Autor(es): IURI DANTAS |
O Estado de S. Paulo - 31/10/2011 |
Matérias-primas mais caras e alta dos salários no país asiático pressionam o preço de produtos importados no mercado nacional A inflação no Brasil vem desacelerando em direção à meta de 4,5%, em linha com o cenário elaborado pelo Banco Central. Mas isso não significa preços mais baixos. A assistente administrativa Eneide Chaves Custódio, 49 anos, vem percebendo que roupas e brinquedos importados da China estão mais caros na prateleira. A consumidora confirma a pressão sobre os preços que vêm da Ásia: o Brasil está importando parte da inflação chinesa. "Com a presidente não está tão ruim, mas não é mais tão bom quanto era com o Lula", diz Eneide. "Antes, a gente sentia mais segurança", afirma. "E essa coisa do Banco Central depende mais da política do governo", acrescenta, ao ser indagada sobre o comportamento da inflação e a atuação do Banco Central. "Os brinquedos estão bem mais caros do que em qualquer época e as roupas estão custando mais também." O comportamento da economia chinesa provoca um impacto direto e outro indireto nos preços do País, conforme explica o ex-secretário de Política Econômica Julio Gomes de Almeida. De um lado, o apetite do gigante asiático por matérias-primas pressiona a cotação de produtos como cobre e trigo. Esses itens, que o Brasil precisa importar, acabam chegando mais caro. Por outro, houve elevação de custos de produção na China, por causa de salários mais altos. E isso resulta em produtos mais caros. "Bens intermediários e de consumo já estão um pouco mais inflados pela inflação chinesa", afirma Almeida, que atualmente preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). "A China deixou de fazer exportações "desinflacionárias", como nos anos 1990 e 2000. E agora exporta inflação. Isso vai continuar assim: o conteúdo inflacionário veio pra ficar", afirma. Pressão. O principal fator de pressão sobre a inflação brasileira não é mais o preço de serviços, segundo dados compilados pelo Banco Central. O valor cobrado por serviços, tais como manutenção de automóveis e cabeleireiros, subiram 9,03% nos 12 meses encerrados em setembro. Agora, a ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que registraram alta de 9,25% no mesmo período. Estes itens, somados a bens semiduráveis - como artigos de limpeza e produtos farmacêuticos - representam 38% do índice oficial de inflação do País, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas categorias também são as que mais reagem aos preços chineses, colocando em risco uma possível queda do custo de vida brasileiro. As importações de calçados da China, por exemplo, cresceram 19% nos primeiros nove meses de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o preço médio da unidade subiu de US$ 4,93 para US$ 6,28, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nas contas do IBGE, o preço de calçados teve um aumento de 8,74% nos 12 meses encerrados em setembro. O preço médio do brinquedo chinês também subiu, como notou Eneide. O valor unitário médio passou de US$ 1,21 para US$ 1,46 no mesmo intervalo. Parte desse aumento teve relação com o governo nacional, que aumentou de 20% para 35% a tarifa de importação em dezembro do ano passado, com o objetivo de proteger o fabricante nacional. Mesmo assim, as importações cresceram 38%. No caso de sabão e material de limpeza, cujas compras feitas pelo Brasil na China subiram 61%, também estão custando mais. Foram importados a US$ 2,05 por quilo, de janeiro a setembro do ano passado. Neste ano, o preço passou para US$ 2,37. Transmissão. "O salário na China está subindo e os custos estão aumentando", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "As empresas chinesas têm de repassar esses custos maiores, é possível que estejamos trazendo um pouco de inflação de lá para cá", avalia. "Mas, quando conversamos com algumas empresas, vemos que houve aumento. Mesmo assim, o preço chinês ainda continua muito mais vantajoso em relação ao nacional." Outro canal de transmissão da inflação da China para o Brasil são os insumos utilizados pela indústria nacional. O empresário nacional, segundo Castro, é quem vai decidir se repassa ou não esses custos ao consumidor. De qualquer forma, a arquiteta Ciane Gualberto Feitosa Soares, 56, evita produtos "made in China". "Uma vez fui comprar cobertor e me ofereceram um da China", diz ela. "Li no jornal que a China também está em crise e isso vai afetar o Brasil. Então, comprei um nacional, um pouco mais caro, para ajudar." |
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
País importa inflação vinda da China
Minério de ferro dá o tom no balanço da CSN
Autor(es): Por Ivo Ribeiro e Eduardo Laguna | De São Paulo |
Valor Econômico - 31/10/2011 |
