terça-feira, 3 de agosto de 2010

HSBC dobra o lucro no 1º semestre

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/hsbc-dobra-o-lucro-no-1o-semestre

Autor(es): Jon Menon e Andrew MacAskill, Bloomberg
Valor Econômico - 03/08/2010
 
O HSBC, maior banco da Europa, revelou ontem que seu lucro líquido dobrou no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado, depois que sua unidade americana voltou a ser lucrativa pela primeira vez em três anos e as provisões para perdas com empréstimos caíram 46%. O lucro líquido cresceu para US$ 6,76 bilhões nos seis meses encerrados em 30 de junho, em comparação aos US$ 3,35 bilhões no mesmo período de 2009. O lucro antes dos impostos, de US$ 11,1 bilhões, superou a estimativa média de dez analistas consultados pela "Bloomberg", de US$ 8,8 bilhões. O preço da ação do banco subiu na Bolsa de Valores de Londres ontem.
"O HSBC abriu a safra de balanços de bancos com certo estilo", disse Richard Hunter, diretor de ações da corretora Hargreaves Lansdown Stockbrokers de Londres. "O grande ponto positivo dos resultados são os números referentes às provisões para perdas com empréstimos, que caíram muito significativamente."
No ano passado, o HSBC fechou sua divisão de financiamentos ao consumidor nos Estados Unidos a novos clientes e vendeu ativos para conter os empréstimos ruins, que vinham impedindo a unidade de ser lucrativa desde o primeiro semestre de 2007. O banco separou mais de US$ 61 bilhões em provisões na América do Norte, depois da aquisição, em 2003, do Household International, um banco que operava com empréstimos subprime.
O lucro antes dos impostos na América do Norte foi de US$ 492 milhões, comparado a um prejuízo de US$ 3,7 bilhões no primeiro semestre de 2009, enquanto as despesas com empréstimos ruins recuaram de US$ 8,5 bilhões para US$ 4,6 bilhões. "Estamos nos concentrando na formação de uma base de ativos de alta qualidade para o futuro, e isso está levando as despesas com a deterioração dos empréstimos a recuarem aos menores níveis desde o começo da crise", disse em comunicado o executivo-chefe Michael Geoghegan.
O HSBC é o primeiro banco britânico a anunciar os resultados do primeiro semestre. O BNP Paribas, o maior banco da França, anunciou ontem um crescimento de 31% no lucro líquido do segundo trimestre, para € 2,1 bilhões (US$ 2,7 bilhões de dólares), período em que os empréstimos ruins também diminuíram. O índice Bloomberg Europe Banks and Financial Services, formado por 54 ações, chegou a subir 3,1% ao meio-dia de ontem em Londres, a maior alta em mais de três meses. A ação do HSBC chegou a subir 4,8% para 678 pence, a maior alta desde 29 de abril.
O lucro antes dos empréstimos em Hong Kong e na região do Pacífico Asiático aumentou 30%, para US$ 5,86 bilhões, enquanto na Europa o crescimento foi de 18%, para US$ 3,5 bilhões. O banco teve lucro de US$ 1,17 bilhão em sua divisão de banco de varejo, ante um prejuízo de US$ 1,25 bilhão um ano antes. As provisões totais para perdas com empréstimos caíram de US$ 13,9 bilhões para US$ 7,5 bilhões.
A receita do HSBC com as atividades de banco de investimento foi a segunda melhor de todos os tempos, depois do "desempenho excepcional" do primeiro semestre do ano passado, disse o diretor financeiro do HSBC Douglas Flint em conferência telefônica com jornalistas. O lucro com operações de câmbio caiu, enquanto houve melhor desempenho nos negócios com ações, operações com ativos estruturados e parte das transações com títulos e nos investimentos principais, disse Flint.
Ao contrário dos concorrentes britânicos Royal Bank of Scotland (RBS) e Lloyds BankingGroup, o HSBC não precisou ser socorrido com recursos dos contribuintes durante a crise financeira. Ele capta mais depósitos junto aos clientes do que empresta, o que ajuda sua liquidez.
Geoghegan mudou-se para Hong Kong em fevereiro, deixando o presidente do conselho de administração Stephen Green em Londres, na medida em que o banco passa a se concentrar nos mercados emergentes e pretende fazer uma oferta pública inicial de ações em Xangai no ano que vem. O crescimento da economia mundial deverá continuar limitado por causa do "crescimento anêmico" dos países desenvolvidos, disse ontem Geoghegan no comunicado. Ele observou que está "otimista" com as economias emergentes.
O HSBC disse que a tributação extraordinária de 50% imposta pelo governo britânico sobre as bonificações concedidas a executivos custou cerca de US$ 91 milhões ao banco. O governo impôs a cobrança de um imposto sobre bonificações de mais de 25.000 libras (US$ 38.000) sobre os pagamentos concedidos entre 9 de dezembro de 2009 e 5 de abril deste ano. Lloyds, Northern Rock, Standard Chartered, Barclays e RBS anunciam seus resultados esta semana.

