sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

GOVERNO LANÇA PACOTE DE ESTÍMULO DE BAIXO IMPACTO


GOVERNO TENTA REATIVAR DEMANDA COM CRÉDITO E REDUÇÃO DE IMPOSTOS
Autor(es): Por João Villaverde e Luciana Otoni | De Brasília
Valor Econômico - 02/12/2011

Os varejistas agiram rapidamente. Cerca de três horas após o governo anunciar a redução do IPI para geladeiras, fogões e máquinas de lavar, o Walmart colocou em seu site uma promoção de eletrodomésticos com 10% de desconto. Até o início da noite de ontem, grandes redes como Magazine Luiza, Casas Bahia, Ponto Frio, Ricardo Eletro, Carrefour e Fast Shop já tinham atualizado seus sites com descontos de até 18%. As redes de varejo acreditam que a redução do IPI e o corte nos juros podem provocar um efeito psicológico positivo nas vendas de fim de ano, como ocorreu em 2009. Mas o pacote de medidas não foi recebido com tanto entusiasmo por economistas. Eles observam que em 2009 os efeitos da crise internacional eram muito fortes internamente e o consumo de bens duráveis havia desabado. Agora, a demanda não está reprimida e a ação do governo foi mais preventiva.

O temor de que o Produto Interno Bruto (PIB) registre um avanço fraco fez o governo acelerar a divulgação de um conjunto de medidas de estímulo ao consumo, e, em menor escala, ao investimento produtivo, apresentado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O pacote de medidas inclui redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca e a eliminação do IOF para aplicação em ações, por estrangeiros, ADRs (títulos negociáveis em bolsas de valores no exterior), IPOs (ações lançadas em abertura de capital de empresas) e títulos de renda fixa. Também foi adotado o conjunto do IOF sobre crédito ao consumidor, de 3% para 2,5% ao ano, e a redução, a zero, do PIS/Cofins cobrado sobre massas alimentícias.
Além disso, o governo ampliou o teto para habitações populares (de R$ 75 mil para R$ 85 mil) se enquadrarem no regime especial de tributação da construção civil. De forma coordenada, a Caixa Econômica anunciou a liberação de R$ 5 bilhões para financiar a compra de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos.
As medidas, que entraram em vigor ontem mesmo, foram reforçadas pela regulamentação do Reintegra, dispositivo pelo qual exportadores de manufaturados passam a se beneficiar imediatamente de um crédito tributário de 3% sobre o valor de suas vendas ao exterior. Chegaram a US$ 80 bilhões em 2010 as exportações dos produtos beneficiados pela medida, criada como compensação pelos impostos indiretos não eliminados na cadeia de produção dessas mercadorias.
Ainda que tenha negado o nome de "pacote" ao conjunto de medidas tributárias para indústria, comércio varejista, construção civil, empresas com ações negociadas em bolsa e consumidores, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o objetivo de todas elas é estimular a economia. A equipe econômica trabalha para cumprir a meta informal do governo Dilma Rousseff, para este ano, de fazer avançar o Produto Interno Bruto (PIB) em, no mínimo, 3%. As medidas, segundo o ministro, apontam para um salto de 5% no PIB em 2012.
A medida do IPI elimina as alíquotas do imposto sobre fogões (até ontem em 4%) e máquinas de lavar semi-automáticas (até ontem em 10%). Além disso, o IPI sobre refrigeradores e congeladores (geladeiras) caiu, de 15% para 5%, e a alíquota de máquinas de lavar passou de 20% para 10%. Ao todo, o governo deve abrir mão de R$ 560 milhões em arrecadação com o IPI menor, que têm validade até o fim de março de 2012. As reduções valem para os eletrodomésticos com selo "A" de eficiência energética.
A presidente do Magazine Luiza, a empresária Luiza Trajano, afirmou que a redução nos preços ao consumidor em consequência da queda de imposto deve variar de 10% a 15%. Caso haja mercadorias em estoque nos varejistas, a indústria pode solicitar a devolução fictícia, como forma de emitir outra nota fiscal, com o novo IPI.
Além da linha branca, o governo eliminou o PIS e o Cofins até junho de 2012 - o que representará renúncia fiscal de R$ 284 milhões. Com a medida, o governo renovou por um ano a redução a zero dos mesmos tributo para farinha de trigo e pão francês, benefício que acabaria em dezembro deste ano. Ao todo, essa prorrogação representa uma renúncia de R$ 528 milhões em PIS e Cofins para o Fisco.
Outro incentivo foi dado no regime especial de tributação para o setor de construção civil destinado à baixa renda. Os tributos para o segmento de imóveis de interesse social foram equiparados aos concedidos no programa Minha Casa, Minha Vida. Até ontem, a alíquota única de tributos era de 6%, e, a partir de hoje, será de apenas 1%.
O anúncio das medidas, que acabaram por configurar um pacote de estímulo à atividade, foi definido de última hora, na noite da quarta-feira. Segundo apurou o Valor, o Ministério da Fazenda já trabalhava em todas as medidas em separado, e preparava o anúncio da devolução de créditos tributários aos exportadores (Reintegra) e das medidas à construção civil para ontem. No entanto, a apresentação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, em evento realizado na quarta-feira para empresários do Mercosul, em Brasília, alterou os planos da Fazenda.
Ao falar que o governo, e em especial o Ministério da Fazenda, estava avançado nos estudos para incentivar o consumo das famílias, e, em seguida, diante da interpretação do mercado de que Pimentel se referia à provável redução do IOF ao crédito para o consumidor, Mantega definiu que as medidas - de IOF e também de IPI - deveriam ter seu anúncio antecipado, e o ministério trabalhou na madrugada para finalizar o pacote. O convite aos empresários do setor varejista para que se reunissem na Fazenda ontem pela manhã foi feito no fim da tarde de quarta-feira.
Pimentel, que chegou 25 minutos atrasado à entrevista em que o pacote foi anunciado, quase fica ausente da festa, porque iria viajar a Curitiba para anunciar o resultado da balança comercial de novembro e foi avisado às pressas. Falou apenas uma vez, ao detalhar o Reintegra.