O balanço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no terceiro trimestre do ano mostrou que a empresa comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch vem ganhando dinheiro de fato é com a mineração de ferro, e quase nada com aço. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) obtido com o negócio de mineração no terceiro trimestre respondeu por 59% do total de R$ 1,7 bilhão. Essa linha do resultado da companhia saltou de R$ 831 milhões no mesmo trimestre de 2010 para R$ 1,04 bilhão no fim de setembro, com margem de 66%. Enquanto isso, a atividade siderúrgica despenca a cada trimestre: no mesmo período saiu de R$ 957 milhões para R$ 596 milhões, com margem Ebitda de 26%. Na receita líquida, a siderurgia ainda se manteve preponderante, com R$ 2,3 bilhões (53% do total), resultado da venda de 1,22 milhão de toneladas de aço produzido na usina de Volta Redonda (RJ). Porém, exibiu uma retração expressiva frente aos R$ 2,5 bilhões do mesmo trimestre de 2010 e do segundo trimestre deste ano. A mineração de ferro, com as operações da mina Casa de Pedra (100% CSN) e da controlada Namisa (60%), alcançou R$ 1,58 bilhão, o que representou 36,4% do total da receita. Um ano atrás, esse negócio faturava R$ 1,2 bilhão. Todos os esforços da CSN nos últimos anos têm sido direcionados à mineração de ferro, com investimento pesado na expansão da mina Casa de Pedra, que está apta a produzir 40 milhões de toneladas. Também no porto de Sepetiba, que é a base de exportação. De julho a setembro, da venda de 8 milhões de toneladas, 96% foram embarcadas ao mercado externo, principalmente a Ásia. China, Japão e Coreia do Sul são os principais clientes. No negócio aço, a companhia, como outras do setor, enfrenta a concorrência do importado no mercado doméstico, tanto de forma direta quanto indireta (via produtos acabados, como automóveis e máquinas e equipamentos). No caso da CSN, o ataque maior tem sido em aços mais nobres, como os galvanizados e pré-pintados. A margem Ebitda dessa unidade de negócio caiu para 26%, três pontos percentuais a menos que no trimestre anterior. Isso não leva em conta que o minério é computado a preço de custo, por ser próprio. Se fosse a valor de mercado, a margem ficaria entre 12% e 15%, segundo analistas. Na mineração, houve também leve retração na margem, para 66% (foi 68% de abril a junho). Os outros três negócios da CSN - logística (de portos e ferroviária), cimento e energia - responderam por 10,7% da receita líquida e por 7,7% do Ebitda da companhia no terceiro trimestre. Na sequência da divulgação dos resultados, a direção da CSN traçou na sexta-feira um cenário de estabilidade em preços e vendas nos próximos meses, com recuperação mais consistente dos negócios a partir do início de 2012. Para o próximo ano, as projeções da empresa apontam para vendas de produtos siderúrgicos na faixa de 5 milhões a 5,3 milhões de toneladas, além de embarques de minério de ferro ao redor de 33 milhões de toneladas, dando sequência à renovação de recordes pela operação de mineração do grupo. Mesmo com a desvalorização do minério de ferro no mercado chinês - que pode desencadear um novo movimento de baixa no preço internacional do aço, na busca das siderúrgicas por competitividade -, a CSN informou que não visualiza o risco de contração nos valores de seus produtos. Luiz Fernando Martinez, diretor comercial da empresa, disse que o preço já está "no chão". Ele disse, contudo, que não acredita em aumento de preços, dada a prioridade das siderúrgicas de bloquear a entrada de aço importado. Assim, a tendência é que os valores sigam nos patamares atuais. |
Siderúrgica "perdeu" dinheiro com Usiminas
Autor(es): Por Nelson Niero | De São Paulo |
Valor Econômico - 31/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/siderurgica-perdeu-dinheiro-com-usiminas |
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) reconheceu uma perda com o investimento que vem fazendo em ações da rival Usiminas. Até setembro, houve uma desvalorização de R$ 446,9 milhões, segundo dados do balanço divulgado na quinta-feira, comparado a um ganho de R$ 206,9 milhões nos nove meses do ano passado. No fechamento do balanço, a CSN tinha 11,29% das ordinárias (ON) e 15,15% das preferenciais (PN) da Usiminas. A conta também inclui uma fatia de 9,39% da siderúrgica de Volta Redonda (RJ) na beneficiadora de aços planos Panatlântica, de Gravataí (RS). A empresa de Benjamin Steinbruch vem comprando ações da Usiminas, numa estratégia para ganhar força dentro da empresa - o que incluiu também propostas de aquisição das participações dos sócios Votorantim e Camargo Corrêa, que fazem parte do bloco de controle da siderúrgica mineira. Os papéis ON, com direito a voto, da Usiminas foram sustentados pela movimentação da CSN, mas os preferenciais (PNA), sem voto, vêm em queda livre: até 30 de setembro, caíam 44,7%, enquanto as ON mantinham a cabeça fora d"água com 1,2%. No balanço, a empresa classifica essas ações como "instrumentos financeiros disponíveis para venda" e registra a variação líquida negativa no valor de mercado no patrimônio líquido. Como isso, o resultado abrangente nos nove meses - uma novidade das Normas Internacionais de Contabilidade, adotadas a partir deste ano no Brasil - ficou em R$ 1,89 bilhão, comparado aos R$ 2,85 bilhões do lucro líquido consolidado, o número "oficial". Nessa conta, foram subtraídos do lucro a desvalorização das ações e o ganho da venda da participação na australiana Riversdale. O resultado abrangente mostra as mudanças no patrimônio, com exceção de dos investimentos dos sócios e distribuição de lucro. Segundo o professor Claudio Zorzo, a conta é importante para os investidores, pois atualiza o capital próprio, com as variações futuras de receitas e despesas que já estão registradas no ativo ou no passivo, mas ainda não chegaram ao resultado do exercício. |
Mercado no país ainda é bastante fragmentado
Valor Econômico - 31/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/mercado-no-pais-ainda-e-bastante-fragmentado |