Juros menores elevam pressão por novos negócios

Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/juros-menores-elevam-pressao-por-novos-negocios
 
De cada dez negócios na área de consumo que mudaram de mão nos últimos meses, seis eram companhias de origem americana. Outras duas companhias eram empresas europeias. Segundo o levantamento da Ernst& Young a respeito das movimentações nesse segmento, esse índice elevado é consequência do barateamento dos ativos (reflexo das turbulências econômicas nessas regiões) e da necessidade de capital novo das empresas.
Além disso, o levantamento reforça a busca das companhias de mercados maduros por negócios em fase de expansão nos países emergentes. "Companhias com expansão moderada precisam buscar logo um rápido crescimento em mercados emergentes, onde há uma população com mais jovens, existe uma classe média em crescimento e há um maior apetite e valorização pelas marcas", informa relatório da empresa intitulado "A confiança do consumidor está voltando".
O aumento no número de aquisições reflete também uma perda do interesse das companhias em aplicar seus recursos no mercado financeiro, que perdeu parte de seu atrativo com a redução nas taxas de juros em alguns mercados com a crise europeia. "As altas taxas de juros cederam e existe uma maior pressão nas corporações para que se fechem novos negócios. Isso ocorre em detrimento de uma acumulação maior de caixa", informa em relatório o chefe da área de transações da Ernst & Young, David Murray.
A busca por escala cada vez maior, que reduz o peso nos custos de produção, ainda é outro fator de peso nessa corrida por novos ativos. Na avaliação da empresa de auditoria, os custos de fabricação devem continuar a subir pelo menos pelos próximos 24 meses.

Dados econômicos e balanços impulsionam mercados globais

Autor(es): Dave Shellock, Financial Times
Valor Econômico - 03/08/2010
 
A confiança voltou com força aos mercados financeiros ontem. Os fortes lucros de empresas - especialmente bancos europeus - e dados de produção melhores do que as previsões em ambos os lados do Atlântico levaram as bolsas de valores em todo o mundo à maior alta em 11 semanas e o barril de petróleo para acima de US$ 81 dólares o barril pela primeira vez desde maio.
O índice do Instituto de Gestão de Suprimentos (IGS) nos EUA baixou de 56,2 em junho para 55,5 em julho, numa queda menor do que a esperada pelos economistas. Isso marcou a décima segunda leitura sucessiva acima do crucial nível 50, sinalizando expansão. Mas foi também um terceiro mês consecutivo de crescimento mais lento.
 
