segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Na década, 'spread' bancário cai bem menos que juros e engorda os lucros

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/22/na-decada-spread-bancario-cai-bem-menos-que-juros-e-engorda-os-lucros
Autor(es): Agencia o Globo/Regina Alvarez e Patrícia Duarte
O Globo - 22/08/2010

Para empresas, custo alto do capital faz país perder competitividade

BRASÍLIA. A queda substancial nas taxas de juros registrada nos últimos dez anos não foi acompanhada, na mesma proporção, pela redução do spread bancário parcela dos custos relativa aos riscos de cada operação financeira que é embutida nos juros cobrados dos clientes finais. Isso, segundo analistas, sustenta em grande parte a lucratividade dos bancos em um cenário de estabilidade econômica. Em 2000, início da série histórica do Banco Central, os spreads eram de 28,37 pontos, para taxa média de juros de 46,3% ao ano. Em junho de 2010, a taxa havia recuado para 34,6% (queda de 25%), e os spreads, para apenas 23,51 pontos (queda de 17,2%).

Essa combinação de economia estabilizada e forte, com demanda aquecida, crédito farto, juros e spreads altos é perfeita para o setor financeiro, pois garante ganhos elevados com baixo risco de inadimplência avalia um analista do mercado financeiro, que prefere se manter no anonimato.

Nos últimos dez anos, os bancos também ampliaram seu espaço na economia, enquanto a participação do setor produtivo encolheu. Em 2000, segundo a nova série do IBGE, o setor industrial tinha uma participação de 27,7% no PIB e o segmento financeiro dos serviços tinha 6%. Em 2009, a indústria caiu para 25,4% e o setor financeiro subiu para 7,3%.

Na visão do setor industrial, o peso dos juros e dos spreads bancários são responsáveis, em grande parte, pela perda de espaço da indústria na economia, combinado com outros fatores, como a carga tributária elevada o câmbio valorizado e a burocracia.

A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) tem um estudo que compara a competitividade na indústria em 43 países, onde o Brasil se destaca, entre outros aspectos, pelo alto custo do capital.

O custo do capital no Brasil é disparadamente maior afirma o diretor de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Coelho.

O diretor na linha de discurso do setor produtivo é um crítico dos juros e spreads altos, que, na sua visão, tiram competitividade da indústria e engordam os lucros dos bancos: Quanto maior a carga de juros, mais o governo tem que pagar para rolar o gasto. E os bancos ganham dos dois lados.

Coelho apresenta dados que mostram como a indústria nacional compete em condições desiguais com seus concorrentes no exterior, em relação ao custo do capital. Os juros médios no país estavam em 43,3% ao ano, em meados 2009. Já nos países que competem com o Brasil a média era de 13,5% ao ano.

O Brasil tem os maiores spreads do mundo. Por que temos que pagar taxas de risco tão altas se estamos tão bem? pergunta.


O banquinho que cresceu 980% em três anos

Autor(es): David Friedlander e Leandro Modé
O Estado de S. Paulo - 22/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/22/o-banquinho-que-cresceu-980-em-tres-anos

Com ajuda dos fundos de pensão no começo, BVA chama a atenção do mercado

Um banco minúsculo até outro dia, criado no Rio de Janeiro e radicado em São Paulo, está chamando a atenção do mercado financeiro pela segunda vez nos últimos anos. No passado, o nome do BVA apareceu misturado a operações esquisitas de seu então único dono, o banqueiro José Augusto Ferraz Santos. Desta vez, o foco da curiosidade é o crescimento relâmpago da instituição.

Nos últimos três anos, os ativos do BVA cresceram mais de dez vezes: de R$ 361 milhões no começo de 2007 para R$ 3,9 bilhões em junho deste ano. É um desempenho fabuloso por qualquer critério, principalmente num mercado altamente competitivo e num período que engloba uma crise que deixou de joelhos várias instituições de pequeno e médio portes.