A Trifer Indústria Metalúrgica Ltda. possui duas plantas industriais em Guarulhos, na Grande São Paulo. A terceira foi erguida em Santo Agostinho, em Pernambuco, e começou a operar há 90 dias. Os investimentos somaram R$ 10 milhões e a capacidade instalada mensal é de duas mil toneladas. Juntas, as três unidades galvanizam cerca de quatro mil toneladas mensais. A Trifer é uma das 35 empresas que formam o mercado ainda incipiente da galvanização no país, com enorme margem de espaço para crescer. Pouco mais de 10% do aço brasileiro é galvanizado. "Trata-se de um mercado ainda bastante fragmentado, uma indústria que ainda não se organizou de forma que o bolo cresça para todos. A produção anual de aço é de 30 milhões de toneladas ano e apenas 3,5 milhões de toneladas são galvanizados", explica Eduardo Perez, do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ) e gerente de marketing e planejamento da Votorantim Metais. Cerca de 600 mil toneladas são destinadas à galvanização geral e as outras 2,9 milhões à galvanização de aços planos. Com previsão de crescimento da ordem de 14% neste ano, Peres conta que o volume contrasta com os números apresentados por países europeus e também americanos em consumo per capita e volume de produção. "A maior empresa americana de galvanização instalada nos Estados Unidos possui 60 cubas de galvanização, enquanto no Brasil a Trifer, considerada de grande porte, possui apenas três, ou seja, uma em cada unidade", observa o gerente. Para se ter uma ideia, o consumo per capita de aço galvanizado em alguns países da Europa chega a mais de 15 quilos/ano. "No Brasil se excluirmos o setor de torres de eletrificação e o setor de chapas galvanizadas, o consumo per capita fica entre 1,5 e 2 quilos por ano. Existe um espaço enorme para a galvanização crescer no Brasil e é o que está ocorrendo agora", acrescenta Eduardo Silvino P. Gomes, vice-presidente do ICZ. Para Eduardo Perez, a única forma de estimular o incremento do setor é acelerar o processo de investimento. "Para crescer o consumo de aço galvanizado no Brasil é necessário que a oferta aumente. Hoje são empresas familiares que operam com 90% da capacidade instalada e não estão dispostas a investir", afirma. Apesar de ainda tímidos, pipocam aportes financeiros no ramo. "Há investimentos em novas plantas de galvanização com reflexos em diversos setores da indústria e da construção. O crescimento da galvanização geral, cuja produção anual é de 600 mil toneladas operando com 90% da capacidade instalada, deverá crescer entre 12% e 15% no próximo ano. Os investimentos devem somar cerca de R$ 100 milhões em novas plantas", prevê o vice-presidente do Instituto. A capacidade instalada deverá ter um salto. "O aumento previsto é de 50% até 2015 em galvanização geral. Na área de galvanização de aços planos os investimentos são pesados", acrescenta Gomes. A Usiminas desembolsou R$ 914 milhões em uma nova linha de galvanização na planta de Ipatinga (MG), e elevou, desde o mês de maio, a capacidade de produção anual de aço galvanizado por imersão quente em 550 toneladas, dobrando a capacidade produtiva. "O Brasil levará mais de uma década para se aproximar do consumo europeu. O Chile tem um consumo de aço galvanizado de sete quilos per capita/ano", ressalta o vice-presidente da entidade. Os custos com mão de obra estão cada vez mais altos no Brasil e os gastos com manutenção de estrutura e repintura passam a ser um componente cada vez mais importante dentro da análise de custos de um projeto, estimulando o uso do aço galvanizado. |
Argentina adota medidas para controlar câmbio
Autor(es): agência o globo:Janaína Figueiredo |
O Globo - 31/10/2011 |
A partir de hoje, aquisição da moeda americana exigirá autorização do Fisco. Até outubro compra somou US$21 bi BUENOS AIRES. Menos de uma semana após ter sido reeleita com 53,9% dos votos, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, decidiu reforçar o controle no mercado cambial para tentar conter a compra de dólares que, segundo dados de economistas privados, atingiu em torno de US$21 bilhões nos primeiros dez meses do ano. A partir de hoje, qualquer aquisição de moeda americana deverá ser autorizada pela AFIP (a Receita Federal argentina), que pedirá informações sobre a origem e o destino do dinheiro usado para realizar a operação. A medida não foi bem recebida num país acostumado a economizar em dólares. Há décadas, a maioria dos argentinos opta pela moeda americana como refúgio em momentos de incerteza local ou internacional. Nos últimos meses, o Banco Central da República Argentina (BCRA) chegou a injetar até US$800 milhões no mercado em apenas uma semana para evitar uma disparada da cotação, que fechou sexta-feira passada em 4,26 pesos por dólar e chegou a bater 4,50 em algumas casas de câmbio em Buenos Aires. Por esse e outros motivos, as reservas do BCRA recuaram para US$48 bilhões, depois de terem alcançado US$52 bilhões nos primeiros meses do ano. - Quem comprar dólares fará um mau negócio - disse na semana passada o vice-presidente do BCRA, Miguel Pesce. Para diretor de banco, medida estimulará dólar Mas a opinião das autoridades argentinas não conseguiu acalmar a busca por dólar. Esse foi um dos primeiros problemas encarados por Cristina após a reeleição. Segunda-feira passada, ela convocou a presidente do BCRA, Mercedes Marcó del Pont, e o ministro da Economia e vice-presidente eleito, Amado Boudou, para discutir o assunto. Após o encontro, foram tomadas medidas de controle cambial, estabelecendo limites para operações acima de US$250 mil. Dias depois, porém, a Casa Rosada foi além e passou para o controle da AFIP as operações de compra de dólares no país. A partir de hoje também será proibido comprar dólares em caixas eletrônicos ou sites bancários. Até sexta-feira passada, estima-se que 20% das operações no mercado cambial eram realizadas por meios eletrônicos. - Estas iniciativas só servirão para aumentar a ansiedade do mercado e, a curto prazo, estimular a demanda por dólares - criticou Federico Sturzenegger, presidente do estatal Banco Ciudad. |
