segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2011New York Times
New York Times

Filipinas viram nova capital dos "call centers"
Infraestrutura, segurança e inglês atraem empresas
POR VIKAS BAJAJ
MANILA - Uma revolução silenciosa está remodelando a atividade dos "call centers": a ascensão das Filipinas. Ex-colônia americana, o país tem uma grande população de jovens que falam inglês e adotaram o modo de vida e a cultura americana.
Empresas como a AT&T e JPMorgan Chase já montaram ou contrataram "call centers" por aqui. EUA, Europa e, em menor medida, a Índia exportaram empregos para as Filipinas.
A Índia, pioneira no fenômeno da migração dos "call centers", tem até 350 mil atendentes, segundo algumas estimativas do setor. As Filipinas, com apenas 10% da população indiana, superaram a Índia neste ano, com 400 mil atendentes.
Isso reflete em parte a maturação do processo de terceirização, e também uma certa preferência pelo inglês americano. Nos primórdios, o setor buscava países com grandes populações anglófonas e mão de obra barata, o que levou principalmente à Índia.
Mas os executivos vêm cada vez mais identificando lugares que sejam adequados a tarefas específicas. A Índia, por exemplo, continua sendo o principal destino para a terceirização do software.
Os atendentes filipinos de "call centers" geralmente ganham mais que seus colegas indianos (salário inicial de US$ 300, em vez de US$ 250), mas executivos dizem que eles valem o custo adicional, pois os clientes americanos acham mais fácil entender o inglês dos filipinos que o dos indianos, que usam a vertente britânica da língua.
Nos EUA, atendentes de telemarketing ganham um salário inicial em torno de US$ 20 mil por ano, quase US$ 2 mil por mês.
Os filipinos aprendem inglês americano no primeiro ano da escola, comem hambúrguer e acompanham o basquete dos EUA. Na Índia, as escolas públicas introduzem o inglês britânico no terceiro ano, só a elite come fast-food americano e o críquete é o esporte nacional.
As Filipinas têm "a hospitalidade atenciosa e a atitude de cuidado e compaixão tipicamente orientais, misturadas com o que eu chamo de americanização", disse Aparup Sengupta, presidente da Aegis Global, agência de terceirização com sede em Mumbai (Índia), que em 2008 adquiriu a People Support, de Manila. Ela emprega quase 13 mil filipinos.
O negócio dos "call centers" cresce 25% a 30% por ano nas Filipinas, contra 10% a 15% na Índia, segundo o Everest Group, que monitora esse mercado.
Empresas americanas como IBM, Accenture e Convergys, junto com firmas indianas como Aegis, Infosys e Tech Mahindra, empregam milhares de pessoas nos "call centers" filipinos.
As Filipinas têm uma infraestrutura superior a da Índia, suas cidades são mais seguras e seu transporte público é melhor.
No ano passado, o faturamento com a terceirização totalizou US$ 9 bilhões, ou 4,5% do PIB filipino. Dez anos antes, esse setor praticamente não existia. O governo oferece subsídios e isenções fiscais às empresas.
A Índia ainda fatura cerca de dez vezes mais que as Filipinas com a terceirização. Tão cedo isso não deve mudar, já que, dos 1,2 bilhão de indianos, 31% têm pelo menos 14 anos de idade. (As Filipinas têm 93 milhões de habitantes, sendo cerca de 35% maiores de 14 anos.)
Mas executivos preveem que as Filipinas manterão seu rápido crescimento e avançarão para serviços mais qualificados, como a contabilidade. A exemplo do que ocorre na Índia, porém, as empresas enfrentam aumento nos custos, inflação doméstica elevada e escassez de mão de obra qualificada.
Nos últimos dois anos, o peso filipino se valorizou quase 10% frente ao dólar, chegando a 42,14 pesos por dólar, antes de uma recente queda.
Se a cotação chegar a 35 pesos por dólar, muitos "call centers" não sobreviverão, disse Narasimha Murthy, presidente da subsidiária americana da HGS, empresa indiana de terceirização.
Muitos empregados dos "call centers" filipinos são como Mark, 26, que atende ligações de suporte tecnológico para uma empresa dos EUA. Ele ganha 26 mil pesos (US$ 600) por mês. (A renda familiar média nas Filipinas é de 17 mil pesos.)
Mark, que não quis revelar o sobrenome, disse que foi demitido em outro "call center" após duas semanas de trabalho porque os clientes se queixavam de não entendê-lo. "Depois de um ano", contou, "fui capaz de falar com um sotaque que eles queriam escutar".
Neha Thirani contribuiu com reportagem de Mumbai, Índia

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