A expansão começou com a chegada do executivo Ivo Lodo, que o BVA foi buscar no J. Safra no fim de 2006. Lodo foi contratado como presidente, passou a comprar participações e hoje tem 50% do banco. Desde que assumiu o comando, os resultados melhoraram em todas as linhas do balanço. Os depósitos saíram de pouco menos de R$ 100 milhões para R$ 3,2 bilhões. O número de clientes saltou de 216 para 1.565, crescimento de 625%. O capital total (base necessária para expandir o crédito) saiu de R$ 58 milhões para R$ 330 milhões no mesmo intervalo, uma alta de 460%.

A agressividade do BVA virou assunto entre seus concorrentes e analistas de mercado, que passaram a atribuir o sucesso a um suposto bom trânsito político e acesso a fundos de pensão de empresas estatais, como antecipado semanas atrás pela coluna Direto da Fonte.

No plano político, chegou-se a espalhar que Luiz Gushiken, ex-ministro do governo Lula conhecido pela influência em fundos de pensão, seria "padrinho" do banco. Segundo Lodo, o único Gushiken que frequentou o BVA é Artur, filho do ex-ministro, que foi estagiário do BVA por cerca de um ano. "Uma vez almocei com Gushiken (o pai). Ele queria agradecer. Foi o único encontro com ele." Procurado semanas atrás, o ex-ministro disse que não fala com jornalistas e não quis ouvir as perguntas.

Fundos. A respeito do relacionamento com os fundos de pensão de empresas estatais, Lodo e seus executivos afirmam que eles foram importantes na arrancada do BVA, mas hoje teriam perdido espaço para outros clientes. Os investimentos dessas fundações estão concentrados na Vitória Asset Management, a administradora de recursos de terceiros do banco. Criada em 2007, a Vitória acumula hoje quase R$ 3 bilhões de patrimônio, dos quais R$ 1,2 bilhão está no fundo Florestal.

Trata-se de um projeto cujo foco é o reflorestamento e a produção de eucalipto, que tem quatro sócios em partes iguais: os fundos de pensão Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal), o frigorífico JBS e a MCL Empreendimentos. Para formar a Florestal, a JBS e a MCL entraram com terras e mudas de eucalipto e Petros e Funcef entraram com cerca de R$ 250 milhões cada um. "A Vitória venceu uma disputa com outros sete concorrentes para administrar o projeto", afirma Carlos Rosa, diretor financeiro da Florestal indicado pelos fundos de pensão.

De acordo com o presidente do BVA, além da Florestal, as fundações têm outros R$ 230 milhões aplicados em fundos exclusivos geridos pela Vitória. São R$ 140 milhões da Petros e R$ 90 milhões da Geap (Fundação de Seguridade Social que, segundo definição própria, "oferece aos servidores públicos federais, estaduais e municipais planos e programas de saúde, assistência social e previdência complementar").

Ao todo, portanto, os fundos de pensão teriam hoje cerca de R$ 750 milhões confiados à gestora do BVA, o que representa 25% do patrimônio total. No mercado financeiro, concorrentes com tamanho semelhante ao BVA dizem que é complicado conquistar o direito de administrar um fundo de uma gigante como a Petros - a fundação informa que tem R$ 10,1 bilhões distribuídos em 32 fundos exclusivos, dois deles com o BVA/Vitória Asset. "É tão difícil que eu não tenho nenhum", brinca o presidente de uma gestora de porte semelhante ao da Vitória.

Lodo fica irritado quando ouve esse tipo de desconfiança. "Trabalho como um condenado, aplico tudo que ganho no banco e tenho de passar por isso?" Ele argumenta que, sempre que disputou concorrências para gerir fundos do gênero, contratou pessoas qualificadas.

Ele reconhece que, no início de seu trabalho no BVA, as fundações foram importantes. Mas afirma que, hoje, há opções que rendem mais dinheiro para o banco, como os fundos de investimento em direitos creditórios (os chamados FIDCs).

Além disso, Lodo afirma que bancos que administram muitos recursos de fundos de pensão acabam se acomodando. Com isso, argumenta, ficam vulneráveis às tradicionais mudanças de comando das fundações (sobretudo as ligadas a estatais) em início de governo.

