quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

3ª onda chinesa focará bens de consumo

São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2011Mercado
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Para Magnus Montan, do HSBC na China, investidor asiático vai se concentrar no mercado consumidor brasileiro
As duas primeiras ondas foram de exploração de recursos naturais e manufatura de bens de capital
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO
Diante da crise na Europa e da desaceleração nos Estados Unidos, uma terceira onda de empresas chinesas se prepara para entrar com força no Brasil, de olho no mercado doméstico do país.
Essa é a previsão de Magnus Montan, chefe de Negócios Internacionais do banco HSBC na China e grande conhecedor das relações entre o Brasil e o gigante asiático.
Na primeira onda, vieram empresas focadas em extração de recursos naturais; depois, as voltadas para manufatura de bens de capital. Agora, começam a se expandir as empresas de manufatura de bens de consumo, como eletrodomésticos.
Abaixo, trechos da entrevista com Montan e Anderson Au, chefe da área de multinacionais chinesas na América Latina do HSBC.
Folha - Qual é o perfil das empresas chinesas que estão vindo agora para o Brasil?
Magnus Montan - A primeira geração de empresas chinesas que vieram estava comprando matérias-primas; a seguinte era de companhias querendo vender para o mercado doméstico brasileiro.
Dentre elas, houve uma primeira onda de empresas de manufatura de bens de capital, como a XCMG e Sany, de máquinas pesadas.
A terceira onda é de empresas que fabricam bens de consumo, como eletrodomésticos. Estamos aqui com um grupo de oito empresas, a metade está atrás de recursos naturais, a outra metade mira o mercado consumidor brasileiro. Entre elas, está uma empresa de linha branca.
São empresas cujas marcas não são conhecidas fora da China. A mesma coisa aconteceu com o Japão e a Coreia 30 anos atrás.
Das chinesas, a Gree, de ar condicionado, já está aqui, e a Haier está associada à H-Buster. Marcas que não são conhecidas no Brasil adquiriram marcas locais: como a Midea, que comprou 51% da Carrier América Latina.
Qual é o impacto da crise na Europa e da desaceleração nos EUA, tradicionais mercados da China, sobre os negócios chineses com o Brasil?
Empresas chinesas vão fazer mais negócios com países em desenvolvimento, em particular o Brasil, porque elas estão subindo na cadeia de valor, procurando novos mercados para montar a distribuição e a venda de seus produtos.
E, por causa do que está ocorrendo na Europa e nos EUA, está mudando o per-
fil de saída das empresas
chinesas.
O Brasil é uma economia que cresce muito, com grande mercado consumidor. Então, os chineses querem estar aqui, seja para vender equipamentos de telecomunicações ou transportes.
Mesmo assim, Europa e EUA ainda têm grandes mercados domésticos. E, embora os emergentes tenham ganho destaque, os chineses buscam também adquirir tecnologias e marcas -como na compra da IBM pela Lenovo e da Volvo pela Geely.
As montadoras chinesas protestaram contra o aumento do IPI sobre carros e as exigências de nacionalização. Na China, ainda existem muitas regras de conteúdo nacional mínimo?
Anderson Au - Na China, existe não apenas exigência de conteúdo nacional mas também se proíbe que estrangeiros sejam proprietários em alguns setores. Montadoras, por exemplo, precisam ter sócio chinês. Mas em muitos setores a China eliminou as restrições e exigências.

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