Foto Destaque
James Knightley, economista do ING, comentou que a pesquisa detectou uma melhoria no emprego, mas disse que os componentes cruciais do relatório - dados de produção e novos pedidos - sugerem que o ímpeto de crescimento americano está se esvaindo.
"Com a confiança do consumidor em níveis baixos, existe um risco de que a demanda possa continuar caindo, produzindo novos declínios nesses índices", disse ele. "Consequentemente, os dados permanecem consistentes com a nossa opinião que os EUA experimentarão um crescimento mais fraco no segundo semestre de 2010."
No mercado de câmbio, essas preocupações com o crescimento, ajudaram a levar o dólar (ponderado por volumes de comércio) para um mínimo em três meses e permitiu que o euro ultrapassasse US$ 1,32 pela primeira vez desde maio. Isso aconteceu depois que os dados de produção da indústria de transformação mostraram sinais de uma recuperação. A leitura final do índice dos gerentes de compras na região melhorou para 56,7 em julho, de um mínimo de 55,6 em quatro meses.
Howard Archer, economista-chefe para o Reino Unido e Europa na SEU Global Insight, disse que o relatório aumentou as esperanças de que o crescimento na zona do euro possa se sustentar, no terceiro trimestre, após uma provável melhora acentuada no segundo trimestre. Ele advertiu, no entanto, que os fabricantes da região poderão encontrar cada vez mais dificuldades para, nos próximos meses, sustentar seu notável desempenho. "As correções de estoques podem estar chegando ao fim em alguns países, o crescimento mundial parece estar desacelerando e a demanda interna provavelmente ficará limitada em alguns países da zona euro devido ao gradual aperto de política fiscal", disse ele.
Jane Foley, do Forex.com, destacou o valor de leitura de 61,2 para o índice de gerentes de compras alemão. "Ficou cada vez mais difícil ignorar o vigor da recuperação alemã e será interessante ver a reação do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, a esse fato nesta semana, na reunião de política monetária de agosto", disse ela.
Foley reconheceu haver pouca chance de o BCE aumentar as taxas de juro antes de meados de 2011, mas disse: "Há, atualmente, um contraste entre a política de normalização em curso no BCE e a decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) de deixar a porta aberta para um afrouxamento monetário ainda maior. Embora as perspectivas de médio prazo para o euro ainda estejam soldadas pela possibilidade de que a Grécia possa ser obrigada a reestruturar sua dívida, há a possibilidade de que o euro possa ser pressionado para cima no curto prazo".
Em sua grande maioria, os investidores pareciam dispostos a desprezar grande parte dos indícios de que a atividade industrial na China está esfriando, em parte por causa das expectativas de que um crescimento mais fraco poderia manter frouxa a política monetária chinesa.
Os dados trouxeram poucos temores para os investidores nas bolsas asiáticas, pois o índice Shanghai Composite subiu 1,3% para um pico de 2,5% em dois meses, e a bolsa de Hong Kong atingiu um pico em três meses. Tóquio subiu 0,4%.
O ressurgimento do otimismo quanto a uma recuperação mundial ajudou a impulsionar uma ampla alta nos preços das commodities industriais. O petróleo subiu mais de US$ 2 por barril, sendo negociado acima de US$ 81 e o cobre registrou um novo pico em três meses, embora o ouro tenha recuado após um avanço inicial.
Títulos de governos recuaram, à medida que os investidores migraram para as bolsas, embora a divida soberana de países periféricos da zona do euro tenham se beneficiado das perspectivas mais róseas para os bancos europeus.
O rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro americano subiram 3 pontos-base, para 2,94%, ao passo que os correspondentes "bunds" alemães desde 10 anos também ganharam 3 pontos-base, para 2,7%. O diferencial entre os bunds e os títulos espanhóis de 10 anos estreitou 8 pontos-base, para 146 pontos-base.

Julho foi marcado pela recuperação dos ativos. E agora?