Anglo-russa fecha aquisição de 45% da HRT por US$ 1 bilhão
Autor(es): Cláudia Schuffner | Do Rio |
Valor Econômico - 31/10/2011 |
Após exaustivas negociações, a anglo-russa TNK-BP fechou no fim de semana a compra de 45% dos 21 blocos da brasileira HRT na bacia do Solimões por US$ 1 bilhão. É o maior investimento de uma empresa russa no Brasil e o primeiro da TNK-BP, terceira maior produtora de petróleo da Rússia, no país. O negócio está previsto para ser assinado na manhã de hoje pelo principal executivo da área de exploração e produção da TNK-BP, Alexander Dodds, que acabou de assumir o cargo na empresa, vindo da Exxon Qatar. O dinheiro será pago em cinco parcelas de US$ 200 milhões ao longo de 30 meses, informaram fontes próximas aos negociadores. Um dos pontos cruciais do acordo é uma opção que garante à TNK-BP direito de comprar mais 10% de ações ao final do prazo de dois anos e meio, o que permitirá que ela se torne operadora do negócio na Amazônia. O Valor apurou que no vencimento dessa opção, os 10% serão adquiridos com um prêmio de 15% em relação ao preço de mercado estimado. O valor da aquisição considerou a existência de 1,09 bilhão de barris em recursos riscados - no jargão do setor, provadas mais prováveis - nos 21 blocos. Desse total, a fatia adquirida pela TNK-BP corresponde hoje a 490 milhões de barris pelo valor acima. Não foram atribuídos valores para o gás natural existente na área já que não há infraestrutura de escoamento. Outra cláusula de conforto negociada entre HRT e TNK-BP prevê o pagamento adicional por novos volumes de petróleo descobertos além de 500 milhões de barris incluídos no acordo. Mas só serão pagos quando esse "novo óleo" for descoberto e sua produção iniciada. Dessa forma, a TNK-BP poderá pagar com o fluxo de caixa. O negócio traz à pequena HRT ganha mais musculatura. A brasileira que nasceu em 2009 passa a ter como sócios uma empresa controlada por um grupo de megaempresários russos que se reuniram em uma holding chamada AAR (iniciais dos grupos Alfa Group, Access e Renova) da qual a inglesa BP (British Petroleum) tem 50%. Os controladores da AAR são os bilionários Mikhail Fridman (dono do Grupo Alfa), Leonard Blavatnik (Access Industries) e Viktor Vekselberg (Grupo Renova). Fridman é atualmente CEO da TNK-BP e um dos principais defensores da entrada da companhia no Brasil. A BP é mais conhecida no Brasil. Chegou em 1999, mas nesse período não fez nenhuma grande descoberta. Com o aquecimento da atividade no país, decidiu comprar por US$ 7 bilhões os ativos da Devon. Mas a aprovação do negócio pelas autoridades brasileiras foi prejudicada pelas repercussões do acidente seguido pelo gigantesco vazamento de petróleo no Golfo do México no ano passado. Somente em maio ANP aprovou a aquisição. No último trimestre, a TNK-BP produziu 1,78 milhão de barris de óleo equivalente (medida que inclui óleo e gás) por dia. A empresa, com sede em Moscou, tem na sua entrada no Brasil é um aprofundamento da internacionalização que começou com a aquisição de ativos da própria BP no Vietnã e na Venezuela. O fechamento desse acordo encerra a associação da HRT, fundada por um grupo de brasileiros liderados pelo geólogo Márcio Rocha Mello, e a Petra Energia, do empresário Roberto Vianna. Mas as duas empresas ainda têm pendências: acertar a divisão meio a meio dos US$ 204 milhões resultantes da diferença entre o preço pago pela HRT pelos 45% da Petra - R$ 1,288 bilhão - e o valor de venda à TNK-BP, bem como compartilhar ganhos futuros no caso de descobertas acima dos 500 milhões de barris previstos no acordo fechado. As áreas do Solimões vendidas agora por US$ 1 bilhão foram arrematadas em 2005 em leilão da ANP pela argentina Oil M&S, do empresário Cristóbal Lopez. Custaram, cada um, R$ 10 mil (total de R$ 210 mil - hoje, 45% da área foi vendido por US$ 1 bilhão). A Oil M&S vendeu a área para a Petra. Em 2008, três anos depois do leilão da ANP, a Petra vendeu 51% das áreas no Solimões para a HRT por US$ 30 milhões. Posteriormente, adquiriu mais 4%, elevando sua participação a 55%. Em entrevista para o Valor no ano passado, Marcio Mello contou que inicialmente foi procurado para ajuda na venda dos ativos, já que lidava com grandes empresas que eram clientes de sua consultoria, a High Resolution Technology & Petroleum (HRT). Ele já conhecia a área que costuma chamar de "pré-sal amazônico". Em 2009 nasceram a HRT Oil & Gas e a Perícia Integrada Petroleum (Ipex), especializada em análise ambiental. Em novembro daquele ano a HRT fez uma colocação privada que captou US$ 275 milhões que atraiu 66 investidores institucionais brasileiros e estrangeiros, como o fundo MSD Capital do bilionário americano Michael Dell, da Dell Computers. Depois do estrondoso sucesso inicial da OGX, do empresário Eike Batista, o Brasil ganhava uma segunda petroleira com DNA nacional. Mas justo a presença de tantos fundos de "private equity" no capital da HRT faz até hoje com que alguns concorrentes nacionais discordem do fato dela ser mencionada como empresa de capital nacional. Atualmente, Mello divide com outros