domingo, 18 de dezembro de 2011

Vulcabras fecha fábricas; cortes podem chegar a 3,3 mil trabalhadores

O Globo - 17/12/2011
 

Empresa diz que precisa reduzir custos para fazer concorrer com importados. Procuradores do Trabalho investigaram cortes
FÁBRICA DE Itapetinga, onde 1.500 empregados já haviam sido demitidos em novembro: corte de custos
Juscelino Souza*
VITÓRIA DA CONQUISTA (BA). O presidente da Vulcabras/Azaléia, Milton Cardoso, anunciou ontem o fechamento das filiais dos municípios de Potiraguá, Itarantim, Maiquinique, Ibicuí, Iguaí e Itati, que deve culminar com a demissão de 1.800 empregados. Há pouco mais de um mês o grupo já havia demitido 1.500 empregados na matriz da empresa, no município de Itapetinga, sudoeste baiano, a 560 quilômetros de Salvador. Por meio de "fato relevante" divulgado aos investidores ontem, a empresa comunicou que as demais filiais baianas, num total de 12, serão mantidas e que os operários das fábricas que foram fechadas podem se transferir para a matriz ou para outras unidades.
Se os operários não aceitarem a transferência para outras unidades, as demissões entre novembro e dezembro poderão chegar a 3.300. O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou procedimento para apurar as razões das 1.500 demissões em Itapetinga, ocorridas antes mesmo de uma audiência pública marcada para ontem com representantes da fábrica e sindicalistas.
Sindicato: medida pegou trabalhadores de surpresa
A matriz baiana da maior fabricante de artigos esportivos da América Latina e maior empregadora do setor no continente, com 40 mil empregados, mantinha 18 mil colaboradores, distribuídos na sede e em 18 unidades, inclusive as que foram fechadas. A assessoria de comunicação da empresa disse que o volume global de demitidos informado não está consolidado, pois alguns dos operários desligados poderão aceitar a proposta de transferência para outras unidades baianas.
No "fato relevante", a empresa afirma que "a decisão foi tomada com base em um estudo para reduzir gastos para que a companhia recupere as condições para fazer frente à concorrência no mercado interno, especialmente com os produtos importados".
A direção da empresa disse que ofereceu aos colaboradores a possibilidade de transferência para as demais unidades fabris da companhia que continuarão em atividade, nos municípios de Itapetinga, Itambé, Macarani, Firmino Alves, Itaiá, Itororó e Caatiba e nos distritos de Bandeira do Colônia e Rio do Meio. Segundo Sidney Mendes, secretário-geral do Sindicato de Verdade, o anúncio do fechamento surpreendeu toda a região pelo fato de a empresa ter aceitado participar da audiência para debater as demissões anteriores.
- Por enquanto, não sabemos informar se os companheiros que trabalharam nas unidades fechadas querem mudar de cidade, mas é provável que poucos aceitem ficar longe da família - avaliou Mendes.
Empresa dará transporte a quem aceitar transferência
Em nota, Cardoso diz que vai garantir transporte diariamente para as localidades:
"Aos que não optarem pela transferência, concederemos uma gratificação financeira de dois salários mínimos, além do pagamento de todas as verbas rescisórias", disse.
Cardoso afirmou ainda que a necessidade de reestruturação da empresa se deve a "razões de ordem econômica":
"Investimos, nos últimos quatro anos, R$207 milhões nas fábricas da Bahia, sendo grande parte em segurança do trabalho. Vale ressaltar que esta decisão não tem relação com a abertura da unidade fabril na Índia, que ainda está sendo viabilizada." Quando o projeto na Índia foi anunciado, temia-se que houvesse demissão por aqui.
O presidente da Vulcabras/Azaléia disse que a empresa se vê confrontada por um baixo volume de produção, elevados custos logísticos e concorrência de calçados importados:
"As seis filiais têm baixo volume de produção, o que não permite ganhos de escala para melhorar a competitividade", disse Cardoso na nota, acrescentando que as filiais estão distantes da matriz, o que, segundo ele, "onera os custos com manutenção de máquinas e equipamentos".
(*) Da agência A Tarde

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