Autor(es): Rodrigo Menon
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/julho-foi-marcado-pela-recuperacao-dos-ativos-e-agora
Após três meses de queda das bolsas mundiais, julho caracterizou-se pelo mês da recuperação dos ativos. O Ibovespa subiu 10,80%, Dow Jones, 8%, Paris (CAC), 5,82%, Londres (FTSE), 6,94%, e China, 9,97%. Quais foram os catalisadores para essa mudança no humor dos investidores?
A redução da aversão ao risco ocorreu em virtude de alguns fatores. Inicialmente, o governo chinês, após adotar medidas de política monetária e fiscal restritivas durante todo o 1 º semestre, declarou que vai retomar os incentivos para manter o crescimento robusto da economia. A mensagem foi clara: a inflação está controlada, não há risco iminente de superaquecimento e, com isso, o governo chinês sente-se confortável para retomar sua política de incentivo. O efeito nos mercados foi imediato: as commodities subiram muito, puxando os papéis das mineradoras e siderúrgicas.
Outro ponto importante é a situação na Europa. Apesar da grande necessidade do bloco de financiamento externo, algumas boas notícias foram essenciais para a recuperação do euro frente ao dólar. Os testes de stress dos bancos (nos quais apenas sete bancos foram reprovados) trouxeram um alívio momentâneo para os investidores.
Em consequência desses bons resultados, o Banco Central Europeu afrouxou ligeiramente os limites para tomada de risco dos bancos (Índice de Basiléia), fato que deve aumentar a tomada de risco e cessão de crédito dessas instituições, fator essencial para impulsionar a recuperação da economia europeia. A chave desse processo de ajuste fiscal na Europa continua sendo o equilíbrio entre o corte nos gastos sem que haja uma recessão ou queda vigorosa do crescimento econômico.
Já nos EUA, os indicadores econômicos divulgados no mês continuaram apresentando resultados bem abaixo do esperado, mostrando que não há uma certeza sobre a recuperação da economia americana. Na última semana de julho, o PIB do 2º trimestre foi divulgado, mostrando crescimento de 2,4% (o esperado pelos analistas era de alta de 2,6%). O dado negativo do PIB americano foi o crescimento do consumo pessoal, que era esperado em 2,4% e realizou 1,6%. Esses dados referentes ao consumo são muito importantes, já que 70% do PIB dos EUA é proveniente do consumo dos americanos. Esse aspecto deve ser monitorado nos próximos meses e tende a trazer uma sinalização mais clara da recuperação da economia americana.
Por outro lado, os resultados corporativos foram os grandes responsáveis por minimizar os receios com a economia americana e alimentar as esperanças quanto a uma recuperação mais robusta. Cerca de 40% das empresas listadas no S&P divulgaram os resultados e aproximadamente 80% delas surpreenderam positivamente o mercado.
No tocante à economia interna, as expectativas continuam excelentes para o Brasil. As estimativas para o crescimento do PIB em 2010 giram em torno de 7,2% e para 2011 em 4,5%. O desemprego atingiu 7%. O aumento da renda da população é evidente. Somado a isso, o impulso na cessão de crédito também evolui de forma sustentável (dado a queda de alguns indicadores de inadimplência dos bancos), assim como o crescimento da produção industrial (em julho houve recorde na venda de automóveis). Esses fatores ratificam a posição de destaque do Brasil, que, apesar de continuar dependente do bom desempenho das commodities, tem no mercado interno (com maior potencial de renda e crédito) um combustível para a continuidade do crescimento no médio prazo. Evidentemente, as tão faladas reformas fiscais, tributárias e o investimento em infraestrutura serão fundamentais para que o país aproveite esse momento e efetive um crescimento sustentável ao longo dos próximos anos.
O mês de agosto pode ratificar essa recuperação no preço dos ativos, mas alguns dados precisam ser monitorados, principalmente os indicadores referentes à economia americana. Apesar dos resultados corporativos acima do esperado, a difícil recuperação do mercado de trabalho e a queda no consumo preocupam e podem provocar realizações e o aumento da volatilidade. Caso esses indicadores americanos fiquem dentro das expectativas, poderemos ver um Índice Bovespa de volta aos 70 mil pontos. Essas próximas semanas serão essenciais para verificar se o mercado se recuperou de forma consistente ou se foi apenas um suspiro!

DESACELERAÇÃO GLOBAL NA INDÚSTRIA

INDÚSTRIA GLOBAL PERDE FÔLEGO E RETOMADA FICARÁ MAIS LENTA
Autor(es): Sudeep Reddy, The Wall Street Journal
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/desaceleracao-global-na-industria
O crescimento da atividade industrial desacelerou em várias das maiores economias do mundo em julho, reforçando a preocupação com o vigor da recuperação no segundo semestre. Embora o setor manufatureiro ainda esteja se expandindo em várias regiões, o ritmo mais fraco indica que as fábricas não serão o motor do crescimento como foram no começo do ano.

