilhões.

Déficit externo em sete meses supera 2009

Valor Econômico - 24/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/24/deficit-externo-em-sete-meses-supera-2009
Com mais um mês de piora nas contas externas, com recordes negativos para as transações correntes, o país já acumula um déficit nos sete primeiros meses do ano superior a todo o resultado negativo registrado em 2009.
Entre janeiro e julho, o déficit está em US$ 28,261 bilhões, pior dado da série histórica iniciada em 1947 para esse período e superior ao registrado em todo o ano passado, de US$ 24,302 bilhões, de acordo com dados do Banco Central (BC).
Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) , o saldo em transações correntes acumula no ano déficit de 2,51% até julho, superando pela primeira vez a expectativa da própria autoridade monetária, que é de 2,5% ao final deste ano, ou US$ 49 bilhões. Em doze meses, encerrados em julho, o saldo é de 2,24% do PIB, inferior apenas a setembro de 2002, quando foi de 2,57%.
Os números seguem a mesma tendência dos meses anteriores. Há uma clara piora na balança comercial, cujo saldo ficou positivo em US$ 9,235 bilhões no ano, inferior aos US$ 16,820 bilhões do mesmo período do ano passado, trazendo menos divisas ao país. Por outro lado, continuam elevadas as remessas de lucros e dividendos (US$ 16,769 bilhões), os gastos no exterior decorrentes das viagens internacionais (US$ 5,208 bilhões) e também as despesas com aluguel de máquinas e equipamentos (US$ 7,246 bilhões).
O rombo vem sendo financiado pelas aplicações de estrangeiros. A entrada de investimentos externos diretos (IED) líquidos no país somou US$ 2,643 bilhões em julho, resultado superior ao esperado pelo BC, de US$ 2 bilhões, e também acima do total de US$ 1,287 bilhão ingressados no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, houve entrada líquida de US$ 14,701 bilhões, ou 1,31% do PIB.
A prévia de agosto indica que as entradas de recursos se mantêm em alta. Até ontem, o saldo está positivo em US$ 1,7 bilhão, com projeção do próprio BC de fechar o mês com US$ 2,2 bilhões. "Esperávamos aceleração da entrada de recursos para o setor de extração de petróleo, mas está aquém do que imaginávamos", disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC. A rolagem das dívidas, com taxas superiores a 200%, também contribuem para manter as contas externas em ordem.
Como resultado, o balanço de pagamentos do país foi superavitário em US$ 1,845 bilhão em julho, fruto de ingresso de US$ 6,648 bilhões na conta de capital e financeira e déficit de US$ 4,499 bilhões na conta corrente. A conta de erros e omissões (a diferença entre os números apurados que não têm explicação) foi deficitária em US$ 304 milhões. Em julho de 2009, o superávit no balanço foi de US$ 4,672 bilhões.
Na semana passada, até o dia 19, o fluxo cambial se manteve positivo em US$ 988 milhões. Porém, com a atuação da autoridade monetária no mercado à vista, com compras de US$ 2,691 bilhões, também em agosto até o dia 19, os bancos voltaram a elevar suas posições vendidas em câmbio para US$ 11,980 bilhões, ante US$ 10,003 bilhões ao fim de julho.
Conforme o BC, a contratação de câmbio para exportação no período somou US$ 8,233 bilhões, enquanto as remessas para importação somaram US$ 9,886 bilhões, o que resultou em um saldo negativo para o câmbio comercial de US$ 1,653 bilhão. Nas operações financeiras, houve o ingresso de US$ 17,698 bilhões em aplicações contra US$ 15,057 bilhões em saídas para pagamentos no exterior. (FT, colaborou Azelma Rodrigues)

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