Autor(es): Por Vera Saavedra Durão e Juliana Ennes | Do Rio |
Valor Econômico - 27/10/2011 |
Apesar do resultado operacional recorde no terceiro trimestre, de R$ 16,1 bilhões, a variação do câmbio no período teve forte impacto negativo sobre a última linha do balanço da Vale. O lucro líquido foi de R$ 7,89 bilhões devido à depreciação do real frente ao dólar. Esse valor ficou abaixo da média das expectativas dos analistas levantadas pelo Valor, de R$ 8,60 bilhões, e inferior em 25% aos R$ 10,55 bilhões alcançados no mesmo trimestre do ano passado. No ano, o lucro líquido da companhia totalizou R$ 29,46 bilhões, ficando 47% acima dos R$ 20,07 bilhões do mesmo período do ano passado. O efeito do câmbio foi bastante negativo sobre os resultados financeiros da Vale no terceiro trimestre, com impacto de R$ 4,07 bilhões. A dívida total da Vale chegou a US$ 22,9 bilhões em 30 de setembro, com prazo médio de endividamento de 10,1 anos e custo médio de 4,68% ao ano. A dívida líquida subiu de US$ 11,2 bilhões para US$ 15,4 bilhões no terceiro trimestre. Isso devido à queda na posição do caixa para US$ 7,5 bilhões ao fim do trimestre, bem abaixo dos US$ 13,2 bilhões registrados no término do primeiro semestre do ano. O lucro da Vale foi atingido também pelo ajuste de preço dos "swaps" cambiais da companhia, no valor de R$ 1,2 bilhão. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 16,11 bilhões e superou em 1,2% o recorde anterior, de R$ 15,92 bilhões, reportado um ano atrás. No ano, o Ebitda da Vale soma R$ 43,94 bilhões, ante R$ 31,74 bilhões no mesmo período de 2010, um crescimento de 38%. A receita operacional somou R$ 28,63 bilhões no terceiro trimestre, também recorde histórico, maior em 12% em relação ao segundo trimestre e 8,5% acima do faturamento do mesmo periodo de 2010. O maior volume de vendas de minérios ferrosos, com destaque para minério de ferro e pelotas, respondeu por R$ 21,63 bilhões ou 75,6% do total da receita da empresa. Os metais básicos responderam por US$ 3,74 bilhões (13%) e os fertilizantes, por R$ 1,70 bilhão (5,9%). As vendas para a Ásia corresponderam a 53% da receita total, com destaque para a China, que respondeu por 34,6% da receita operacional por destino, mantendo-se como o maior cliente da mineradora. A América do Sul ficou em segundo lugar, com uma fatia de 19,2%. A Europa respondeu por 18,8% do faturamento total. No ano, a receita operacional da Vale atingiu R$ 77,82 bilhões, ante R$ 58,39 bilhões nos nove primeiros meses de 2010, mais 33%. O custo de produtos vendidos da Vale aumentou R$ 1 bilhão entre o segundo e o terceiro trimestre, atingindo R$ 10,44 bilhões. Em termos líquidos, descontado o efeito do maior volume de vendas, o impacto do câmbio e a depreciação de preços mais elevados de insumos e serviços causaram uma alta de R$ 487 milhões no custo. A mineradora explicou o aumento de custos basicamente pelo crescimento da aquisição de produtos (R$ 242 milhões), elevação dos valores pagos como royalties relacionados a minério de ferro e níquel (R$ 86 milhões), despesas com materiais (R$ 50 milhões) e com consumo de energia e gás (R$ 52 milhões). As despesas com pessoal alcançaram R$ 1,4 bilhão, equivalentes a 13,5% do custo do produto vendido. Um comunicado divulgado pela empresa junto com os resultados do terceiro trimestre deixa clara a posição da Vale diante da recente queda do preço do minério de ferro no mercado à vista chinês, que bateu em US$ 128 na terça-feira. Na nota, a Vale reafirma sua crença de que os preços do minério de ferro permanecerão elevados "por um longo período de tempo". Isso se deve à expectativa de que o mercado global de minério de ferro deve continuar a apresentar fundamentos sólidos, originados do desenvolvimento econômico e de transformações estruturais de economias emergentes, além de acreditar que as restrições ao crescimento de oferta permanecerão. |
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Câmbio reduz lucro da Vale no trimestre
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