Projeto GEO GLAM está em fase final de elaboração e vai criar uma base de dados sobre a produção agrícola mundial: onde estão os cultivos, o que está sendo plantado e a previsão de colheita. No ano em que o planeta alcançou a marca dos 7 bilhões de habitantes, a preocupação com os estoques de alimentos e preço das commodities agrícolas virou prioridade para o G20(grupo das 20 maiores economias). "A transparência nos mercados agrícolas e a segurança alimentar estão no centro das prioridades da presidência francesa", afirma o bloco.
Para monitorar as safras e melhorar a informação sobre a oferta de alimentos em escala global, o G20 vai contar com imagens de satélite. O projeto chamado de GEO GLAM está em fase final de elaboração e vai criar uma base única de dados sobre a produção agrícola mundial: onde estão os cultivos, o que está sendo plantado e a previsão de colheita.
A iniciativa tem participação brasileira. "Estamos trabalhando para criar um sistema comum, para que todos os países possam acessar informação de forma mais transparente. Vamos aumentar a qualidade da informação sobre produção agrícola usando as imagens de satélite", explicou João Soares, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Atualmente, Soares é consultor no Grupo de Observação da Terra (GEO, na sigla em inglês), que coordena o projeto criado pelo G20.
ACESSO CLARO, INFORMAÇÃO LIMPA
Os cultivos de soja, milho, trigo e arroz, commodities agrícolas de alto consumo e impacto no mercado internacional, estão no centro do GEO GLAM. "Seu objetivo é fortalecer a informação e a transparência nos mercados agrícolas e, assim, dar uma base mais sólida para as expectativas dos governos e dos operadores econômicos, num contexto de alta volatilidade nos preços dos alimentos", justifica o Ministério francês da Agricultura.
Segundo informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o preço das commodities agrícolas subiu, em média, 60% nos últimos anos. O Brasil, por um lado, lucrou com esse cenário: o país é um dos maiores exportadores de grãos do mundo e, em 2012, deve superar os norte-americanos como maior exportador de soja.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação(FAO) ressalta a importância da clareza dos dados. "A instabilidade do mercado é exacerbada pela falta de informação precisa sobre a situação de abastecimento internacional e demanda", respondeu por email à DW Brasil Ekaterina Krivonos, responsável pelo Escritório Regional para América Latina e Caribe na área de Comércio e Marketing da FAO.
Soares, que trabalha no projeto há 11 meses, diz que o Brasil tem exemplo a dar no que diz respeito ao acesso livre de informações: "O Brasil foi pioneiro na liberação das imagens por satélite. Isso está fazendo escola na comunidade internacional. Depois de nós, os EUA também resolveram abrir os dados do satélite Landsat, assim como a agência espacial europeia". Qualquer pessoa pode, por exemplo, acessar as imagens que o Inpe colhe sobre o desmatamento na Amazônia.
OBSERVAÇÃO DO ESPAÇO
Alguns países do G20 já monitoram a produção agrícola global por conta própria, mas os dados nem sempre são disponibilizados de forma clara. A China, por exemplo, usa imagens de satélites para observar as 26 nações responsáveis por 80% da produção agrícola mundial. Os Estados Unidos mantêm um programa semelhante, assim como a União Europeia (UE). A FAO tem um sistema voltado a países com risco de fome.
O GEO GLAM vai usar imagens de satélites que estão em órbita, operados por países como Japão, Índia e Estados Unidos, além de outros que ainda serão lançados, como o CBERS-3, que passa a funcionar em 2012, numa parceria do Brasil com a China.
O GEO GLAM é uma das iniciativas adotadas pelo G20 para tentar controlar a volatilidade de preços dos produtos agrícolas. A outra é o Sistema de Informação sobre Mercados Agrícolas (AMIS) que vai reunir, além da produção, dados sobre estoques e consumo. Além do Brasil, participam do projeto a FAO, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) e outros onze países.
"Não se espera que o monitoramento global da agricultura, um dia, possa deixar de existir. Porque a questão de alimentos vai ficar cada vez mais importante. Imaginando-se que a população mundial vá passar de 7 bilhões para 9 bilhões em 40 anos, será preciso dobrar a produção de alimentos", comentou Soares.
FONTE
5. Jornal da Ciência (JC E-Mail)
==============================Edição 4399 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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Brasil terá nova política espacial com participação privada para estimular a produção de satélites
A nova política estará na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que a presidenta Dilma Rousseff lançará ainda este mês.
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) já acertaram o modelo da nova política espacial que visa a estimular a produção nacional de satélites e o domínio de tecnologias consideradas críticas pelo governo para o desenvolvimento de satélites de comunicações, de observação espacial e de meteorologia. A nova política estará na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que a presidenta Dilma Rousseff lançará ainda este mês.
