sábado, 24 de dezembro de 2011

BC estimula grandes bancos a comprar carteira de pequenos

Autor(es): Mônica Izaguirre | De Brasília
Valor Econômico - 23/12/2011

O Banco Central (BC) decidiu prorrogar indefinidamente os atuais estímulos e ainda induzir os grandes bancos a melhorarem a liquidez das instituições financeiras menores, via aquisição de carteiras de crédito, depósitos interfinanceiros e, partir de agora, também por meio da compra de letras financeiras. Para tanto, deixará de remunerar 36% dos recolhimentos compulsórios sobre depósitos a prazo captados pelas instituições, o mesmo percentual que elas podem destinar a essas três finalidades.
Anunciada na noite de ontem, a medida será implementada em duas etapas até o dia 27 de abril de 2012 e tem potencial para elevar em cerca de R$ 30 bilhões o volume de recursos aplicado pelas grandes instituições em bancos menores, a partir dos estímulos criados na crise de 2008/2009.
Hoje, 100% dos recursos que ficam recolhidos no BC a título de compulsório sobre captações a prazo são remunerados pela Selic. Em 24 de fevereiro, esse percentual cairá para 73% e, em 27 de abril, para 64%.
Para resolver o problema de liquidez sofrido pelos pequenos, na crise financeira que se seguiu à quebra do Lehman Brothers, a autoridade monetária permitiu que até 36% do valor exigido em recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo fosse destinado à compra de carteiras e à depósitos financeiros de instituições com patrimônio de referência de até R$ 2,5 bilhões - limite que agora cai para R$ 2,2 bilhões. O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, informa que, em tese, essa regra permitiria usar atualmente perto de R$ 61 bilhões. Mas somente R$ 31 bilhões estão efetivamente aplicados dessa maneira pelos bancos grandes.
A medida anunciada acaba com o prazo para utilização do mecanismo de estímulo adotado na crise, que terminaria no fim deste ano. Não há mais prazo limite para compra de carteira nem para aquisição de letras financeiras com recursos do compulsório. Somente os depósitos interfinanceiros não poderão mais ser feitos como modo alternativo de cumprir a exigibilidade sobre recursos a prazo, mesmo assim depois de 29 de junho de 2012.
Aldo Mendes afirma que, diferentemente do que ocorreu em 2008 e 2009, hoje não há bancos com dificuldade de liquidez. O objetivo agora, diz, é estimular as operações de crédito dos bancos pequenos, aumentando o "funding" de longo prazo.
Com a medida anunciada na quinta-feira, as grandes instituições terão de escolher entre deixar o dinheiro parado no Banco Central sem um centavo de juro ou ganhar comprando carteiras de crédito ou aplicando em letras financeiras, modalidade que não estava prevista na regra anterior de estímulo.
"Essa é uma medida que otimiza a liquidez do sistema financeiro", diz Aldo Mendes, explicando que enquanto os grandes bancos são "eminentemente captadores", os pequenos são "eminentemente aplicadores" em operações de crédito.

Banco Central reduz compulsório e libera R$29 bi no sistema financeiro

Autor(es): Flávia Barbosa e Gabriela Valente
O Globo - 23/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/23/banco-central-reduz-compulsorio-e-libera-r-29-bi-no-sistema-financeiro
 

Medida visa a estimular grandes bancos a investirem em pequenas instituições
BRASÍLIA. Em meio à turbulência global, o Banco Central (BC) decidiu reduzir a parcela dos compulsórios sobre depósitos a prazo remunerada pela Taxa Selic, dos atuais 100% para 73% em fevereiro e 64% em abril. A medida visa a incentivar os grandes bancos a injetarem dinheiro nos de pequeno e médio portes em vez de deixá-lo parado no BC. Isso pode liberar R$29 bilhões no sistema financeiro, a partir da compra de carteiras, Certificados de Depósito Interbancário (CDIs) e Letras Financeiras (LFs).
O BC ainda criou mecanismos para que as instituições prefiram as aplicações de longo prazo. A possibilidade de uso do compulsório na compra de carteiras e CDIs foi instituída no fim de 2008, início da crise financeira. Terminaria agora e está se tornando permanente no caso da aquisição de carteiras.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, não foi detectado estrangulamento do fluxo de recursos: a intenção é tornar mais eficiente a distribuição de liquidez. Mas exportadores e empresários têm reclamado que, com recente o agravamento da crise global, cresceu a aversão a risco das instituições médias, dificultando o acesso ao crédito.
- Não é uma preocupação com empoçamento de liquidez, os fluxos estão normais. A medida é para otimizar o que não está sendo utilizado hoje no mercado - disse Mendes.
Atualmente, os bancos recolhem 20% dos depósitos ao BC, sendo remunerados pela Selic. Há a opção de aplicar 36% desses recursos na compra de carteiras de crédito ou CDIs em instituições com patrimônio de referência (PR) de até R$2,5 bilhões - reduzido a R$2,2 bilhões.
Outra alteração foi a parcela dos depósitos a prazo sujeita a remuneração pelo BC. A partir de 24 de fevereiro, em vez de 100% serão apenas 73%. Em 27 de abril, cai a 64%. Ou seja: 36% dos compulsórios ficarão parados sem remuneração.
- Com as regras atuais, poderiam estar aplicados R$60 bilhões em carteiras e DIs, mas apenas R$31 bilhões o estão. Há um potencial de R$29 bilhões não aplicados, porque são remunerados. No momento que o BC deixar de remunerar esses recursos, estará dando um incentivo - disse Mendes.
Se o BC atingir seu objetivo, poderão sobrar mais recursos para os bancos emprestarem a empresas e famílias.
Superávit no ano do Governo Central é de R$91,1 bi
Com os investimentos represados na maior parte de 2011, o governo já cumpriu 99% da meta de superávit primário para o ano. De janeiro a novembro, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e BC) economizou para pagamento dos juros da dívida pública R$91,1 bilhões, ou 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta no ano é de R$91,7 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que os desembolsos foram prejudicados pela "faxina" da presidente Dilma Rousseff após denúncias de corrupção e por ser início de governo. Para ele, 2012 será o momento do investimento.

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