Tudo pelo crescimento no próximo ano

Autor(es): Claudia Safatle
Valor Econômico - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/tudo-pelo-crescimento-no-proximo-ano

Com praticamente zero de crescimento no terceiro trimestre e de no máximo 0,5% no quarto trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) será mais próximo de 3% do que de 3,5% este ano. O Ministério da Fazenda está determinado a leva-lo a 4%, quiçá 5% em 2012.
A presidente Dilma Rousseff quer que seja, na pior das hipóteses, superior ao deste ano. Ela está muito preocupada com as projeções que chegaram ao Palácio do Planalto de que a economia poderia crescer apenas 2,8% no próximo exercício. Ela é muito ciente da importância do crescimento econômico e não aceitaria apresentar como resultado no primeiro ano de mandato a redução do PIB de 7,5% (crescimento em 2010) para 3% e, no segundo ano, uma taxa medíocre.
Foi com esse objetivo que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgou ontem uma série de medidas de estímulo, antecipando o que iria ser anunciado na próxima semana, quando saem também os dados do produto interno no terceiro trimestre.
Os indicadores do nível de atividade em outubro e novembro não foram bons. Agora o governo espera que a redução do IOF sobre crédito ao consumo de 3% para 2,5% e os incentivos fiscais para a produção de bens duráveis (linha branca), associados à queda de 150 pontos base na taxa de juros, injetem um novo ânimo neste fim de ano e, sobretudo, no início de 2012.
A desoneração da linha branca deverá dar uma pequena contribuição para a inflação de dezembro - algo como 0,1 ponto percentual - e pretende evitar que a indústria paulista faça demissões entre janeiro e fevereiro. Embora ínfima, essa é uma colaboração que pode fazer diferença na inflação do fim do ano.
A preocupação, levantada por economistas e analistas do mercado, sobre se o governo não estaria indo rápido demais com os estímulos monetários, de crédito e fiscais em prejuízo da meta de inflação, não é compartilhada pelos técnicos oficiais. O Banco Central continua assegurando que a inflação convergirá para a meta de 4,5% em 2012. Outros assessores preferem mirar em algo "abaixo de 5%".
Essas mesmas fontes sustentam, também, que Fazenda e Banco Central estão "afinados" tanto no mérito das medidas anunciadas ontem quanto no seu cronograma. O fato é que quanto mais Mantega lança mão de medidas de incentivo fiscal, menos espaço ele deixa para a queda dos juros. Esse, no entanto, seria um dilema inexistente, na medida que tudo está sendo "bem calibrado", dizem.
"O que estamos fazendo é apenas um ajuste fino", comentou um graduado assessor da área econômica. Ele lembra que a queda dos juros deste ano, por exemplo só produzirá efeitos na economia no segundo semestre de 2012.
O efeito da queda do IOF de 3% para 2,5% nas operações de crédito ao consumo será muito modesto, segundo estimativas feitas por economistas do governo. Em uma prestação de cerca de RS$ 670 de um financiamento de 40 meses, a redução do valor da mensalidade seria de aproximadamente R$ 3.
Com o reaquecimento esperado para os primeiros meses de 2012, o comportamento da inflação doméstica ficará dependente do comportamento dos preços das commodities. Segundo analistas privados, uma reprodução diária do Índice de Commodities medido pelo Banco Central (IC-Br) mostra que os preços das principais commodities aumentaram no mês passado, após a queda de 3,29% em outubro sobre setembro. Portanto, não é certo que os preços em reais vão cair.
Não é essa, porém, a avaliação da área econômica do governo nem foi a visão que a diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, expôs ontem nos encontros com a presidente Dilma, com Mantega e com o presidente do BC, Alexandre Tombini.
