segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Minério de ferro dá o tom no balanço da CSN


Autor(es): Por Ivo Ribeiro e Eduardo Laguna | De São Paulo
Valor Econômico - 31/10/2011

O balanço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no terceiro trimestre do ano mostrou que a empresa comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch vem ganhando dinheiro de fato é com a mineração de ferro, e quase nada com aço. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) obtido com o negócio de mineração no terceiro trimestre respondeu por 59% do total de R$ 1,7 bilhão.
Essa linha do resultado da companhia saltou de R$ 831 milhões no mesmo trimestre de 2010 para R$ 1,04 bilhão no fim de setembro, com margem de 66%. Enquanto isso, a atividade siderúrgica despenca a cada trimestre: no mesmo período saiu de R$ 957 milhões para R$ 596 milhões, com margem Ebitda de 26%.
Na receita líquida, a siderurgia ainda se manteve preponderante, com R$ 2,3 bilhões (53% do total), resultado da venda de 1,22 milhão de toneladas de aço produzido na usina de Volta Redonda (RJ). Porém, exibiu uma retração expressiva frente aos R$ 2,5 bilhões do mesmo trimestre de 2010 e do segundo trimestre deste ano.
A mineração de ferro, com as operações da mina Casa de Pedra (100% CSN) e da controlada Namisa (60%), alcançou R$ 1,58 bilhão, o que representou 36,4% do total da receita. Um ano atrás, esse negócio faturava R$ 1,2 bilhão.
Todos os esforços da CSN nos últimos anos têm sido direcionados à mineração de ferro, com investimento pesado na expansão da mina Casa de Pedra, que está apta a produzir 40 milhões de toneladas. Também no porto de Sepetiba, que é a base de exportação. De julho a setembro, da venda de 8 milhões de toneladas, 96% foram embarcadas ao mercado externo, principalmente a Ásia. China, Japão e Coreia do Sul são os principais clientes.
No negócio aço, a companhia, como outras do setor, enfrenta a concorrência do importado no mercado doméstico, tanto de forma direta quanto indireta (via produtos acabados, como automóveis e máquinas e equipamentos). No caso da CSN, o ataque maior tem sido em aços mais nobres, como os galvanizados e pré-pintados.
A margem Ebitda dessa unidade de negócio caiu para 26%, três pontos percentuais a menos que no trimestre anterior. Isso não leva em conta que o minério é computado a preço de custo, por ser próprio. Se fosse a valor de mercado, a margem ficaria entre 12% e 15%, segundo analistas. Na mineração, houve também leve retração na margem, para 66% (foi 68% de abril a junho).
Os outros três negócios da CSN - logística (de portos e ferroviária), cimento e energia - responderam por 10,7% da receita líquida e por 7,7% do Ebitda da companhia no terceiro trimestre.
Na sequência da divulgação dos resultados, a direção da CSN traçou na sexta-feira um cenário de estabilidade em preços e vendas nos próximos meses, com recuperação mais consistente dos negócios a partir do início de 2012.
Para o próximo ano, as projeções da empresa apontam para vendas de produtos siderúrgicos na faixa de 5 milhões a 5,3 milhões de toneladas, além de embarques de minério de ferro ao redor de 33 milhões de toneladas, dando sequência à renovação de recordes pela operação de mineração do grupo.
Mesmo com a desvalorização do minério de ferro no mercado chinês - que pode desencadear um novo movimento de baixa no preço internacional do aço, na busca das siderúrgicas por competitividade -, a CSN informou que não visualiza o risco de contração nos valores de seus produtos.
Luiz Fernando Martinez, diretor comercial da empresa, disse que o preço já está "no chão". Ele disse, contudo, que não acredita em aumento de preços, dada a prioridade das siderúrgicas de bloquear a entrada de aço importado. Assim, a tendência é que os valores sigam nos patamares atuais.

Siderúrgica "perdeu" dinheiro com Usiminas

Autor(es): Por Nelson Niero | De São Paulo
Valor Econômico - 31/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/siderurgica-perdeu-dinheiro-com-usiminas