Nos Estados Unidos, o índice da atividade industrial do Instituto de Gestão de Suprimento (ISM, na sigla em inglês) caiu para 55,5, ante 56,2 no mês anterior. A atividade industrial se fortaleceu na Europa, puxada pela Alemanha, mas caiu na França, Holanda, Irlanda e Áustria. O crescimento desacelerou em boa parte da Ásia. A China teve a primeira contração desde que a recuperação começou no início de 2009, o que indica que a retomada nas regiões que mais 

O crescimento da atividade industrial desacelerou em várias das maiores economias do mundo em julho, reforçando a preocupação com o vigor da recuperação no segundo semestre.

Embora o setor manufatureiro ainda esteja se expandindo em várias regiões, o ritmo mais fraco indica que as fábricas não serão o forte motor do crescimento como foram no começo do ano.

Nos EUA, o índice da atividade industrial do Instituto de Gestão de Suprimento (ISM, na sigla em inglês) caiu para 55,5, ante 56,2 no mês anterior. Dados acima de 50 indicam expansão do setor.

A atividade industrial se fortaleceu na Europa, puxada pela Alemanha, enquanto o crescimento desacelerou em boa parte da Ásia.

No começo do ano, a pesquisa do ISM com os gerentes de compras dos EUA mostrou que 17 entre 18 setores estavam se expandindo. Esse número caiu para 10 em julho. Quatro setores (produtos minerais não metálicos, móveis, alimentos e máquinas) apresentaram contração no mês.

O relatório também mostrou quedas bruscas das novas encomendas, um parâmetro importante de demanda futura, e de produção. Os dados mais fracos sugerem que a indústria deve crescer mais lentamente nos próximos meses.

"Não existem muitos fatores de estímulo para a indústria no segundo semestre", disse Norbert Ore, presidente do comitê de pesquisa do ISM. "Tudo indica que veremos crescimento, mas que ele vai ser lento e fraco."

A atividade industrial na zona do euro melhorou em julho, subindo de 55,6 para 56,7, em grande parte por causa do forte crescimento na Alemanha. O índice do setor industrial caiu na França, Holanda, Irlanda e Áustria, à medida que o crescimento desacelerou. A Grécia foi o único país a ver queda absoluta na produção.

"Esta é claramente uma recuparação desnivelada, e as variações nacionais no desempenho da indústria podem causar divergências semelhantes no consumo das famílias via mercado de trabalho, cujos desequilíbrios vão piorar", disse Chris Williamson, economista-chefe da Markit, que faz a pesquisa para o índice com cerca de 3.000 fabricantes europeus.

O crescimento dos novos pedidos para exportação desacelerou para o menor ritmo desde janeiro, o que sugere que a aceleração no total de novos negócios em julho foi alimentada pelo mercado doméstico, afirmou a Markit.

Na Ásia, a atividade industrial em boa parte do continente também esfriou. A China teve sua primeira contração desde que a recuperação começou, no início de 2009, o que indica que a retomada nas regiões que mais crescem no mundo está perdendo fôlego. O índice de gerentes de compras da indústria na China caiu para 49,4 em julho, contra 50,4 em junho. Foi o quarto mês seguido de baixa.

Uma outra medida, a oficial, da atividade industrial na China, divulgada no domingo, sugere um desaquecimento mais modesto. O índice, do Escritório Nacional de Estatísticas e da Federação de Logística e Compra da China, caiu de 52,1 em junho para 51,2 em julho, a terceira baixa consecutiva e o ritmo mais lento nos 17 meses em que o índice está acima de 50.

A Índia não acompanhou a tendência, subindo ligeiramente pelo 16º mês seguido. Mas a queda nos índices da indústria em outros países, da Coreia do Sul a Taiwan, ressalta como o esforço do governo chinês para conter o boom imobiliário afetou o resto da Ásia, cujos setores de exportação vêm sendo puxados pela demanda chinesa.

Os produtores globais ainda têm como sustentar o contínuo crescimento, apesar do fraco consumo das famílias. Os lucros altos nos últimos meses deram às empresas dinheiro para investir na produção no resto do ano.

As indústrias também parecem ter mantido o poder de fixar os preços, apesar do temor de deflação. O índice de preços americanos do ISM subiu ligeiramente, de 57 em junho para 57,5 em julho. "Como os preços se mantiveram, as indústrias podem continuar a desfrutar de lucros razoáveis", diz Ore.