Escândalos. No mercado, afirma-se que as desconfianças em relação ao BVA encontram ressonância, em parte, por causa do envolvimento do fundador do banco, José Augusto Ferraz Santos, em operações problemáticas. Além do banco, ele tem negócios no ramo de energia e de shopping centers, e seria bem relacionado politicamente, principalmente com parlamentares do PMDB.

José Augusto era sócio de uma das empresas que participaram da chamada "máfia do lixo" na prefeitura petista de Santo André (SP), esquema que veio à tona com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. "Ele não era gestor da empresa, mas lucrou com o esquema e foi denunciado por tráfico de influência", afirma o promotor de Justiça de São Paulo Roberto Wider, que investigou o caso.

Num outro escândalo, o das compensações fraudulentas de dívidas com a Receita Federal, José Augusto teve operações recusadas pelo Fisco quando tentava quitar impostos com créditos podres. Procurado na semana passada, ele estava no exterior. Sua advogada, Ilcelene Bottari, foi encarregada de falar por ele.

"No caso de Santo André, já apresentamos a defesa escrita e aguardamos a decisão do juiz", diz ela. "Em relação a compensações tributárias, a Justiça entendeu que meu cliente foi vítima. Ele comprou créditos tributários sem saber que não eram bons. Mas já acertou tudo com a Receita."

Planos. Embora Lodo defenda seu sócio em público, pessoas próximas afirmam que ele reconhece que a sombra de José Augusto pode deixar o banco numa saia-justa.

Ele sabe que, mais do que o bom desempenho no dia a dia dos negócios, o sucesso dos projetos depende da mudança de percepção do mercado em relação ao BVA. E Lodo tem planos ambiciosos para o banco.

Em 30 de junho, o BVA ingressou na Comissão de Valores Mobiliários com um pedido para fazer um fundo de investimento em participações (FIP). Na prática, equivale a uma abertura de capital restrita. Ou seja, o BVA quer ter outros sócios, mas sem participação no controle.

Por isso, quer aumentar sua participação no banco e, além disso, planeja mudar o nome da instituição em breve. "Neste momento, faz sentido. Se eu tivesse feito logo quando assumi, ficaria parecendo que queríamos trocar só a casca", afirma. "Hoje, é legítimo."


O brilho próprio dos times de economia dos bancos

Economia alavanca negócios nos bancos
Autor(es): Angela Bittencourt, de São Paulo
Valor Econômico - 20/08/2010