Lagarde disse, em uma dessas reuniões, que está "desesperadamente otimista", mas " mais desesperada do que otimista", e apontou um quadro externo "negro" para 2012. Os preços das commodities no próximo ano dependerão sobremaneira do que estará acontecendo no mundo. A China, que poderia sustentar uma forte demanda por esses produtos, começou a desacelerar e já há projeções no mercado apontando a possibilidade de um crescimento no ano que vem na casa dos 6%.
A presidente Dilma assumiu com um PIB que crescia 7,5% em 2012. As primeiras projeções colhidas no mercado pela pesquisa Focus indicavam uma taxa de crescimento de 5,5% este ano. O desaquecimento foi mais profundo e derrubou o nível de atividade para um percentual muito próximo de 3%.
As medidas macroprudenciais se mostraram mais fortes do que o próprio governo supunha. Conjugadas com o aumento dos juros até julho, produziram o ápice dos seus efeitos nos três últimos meses. "A combinação das macroprudenciais com aumento da Selic mostrou que esse é um instrumento poderosíssimo, a despeito da descrença do mercado", comentou uma fonte. "Puxamos demais o freio de mão e ainda nem chegaram os efeitos da crise externa", disse.
A inflação, no entanto, subiu de 5,91% em 2010 para cerca de 6,5% este ano. O governo vê nesse resultado somente um efeito estatístico perverso. Entre janeiro e abril o IPCA mensal ficou no patamar de 0,8%, formando uma "parede" de inflação que só começou a ceder em maio (0,47%).

Empresários elogiam pacote

Autor(es): agência o globo:Martha Beck
O Globo - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/empresarios-elogiam-pacote

BRASÍLIA. O pacote de incentivo à economia foi bem recebido pelo setor empresarial. A presidente do Magazine Luiza e vice-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza Trajano, afirmou que os benefícios terão efeito rápido sobre as vendas, uma vez que os produtos ficarão imediatamente mais baratos para os consumidores. No caso da linha branca, ele estimou redução de preços, em média, entre 10% e 15%.
- Amanhã mesmo já começaremos a fazer a propaganda sobre a redução dos impostos para a linha branca - disse Luiza.
Segundo a empresária, dezembro é um mês importante para o varejo, pois representa 30% do resultado do ano. Mas havia uma preocupação com os resultados de 2011 por causa da crise internacional:
- Agora temos certeza de que as medidas darão certo, assim como ocorreu em 2008 (quando o governo também desonerou o consumo para segurar a economia).
O presidente Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, classificou o pacote como "formidável" e destacou que a linha branca tem peso importante no faturamento do varejo. Segundo ele, são vendidas sete milhões de máquinas de lavar (produto líder nas vendas da linha branca) no país por ano.
- Quando o governo agiu com medidas de estímulo em 2008, o resultado foi sensacional. Já sabemos que quando há oferta, o brasileiro consome - disse Kiçula.
Já o presidente da Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic), Paulo Simão, disse que a decisão do governo de desonerar a construção de moradias populares foi positiva, mas destacou que ainda é preciso fazer mais.
"As medidas são bem-vindas para conter a desaceleração de setores de bens de consumo duráveis, bem como para contribuir com o financiamento do déficit em transações correntes". No entanto, a Federação defendeu também que o governo continue trabalhando para dar mais competitividade ao setor de infraestrutura, melhorando condições de logística e banda larga, por exemplo.