A proposta ainda inclui a criação do Conselho Nacional de Política Espacial, vinculado à Presidência da República, e um novo do modelo de governança para projetos de satélite. A ideia é replicar a forma de gestão do programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) - em que um comitê diretor (no caso, composto pelo MCTI, Ministério da Defesa, Ministério das Comunicações e Telebras) aprova planos, orçamentos, cronogramas para a construção do equipamento e é o responsável final pela operação do sistema.
O SGB, criado para atender a demandas militares, e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) serão construídos em parceria entre a Telebras e a Embraer. No começo do mês passado, as duas empresas assinaram um memorando de entendimento para constituição de sociedade (com participação de 51% da Embraer e 49% da Telebras).
"A escolha da Embraer como parceira da empresa que ficará responsável pela construção do satélite vai permitir a formação de um consórcio maior de empresas dispostas a investir em um projeto que é caro e demanda recursos intensivos", afirmou Marco Antonio Raupp, presidente da AEB, em audiência pública na semana passada na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) no Senado Federal.
O desenho de governança do projeto da SGB esvaziou as participações do Instituto Nacional de Políticas Espaciais (Inpe) e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) na antiga política espacial e criou um arranjo institucional, com a participação da iniciativa privada, o que pode, segundo Raupp, dar mais agilidade à indústria nacional.
"Isso é um corolário da nossa política de incrementar o número de projetos e passar esses projetos para as empresas, não ficar nas mãos exclusivas dos institutos de governo. Por que esses institutos de governo estão sob o regime legal que atrapalha demais a condução de um projeto industrial. Não é o universo legal adequado para a execução de um projeto. É o óbvio ululante, mas tem que dizer", defendeu o presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, em entrevista à Agência Brasil após a audiência.
A preocupação do presidente da agência é "criar carga para a indústria para que ela tenha condições de investir em capacitação". A falta de continuidade das encomendas do programa espacial brasileiro é apontada por especialistas como um dos entraves para o estabelecimento, no Brasil, de uma indústria no setor.
Membro da CCT, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu a parceria público-privada entre a Telebras e a Embraer. "É uma parceria importante. Cabe ao governo brasileiro um controle maior para que esse investimento possa ser feito e que a gente possa ter domínio sobre a operação, a destinação e o uso do satélite."
(Agência Brasil)
A nova política estará na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que a presidenta Dilma Rousseff lançará ainda este mês.
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) já acertaram o modelo da nova política espacial que visa a estimular a produção nacional de satélites e o domínio de tecnologias consideradas críticas pelo governo para o desenvolvimento de satélites de comunicações, de observação espacial e de meteorologia. A nova política estará na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que a presidenta Dilma Rousseff lançará ainda este mês.
A proposta ainda inclui a criação do Conselho Nacional de Política Espacial, vinculado à Presidência da República, e um novo do modelo de governança para projetos de satélite. A ideia é replicar a forma de gestão do programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) - em que um comitê diretor (no caso, composto pelo MCTI, Ministério da Defesa, Ministério das Comunicações e Telebras) aprova planos, orçamentos, cronogramas para a construção do equipamento e é o responsável final pela operação do sistema.
O SGB, criado para atender a demandas militares, e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) serão construídos em parceria entre a Telebras e a Embraer. No começo do mês passado, as duas empresas assinaram um memorando de entendimento para constituição de sociedade (com participação de 51% da Embraer e 49% da Telebras).
"A escolha da Embraer como parceira da empresa que ficará responsável pela construção do satélite vai permitir a formação de um consórcio maior de empresas dispostas a investir em um projeto que é caro e demanda recursos intensivos", afirmou Marco Antonio Raupp, presidente da AEB, em audiência pública na semana passada na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) no Senado Federal.
O desenho de governança do projeto da SGB esvaziou as participações do Instituto Nacional de Políticas Espaciais (Inpe) e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) na antiga política espacial e criou um arranjo institucional, com a participação da iniciativa privada, o que pode, segundo Raupp, dar mais agilidade à indústria nacional.
"Isso é um corolário da nossa política de incrementar o número de projetos e passar esses projetos para as empresas, não ficar nas mãos exclusivas dos institutos de governo. Por que esses institutos de governo estão sob o regime legal que atrapalha demais a condução de um projeto industrial. Não é o universo legal adequado para a execução de um projeto. É o óbvio ululante, mas tem que dizer", defendeu o presidente da AEB, Marco Antonio Raupp, em entrevista à Agência Brasil após a audiência.
A preocupação do presidente da agência é "criar carga para a indústria para que ela tenha condições de investir em capacitação". A falta de continuidade das encomendas do programa espacial brasileiro é apontada por especialistas como um dos entraves para o estabelecimento, no Brasil, de uma indústria no setor.
Membro da CCT, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu a parceria público-privada entre a Telebras e a Embraer. "É uma parceria importante. Cabe ao governo brasileiro um controle maior para que esse investimento possa ser feito e que a gente possa ter domínio sobre a operação, a destinação e o uso do satélite."
(Agência Brasil)
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