quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Brasil recebe US$50 bi de investimentos diretos



Autor(es): agência o globo:Gabriela Valente
O Globo - 26/10/2011
 

Com dólar em alta, gasto de turistas no exterior perdeu força e subiu só 12% em setembro, contra 44% na média
RASÍLIA. A crise internacional teve ao menos um efeito positivo para o Brasil: reduziu a pressão sobre as contas externas. O país é um dos únicos grandes com perspectiva de crescer. Não foi à toa que, em setembro, bateu novo recorde histórico de ingressos de investimento estrangeiro direto (IED): US$50,4 bilhões nos nove primeiros meses do ano. É o maior volume desde 1947, quando o Banco Central começou a registrar os dados, e mais do que tudo que entrou ao longo de 2010. Em 12 meses, são US$76,3 bilhões. Este tipo de recurso entra no país para financiar o aumento da capacidade produtiva e da infraestrutura.
Enquanto os dados da Unctad mostram uma desaceleração do crescimento dos investimentos no mundo inteiro, a América Latina e o Caribe receberam US$102 bilhões dos US$568 bilhões que circularam no mundo até o terceiro trimestre. E o Brasil atraiu a maior parte.
- Apesar da crise, a gente vai continuar a receber um volume grande de investimento simplesmente porque o mundo não tem alternativa - diz o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas.
Segundo o economista, o Brasil tem uma taxa de retorno de investimento muito sedutora na comparação com outros países. As perspectivas são ainda melhores por causa dos eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas. Além disso, o mercado interno não para de consumir nem durante as maiores turbulências internacionais dos últimos tempos. Isso torna o país - que já é o quinto do mundo no ranking de IED, considerando dados de 2010 (atrás de EUA, China, Hong Kong e Bélgica) - ainda mais atrativo.
Só em setembro, o Brasil recebeu US$6,3 bilhões em investimentos diretos: muito acima da expectativa de US$5 bilhões. E é esse dinheiro que tem dado tranquilidade aos analistas quando olham para o balanço de pagamentos brasileiro. Este é formado pelas contas corrente (operações de troca de bens e serviços) e de capital (investimentos diretos e financeiros). A situação externa é confortável quando há superávit das contas ou quando o fluxo financeiro cobre o saldo corrente negativo.
- Até onde a vista alcança, contas externas não apresentam nenhum problema - garante Freitas.
Nos últimos anos, um dos motivos para o rombo crescente na conta corrente foram sucessivos recordes dos gastos dos turistas brasileiros no exterior. No entanto, assustado pelo aumento de 18% do dólar em setembro, o brasileiro ficou um pouco menos animado. As despesas lá fora, que cresciam numa média de 44% ao mês neste ano, subiram apenas 12% em setembro, quando os viajantes gastaram US$1,2 bilhão. Os primeiros números para outubro mostram que a precaução continua.
- Viagens internacionais são muito sensíveis ao câmbio. Agora, as pessoas estão mais cautelosas ? diz o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel.
Essa queda no ritmo dos desembolsos nas viagens ao exterior e o saldo robusto do comércio exterior fizeram com que as contas externas tivessem em setembro o menor déficit deste ano, de US$2,2 bilhões. O mercado esperava algo na casa de US$3 bilhões.
Também contribuiu para que a projeção não se concretizasse o fato de as empresas brasileiras não terem mandado tanto lucro para o exterior como em agosto. As remessas caíram de US$5 bilhões para quase US$2 bilhões, embora ainda maiores do que em setembro de 2010.
Segundo o BC, os gastos com outros serviços - como os de transportes, aluguel de equipamentos, computação e informações - também não têm mais o mesmo fôlego.

Por uma agenda positiva para o IED

O Estado de S. Paulo - 26/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/26/por-uma-agenda-positiva-para-o-ied
 

É fato que o contexto internacional favorece países em desenvolvimento no que se refere a fluxos globais de investimento estrangeiro direto (IED). Não por acaso que em 2011 os fluxos de IED para economias em desenvolvimento superaram os fluxos de IED para economias desenvolvidas. O Brasil não é exceção.
O País saltou da 14ª posição entre os principais destinos de IED no mundo em 2009 para a 5ª posição em 2010. Em 2011 os fluxos de IED para o Brasil devem alcançar 4,3% dos fluxos globais, a maior participação já observada. Além disso, o país encontra-se na 4ª posição no ranking dos países mais citados para a realização de IED até o ano de 2013, atrás apenas de China, EUA e Índia.
Quais os benefícios desses investimentos para a economia brasileira? Primeiro, podem ajudar a financiar o déficit em transações correntes. Segundo, podem favorecer a contenção de preços por meio da expansão da capacidade produtiva. Por fim, podem propiciar aumentos de competitividade por meio do acesso a novas tecnologias. Diante da conjuntura corrente da economia brasileira, as três contribuições nos são de enorme valia.
Mas nem tudo são flores. Os anúncios de novos projetos de IED no Brasil não escapam do quadro de retração dos anúncios de IED no mundo. O valor de novos anúncios de IED no Brasil, a exemplo do que já se observa no mundo, apresenta trajetória de queda. Enquanto no Brasil observa-se uma queda de 59,9% no valor dos anúncios de novos projetos de IED desde abril deste ano, no mundo a queda é de 40,1%. Ou seja, ingressos de IED no Brasil devem apresentar queda em 2012.Em resumo, em 2012 haverá disputas crescentes por investimentos decrescentes.

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