domingo, 18 de dezembro de 2011

O Butantan desafia o cartel das vacinas

São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2011Opinião
Opinião

ISAIAS RAW

Sem confiança de que podem controlar o Butantan, tentam comprá-lo; para as empresas, o ideal é o país voltar a ser um enorme mercado para vacinas
A empresa Sanofi propôs ao governador de São Paulo a compra da divisão bioindustrial do Instituto Butantan. O Brasil está sendo loteado: um grande volume de vacinas de Biomanguinhos é importada a granel de uma multinacional; a Funed (Fundação Ezequiel Dias), que nunca produziu vacinas, passará a envasar a vacina contra meningite C de outra multinacional, que se propõe a construir a sua "fábrica" na região Nordeste, oferecendo cem empregos!
Voluntários são recrutados no Brasil para testar as vacinas, anunciadas como brasileiras, que serão produzidas no exterior. Querem que voltemos a ser o consumidor de vacinas importadas. Não basta o uso das patentes para bloquear a produção, como mostrou o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite em artigo neste espaço ("Patentes, pirataria e servilismo", 7/11) e a venda do produto a granel.
É preciso liquidar o Butantan, porque nós ousamos desenvolver novas vacinas e a tecnologia para sua produção! Voltaríamos a ser mais um enorme mercado, num país sem desenvolvimento.
Aceitaremos ser colônia? Cinco empresas fornecem 80% das vacinas para o mundo! Durante a ameaça da pandemia da influenza AH1, aproveitando o pânico criado, as empresas venderam para os países médios e pobres vacinas por preços entre seis e sete euros.
Para atender o Ministério da Saúde, fomos obrigados a importar, usando um contrato provisório, 40 milhões de doses da vacina AH1.
Em 2011, como a pandemia não matou mais do que a influenza sazonal, passaram a oferecer a mesma vacina (com mais dois sorotipos) por 0,60 euro!
Desenvolvemos um adjuvante e uma vacina mais eficaz, aumentando a capacidade de produção anual, com os mesmos ovos, de 20 milhões para 150 milhões de doses, atendendo até o ano de 2013 toda a demanda nacional.
Cometemos o "pecado" de desenvolver uma nova vacina de tétano-difteria-pertussis, mais eficaz e segura, por R$ 0,30, contra a vacina que as multinacionais copiaram do Japão e que custa 50 vezes mais -vacina esta que a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde, pelo custo e eficácia, não recomendam.
Com o adjuvante, aumentaremos a produção das vacinas de hepatite B, raiva humana e leishmaniose canina (que evita a vacinação de crianças). Com o surfactante pulmonar, apoiado pela Brasil Foods, evitaremos 30 mil mortes de bebês por ano, minutos após o parto. A vacina contra dengue já foi produzida no Butantan e poderá ser fornecida ao ministério por cerca de R$ 2. Tentam bloquear o ensaio clínico, que começa em poucos meses.
Demonstramos o óbvio: quem não desenvolve e produz é uma subsidiária da "matriz"! Sem confiança de que podem controlar o Butantan, tentam comprá-lo.


Instituto Butantan avança em vacina contra BPV

Autor(es): Por Gerson Freitas Jr. | De São Paulo
Valor Econômico - 19/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/19/instituto-butantan-avanca-em-vacina-contra-bpv
 

O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Saúde de São Paulo, afirma estar próximo de lançar uma vacina inédita contra a Papilomatose Bovina, doença causada ao rebanho pelo BPV - vírus da mesma família do Papilomavirus Humano (HPV), um dos principais causadores do câncer de colo do útero nas mulheres.
Segundo o instituto, o produto mostrou-se eficaz em testes de campo. Durante 300 dias, 15 animais foram isolados e receberam uma dose da vacina, com "resposta imunológica significativa, quando comparados ao grupo de controle".
Rita de Cássia Stocco, diretora do laboratório de genética da instituição, explica que o problema ainda é pouco compreendido pelos criadores, não oferece risco à saúde humana, mas pode causar sérios prejuízos econômicos. "A doença provoca lesões em todo o corpo do animal, além de estar associada a tumores na bexiga e no esôfago, que podem levar à morte", explica a pesquisadora. As perdas mais expressivas, diz, são observadas nas fazendas leiteiras. No úbere, as feridas impossibilitam a ordenha e podem provocar uma queda de até 60% na produtividade. As verrugas também comprometem a qualidade do couro.
A pesquisadora diz que a presença do vírus pode ser detectada em 70% do rebanho. "Cerca de metade dos animais infectados desenvolve sintomas, que em muitos casos regridem naturalmente, mas também podem ressurgir". A transmissão acontece por meio do contato físico e do uso de objetos compartilhados, como seringas.
O Instituto Butantan estuda a doença desde 1988 e investiu cerca de R$ 3 milhões no desenvolvimento da vacina. Rita afirma que serão necessários mais três a cinco anos até que o produto esteja disponível para a comercialização. A próxima etapa compreende os testes de durabilidade da vacina. "Precisamos garantir não só que o produto seja bom, mas que tenha uma duração adequada e seja financeiramente acessível ao criador", afirma a pesquisadora.

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