No Bradesco, Octavio de Barros, à frente de 50 profissionais, responde por 14 publicações e 800 apresentações do seu time por ano
Celebridades no mercado financeiro, os economistas-chefes estão transformando os departamentos econômicos dos maiores bancos brasileiros em ferramentas de negócios. São provedores de informações para dentro e para fora das corporações. No Bradesco, Octavio de Barros, à frente de 50 profissionais, responde por 14 publicações e 800 apresentações do seu time por ano. Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco, comanda 17 pessoas e usa conceitos econômicos para gerenciar a intensa demanda por informações. Alexandre Schwartsman, do Santander, não vê limite para o trabalho da equipe, incumbida da avaliação do país para clientes locais e latino-americanos. 
Viver entrincheirado entre livros traz prestígio. Aplicar conhecimento para garantir satisfação de clientes e liderança de mercado a conglomerados financeiros traz, além de prestígio, reputação, dinheiro e uma nova perspectiva de carreira a profissionais que vêm transformando departamentos econômicos dos maiores bancos privados brasileiros em eficientes ferramentas de negócios. Imbuídos de espírito corporativo, economistas-chefe surpreendem pela vocação gerencial e pela oratória afiada na defesa de investimentos e de equilíbrio orçamentário. Desta vez, nos departamentos
"Não tem 1 centavo do departamento que não seja pago por outra área do banco. As áreas que demandam nossos serviços. O trabalho de cada economista é cronometrado. Inclusive os atendimentos por telefone. Isso é monitoramento gerencial. Aqui, todo mundo tem seu preço em número de horas de palestras por exemplo", explica Octavio de Barros, diretor do departamento econômico do Bradesco, minutos antes de liderar o seu time de 50 profissionais, sendo 22 economistas, que avaliam cenários diariamente na reunião de caixa com a tesouraria do conglomerado.
"Nossa rotina é apertada. Temos que racionar os atendimentos", conta Ilan Goldfajn, economista-chefe do departamento econômico do Itaú Unibanco há cerca de um ano e meio e que tem sob seu comando 17 pessoas -13 economistas e 4 estagiários. "Se atendêssemos a todos os pedidos [de informações e apresentações] precisaríamos de um departamento maior. Então racionamos. E como se raciona dentro de um banco? Colocamos preços. Qualquer banco tem orçamento. Tem relações entre divisões que prestam serviços umas para as outras. No final do ano transfere-se custos e receitas entre uma área e outra, mas até lá está tudo contabilizado", avisa.
Pragmático, Goldfajn promoveu uma inovação no início deste ano. "Aplicamos um conceito de economia. Atribuímos valores [ao departamento] a partir da demanda. Mapeamos todas as áreas que demandam nossa presença física, que nos custa mais do que a presença por telefone, e apresentamos uma planilha com os itens horas, meses, economistas para preenchimento [do solicitante]. Assim, há uma previsão de trabalho homem/hora. E isso é custo. Custo mesmo. Será cobrado. Não é rígido. Mas o atendimento é planejado. Portanto, não é casual. Tem valor. Tem preço".
De manga arregaçada e dono de um currículo de fazer cair o queixo de qualquer acadêmico, Goldfajn simplifica: "O foco do departamento é o cliente. O banco não existe sem o cliente. Ele precisa estar convencido de que está tendo um tratamento diferenciado e saber que está informado pelo departamento econômico que está aqui e não na instituição ao lado. Temos ainda um segundo objetivo. A inserção do Itaú Unibanco e Itaú BBA na sociedade, no debate público. Não podemos fugir disso porque é relevante ter um departamento que se posiciona".
O departamento econômico do Itaú Unibanco tem três grupos de economistas. O primeiro cuida dos clientes externos institucionais, como hedge funds, bancos de investimentos e empresas. O segundo é dedicado às mesas de operações do próprio banco, onde a tesouraria é o grande cliente. O terceiro grupo é provedor de informações para o planejamento estratégico da corporação. Existe ainda a função do especialista que gera conteúdo para os três grupos de economistas. A estrutura comporta três superintendências: Guilherme da Nóbrega responde pelos clientes externos; Pedro Jobim, pela tesouraria; e Tomás Málaga atende a corporação.