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) reconheceu uma perda com o investimento que vem fazendo em ações da rival Usiminas.
Até setembro, houve uma desvalorização de R$ 446,9 milhões, segundo dados do balanço divulgado na quinta-feira, comparado a um ganho de R$ 206,9 milhões nos nove meses do ano passado.
No fechamento do balanço, a CSN tinha 11,29% das ordinárias (ON) e 15,15% das preferenciais (PN) da Usiminas. A conta também inclui uma fatia de 9,39% da siderúrgica de Volta Redonda (RJ) na beneficiadora de aços planos Panatlântica, de Gravataí (RS).
A empresa de Benjamin Steinbruch vem comprando ações da Usiminas, numa estratégia para ganhar força dentro da empresa - o que incluiu também propostas de aquisição das participações dos sócios Votorantim e Camargo Corrêa, que fazem parte do bloco de controle da siderúrgica mineira.
Os papéis ON, com direito a voto, da Usiminas foram sustentados pela movimentação da CSN, mas os preferenciais (PNA), sem voto, vêm em queda livre: até 30 de setembro, caíam 44,7%, enquanto as ON mantinham a cabeça fora d"água com 1,2%.
No balanço, a empresa classifica essas ações como "instrumentos financeiros disponíveis para venda" e registra a variação líquida negativa no valor de mercado no patrimônio líquido.
Como isso, o resultado abrangente nos nove meses - uma novidade das Normas Internacionais de Contabilidade, adotadas a partir deste ano no Brasil - ficou em R$ 1,89 bilhão, comparado aos R$ 2,85 bilhões do lucro líquido consolidado, o número "oficial". Nessa conta, foram subtraídos do lucro a desvalorização das ações e o ganho da venda da participação na australiana Riversdale.
O resultado abrangente mostra as mudanças no patrimônio, com exceção de dos investimentos dos sócios e distribuição de lucro. Segundo o professor Claudio Zorzo, a conta é importante para os investidores, pois atualiza o capital próprio, com as variações futuras de receitas e despesas que já estão registradas no ativo ou no passivo, mas ainda não chegaram ao resultado do exercício.

Mercado no país ainda é bastante fragmentado

Valor Econômico - 31/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/31/mercado-no-pais-ainda-e-bastante-fragmentado
 

A Trifer Indústria Metalúrgica Ltda. possui duas plantas industriais em Guarulhos, na Grande São Paulo. A terceira foi erguida em Santo Agostinho, em Pernambuco, e começou a operar há 90 dias. Os investimentos somaram R$ 10 milhões e a capacidade instalada mensal é de duas mil toneladas. Juntas, as três unidades galvanizam cerca de quatro mil toneladas mensais. A Trifer é uma das 35 empresas que formam o mercado ainda incipiente da galvanização no país, com enorme margem de espaço para crescer. Pouco mais de 10% do aço brasileiro é galvanizado.
"Trata-se de um mercado ainda bastante fragmentado, uma indústria que ainda não se organizou de forma que o bolo cresça para todos. A produção anual de aço é de 30 milhões de toneladas ano e apenas 3,5 milhões de toneladas são galvanizados", explica Eduardo Perez, do Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ) e gerente de marketing e planejamento da Votorantim Metais.
Cerca de 600 mil toneladas são destinadas à galvanização geral e as outras 2,9 milhões à galvanização de aços planos.
Com previsão de crescimento da ordem de 14% neste ano, Peres conta que o volume contrasta com os números apresentados por países europeus e também americanos em consumo per capita e volume de produção. "A maior empresa americana de galvanização instalada nos Estados Unidos possui 60 cubas de galvanização, enquanto no Brasil a Trifer, considerada de grande porte, possui apenas três, ou seja, uma em cada unidade", observa o gerente. Para se ter uma ideia, o consumo per capita de aço galvanizado em alguns países da Europa chega a mais de 15 quilos/ano.
"No Brasil se excluirmos o setor de torres de eletrificação e o setor de chapas galvanizadas, o consumo per capita fica entre 1,5 e 2 quilos por ano. Existe um espaço enorme para a galvanização crescer no Brasil e é o que está ocorrendo agora", acrescenta Eduardo Silvino P. Gomes, vice-presidente do ICZ.
Para Eduardo Perez, a única forma de estimular o incremento do setor é acelerar o processo de investimento. "Para crescer o consumo de aço galvanizado no Brasil é necessário que a oferta aumente. Hoje são empresas familiares que operam com 90% da capacidade instalada e não estão dispostas a investir", afirma. Apesar de ainda tímidos, pipocam aportes financeiros no ramo.
"Há investimentos em novas plantas de galvanização com reflexos em diversos setores da indústria e da construção. O crescimento da galvanização geral, cuja produção anual é de 600 mil toneladas operando com 90% da capacidade instalada, deverá crescer entre 12% e 15% no próximo ano. Os investimentos devem somar cerca de R$ 100 milhões em novas plantas", prevê o vice-presidente do Instituto. A capacidade instalada deverá ter um salto. "O aumento previsto é de 50% até 2015 em galvanização geral. Na área de galvanização de aços planos os investimentos são pesados", acrescenta Gomes.
A Usiminas desembolsou R$ 914 milhões em uma nova linha de galvanização na planta de Ipatinga (MG), e elevou, desde o mês de maio, a capacidade de produção anual de aço galvanizado por imersão quente em 550 toneladas, dobrando a capacidade produtiva. "O Brasil levará mais de uma década para se aproximar do consumo europeu. O Chile tem um consumo de aço galvanizado de sete quilos per capita/ano", ressalta o vice-presidente da entidade. Os custos com mão de obra estão cada vez mais altos no Brasil e os gastos com manutenção de estrutura e repintura passam a ser um componente cada vez mais importante dentro da análise de custos de um projeto, estimulando o uso do aço galvanizado.

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