Dívida privada ganha estímulo

Valor Econômico - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/divida-privada-ganha-estimulo

Se o pacote de estímulo anunciado ontem pelo governo não passar por remendos nos próximos dias, os títulos de dívida privados de longo prazo terão ganho uma importante vantagem na comparação com os papéis do governo federal, os preferidos dos investidores estrangeiros.
O governo zerou o IOF de 6% que incidia sobre as aplicações de estrangeiros sobre todos os títulos de renda fixa privados com duração a partir de quatro anos, mas manteve a alíquota sobre seus próprios papéis. Os estrangeiros já haviam sido isentados, em dezembro, do Imposto de Renda nas aplicações em papéis privados de longo prazo - benefício do qual já gozavam os títulos públicos.
A expectativa entre bancos é de os estrangeiros possam investir R$ 5 bilhões ao ano em debêntures e outros papéis emitidos por empresas brasileiras no mercado doméstico. Hoje esse volume é praticamente zero.
Já a redução do IOF anual sobre empréstimos a pessoas físicas - de 3% para 2,5% - dificilmente servirá de estímulo para a oferta de crédito. "Não é isso que vai alterar o valor da prestação mensal", observa Nicolas Tingas, economista da Associação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). Ele acredita que a redução do IPI sobre alguns produtos terá impacto mais acentuado sobre o consumo.
Afinada com o governo, ontem mesmo a Caixa Econômica Federal anunciou uma ampliação de R$ 5 bilhões no limite de crédito disponível para aquisição de eletrodomésticos, móveis, eletroeletrônicos e outros bens de consumo, em ação que fez lembrar o protagonismo dos bancos públicos para estimular a economia na crise de 2008.
No mercado monetário, as medidas do Ministério da Fazenda para estimular a economia não foram bem recebidas. A avaliação é que, ao estimular o consumo, o governo tira espaço da política monetária e reduz a possibilidade de cortes mais acentuados da taxa de juro Selic.
A percepção é de que pode haver um excesso de ações oficiais para tentar acelerar a atividade em um momento em que o país já se mostra em leve recuperação. Uma indicação disso foi a alta dos contratos de juros futuros, negociados na BM&F, que mostram a expectativa dos bancos e fundos de investimentos dos próximos passos do Banco Central (BC) para a Selic.
Alguns operadores chamaram o conjunto de ações de um "novo Copom", pois desfez parte do trabalho do BC para coordenar as expectativas e trazer para baixo o juro mais longo - que é o que conta de fato para estimular a economia num ciclo de afrouxamento monetário como o atual.


'Private equity' deve ganhar mais estímulo no país com ação fiscal

Valor Econômico - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/private-equity-deve-ganhar-mais-estimulo-no-pais-com-acao-fiscal

A queda do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre o capital externo no investimento em fundos que compram participações em empresas ("private equity") deve estimular ainda mais a captação de recursos de longo prazo no país. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), Sidney Chameh.
Apenas entre janeiro e setembro deste ano, o volume de recursos captados para investimentos em fundos no país atingiu US$ 4,5 bilhões, volume superior ao acumulado de 2010.
Embora o setor não tenha sentido tanto os efeitos da taxação como, por exemplo, a bolsa, Chameh afirma que a incerteza tributária compromete o investimento de longo prazo, como é o caso do private equity.
Com a mudança, a alíquota de IOF do investidor de fora do país volta a ser zero, a mesma incidente até 2009, quando o governo decidiu taxar os fundos em 2%. No ano passado, o imposto chegou a subir para 6%, mas após apelo das entidades a alíquota voltou para 2%. A aplicação já conta hoje com isenção de imposto de renda para estrangeiros.
A redução do imposto deve evitar que estruturas alternativas sejam montadas para permitir o investimento estrangeiro no Brasil, segundo os advogados Carlos Eduardo Orsolon e Thiago Giantomassi, do escritório Demarest e Almeida. Entre as saídas adotadas pelos investidores para escapar do tributo estava a criação de holdings financeiras no país para receber o capital, de acordo com os advogados.