Sob a batuta de Goldfajn o departamento produz vasto material destinado a públicos diferentes. "Nem todos os clientes recebem, mas tentamos democratizar", garante o economista-chefe. "Temos dois relatórios principais. O Macro Brasil, sempre pautado pela divulgação de um dado, e o Macro Visão que é pautado por uma ideia, uma análise. O público é uma gama de clientes do banco. Eles têm preferência. E também podem fazer solicitações diferenciadas, por meio do seu contato comercial no banco. Fazemos atendimentos telefônicos e em reuniões no país e no exterior, o que exige realocação de pessoas", explica.
O departamento econômico atende o Itaú Unibanco e o Itaú BBA, onde estão os grandes clientes do segmento de atacado, além de clientes de varejo de forma agregada. Uma vez por mês, o departamento promove uma apresentação para todos os gerentes de varejo e os que lidam com pequenas e médias empresas.
Pessoalmente, Goldfajn escreve e assina a "Carta do economista-chefe", sem data regular de divulgação. "Alguns clientes esperam que eu escreva sobre determinados temas. Além disso, todos os cenários [macroecômicos] têm revisão mensal que eu assino. Também nos editamos bastante no departamento. Todo mundo se lê", conta.
No departamento econômico do Bradesco, fundado por Octavio de Barros há mais de sete anos, é intensa a produção de publicações. São 14, entre regulares ou sem periodicidade definida, cuja editoração é feita por dois especialistas. "A rotina é rigorosa e nenhum documento sai do departamento sem o meu crivo. Nenhum documento", garante Barros, que tem dois economistas-coordenadores: Marcelo Cirne de Toledo e Fernando Honorato Barbosa, além de Fernando Freitas, estatístico-coordenador das pesquisas proprietárias.
Além dos 22 economistas, um estatístico e 7 estagiários, que recebem cerca de 100 convites por dia para palestras internas e externas e realizam 800 apresentações por ano, o departamento conta com cerca de 15 profissionais terceirizados, trabalhando internamente, que tocam a pesquisa proprietária. Eles promovem entrevistas junto a 2300 empresas industriais e 600 empresas comerciais por mês.
"As informações primárias disponíveis no banco nos permitem ter monitoramento de alta frequência sobre a atividade econômica", explica Barros. Ele lembra que o Bradesco está presente em todos os municípios brasileiros, o que gera uma massa extraordinária de informações que viabiliza a construção de um PIB diário para o consumo interno da corporação. "Temos um termômetro diário de atividade econômica que nos dá uma bela noção da atividade. Hoje, os grandes bancos têm amplas condições de fazer isso e alguns já fazem com muita qualidade."
Barros explica que cada economista cobre uma área da economia brasileira ou internacional. Com foco externo, as análises focam os países do G-7, emergentes e commodities. Com foco doméstico, as análises compreendem atividade econômica, inflação, contas externas, contas fiscais, crédito bancário, mercado de capitais e análises setorial e regional, demográfica e sócio-econômica. O horizonte das projeções vai da estimativa diária da evolução do PIB e também de inflação a cerca de 300 variáveis que são projetadas 20 anos à frente.
Além de atender todas as áreas do Bradesco com foco macroeconômico, o departamento também é responsável por cenários de estresse para todos os ativos do banco. Barros, que compartilha a sala de trabalho com diretores responsáveis pelas áreas de tesouraria, câmbio e derivativos , também responde pelas informações que balizam o processo orçamentário de toda a organização.
Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander, é visto por colegas como precursor dessa geração de profissionais que expõe ideias e posiciona publicamente bancos em assuntos de interesse coletivo. Schwartsman, que há mais de dez anos alertava plateias de executivos sobre o impacto das crises da Ásia e da Rússia no Brasil, comanda uma equipe pequena. "Somos, incluindo eu, 5 economistas e 3 estagiários. Produzimos um relatório diário em português e contribuímos para um relatório diário sobre América Latina. Temos um relatório semanal, um macro mensal e colaboramos também com relatórios mensais e trimestrais de América Latina", conta o economista que assina uma publicação de temas do momento. "Não tem frequência definida. Procuro escrever três ou quatro vezes por mês".
Schwartsman não vê limitação para a atividade de sua equipe. "Rodamos o país, fazendo apresentações para empresas e investidores. Pessoalmente, trato com os institucionais. Também fazemos apresentações para o público interno. Nossas projeções servem, por exemplo, como base para pesquisa da divisão de equity research. E as pesquisas da divisão ajudam a refinar nossos cenários".