diretores estatutários da empresa a fatia de 8,65% do capital da HRT. É com esse percentual que ele se mantém como presidente do conselho e principal executivo. É de 2009 o acordo entre a HRT e a Petra que dava direito à primeira comprar a participação de 45% vendida agora para a TNK-BP. As negociações entre os dois sócios brasileiros teve alguns percalços que culminaram com a decisão da HRT de exercer sua opção de comprar a participação da sócia, o que foi anunciado em maio. A HRT comemorou um ano da abertura de seu capital na semana passada preocupada com declarações do principal executivo da Petrobras no Amazonas de que não tinha intenção de abrir espaço para a concorrente em sua rede de gasoduto. Questionado pelo Valor sobre qual afinal será a estratégia da Petrobras com relação ao compartilhamento de sua infraestrutura na região, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, disse apenas que não iria "falar sobre hipóteses". A HRT pretende chegar a 2014 produzindo 100 mil barris de petróleo leve na área do Solimões. Até 2014, estão previstos investimentos de US$ 3,55 bilhões pelos dois sócios. O valor não inclui a Namíbia, onde a HRT tem ativos que não fazem parte da negociação com a TNK-BP. |
Protecionismo do Brasil começa a preocupar membros da OMC
Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra |
Valor Econômico - 31/10/2011 |
O Brasil passou a ser um dos países a sofrer mais vigilância entre os 151 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) por suspeita de crescente protecionismo, num cenário de tensão causado pela queda da demanda global. "O Brasil corre o risco de virar a "Geni" do comércio internacional, levando bordoadas de todo lado", disse um importante observador próximo da OMC, resumindo a situação atual e comparando o país à personagem da música "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque. Relatório da OMC para os líderes do G-20 diz que a Índia, o Brasil e Rússia foram os países do grupo que mais impuseram novas medidas restritivas ao comércio nos últimos meses, embora os três tenham também adotado várias ações de liberalização. A OMC tem um novo mecanismo para monitorar de perto os países e pede aos governos a confirmação de medidas comerciais, sem porém fazer comentário sobre a compatibilidade ou não com as regras internacionais. Nos últimos tempos, a lista sobre o Brasil não cessa de aumentar, indo de aplicação de licença não automática a importação, passando por preferência nacional nas licitações, subsídios no crédito e aumento de tarifas. Em outro relatório, a União Europeia aponta a Argentina e o Brasil como os dois maiores usuários de medidas protecionistas recentemente. Em comparação com 2009-2010, os europeus dizem que o Brasil está agora "ativamente" acelerando para alcançar o vizinho com "medidas inquietantes que impactam sobre o comércio e o investimento". Além de se queixar de uma série de restrições, a UE acusa o Brasil de ter começado a aumentar tarifas de importação, independentemente da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, vendo uma tendência que "vai continuar no futuro próximo". Uma "preocupação crescente" específica dos europeus é de que o Brasil siga a Índia e aplique taxa de exportação sobre minério de ferro, afetando o suprimento do produto e fazendo o preço aumentar nos próximos meses. Para parceiros, as restrições ao comércio por parte do Brasil se tornaram ainda mais relevantes diante da conjuntura frágil da economia internacional. Mas também levando em conta a posição agressiva até recentemente do país com vitórias contra os Estados Unidos no caso do algodão e da União Europeia no caso do açúcar. Quando as medidas de política industrial começaram a tomar contornos mais comerciais, incluindo reforço da defesa comercial e mais agilidade para encurtar o prazo de investigações sobre importações ditas desleais, o país passou a ser suspeito de enveredar o caminho do protecionismo. As medidas eram consideradas, porém, da "área cinzenta". Os parceiros reclamavam sem excesso e o Brasil podia justificar com ou menos dificuldade. Porém, a alta do IPI para carros importados, em setembro, rompeu completamente a barreira. O consenso na área comercial em Genebra é de que o país dessa vez sequer teve a sutileza de esconder a inconsistência com as regras da OMC e atropelou duas delas de uma só vez, sobre benefícios vinculados a desempenho exportador e conteúdo nacional. O Japão e a Coreia do Sul começaram o ataque contra a alta do IPI no Comitê de Acesso ao Mercado. Mais queixas virão em outros comitês e dessa vez o Brasil não poderá escapar com argumentos de procedimento e precisará dar explicações. O passo seguinte pode ser o questionamento diante dos juízes da OMC, o que pode conduzir à retaliação mais tarde. Outra medida que "acendeu a luz" de parceiros foi a nova margem de preferência de 25% que o governo Dilma Rousseff dará para as empresas nacionais nas compras governamentais. A UE anunciará em dezembro uma nova legislação sobre compras governamentais, visando sobretudo o Brasil, China e Rússia. Vai exigir reciprocidade ou do contrário também fechará seu mercado a empresas brasileiras no setor. A credibilidade brasileira está sendo afetada em várias áreas na cena comercial. O país, antes reclamante, passou a ser questionado nos comitês de diferentes temas na OMC. O peso de seus argumentos também mudou para menos, nas discussões de preparação da conferência ministerial de dezembro e sobre o futuro das negociações da Rodada Doha. Outra constatação repartida por vários negociadores na cena comercial é de que a proposta brasileira para a OMC discutir impacto do câmbio no comércio, apresentada em maio, está mais comprometida. Não há a menor chance de o país conseguir tão cedo apoio para levar a OMC a abrir negociação do impacto de câmbio sobre o fluxo comercial. A ideia de antidumping cambial, para impor tarifa adicional na importação originária de parceiro com câmbio desvalorizado, não tem como decolar tão cedo. Tudo isso é visto no momento na OMC como pretexto para o Brasil impor novas medidas protecionistas. |
