sábado, 24 de dezembro de 2011

EUA lideram ranking de IED no Brasil


Autor(es): Por Murilo Rodrigues Alves | De Brasília
Valor Econômico - 16/12/2011
 

Os Estados Unidos assumiram o topo do ranking dos países que mais fazem investimentos diretos (IED) no Brasil. Foram apurados US$ 169,505 bilhões no fim do ano passado, segundo dados preliminares do Censo 2011 de Capitais Estrangeiros no país divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Em seguida, aparecem Espanha, de onde vieram US$ 85,295 bilhões, e Bélgica, cujo volume foi de US$ 50,374 bilhões no mesmo período.
Para fazer a lista, a autoridade monetária criou um critério novo que leva em conta a cadeia de controle da empresa não residente investidora imediata. Ou seja, entra nos cálculos não mais o país de onde saíram os recursos, mas aquele que controla as empresas investidoras.
"Essa informação permite conhecer a origem primária dos recursos investidos, minimizando a distorção que a canalização de investimentos por paraísos fiscais e centros financeiros internacionais gera nas estatísticas bilaterais", afirma o BC.
No novo critério de distribuição por país do investidor final, em vez de distribuidor imediato, foram realocados, segundo o BC, US$ 166,7 bilhões de Holanda, Luxemburgo e Ilhas Cayman para Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, China, Canadá, Portugal, Austrália, França, Japão e Suíça.
No novo ranking, Estados Unidos saíram do segundo lugar e desbancaram a Holanda, que passou à décima posição. O próprio Brasil é o quarto país por critério de investidor final, com estoque de US$ 47,841 bilhões no fim de 2010. De acordo com o BC, o fato se explica porque empresas brasileiras têm participação no capital de grupos não residentes que investem no país.
O censo mostrou ainda que o estoque de Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil era de US$ 660,5 bilhões no fim do ano passado, o equivalente a 30,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Do total de IED apurado, US$ 579,6 bilhões ou 27% do PIB correspondiam a participações diretas no capital de empresas. O restante, US$ 80,9 bilhões, estava investido na forma de empréstimos intercompanhia, ou seja, créditos concedidos por multinacionais a suas subsidiárias ou filiais no país.
O montante aplicado em participações societárias aumentou 256% em relação ao valor levantado no censo de 2006, com data base em dezembro de 2005. Não se sabe qual a variação no caso dos empréstimos intercompanhia, pois esse é o primeiro censo que apura estoque de investimentos nessa modalidade.
Os valores anunciados para 2010 são diferentes das estimativas de posição internacional de investimentos divulgadas pelo BC na nota mensal do setor externo. No caso do IED, a participação no capital, o número do censo é 53,6% maior. A autoridade monetária explica que isso deve-se basicamente ao critério de valoração dos investimentos, que passou de valor histórico para valor de mercado, atendendo ao padrão internacional.
No caso dos empréstimos intercompanhia., o saldo divulgado é 15% inferior ao antes estimado, basicamente em função de diferenças metodológicas, especialmente a não inclusão de créditos de filiais de empresas brasileiras no exterior às suas matrizes no país.
O setor de comércio e serviços é o que detém a maior fatia do estoque de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil, aponta o censo divulgado hoje pelo Banco Central. Dos US$ 660,507 bilhões apurados com base na situação de dezembro do ano passado, cerca de 43,3% (US$ 286,282 bilhões) referem-se a empresas dedicadas a essas atividades. A indústria responde por aproximadamente 39,8% (US$ 262,849 bilhões) e o setor primário, que inclui agricultura, pecuária e extração mineral, por 16,9% (US$ 111,376 bilhões).
Os números foram levantados com base em declarações feitas por 13.662 empresas durante o mês de outubro e início de novembro. Abrindo cada setor por atividade da empresa receptora do capital, a que mais concentra investimentos diretos é a de serviços financeiras e atividades auxiliares, nos quais se incluem os bancos. Só aí, estavam investidos, no fim de 2010, US$ 99,516 bilhões.

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