BNDES: capitalização gerou R$229 bi

Autor(es): Agencia o Globo/Cássia Almeida
O Globo - 20/08/2010


Mantega e Coutinho tentam provar que injeção no banco foi excelente negócio



O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, divulgaram ontem um estudo sobre os efeitos na economia da capitalização do Tesouro ao banco de fomento de R$180 bilhões nos últimos dois anos. De acordo com as contas do banco, consideradas conservadoras por Coutinho, o investimento financiado pelo aporte extra da União injetou na economia mais R$229 bilhões no período e elevou a arrecadação em R$41,9 bilhões.

Segundo o ministro, essa geração de renda significou uma contribuição de três pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) do país em 2009. Sem a contribuição dessa renda adicional, a economia do país em vez de encolher 0,2%, como o IBGE calculou, teria recuado 3,2%. Uma recessão muito mais profunda.

O ministro disse que, para 2010, o impacto da capitalização será de quatro pontos percentuais. Ou seja, mais da metade do crescimento previsto para o ano, em torno de 7%, teriam sido gerados pelo dinheiro do BNDES com recursos do Tesouro:

- Não há dúvida sobre a eficácia dessa medida.

O BNDES empresta recursos para os empresários cobrando TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que atualmente está em 6% ao ano. A Taxa Selic está em 10,75%. Para Coutinho, essas taxas serão iguais em 2018. Para Mantega, essas taxas serão as mesmas antes:

- Sou mais otimista, acredito que isso aconteça entre 2014 e 2015.

Pacote para aumentar empréstimo de longo prazo

O ministério deve anunciar dentro de um mês um conjunto de medidas para incentivar os empréstimos de longo prazo no sistema bancário privado.

- Estamos estudando com o BNDES, o Banco Central, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e a Bovespa um pacote de medidas. Eles precisam aumentar o funding (recursos disponíveis para financiar investimentos), baixar os juros e trabalhar com Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) - disse Mantega.

Ele citou o potencial de crescimento desse instrumento de captação, com os números da Caixa Econômica Federal (CEF), que financiou R$47 bilhões em imóveis em 2009, mas só emitiu R$5 bilhões de certificados. O ministro disse que ainda que está em estudos mexer em tributos e nos compulsórios.

- O sistema privado precisa se libertar de CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e do overnight. Ainda há resquício do período inflacionário. O país mudou e caminha para captar recursos a longo prazo.

Mantega avisou que o BNDES vai ter que buscar outras formas de captar recursos, pois o Tesouro não vai pôr mais dinheiro no banco:

- Fizemos isso num momento de crise internacional, quando o crédito para as empresas secaram no mundo.


A injeção do recursos do Tesouro foi criticado por conter subsídios. Como o Tesouro capta recursos no mercado pagando a Taxa Selic (10,75% ao ano) e o BNDES empresta de 4,5% a 6% ao ano, a diferença é paga pelo Tesouro. Segundo o estudo do BNDES, considerando apenas os recursos que foram para financiar investimentos, o valor emprestado foi de R$144,7 bilhões.

- Como o banco financia 70% do projeto, o valor sobe para R$152, 7 bilhões - afirmou Coutinho.

Esse montante que foi injetado na economia, na forma de construção de máquinas e equipamentos e novas plantas gerando emprego e renda, fez crescer esse bolo para R$229 bilhões:

- Calculamos um efeito multiplicador desses recursos de forma bem conservadora. Com isso, a arrecadação aumentou R$46 bilhões. Somam-se a isso os dividendos pagos pelo banco ao Tesouro e o Imposto de Renda recolhido - disse o presidente do BNDES.






TÍTULOS LONGOS PODERÃO TER IR E COMPULSÓRIO MENORES

TÍTULOS LONGOS PODERÃO TER IR E COMPULSÓRIO MENORES
Valor Econômico - 23/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/23/titulos-longos-poderao-ter-ir-e-compulsorio-menores
Atualmente, os ganhos decorrentes de investimentos financeiros com prazo superior a um ano são taxados com Imposto de Renda em 15%