Gabrielli elogia fim do IOF no capital estrangeiro

Autor(es): agência o globo:Fernanda Godoy
O Globo - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/gabrielli-elogia-fim-do-iof-no-capital-estrangeiro

Presidente da Petrobras cita consumo de petróleo maior e prevê expansão do PIB em 5% este ano
NOVA YORK. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, elogiou a decisão do governo de eliminar a cobrança de IOF sobre investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo ele, trata-se de uma medida que vai aumentar a participação de capital estrangeiro no mercado acionário brasileiro. Além disso, lembrou ele, ela se soma a uma série de iniciativas para reduzir os limites para investimentos. Gabrielli disse esperar que a economia brasileira cresça 5% em 2011, e citou o aumento de 10% no consumo de petróleo no país nos últimos nove meses.
Ao participar do Fórum Global de Energia, promovido pela consultoria Platts, em Nova York, Gabrielli reforçou que a Petrobras está recebendo muitas ofertas para o seu plano de desinvestimento, que será executado nos próximos cinco anos. Segundo ele, a companhia ainda não decidiu se as vendas serão realizadas em bloco ou separadas.
Petrobras vai recorrer de multa milionária da ANP
A Petrobras vai vender parte dos blocos de exploração que controla, ações de empresas que não são essenciais para o seu negócio, e recebíveis. O presidente da Petrobras citou como exemplo a refinaria no Japão, mas apenas como uma possibilidade de venda.
Gabrielli também comentou sobre a parceria da Petrobras com a estatal petrolífera da Venezuela PDVSA para a construção de uma refinaria em Pernambuco, cuja concretização foi adiada mais uma vez esta semana - por 60 dias -, a pedido da Venezuela.
- Os venezuelanos pediram para estender o prazo por mais 60 dias, e nós aceitamos. Vamos esperar mais dois meses - afirmou o presidente da Petrobras.
Em relação à multa de R$84 milhões aplicada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) à Petrobras, Gabrielli afirmou que a companhia contesta a punição.
- O problema foi com um grande equipamento de medição que foi exigido pela ANP. Oferecemos alternativas tecnológicas para medir a mesma coisa, e estamos contestando a multa - disse Gabrielli, que não quis comentar o acidente da Chevron na Bacia de Campos, citando cláusulas de confidencialidade no contrato da joint-venture.

Fim do IOF deve beneficiar investidor de curto prazo

Autor(es): Por Daniele Camba, Angelo Pavini e Silvia Rosa | De São Paulo
Valor Econômico - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/fim-do-iof-deve-beneficiar-investidor-de-curto-prazo