"A hora de crescer não é agora", diz Maggi
Valor Econômico - 31/10/2011 |
Até poucos anos atrás, Blairo Maggi ostentava o título de maior produtor mundial de soja, mas perdeu o posto com o rápido avanço dos grupos estrangeiros sobre as terras brasileiras, como o do grupo argentino El Tejar. Mesmo assim, Maggi não parece disposto a brigar para retomar a posição - não agora. "Sempre estamos prontos para expandir, mas nesse momento ficou difícil porque o preço das terras está muito alto. A hora de crescer não é agora", afirma. O grupo Amaggi deve repetir nesse ano a área plantada de 2011, de 207 mil hectares. Para Maggi, as oportunidades de expansão estão hoje fora do Brasil, em países da África e da América do Sul, como Colômbia e Argentina. "A reputação do agricultor brasileiro lá fora é muito boa. Fizemos uma agricultura diferenciada aqui", afirma o senador (PR-MT), que deve plantar cerca de 7 mil hectares na Argentina neste ano. "Embora o governo vizinho fique com um terço de tudo que exportamos, é mais vantajoso do que transportar a soja de Mato Grosso até o porto de Santos". O empresário disse ainda que não pretende abrir o capital de sua empresa, seguindo os passos de grupos como SLC e Vanguarda. "São estruturas interessantes, e já consideramos essa possibilidade no passado. Mas temos um volume de produção grande, uma trading e uma capacidade de captação de recursos muito boa - que é o que as empresas buscam quando fazem uma abertura". Maggi não descarta, porém, montar um fundo para "captar recursos, comprar terras e colocar para funcionar", um modelo de negócio em alta nos últimos anos. Ele pondera, porém, que as propriedades atuais não entrariam nesse fundo. "Seria uma outra empresa, um novo negócio, com nossa expertise e capital de fora. Mas pegar os ativos da família e transformar em uma coisa de todo mundo, não". A despeito de seus próprios planos, ele se diz preocupado com a concentração de terras na mão de fundos de investimento e grandes grupos estrangeiros, "que podem sair do mercado de um dia para o outro". "O médio e o pequeno produtor estão sendo expulsos do campo, e isso é ruim para o país. Pela segurança alimentar e econômica, o governo deveria olhar mais para o agricultor individual", defende o megaprodutor. |
Vanguarda Agro terá fundo de terras
Autor(es): Por Gerson Freitas Jr. | De Santiago (Chile) |
Valor Econômico - 31/10/2011 http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/vanguarda-agro-tera-fundo-de-terras |
A Vanguarda Agro, empresa formada recentemente após a incorporação da Vanguarda do Brasil pela Brasil Ecodiesel, já se organiza para viabilizar um ambicioso plano de expansão. De acordo com Otaviano Pivetta, maior acionista individual da companhia, o objetivo é plantar 500 mil hectares de soja, milho e algodão em até cinco anos. Em 2011, estima Pivetta, o grupo deverá cultivar cerca de 280 mil hectares. O objetivo, sinaliza o empresário, é adquirir novas terras em áreas de pastagens em Mato Grosso e em novas fronteiras agrícolas do Norte e Nordeste, como Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Para isso, a Vanguarda Agro terá de atrair novos investidores. "A empresa não tem caixa para comprar novas terras. Por isso, vamos criar um fundo de terras até o ano que vem e abrir 49% para investidores de fora", revela. De acordo com ele, as terras já pertencentes à empresa deverão ser alocadas para o fundo, que vai permanecer na estrutura da Vanguarda Agro. Pivetta conta que seu principal papel na nova companhia é prospectar novos negócios. E, para ele, o mercado de terras agrícolas está inflacionado e requer cautela na hora de investir. No Estado de Mato Grosso, nas áreas consolidadas - onde o solo já está preparado para a agricultura - o preço de aquisição de terra pode oscilar de 300 sacas e 400 sacas por hectare. "Qualquer investidor quer um retorno real de 4% a 5% ao ano. Na média, isso representa 15 sacas por hectare ao ano só para remunerar esse agente, o que é complicado do ponto de vista do equilibrio financeiro", afirma. Por outro lado, Pivetta estima que só Mato Grosso ainda dispõe de mais de 5 milhões de hectares em pastagens degradadas que podem ser ocupados com a agricultura - atualmente, o Estado planta algo próximo de 10 milhões de hectares. "Ainda temos muito espaço para crescer no Brasil", entusiasma-se. Até por isso, afirma, o grupo não tem qualquer intenção de investir em terras fora do país. O produtor reforçou que o foco da Vanguarda Agro daqui para frente será a produção agrícola. E que o biodiesel - principal atividade da Brasil Ecodiesel - ficou em segundo plano devido às margens de lucro apertadas. Na semana passada, o grupo vendeu à Camera Alimentos suas duas plantas de biodiesel no Rio Grande do Sul, que estavam desativadas. Segundo ele, as cinco unidades restantes, localizadas nas regiões Norte e Nordeste, também podem vir a ser negociadas "se, eventualmente, surgir um bom negócio". Pivetta, um ex-caminhoneiro gaúcho que migrou para Mato Grosso no início dos anos 1980, tornou-se um dos maiores produtores rurais do país na última década. "Fui sozinho de 50 hectares para 120 mil hectares", lembra. Em 2004, decidiu formalizar seu negócio, que passou a se chamar Vanguarda do Brasil. Em 2007, negociou a venda de 10% da empresa para o UBS Pactual, com vistas a uma abertura de capital, abortada durante a crise de 2008. Em setembro, a Vanguarda foi incorporada pela Brasil Ecodiesel, controlada pelos fundos do investidor espanhol Enrique Bañuelos e pelo empresário brasileiro Silvio Tini, que travaram uma batalha por discordarem sobre o negócio de R$ 1,1 bilhão. Pivetta (27%) e Bañuelos (22%) ficaram como maiores acionistas da Vanguarda Agro. Hélio Seibel, dono da Leo Madeiras, sócio da Leroy Merlin e um dos maiores acionistas da Duratex, detém 8% e Silvio Tini, 7%. Outros 36% estão em circulação no mercado. Até quinta-feira, a Vanguarda tinha um valor de mercado de R$ 1,46 bilhão e um faturamento estimado próximo de R$ 1,5 bilhão. O produtor diz que está à vontade no novo papel, de acionista e conselheiro. "É um mundo novo, ainda estou me situando, mas estou muito entusiasmado e tranquilo com a governança que se estabeleceu na nova estrutura de capital. Me preparei para isso, para levar minha empresa ao mercado e perenizar meu legado", afirma Pivetta. Ele garante que o clima entre os principais investidores é de "harmonia" e que as disputas entre Tini e Bañuelos "se ocorreram, ficaram para trás". Ele diz que se encontra quinzenalmente com Bañuelos, a quem chama de "craque", geralmente em São Paulo, e que a parceria entre eles terá vida longa. "Meu acerto com ele é de longo prazo. Ele acredita no negócio", afirma. |
Quantidade de alimentos no mundo preocupa população que cresce mais a cada ano
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Cálculo da ONU aponta que nesta segunda, dia 31, o planeta deva atingir a marca de sete bilhões de habitantes
Atualizada em 31/10/2011 às 09h58
Nesta segunda, dia 31, o planeta atinge a marca de sete bilhões de habitantes. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até a metade deste século o número deve triplicar. O cálculo da Organização traz uma série de preocupações, principalmente quanto à quantidade de alimentos disponíveis no mundo. Para a ONU, é fundamental que os governos invistam mais em planejamento no que se refere a alimentos, à água, energia e maior produção de lixo e poluição.
Para muitos trabalhadores brasileiros, além da preocupação com o aumento da população e a falta de alimentos, existe a questão dos preços. Para a dona de casa Nilva Fraga, fazer estoque de comida é cada vez mais difícil.
– Sempre a gente vem com o dinheirinho e nunca dá para levar a mesma coisa que a gente levava, sempre diminui – aponta Nilva.
O preço é apenas um dos motivos. Em um planeta com sete bilhões de pessoas, produzir comida e fazer com que ela chegue até esses sete bilhões de pessoas parece um desafio muito maior.
No entanto, a quantidade de comida não é o problema. Segundo a ONU, para a agricultura e a alimentação, o que se produz é suficiente para 12 bilhões de pessoas, quase o dobro dos sete bilhões atuais. Só o Brasil tem potencial para produzir alimentos para boa parte do planeta.
Os produtores já começam a planejar o futuro com sete bilhões de pessoas. De acordo com o produtor rural Ermindo Gayer, o mercado exige.
Para muitos trabalhadores brasileiros, além da preocupação com o aumento da população e a falta de alimentos, existe a questão dos preços. Para a dona de casa Nilva Fraga, fazer estoque de comida é cada vez mais difícil.
– Sempre a gente vem com o dinheirinho e nunca dá para levar a mesma coisa que a gente levava, sempre diminui – aponta Nilva.
O preço é apenas um dos motivos. Em um planeta com sete bilhões de pessoas, produzir comida e fazer com que ela chegue até esses sete bilhões de pessoas parece um desafio muito maior.
No entanto, a quantidade de comida não é o problema. Segundo a ONU, para a agricultura e a alimentação, o que se produz é suficiente para 12 bilhões de pessoas, quase o dobro dos sete bilhões atuais. Só o Brasil tem potencial para produzir alimentos para boa parte do planeta.
Os produtores já começam a planejar o futuro com sete bilhões de pessoas. De acordo com o produtor rural Ermindo Gayer, o mercado exige.
– A exigência é grande, então tem que se produzir cada vez melhor, com menos agrotóxico, fazer uma produção mais sadia, tanto pra quem consome quanto para a gente que trabalha com a agricultura também – aponta Gayer.
De acordo com o produtor rural Cilberto Mauer Witi, o freguês exige, cada vez mais, produtos melhores e mais bonitos, e quem vende precisa ir atrás disso. Segundo ele, para melhorar a produção, os agricultores trabalham com adubação orgânica com esterco de galinha, que gera um resultado melhor que o adubo químico.
O aposentado Adão Nunes acredita que quem produz os alimentos precisa se preocupar com a saúde de quem consome, usando menos agrotóxicos.
O aposentado Adão Nunes acredita que quem produz os alimentos precisa se preocupar com a saúde de quem consome, usando menos agrotóxicos.
– Não adianta eu me alimentar e depois ter que tomar remédio pra evitar aquele problema que eu adquiri através do alimento, mas tendência do mundo é boa. Eu acredito que se todo mundo pegar junto, não tem problema – disse o aposentado.
A data desta segunda será celebrada em várias cidades do mundo. Os nascimentos de bebês em diferentes localidades simbolizam o marco histórico. Nas Filipinas, a data já foi comemorada, tendo como símbolo o nascimento de Danica Maio Camacho. Ela nasceu nesse domingo, dia 30, dois minutos antes da meia-noite. Porém, para os médicos, o nascimento deve ser comemorado como se fosse nesta segunda. Os especialistas, no entanto, não conseguem determinar com precisão onde nasceu o cidadão de número sete bilhões.
Assunto:
Para especialistas, garantir alimentos a todos é um dos desafios do mundo
Segundo a FAO, ideal é estimular as atividades dos pequenos agricultores por meio de cooperativas agrícolas
Um dos desafios do mundo com sete bilhões de pessoas é garantir alimento a todos, segundo especialistas. De acordo com a Organização das Nações para Agricultura e Alimentação (FAO), o ideal é estimular as atividades dos pequenos agricultores por meio de cooperativas agrícolas. Os projetos ganharão o apoio da FAO, do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e do Programa Alimentar Mundial (PAM).
Segundo a FAO, as cooperativas em todo o mundo reúnem mais de 800 milhões de integrantes e geram cerca de 100 milhões de empregos. Em geral, essas instituições se envolvem em agricultura, silvicultura, pesca e pecuária.
No Brasil, as cooperativas foram responsáveis pela geração de 37,2 % do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola e de 5,4% do PIB global em 2009. O Fida trabalha com cooperativas agrícolas no Nepal (na Ásia), em centros de desenvolvimento de cabras. Nas Ilhas Maurício (no Oceano Índico), cooperativas respondem por mais de 60% da produção nacional de alimentos.
As agências da ONU com sede em Roma informaram que, no próximo ano, vão intensificar o apoio às cooperativas agrícolas com benefícios econômicos.
AGÊNCIA BRASIL
7 billion: can we count on it?
FROM ROBERT STIFF IN THE SCIENCE POLICY CENTRE
On 31st October 2011 the world population is projected to reach a landmark 7 billion people, according to UN estimates. A great deal of debate has surrounded the importance of this figure and what it means for the planet and its many inhabitants. The Royal Society is conducting a study which will address this, entitled ‘People and the Planet’, to be published in early 2012.
One point of discussion is the exact date of 7 billion people. This latest UN projection uses a new and more complex method than ever before. Hania Zlotnik, Director of the UN Population Division, has described how 100,000 future fertility paths have been calculated for each country. From these, a central value was taken to generate the ‘medium variant’ projection. It is from this that the 31st October 2011 is inferred.
Critics have rightly pointed out the challenges of making such a prediction. Because censuses are infrequent and incomplete, it is impossible to determine a precise date; even Ms. Zlotnik herself has said that “an interval of a few months or even a year would be a reasonable range of uncertainty”.
So what is the significance of this special date and the number 7 billion? It is not the number that is important, but the trend that it signifies. Demographers have calculated that global population first reached 1 billion in around 1804; by 1927, it had risen to 2 billion; 1959 saw 3 billion people; 4 billion arrived by 1974 and 5 billion by 1987; in 1998 the world surpassed 6 billion, and it has since taken around 12 years to reach 7 billion.
Given this continued increase, it is unsurprising that many have voiced their concerns and raised questions on the subject. What are the implications of the continued population increase for humanity? How many is ‘too many people’? What are the planetary limits? Will we have to change how we live, and how much we consume?
Sir John Sulston, Chairman of the Royal Society’s report on population, recently addressed these population issues in The Times: “It’s not simply a case of ‘more people’. While in some countries fertility remains high, in others it is very low. For example, because of plummeting birth rates, increasing life expectancy and little immigration, Japan’s greying population is set to shrink. The same is true in Western Europe”.
The UN’s medium variant projection is dependent on the past trends in fertility reductions and interventions continuing into the future. Whilst this projects that there will be 9.3 billion people by 2050, the numbers could range from 8.1 to 10.6 billion, the UN’s low and high variants. We have some ability to determine which path we follow.
And there are wider dimensions to population: people cannot be thought of as simple, collective statistics. Gross inequalities exist in the well-being and consumption patterns of people around the world; each person should flourish and live sustainably.
Professor Joel Cohen of the Laboratory of Populations at Rockefeller and Columbia Universities, and member of the ‘People and the Planet’ working group, demonstrates this by bringing together a set of striking numbers: “Some 850 million to 925 million people experience food insecurity or chronic undernourishment. In much of Africa and South Asia, more than half the children are of low height for their age as a result of chronic hunger. While the world produced 2.3 billion metric tons of cereal grains in 2009-10 — enough calories to sustain 9 to 11 billion people — only 46 percent of the grain went into human mouths. Domestic animals got 34 percent of the crop, and 19 percent went to industrial uses like biofuels, starches and plastics.” By dissecting the statistics and examining the ways in which they are linked, a clearer picture emerges of the challenges and opportunities that 7 billion people face.
The Royal Society’s report will focus on the relationship between population, consumption and the environment, and the implications for human wellbeing. It will consider the unprecedented size and growth of global population; but it will also consider a much wider range of statistics and facts. In so doing, it will address the dynamics and trends of which 7 billion people are a part, the broader implications of this, and what may be done about it. Only by consulting the evidence can we hope to understand the impacts of 7 billion people and more.
References
- Ms. Hania Zlotnik, UN Press Conferencehttp://www.un.org/News/briefings/docs/2011/110503_Population.doc.htm
- Sir John Sulston FRS ‘Overpopulation is too big a problem to ignore’ The Times 10 October 2011
- Professor Joel Cohen ‘Seven Billion’ New York Times 24 October 2011
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