O governo estuda a adoção de duas medidas para estimular a emissão de papéis de longo prazo, como debêntures e Letras Financeiras (LF): a redução do Imposto de Renda incidente sobre esses títulos e a redução ou eliminação do recolhimento compulsório sobre emissões feitas pelos bancos. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) trabalha junto com entidades do mercado na elaboração de medidas para desenvolver um mercado secundário para títulos privados.
O objetivo do governo é criar condições de os bancos captarem recursos de longo prazo para oferecer crédito com prazos também mais longos. Hoje, o país dispõe praticamente de apenas uma fonte para esse tipo de crédito, o BNDES. Com o desenvolvimento do mercado de capitais, a intenção é desafogar o banco oficial, que em 2009 desembolsou mais de R$ 140 bilhões em empréstimos.
Atualmente, os ganhos decorrentes de investimentos financeiros com prazo superior a um ano são taxados com Imposto de Renda em 15%. O Banco Central, por sua vez, recolhe 15% de compulsório sobre os recursos captados pelos bancos por meio de Letras Financeiras.
As LF foram o primeiro passo dado pelo governo no sentido de estimular o alongamento dos prazos de captação dos bancos. Desde o primeiro lançamento, em 31 de março deste ano, já foram captados R$ 10,3 bilhões por meio desses papéis. Executivos da Associação Nacional de Bancos de Investimento e Mercado Aberto (Anbima) sustentam que a LF já é um sucesso, mas fontes de grandes bancos ouvidas pelo Valor estão pessimistas quanto às próximas emissões.
Uma das razões para o ceticismo está no baixo custo das captações no exterior. O Bradesco, por exemplo, lançou neste mês papel de dez anos, captando US$ 1 bilhão ao custo de 5,95% ao ano. Desde esse lançamento, os juros americanos caíram mais por causa de decisão do Federal Reserve (o banco central americano), o que levou o Banco do Brasil a também estudar uma emissão externa.
A queda dos juros reais e um "racionamento" nos financiamentos do BNDES são premissas para se criar mecanismos de financiamento de longo prazo no país, diz Armínio Fraga, sócio da Gávea Investimentos. "Os juros têm caído, mas precisam cair muito mais, para 3% a 4% ao ano em termos reais", afirma. Em entrevista ao Valor, ele disse que caberá aos fundos de pensão, às seguradoras e aos fundos de previdência complementar, entre outros, a oferta de empréstimos de longo prazo para investimentos, hoje dependentes do BNDES, e que o governo terá de ter papel ativo nessa transição.

BB e Bradesco vão à África com BES

Autor(es): Leandro Modé
O Estado de S. Paulo - 10/08/2010

Parceria de instituições brasileiras com o banco português atende a um pedido de internacionalização feito pelo presidente Lula


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos primeiros a saber que Banco do Brasil (BB), Bradesco e o português Banco Espírito Santo (BES) acertaram uma parceria para atuar na África. Ele recebeu a notícia dos executivos das três instituições ontem de manhã, no 3.º andar da sede do BB em São Paulo, na Avenida Paulista, onde despachava. "Ele abriu um sorriso de orelha a orelha", relatou o presidente do BB, Aldemir Bendine.


A associação dos três bancos atende a um pedido do próprio Lula. Um ano atrás, o presidente defendeu, em reunião do conselho do BB, a internacionalização do banco. Uma das regiões destacadas por ele foi a África. O BES, que é acionista do Bradesco e tem o Bradesco como acionista, procurou o BB no início do ano para propor o negócio.

O negócio, cuja divulgação teve a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o embrião para a atuação conjunta das instituições no continente. Os próprios executivos não souberam dar detalhes sobre o funcionamento prático da associação, como sua composição acionária, o investimento previsto, as receitas potenciais, etc. Segundo eles, tudo isso será definido nos próximos 60 a 90 dias.

O que se sabe, segundo eles, é que a África tem grande potencial, o BES está no continente há 100 anos (portanto, tem experiência de sobra) e a presença será concentrada em cinco nações: Angola, Cabo Verde, Marrocos, Moçambique e África do Sul, com possibilidade de ser ampliada para Líbia e Argélia.

"É uma oportunidade única", justificou o presidente executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. "Vamos procurar ocupar um espaço que outros países gostariam de ocupar." Ele explicou que o foco do banco continua sendo o Brasil. Diferentemente do BB e do Itaú Unibanco, o Bradesco rechaçou nos últimos tempos a ideia de investir pesadamente no exterior.

Mantega destacou o potencial do continente africano, sobretudo no que se refere à produção de matérias primas. "Estamos aproveitando as oportunidades que se apresentam, ocupando um espaço deixando pelos países desenvolvidos."

Na plateia, estavam executivos de empresas que já operam na África, como Camargo Corrêa, Odebrecht, Marfrig e CSN (representada pelo seu presidente, Benjamim Steinbruch).