O fim do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para as aplicações de investidores estrangeiros em ações foi bem recebido pelo mercado. No entanto, está longe de ser o que a Bovespa precisava para os estrangeiros voltarem com muita sede ao pote do mercado brasileiro.
Isso porque o pano de fundo dessas medidas é uma crise internacional muito proeminente e a desaceleração econômica local, dizem analistas. "Por meio de derivativos, os estrangeiros já conseguiam entrar no país pagando muito menos que esses 2%", diz o chefe da área de renda variável do banco Morgan Stanley, Márcio Rochwerger. "Portanto, ele [o estrangeiro] só não está entrando mais porque o cenário externo ainda é bastante complicado e isso o fim do IOF não muda", afirma ele.
Adicionalmente, uma economia de 2% não é algo que faz muita diferença nas contas do estrangeiro na hora de decidir se vale ou não a pena comprar ações em outros países. "O aplicador de longo prazo não considera possibilidades de ganho abaixo de dois dígitos, portanto, essa tributação fica pequena", afirma Rochwerger.
O lado positivo da decisão do governo é que o mercado obviamente fica mais eficiente sem um tributo, o que sempre contribui para o aumento das operações de arbitragem entre os ativos no Brasil e no exterior. Os ganhos dessas operações costumam ser apertados, portanto, qualquer economia é importante, mais ainda quando é de dois pontos percentuais.
Com relação à possibilidade do estrangeiro se sentir inseguro com essa estratégia do governo de pôr e tirar regras, Rochwerger não vê motivo para isso. "É perfeitamente compreensível criar uma regra num determinado cenário e tirar algum tempo depois, quando o cenário já é outro", diz ele. "O que investidor nenhum entende é mudança regulatória do dia para noite, o que não é o caso", completa.
A medida é boa, mas não deve trazer muito dinheiro para a bolsa brasileira no curto prazo, afirma Frederico Sampaio, gestor de renda variável da Franklin Templeton. "Neste contexto global de muitas incertezas e volatilidade, o sobe e desce do mercado acaba atraindo mais o investidor de curto prazo", diz. E era esse investidor que o IOF de 2% afugentava, observa. "Quem aplicava com visão de longo prazo, otimista com o Brasil, não deixava de comprar por causa desses 2%".
Com a volta do investidor mais tático, quem se beneficiará é a BM&FBovespa, tanto que sua ação subiu 6,68% ontem, afirma Sampaio. "A medida aumenta o giro e o volume de bolsa", afirma. Para ele, quanto menos "penduricalhos" fiscais ou regulatórios houver, melhor para o Brasil, que terá de disputar recursos com outros países. "Mas, para entrar mais dinheiro, ainda é pouco", alerta o gestor.
A volatilidade elevada afugenta o investidor, que não fica seguro em aplicar volumes grandes, afirma. E lembra que o mercado brasileiro está em um processo de revisão do crescimento econômico de 2012 para baixo. "É preciso ver essas expectativas para a economia melhorando para termos fluxo para o Brasil."
Menor crescimento significa lucro menor para as empresas também. No início do ano, segundo Sampaio, as projeções de crescimento dos lucros das empresas brasileiras estava em torno de 18% e agora está 11%. "Mas o ano que vem pode melhorar, pois a bolsa já está ficando barata e estamos no limite dessa redução de projeção de crescimento", afirma. "Óbvio que se tiver desastre lá fora o mercado cairá mais, mas, se não tiver, deve melhorar junto com a economia."
Para o diretor para a América Latina do BNY Mellon Depositary Receipts, Nuno da Silva, a medida é positiva para estimular a empresas a captarem recursos de investidores estrangeiros, seja no mercado local ou por meio de programas de emissão de recibos de ações negociados no mercado americano (American Depositary Receipts, ADRs).
O executivo lembra, no entanto, que a incidência da alíquota de 1,5% sobre a emissão de ADRs, instituída em 2009, encarece o custo de capital para as empresas. Com a incidência do imposto sobre a emissão de ADRs, afirma Silva, esses recibos passaram a ser negociados com prêmio, em média, de 1,42% sobre as ações brasileiras, de acordo com um estudo realizado pelo BNY Mellon, o que acaba desestimulando as operações de arbitragens, e consequentemente, o cancelamento dos recibos.
Os ADRs brasileiros respondem por 23% do total de transações com ADRs na Bolsa de Nova York (Nyse) neste ano.

Superavit cai 75,2%

Correio Braziliense - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/superavit-cai-75-2

Com a retração do consumo dos países europeus, que sofrem com o desemprego e a estagnação econômica, o saldo da balança comercial teve forte queda em novembro.
O superavit foi de US$ 583 milhões, num tombo de 75,24% em relação aos US$ 2,3 bilhões de outubro. Resultado de exportações de US$ 21,7 bilhões e importações de US$ 21,2 bilhões, o desempenho foi o pior desde janeiro.
Das cinco semanas do mês, o saldo foi negativo em três. O que evitou um deficit foi o resultado da segunda semana, de US$ 1,5 bilhão. No acumulado do ano até novembro, as vendas externas superaram as compras em US$ 25,9 bilhões, com os embarques em US$ 233,9 bilhões e os desembarques em US$ 207,9 bilhões.
A maior preocupação do governo é com uma eventual queda nas encomendas chinesas.

