segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Real se torna a segunda moeda em derivativos


O Estado de S. Paulo - 12/12/2011
 


O real supera o euro no mercado de derivativos de câmbio e passa a ser a segunda moeda mais comercializada do mundo nessas operações. Os dados são do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que alerta que a decisão do governo brasileiro de impor uma taxa de 1% sobre as transações fez as operações desabarem e afetou o mercado mundial de derivativos.
Nas semanas que se seguiram à quebra do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, empresas brasileiras revelaram prejuízos importantes por conta da aposta em derivativos cambiais "exóticos", o que chegou a fazer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusá-las de "gananciosas" e de estarem promovendo um "cassino".
Mas, no primeiro semestre do ano, o mercado de derivativos voltou a subir pela primeira vez desde a crise de 2008. A alta foi de18%, chegando a contratos no valor de US$ 708 trilhões e já superando o recorde daquele ano.
Os contratos de CDS (credit default swaps, derivativo de crédito) não reverteram as quedas dos últimos dois anos, voltam a subir e atingem US$ 32 trilhões. Mas ainda estão distantes do pico de 2007, com US$ 58 trilhões.
No caso dos contratos de câmbio, o BIS aponta que o volume do mercado futuro aumentou em 9% ao fim do primeiro semestre, totalizando US$ 10,6 trilhões, com lucro de US$ 700 bilhões.
Mas os contratos abertos de câmbio desabaram depois que o governo brasileiro introduziu um imposto de 1% sobre certos derivativos. No Brasil, a queda foi de 44%, com lucros em baixa de 6%. O BIS admite que o mercado futuro relacionado ao real é "surpreendentemente grande" em relação ao setor de derivativos. "Isso faz o real ser a segunda moeda mais importante no mercado internacional de derivativos de moeda em termos de interesses abertos, superado pelo dólar, mas acima do euro", diz o BIS em seu relatório.
Diante do peso do real no mercado, a medida adotada pelo governo de impor uma taxa teve repercussões internacionais. Mesmo que o número de contratos em outras moedas tenha aumentado em 6%, a queda do real fez com que o mercado de câmbio caísse 17% no geral.
O imposto brasileiro ainda teve outra consequência: na Bolsa de Chicago, as operações em relação ao real explodiram, tentando escapar da taxa do governo. A alta foi de 68% entre julho e setembro, atingindo US$ 5,5 bilhões. Mas o valor é apenas uma fração comparado aos US$ 1,5 trilhão negociados no Brasil. /J.C.

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