A fabricante americana de caminhões especiais Oshkosh anunciou ontem um aumento significativo no lucro no último trimestre, com aumento da margem bruta de 14,5% para quase 20%, devido ao volume de vendas mais alto e custos mais baixos de materiais. A empresa informou que o segmento de defesa teve um bom resultado, com as vendas subindo graças à demanda por caminhões blindados pelo Exército americano.

Robert Bohn, presidente da Oshkosh (que também faz caminhões de bombeiro e de lixo), espera um aumento na demanda por suas outras linhas de produtos devido à "recuperação econômica gradual" no início de 2011, mesmo que a receita militar caia.

Já o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos em construção subiram 0,1% em junho, em relação a junho, para a taxa anualizada dessazonalizada de US$ 836 bilhões, em boa parte devido a projetos do setor público. Esse gasto havia caído 1% em maio. Os setores residencial e comercial seguem fracos. O gasto com construção fora do governo caiu 0,6%.

Dados da economia dos EUA puxam preço do barril

Autor(es): Vanessa Dezem, de São Paulo
Valor Econômico - 03/08/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/8/3/dados-da-economia-dos-eua-puxam-preco-do-barril

Impulsionados pelos dados de produção industrial, os preços internacionais do petróleo fecharam em alta ontem. As cotações da commodity atingiram os maiores patamares em cerca de três meses.

Em Nova York, o barril do WTI para entrega em setembro fechou a 
US$ 81,34, com alta de US$ 2,39, enquanto o vencimento de outubro terminou valendo US$ 81,76, com avanço no dia de US$ 2,37. Em Londres, o Brent para setembro ganhou US$ 2,64, para US$ 80,82, e o contrato de outubro foi cotado a US$ 81,04, com valorização de US$ 2,56.

O mercado foi sustentado por dois elementos principais, explicou Jason Schenker, da Prestige Economics: a fragilidade do dólar e os temores sobre eventuais interrupções da produção no Golfo do México com a aproximação de uma tempestade tropical.

Os investidores receberam bem os dados da indústria de transformação dos Estados Unidos, que desacelerou o ritmo de crescimento no mês passado, mas veio melhor do que as expectativas. O indicador que mede o desempenho dessa atividade saiu de 56,2 pontos em junho para 55,5 em julho, de acordo com a pesquisa do Institute for Supply Management (ISM). Qualquer leitura acima de 50 significa expansão.

Na zona do euro, a notícia também foi positiva. A atividade do setor manufatureiro da região alcançou em julho o maior patamar dos últimos três, aponta levantamento da empresa de pesquisas Markit Economics. O Índice dos Gerentes de Compra 
(PMI, na sigla em inglês) subiu de 55,6 pontos em junho para 56,7 em julho, com a alta sendo puxada pela Alemanha.

Por outro lado, limitou os ganhos as palavras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, que destacou que os Estados Unidos estão se recuperando, mas ainda enfrentam entraves como o alto desemprego e um fraco mercado imobiliário.


A crise da classe média americana
Autor(es): Luiz Gonzaga Belluzzo
Valor Econômico - 03/08/2010


