Valor Econômico - 29/12/2011 |
Esquecidos durante anos por conta do fortalecimento do real, os fundos cambiais, que procuram acompanhar a variação do dólar, voltaram a brilhar, principalmente no segundo semestre. A crise de dívida soberana na Europa fez com que a aversão ao risco dos investidores aumentasse e, com isso, a demanda por dólar e ouro. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos cambiais acumulavam no ano, até o dia 23, rentabilidade média de 14,44% - superior à alta de 11,39% do dólar no mesmo período. Mesmo com o forte investimento direto dos estrangeiros no Brasil, o dólar se valorizou em relação ao real por conta do aumento da aversão ao risco, diz Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos da SulAmérica Investimentos. Os números mostram que o saldo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no país no acumulado de janeiro a novembro soma US$ 60,1 bilhões, quase o dobro dos US$ 33,1 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado. A taxação de 1% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aquisição, venda ou vencimento de derivativos cambiais que resultem no aumento da exposição vendida (apostando na baixa) das instituições financeiras também surtiu efeito, lembra Mello. Apesar de a grande maioria dos economistas acreditar que o dólar deverá continuar se fortalecendo em 2012, ninguém se arrisca a indicá-lo como investimento. "Não vejo no horizonte uma valorização do dólar que consiga bater o retorno do CDI", afirma Jayme Carvalho, estrategista e economista do private banking do Santander. Para o fim do ano que vem, a estimativa da instituição é do dólar a R$ 1,90 - alta de 1,60% ante o fechamento de ontem, a R$ 1,87. Nem mesmo quem mantém uma projeção mais alta para a moeda americana no fim de 2012 se arrisca a recomendar o dólar como investimento. José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, por exemplo, estima o dólar a R$ 2,05 no fim do ano que vem, já que acredita que a aversão ao risco continuará fortalecendo a moeda americana por mais alguns meses. "Mas não acho que o investimento em dólar seja interessante, pois é uma aposta de alto risco", diz. Lima Gonçalves lembra ainda que os Estados Unidos podem realizar uma terceira rodada do chamado "Quantitative Easing" - mecanismo pelo qual o banco central compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia. E, se isso realmente ocorrer, com mais dólares circulando na economia, a tendência é de queda da moeda americana. (LM) |
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Após anos na berlinda, fundos cambiais voltam a brilhar em 2011
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