Autor(es): Fabiana Batista, de São Paulo | |||
Valor Econômico - 26/08/2010 | |||
Apesar da retração das cotações do algodão na bolsa de Nova York, os preços no mercado doméstico continuam subindo fortemente. Ontem, o indicador Cepea/Esalq teve valorização de 2,57% e extrapolou a casa dos 200 centavos de reais, fechando em 205,84 centavos de reais por libra-peso. No mês, a valorização da commodity no mercado interno acumula 26,15%, segundo o mesmo indicador. No início deste ano, o mercado já tinha a visão global de que no mundo a oferta estava muito justa com a demanda. A escassez se agravou com a quebra de safra no Paquistão, que foi afetada por inundações, e no Brasil, que padeceu de falta de chuva na fase de desenvolvimento da planta. As últimas estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) eram de uma produção de 1,1 milhão de toneladas de algodão em pluma na safra 2009/10, cuja colheita está em finalização, ante a previsão inicial de 1,28 milhão de toneladas. Com uma exportação de 300 mil toneladas e um consumo interno de 1 milhão de toneladas, o Brasil deve precisar importar, portanto, pelo menos 200 mil toneladas. Há ainda um problema adicional que é o atraso na colheita e na entrega do algodão às tradings, que está potencializando essa alta de preço no mercado interno. Em Primavera do Leste, uma importante região produtora da commodity em Mato Grosso, os preços estão em franca ascensão. Ontem, fecharam em R$ 63,6 a arroba, alta de 1,9% no dia, e de 24,2% no mês, segundo o Imea/Famato. Curtas - Agronegócios
|
Onde há fogo…
Autor(es): Vinicius Sassine | ||||||||
Correio Braziliense - 26/08/2010 | ||||||||
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/26/onde-ha-fogo | ||||||||
…há doenças respiratórias, desabastecimento de água e até morte de animais. Número de queimadas na época da seca causa uma série de prejuízos e deixa país em alerta. Uma nuvem de fumaça carregada de monóxido de carbono (CO) e de outras partículas poluentes cobre os estados do Pará, de Mato Grosso e de Rondônia. Em Porto Velho (RO), por causa da poluição do ar quase três vezes superior à existente hoje em São Paulo, mais de mil crianças foram atendidas, somente neste mês, com algum problema respiratório pela rede pública de saúde. As reservas de cerrado em Goiás e Tocantins ardem em chamas. Na unidade de conservação mais rica em biodiversidade no país, o Parque Nacional das Emas, em Mineiros (GO), o fogo consumiu 98% da vegetação. No Parque Nacional do Araguaia, que preserva uma área de transição entre cerrado e Amazônia, em Tocantins, quase metade da área já foi transformada em cinzas. Décadas inteiras serão necessárias para a vegetação voltar a florescer. Blecaute no Acre, aeroportos fechados na Região Norte, consumo recorde de energia nas residências, diminuição expressiva dos reservatórios das hidrelétricas, risco de desabastecimento de água: a seca prolongada no país — com consequentes baixa umidade do ar e explosão das queimadas — vem provocando prejuízos constantes à saúde pública, para o meio ambiente e para a economia. Com índices críticos de umidade, focos de incêndio e poluição do ar, estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste são os mais penalizados. A umidade do ar chegou a 12% em Goiânia (GO) ontem, o pior índice dentre as capitais brasileiras. Abaixo de 12%, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera estado de emergência. Em São Paulo, a umidade ficou em 13%. Em outras quatro capitais, o índice foi de 20% ou menos — o que significa estado de alerta. O prolongamento da estiagem fez o número de queimadas atingir o recorde em agosto. São quase 21 mil focos de calor registrados nos primeiros 24 dias do mês pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ou seja, 227% a mais do que no mesmo mês do ano passado. O lançamento de monóxido de carbono na atmosfera por causa da intensificação das queimadas, que se soma a outras partículas poluentes diretamente responsáveis por doenças respiratórias, resulta em superlotação de unidades públicas de saúde, principalmente as especializadas no atendimento à criança. Sem chuvas há mais de 30 dias, com mais de 2 milhões de toneladas de CO² lançados na atmosfera somente neste mês, Rondônia passa por essa situação. “Está muito seco, há fumaça, faz muito calor”, lamenta o diretor clínico do Hospital Infantil Cosme e Damião de Porto Velho, Daniel Pires de Carvalho. A unidade de saúde é administrada pelo governo de Rondônia e presta atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por causa do tempo seco, a proporção de crianças com asma, bronquite, pneumonia e rinite alérgica aumentou de 20% para 30%. Rodízio Dentro de casa, as famílias passaram a gastar mais energia elétrica por causa do calor. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo residencial entre janeiro e julho deste ano é o maior já registrado desde 2001. Na direção contrária, os reservatórios das principais hidrelétricas nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste estão com volume bem menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Na hidrelétrica de Emborcação, o volume útil de água caiu de 78,7% em 2009 para 45,6% no mesmo mês deste ano. Falta água também para o abastecimento das cidades. No interior de Mato Grosso do Sul, se não chover até o fim de setembro, a empresa de saneamento do estado planeja instituir um rodízio no fornecimento de água. “Fica difícil manter o abastecimento. Estamos pedindo para as pessoas economizarem”, diz o gerente comercial da Sanesul, Onofre Assis. No estado vizinho, Mato Grosso, a agricultura sente os efeitos da seca. No ano passado, foram colhidas 80 sacas de milho por hectare. Neste ano, não passou de 68 sacas. A estiagem prolongada prejudica o pasto do gado e o próprio plantio da soja, que deve começar no próximo mês. Um incêndio num assentamento em Sorriso matou 50 cabeças de gado. Plantações de milho também já foram consumidas pelo fogo. O estado é um dos que mais sofrem com queimadas. O fogo rápido no Parque Nacional das Emas, em Goiás, consumiu quase toda a reserva. Da última vez em que houve um incêndio dessa proporção, em 2004, 800 tamanduás-bandeira foram encontrados mortos, quantidade de animais que não foi localizada neste ano. É um indicativo de que as populações de diversas espécies não estão conseguindo se recompor. Os incêndios são mais rápidos e devastadores do que o ciclo da natureza. “Serão anos para o parque se recuperar, um prejuízo incalculável para o cerrado”, afirma o biológo Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça-Pintada, que atua na reserva. Cosan e Shell ampliam escopo para atuação sucroalcooleira global
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário