quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fibria reduz ritmo de investimentos


Valor Econômico - 27/10/2011
 

Castelli, presidente: "Vamos garantir a maior parte dos aportes da expansão de Três Lagoas para que possamos assegurar a janela de entrada em 2014"
Ao mesmo tempo em que anunciou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre, por conta do impacto financeiro negativo do câmbio, a Fibria, maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, reduziu o ritmo de investimentos no curto prazo. Cortou em R$ 201 milhões o orçamento programado para este ano e, agora, tem R$ 1,44 bilhão empenhado até o fim do exercício. Para 2012, avisou o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, ainda não há decisão sobre o total de aportes, mas é certo que serão menores do que os verificados em 2011.
O valor para 2012 ainda está em estudo e será aprovado em assembleia geral nos primeiros meses do próximo ano. Conforme Castelli, "tecnicamente", a decisão não altera o cronograma de implantação da segunda linha de celulose em Três Lagoas (MS), que pode iniciar operação em 2014. "Vamos garantir a maior parte dos aportes para que possamos assegurar a janela de entrada em 2014".
Contudo, entre analistas que acompanham a indústria de celulose e papel, persistem as dúvidas sobre a capacidade da Fibria de colocar em operação uma nova fábrica ainda em 2014. O início de operação de outras unidades antes de seu projeto, conforme os especialistas, deve estabelecer um cenário de excesso de oferta de celulose num primeiro momento, o que tornaria inviável a implantação de novas linhas de produção entre 2014 e 2015. "Essa decisão (sobre os investimentos) não afeta os planos para 2014", reiterou Castelli.
No terceiro trimestre, a Fibria reverteu o lucro líquido de R$ 303 milhões apurado um ano atrás e registrou prejuízo de R$ 1,114 bilhão, diante do impacto negativo do câmbio na parcela da dívida que está denominada em moeda estrangeira (92% do total) e da marcação a mercado negativa de instrumentos de hedge. O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 2 bilhões, que se compara a receitas financeiras líquidas de R$ 277 milhões no segundo trimestre e de R$ 248 milhões entre julho e setembro do ano passado.
As variações monetárias e cambiais somaram R$ 1,29 bilhão negativos no trimestre - reflexo da valorização do dólar em relação ao real de 19% no intervalo. Ao fim de setembro, a dívida líquida somava R$ 9,54 bilhões, ante R$ 7,95 bilhões no encerramento de junho.
A despeito do forte impacto negativo que o câmbio teve sobre os resultados financeiros e alavancagem, a companhia não vai alterar suas políticas de gestão de dívida e de proteção cambial (hedge) no quarto trimestre. Em maio, quando divulgou sua política de gestão de dívida, a Fibria definiu a meta de não ultrapassar o indicador de 3,5 vezes medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, mesmo no auge dos ciclos de crescimento. No terceiro trimestre, esse múltiplo chegou a 4,2 vezes, ante 3,2 vezes no segundo trimestre.
De acordo com o diretor financeiro e de Relações com Investidores da companhia, João Elek, o descolamento do indicador de alavancagem em relação à meta foi "pontual" e veio na esteira da forte volatilidade cambial do período. "Entendemos que foi pontual. Hoje a tendência já é diferente e a alavancagem também seria diferente", disse o executivo.
Do lado operacional, a fabricante também mostrou desempenho mais fraco no terceiro trimestre, na comparação anual, e estável ante o segundo trimestre. Entre julho e setembro, a receita líquida da empresa totalizou R$ 1,45 bilhão, com queda de 8% frente ao terceiro trimestre de 2010 e de 1% frente ao segundo trimestre. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pró-forma ficou em R$ 476 milhões, 27% abaixo do apurado no mesmo trimestre de 2010 e 3% menor do que o verificado no segundo trimestre.

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