O jornal "Financial Times" publicou, no fim de semana, uma extensa reportagem sobre a crise da classe média americana. A matéria de Edward Luce, chefe da sucursal do FT em Washington, relata as agruras da família de Mark Freeman, ameaçado de perder a casa por inadimplemento de três prestações e obrigado a pagar mais caro pelo plano de saúde. Esses percalços familiares acontecem em meio à deterioração da vizinhança, devastada por residências abandonadas, pela invasão de traficantes e pela constância de tiroteios entre bandos criminosos. A família Freeman, mãe e pai, faturam US$ 70 mil por ano, uma renda 30% superior à média das famílias americanas.
Edward Luce adverte que a crise da classe média americana não é fruto da Grande Recessão, iniciada em 2007, mas é um fenômeno de longo prazo. Desde 1973 até 2010, o rendimento de 90% das famílias americanas cresceu apenas 10% em termos reais, enquanto os ganhos dos situados na faixa dos super-ricos - a turma do 1% superior - triplicou. Pior ainda: a cada ciclo a recuperação do emprego é mais lenta e, portanto, maior é a pressão sobre os rendimentos dos assalariados. Até meados dos anos 70, é bom relembrar, o crescimento econômico foi acompanhado do aumento dos salários reais, da redução das diferenças entre os rendimentos do capital e do trabalho e de uma maior igualdade dentro da escala de salários. Em artigo publicado na revista "Science & Society" de julho de 2010, o economista Edward Wolff sustenta que a evolução miserável dos rendimentos das famílias americanas de classe média foi determinado pelo desempenho ainda mais deplorável dos salários. Entre 1973 e 2007 os salários reais por hora de trabalho caíram 4,4%, enquanto no período 1947-1973 o salário horário cresceu 75%. A despeito da queda dos salários, durante algum tempo, a renda familiar foi sustentada pelo ingresso das mulheres casadas na força de trabalho. Entre 1970 e 1988 elas aumentaram sua participação de 41% para 57%. A partir de 1989, no entanto, o ritmo caiu vertigiosamente.
Nos anos 90, americanos e europeus travaram uma acirrada disputa em torno das qualidades dos seus "modelos" de economia e de sociedade. Os americanos, apoiados por um incrível aparato de propaganda, divulgam as maravilhas do "american way": estavam crescendo mais rápido do que seus competidores e criando muito mais empregos. Enquanto os europeus amargam taxas de desemprego que chegam a 12%, calculada sobre a população em idade de trabalhar, Tio Sam podia orgulhosamente exibir ao mundo apenas 5% de desocupados. O desempenho ianque foi, de fato, impressionante, se avaliado pelos modestos padrões das duas últimas décadas. No entanto, se essas façanhas fossem comparadas com os anos gloriosos do imediato pós guerra - as décadas dos 50 e dos 60 - o sucesso de ontem seria o fracasso de anteontem.
Em seu livro "A Consciência de um Liberal", Paul Krugman apelidou o período que vai dos anos 30 ao início da década dos 50 de "A Grande Compressão". A despeito da precariedade dos dados, as estimativas de Simon Kuznetz ajudaram Krugman a concluir que a "grande compressão" envolveu não só o crescimento mais rápido dos rendimentos das categorias sociais situadas na base da pirâmide, como decorreu também do "empobrecimento" das camadas superiores. Esses dois movimentos foram sustentados por três forças, na opinião de Krugman: de baixo para cima, a sindicalização incentivada por Roosevelt impulsionou a elevação dos salários reais e, ao mesmo tempo, o Social Security Act de 1935 passou a proteger os mais débeis "dos sérios problemas criados pela insegurança econômica na sociedade industrial"; de cima para baixo, a brutal elevação da carga tributária e o caráter progressivo dos impostos surrupiaram a renda dos mais ricos; finalmente, a baixa intensidade da concorrência externa permitiu às empresas americanas abiscoitar os lucros proporcionados pela sustentação da demanda interna.
A arquitetura capitalista desenhada nos anos 30 sobreviveu no pós-guerra e, durante um bom tempo, ensejou a convivência entre estabilidade monetária, crescimento rápido e ampliação do consumo dos assalariados e dos direitos sociais. Entre 1947 e 1973, na era do Big Government, como a denominou o economista keynesiano Hyman Minsky, o rendimento real da família americana típica praticamente dobrou. O sonho durou trinta anos e, no clima da Guerra Fria, as classes trabalhadoras gozaram de uma prosperidade sem precedentes.
Nessa época de vacas magras para o emprego e para os rendimentos, os lucros foram gordos para os especuladores financeiros e para as empresas empenhadas no outsourcing e na "deslocalização" das atividades para as regiões de salários "competitivos". Robert Kuttner escreveu no New York Times que Obama e seus economistas salvaram Wall Street da derrocada financeira, mas não responderam às preocupações manifestadas nas pesquisa de opinião pelos americanos atormentados, em sua maioria, pelas perspectivas de um crescimento pífio do emprego e dos salários. O superconservadorismo do Tea Party se apropria de uma parte do descontentamento popular, faz muito barulho, mas não consegue oferecer aos cidadãos americanos soluções críveis para atenuar as desgraças da anomia social e da destruição dos nexos básicos da sociabilidade, inclusive os familiares.

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