HSBC negocia compra do controle de instituição africana por US$ 7 bi

Autor(es): Renee Bonorchis, Bloomberg
Valor Econômico - 24/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/24/hsbc-negocia-compra-do-controle-de-instituicao-africana-por-us-7-bi
O HSBC Holdings Plc, maior banco da Europa, negocia a compra do controle do banco sul-africano Nedbank Group Ltd., pertencente ao Old Mutual Plc., avaliado em US$ 7 bilhões. A aquisição lhe permitiria beneficiar-se dos laços comerciais cada vez maiores entre Ásia a África.
O banco pode adquirir até 70% do banco de Johannesburgo por meio de "uma oferta parcial a todos os acionistas do Nedbank Group", segundo informou ontem o Old Mutual, que entrou em negociações exclusivas com o HSBC. O Nedbank Group possui valor de mercado de 71,5 bilhões de rands sul-africanos (US$ 9,8 bilhões).
Em julho, o HSBC havia divulgado interesse em expandir-se na África, já que mais empresas na Ásia, onde o banco britânico obtém metade do lucro, passaram a negociar com o continente. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento econômico de 5% na África neste ano. O Old Mutual, maior seguradora no continente, pretende concentrar as operações nessa área e saldar até 1,5 bilhão de libras esterlinas (US$ 2,33 bilhões) em dívidas.
O valor de mercado do Nedbank é 1,54 vez seu valor patrimonial, razão superior à do HSBC, de 1,35 vez, de acordo com dados da Bloomberg.
Com as negociações exclusivas, o HSBC passa à frente do Standard Chartered Plc como favorito para comprar o controle no Nedbank. O Standard Chartered, de Londres, obtém 75% do lucro na Ásia e também estudava comprar a instituição sul-africana, segundo havia informado uma fonte a par da situação, em maio. Tim Baxter, porta-voz do Standard Chartered, em Londres, não quis comentar o assunto.
O Nedbank, quarto maior banco da África do Sul em valor de mercado, seria a primeira grande aquisição do HSBC desde o início da crise financeira mundial. A instituição, cujas origens datam da década de 1830, atua principalmente em serviços bancários a empresas e possui presença em 33 países africanos, por meio de uma aliança com o Ecobank Transnational Inc., banco listado na Nigéria e Gana.
"A África do Sul, com 30% das exportações destinadas à Ásia e a China agora como seu principal parceiro comercial, tem perspectivas mais brilhantes do que nunca", afirmou Paul Harris, porta-voz do HSBC, em Johannesburgo, ontem. O banco britânico entrou na África do Sul em 1995 e possui cinco agências no país.
O Nedbank Group foi responsável por 12% da receita do Old Mutual em 2009 e foi a unidade com maior lucro depois das operações de seguros.
O Old Mutual usará parte dos recursos da venda para ampliar as operações na África do Sul, de acordo com o executivo-chefe do banco, Julian Roberts, acrescentando que espera ver laços próximos entre o Nedbank e suas operações de seguros.
"É ótimo para o setor bancário local", afirmou o analista Chris Gilmour, que trabalha em Johannesburgo no Absa Investments, em entrevista por e-mail. "O HSBC e o Nedbank terão condições de fortalecer sua entrada no resto da África, especialmente concentrando-se em projetos de desenvolvimento chineses envolvendo bancos e empresas multinacionais."
O Standard Bank Group Ltd., maior banco da África do Sul, vendeu uma participação de 20% no Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) em 2008, dentro dos interesses das duas instituições de crédito para conquistar mais oportunidades de financiamento entre os dois continentes.
Se o HSBC conseguir adquirir o controle do Nedbank, "certamente promoverá esforços concentrados e maciços para mostrar sua força no continente", afirmou Gilmour. "A marca HSBC provavelmente prevalecerá sobre a marca Nedbank", acrescentou.
O HSBC, que possui operações no Egito, Ilhas Maurício e Nigéria, foi assessorado pelo Lazard Ltd. O Old Mutual, também britânico, recebeu assessoria do Lexicon Partners, Rothschild e Bank of America Corp, enquanto Nedbank trabalhou com o Credit Suisse Group AG.
Em 6 de agosto, o Old Mutual anunciou acordo para vender as operações de seguro de vida nos Estados Unidos da Harbinger Capital Partners por US$ 350 milhões, com o objetivo de reduzir suas operações no país e saldar suas dívidas.

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