segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"A hora de crescer não é agora", diz Maggi

Valor Econômico - 31/10/2011
 

Até poucos anos atrás, Blairo Maggi ostentava o título de maior produtor mundial de soja, mas perdeu o posto com o rápido avanço dos grupos estrangeiros sobre as terras brasileiras, como o do grupo argentino El Tejar. Mesmo assim, Maggi não parece disposto a brigar para retomar a posição - não agora.
"Sempre estamos prontos para expandir, mas nesse momento ficou difícil porque o preço das terras está muito alto. A hora de crescer não é agora", afirma. O grupo Amaggi deve repetir nesse ano a área plantada de 2011, de 207 mil hectares.
Para Maggi, as oportunidades de expansão estão hoje fora do Brasil, em países da África e da América do Sul, como Colômbia e Argentina. "A reputação do agricultor brasileiro lá fora é muito boa. Fizemos uma agricultura diferenciada aqui", afirma o senador (PR-MT), que deve plantar cerca de 7 mil hectares na Argentina neste ano. "Embora o governo vizinho fique com um terço de tudo que exportamos, é mais vantajoso do que transportar a soja de Mato Grosso até o porto de Santos".
O empresário disse ainda que não pretende abrir o capital de sua empresa, seguindo os passos de grupos como SLC e Vanguarda. "São estruturas interessantes, e já consideramos essa possibilidade no passado. Mas temos um volume de produção grande, uma trading e uma capacidade de captação de recursos muito boa - que é o que as empresas buscam quando fazem uma abertura".
Maggi não descarta, porém, montar um fundo para "captar recursos, comprar terras e colocar para funcionar", um modelo de negócio em alta nos últimos anos. Ele pondera, porém, que as propriedades atuais não entrariam nesse fundo. "Seria uma outra empresa, um novo negócio, com nossa expertise e capital de fora. Mas pegar os ativos da família e transformar em uma coisa de todo mundo, não".
A despeito de seus próprios planos, ele se diz preocupado com a concentração de terras na mão de fundos de investimento e grandes grupos estrangeiros, "que podem sair do mercado de um dia para o outro". "O médio e o pequeno produtor estão sendo expulsos do campo, e isso é ruim para o país. Pela segurança alimentar e econômica, o governo deveria olhar mais para o agricultor individual", defende o megaprodutor.

Vanguarda Agro terá fundo de terras

Autor(es): Por Gerson Freitas Jr. | De Santiago (Chile)
Valor Econômico - 31/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/vanguarda-agro-tera-fundo-de-terras
 

A Vanguarda Agro, empresa formada recentemente após a incorporação da Vanguarda do Brasil pela Brasil Ecodiesel, já se organiza para viabilizar um ambicioso plano de expansão. De acordo com Otaviano Pivetta, maior acionista individual da companhia, o objetivo é plantar 500 mil hectares de soja, milho e algodão em até cinco anos. Em 2011, estima Pivetta, o grupo deverá cultivar cerca de 280 mil hectares.
O objetivo, sinaliza o empresário, é adquirir novas terras em áreas de pastagens em Mato Grosso e em novas fronteiras agrícolas do Norte e Nordeste, como Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Para isso, a Vanguarda Agro terá de atrair novos investidores. "A empresa não tem caixa para comprar novas terras. Por isso, vamos criar um fundo de terras até o ano que vem e abrir 49% para investidores de fora", revela. De acordo com ele, as terras já pertencentes à empresa deverão ser alocadas para o fundo, que vai permanecer na estrutura da Vanguarda Agro.
Pivetta conta que seu principal papel na nova companhia é prospectar novos negócios. E, para ele, o mercado de terras agrícolas está inflacionado e requer cautela na hora de investir. No Estado de Mato Grosso, nas áreas consolidadas - onde o solo já está preparado para a agricultura - o preço de aquisição de terra pode oscilar de 300 sacas e 400 sacas por hectare. "Qualquer investidor quer um retorno real de 4% a 5% ao ano. Na média, isso representa 15 sacas por hectare ao ano só para remunerar esse agente, o que é complicado do ponto de vista do equilibrio financeiro", afirma.
Por outro lado, Pivetta estima que só Mato Grosso ainda dispõe de mais de 5 milhões de hectares em pastagens degradadas que podem ser ocupados com a agricultura - atualmente, o Estado planta algo próximo de 10 milhões de hectares. "Ainda temos muito espaço para crescer no Brasil", entusiasma-se. Até por isso, afirma, o grupo não tem qualquer intenção de investir em terras fora do país.
O produtor reforçou que o foco da Vanguarda Agro daqui para frente será a produção agrícola. E que o biodiesel - principal atividade da Brasil Ecodiesel - ficou em segundo plano devido às margens de lucro apertadas. Na semana passada, o grupo vendeu à Camera Alimentos suas duas plantas de biodiesel no Rio Grande do Sul, que estavam desativadas. Segundo ele, as cinco unidades restantes, localizadas nas regiões Norte e Nordeste, também podem vir a ser negociadas "se, eventualmente, surgir um bom negócio".
Pivetta, um ex-caminhoneiro gaúcho que migrou para Mato Grosso no início dos anos 1980, tornou-se um dos maiores produtores rurais do país na última década. "Fui sozinho de 50 hectares para 120 mil hectares", lembra. Em 2004, decidiu formalizar seu negócio, que passou a se chamar Vanguarda do Brasil. Em 2007, negociou a venda de 10% da empresa para o UBS Pactual, com vistas a uma abertura de capital, abortada durante a crise de 2008. Em setembro, a Vanguarda foi incorporada pela Brasil Ecodiesel, controlada pelos fundos do investidor espanhol Enrique Bañuelos e pelo empresário brasileiro Silvio Tini, que travaram uma batalha por discordarem sobre o negócio de R$ 1,1 bilhão.
Pivetta (27%) e Bañuelos (22%) ficaram como maiores acionistas da Vanguarda Agro. Hélio Seibel, dono da Leo Madeiras, sócio da Leroy Merlin e um dos maiores acionistas da Duratex, detém 8% e Silvio Tini, 7%. Outros 36% estão em circulação no mercado. Até quinta-feira, a Vanguarda tinha um valor de mercado de R$ 1,46 bilhão e um faturamento estimado próximo de R$ 1,5 bilhão.
O produtor diz que está à vontade no novo papel, de acionista e conselheiro. "É um mundo novo, ainda estou me situando, mas estou muito entusiasmado e tranquilo com a governança que se estabeleceu na nova estrutura de capital. Me preparei para isso, para levar minha empresa ao mercado e perenizar meu legado", afirma Pivetta.
Ele garante que o clima entre os principais investidores é de "harmonia" e que as disputas entre Tini e Bañuelos "se ocorreram, ficaram para trás". Ele diz que se encontra quinzenalmente com Bañuelos, a quem chama de "craque", geralmente em São Paulo, e que a parceria entre eles terá vida longa. "Meu acerto com ele é de longo prazo. Ele acredita no negócio", afirma.


Nenhum comentário:

Postar um comentário