Um pacote medíocre

O Estado de S. Paulo - 02/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/2/um-pacote-mediocre

A economia brasileira poderá crescer 5% em 2012, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao apresentar as novas medidas para baratear bens de consumo, atrair capitais estrangeiros e facilitar a exportação de manufaturados. O pacote foi apresentado um dia depois de mais um corte de juros, promovido pelo Banco Central (BC) para atenuar o impacto da crise internacional. Mais discutível que o otimismo do ministro é o alcance dos incentivos contidos em três decretos e uma Medida Provisória (MP). Os estímulos são dirigidos muito mais ao consumo do que ao investimento produtivo. Além disso, o benefício à exportação é um mero remendo temporário - valerá até dezembro do próximo ano - e será passível de contestação na Organização Mundial do Comércio (OMC), embora o governo afirme sua legalidade.
Mesmo o estímulo ao consumo será limitado. O mais amplo será a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado nos financiamentos. Haverá maior facilidade para o endividamento das famílias - perfeitamente sustentável, segundo o ministro da Fazenda. Será especialmente facilitada a compra de geladeiras, fogões e outros itens da chamada linha branca, porque haverá, no caso desses itens, diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (só até 31 de março).
Comer macarrão também ficará mais barato. Será reduzida a tributação sobre as massas, até 30 de junho, e prorrogada até o fim do ano a desoneração do trigo, da farinha e do pão comum.
O governo também decidiu elevar de R$ 75 mil para R$ 85 mil o valor dos imóveis passíveis de inclusão no Regime Especial de Tributação da Construção Civil. Trata-se de mera adaptação do Programa Minha Casa, Minha Vida às condições atuais de mercado, segundo explicação do Ministério da Fazenda. Nada, realmente, inovador.
Segundo o ministro da Fazenda, as famílias brasileiras podem tomar novos empréstimos sem grande risco porque "há emprego e o trabalhador tem salário". Como há emprego, acrescentou, "não temos a mais longínqua similitude com a economia de outros países". No entanto, a maior parte das medidas é destinada a estimular o consumo, como se houvesse uma retração dos compradores. Isso é discutível, em primeiro lugar, porque o ministro está certo em relação aos dados de emprego e renda. Além disso, o otimismo do consumidor aumentou em novembro pelo terceiro mês consecutivo, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Dado semelhante foi publicado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Mas as famílias, de acordo com a CNI, continuam preocupadas com a inflação - enquanto o governo se mostra otimista quanto à convergência do índice oficial para a meta de 4,5% até o fim de 2012.
O governo deveria preocupar-se muito mais com os problemas do lado da oferta. A atividade industrial continua perdendo impulso, embora os consumidores mantenham razoável grau de otimismo. A redução de alguns impostos pode dar aos produtores nacionais - mas só de alguns setores - alguma vantagem sobre os estrangeiros, no mercado interno. Nem essa vantagem será muito relevante, se o dólar continuar muito barato. As mudanças fiscais para atrair capitais estrangeiros, anunciadas ontem, podem contribuir para manter elevada a oferta de dólares no setor financeiro. Se isso ocorrer, o real continuará a subir, como ocorreu ontem. Mas será preciso esperar algum tempo para avaliar a tendência do câmbio.
Nenhuma providência séria para estimular o investimento, a inovação e o ganho de competitividade foi tomada. A promessa de devolver aos exportadores de manufaturados 3% do valor das exportações, mas só até o fim do ano, nem remotamente resolve os problemas criados pela tributação de baixa qualidade, pela demora na devolução dos créditos e pelo alto custo fiscal do investimento produtivo. Além disso, será fácil contestar esse benefício na OMC, se houver interesse em criar essa briga. Nenhum país é obrigado a exportar impostos, como lembraram porta-vozes do governo, mas há regras sobre como cuidar da tributação sobre o comércio exterior.

Juro real volta a subir com IPCA e pacote

Autor(es): Fernando Travaglini
Valor Econômico - 05/12/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/12/5/juro-real-volta-a-subir-com-ipca-e-pacote
 

Mesmo com a Selic encerrando o ano em 11% ao ano, o Banco Central já conseguiu trazer a chamada taxa de juro real para o patamar mais baixo dos últimos dez anos. Essa medida, que reflete o estímulo dado pelo ciclo de afrouxamento monetário à economia, encerrou a semana em um nível abaixo de 4%, depois de bater num piso ao redor de 3,8%, na quarta-feira.
Para se ter uma ideia da magnitude da queda, fruto do trabalho de comunicação do BC de ancoragem das expectativas, em 2009, quando a Selic atingiu o menor valor nominal do regime de metas de inflação, de 8,75% ao ano, a taxa de juro real chegou a 4,6%, superior, portanto, à atual.
A taxa real é calculada a partir do juro futuro negociado para um ano, descontando-se a expectativa para a inflação também doze meses à frente. Usando termos técnicos, o mercado usa a taxa dos contratos do swap entre o DI e o juro pré-fixado, deflacionando pelo IPCA coletado pela pesquisa Focus, do BC.
A indicação que essa taxa fornece é importante, como se sabe, pois o trabalho do BC, ao ancorar as expectativas, é trazer para baixo justamente os juros mais longos. Essa taxa serve, por exemplo, de piso para o custo do crédito bancário. Quanto mais baixo o nível, menor o valor da prestação do financiamento ao consumo.
É, portanto, uma indicação do estímulo dado pelo ciclo de afrouxamento monetário à economia. Afinal, quanto menor o custo do dinheiro na economia, maior a propensão ao consumo e menor o incentivo à poupança.
A redução mais forte se deu em novembro, quando o cenário internacional se deteriorou de forma mais acentuada, confirmando o quadro esperado pelo BC. Mas a semana passada foi bastante movimentada e dois fatos podem ter contribuído para uma reversão nesse processo, com novo aumento do juro real.
O primeiro, divulgado pelo IBGE, foi o "novo IPCA", que passará a ser cálculo a partir do próximo ano. Ao alterar a ponderação do índice oficial de inflação, diminuindo, por exemplo, o peso de alguns setores da economia que passaram a ser menos importantes no consumo da população, o indicador deve ficar entre 0,2 ponto percentual e 0,5 ponto percentual menor do que o projetado anteriormente. E a primeira rodada de revisão dos analistas deve ser publicada hoje no Focus.
Outra notícia que mexeu com os mercados foi o pacote de estímulo do governo, anunciado na quinta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. As medidas de exoneração do crédito e de parte do setor produtivo representaram um ruído na comunicação entre mercado e governo.
Desde agosto, quando teve início o ciclo de queda da Selic, o discurso oficial é de que há um novo "mix" de política econômica. O governo estaria disposto a abrir espaço fiscal para que o BC corte de maneira mais acentuada a taxa básica.
O mercado estava cada vez mais crente no compromisso do governo até a divulgação do pacote, quando os contratos de juros futuros negociados na BM&F sofreram forte ajuste de alta. Na sexta-feira a correção continuou e o swap 360, base do cálculo para o juro real, subiu de 9,66%, na quarta-feira, para 9,81% no fechamento da semana.
A combinação de uma revisão para baixo da inflação esperada com a alta da taxa de um ano deve fazer com que o juro real volte para o patamar superior 4%. Ainda assim, o nível é bastante baixo.
"O discurso do governo é de que está aproveitando uma "janela de oportunidade" e quando tiver chance de cortar o juro, vai cortar o juro. Como o mercado vê o cenário externo como não inflacionário e não mexe nas expectativas, há uma queda do juro real", diz Cristiano Souza, economista do banco Santander.
A queda do juro mais longo é fruto do trabalho de ancoragem das expectativas feita pelo BC desde agosto. Quando a autoridade monetária conseguiu comunicar aos agentes o que estava olhando ao cortar a Selic, as expectativas caminharam na direção do cenário do banco, completa Souza. "O BC foi eficiente para trazer o juro de um ano para baixo."
Já a alta dos juros futuros reflete uma certa apreensão do mercado com o pacote de fim de ano do governo. Mais do que o estímulo em si, que parece pequeno, fica a percepção de que uma ação mais efetiva do Planalto para reativar a economia poderia vir mesmo sem um impacto mais acentuado da crise internacional - como em 2008 -, mas apenas para assegurar uma meta de crescimento.
Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, as medidas sugerem que o governo está acompanhando as expectativas sobre a atividade e buscando um caminho em que caibam menos Selic, algum crescimento, fiscal convincente e câmbio favorável à inflação e à atividade. Ele chama isso de "um meio termo de sintonia fina". "O que atrapalha, mas é inevitável, é estabelecer como "meta" um crescimento de 5% do PIB em 2012. Pouco convincente."

Nenhum comentário:

Postar um comentário