quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Criticada por mão de obra barata, Pequim eleva salário mínimo

São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011 

Aumento médio dos pisos regionais foi de 21,7% desde janeiro deste ano, bem acima da inflação, de 6,1%

Política vem sendo incentivada pelo governo, que pretende aumentar participação do consumo no PIB

FABIANO MAISONNAVE

DE PEQUIM

Ainda criticada no Brasil e em outros países pela mão de obra extremamente barata, a China elevou em média 21,7% os seus salários mínimos regionais, segundo dados oficiais.
O aumento dos salários tem sido incentivado pelo governo chinês.
O objetivo estabelecido no atual Plano Quinquenal (2011-2015) é incrementar a participação do consumo interno no PIB do país e reduzir assim a desigualdade de renda.
Por outro lado, os salários maiores refletem a falta de trabalhadores de baixa renda, principalmente no sul da China, onde há a maior concentração de indústrias para exportação.
A média foi calculada pelo Ministério dos Recursos Humanos e Seguridade Social a partir de salários reajustados de janeiro a setembro deste ano em 21 províncias, de um total de 31.

TRANSFERÊNCIA
Os aumentos estão bem acima da inflação, que ficou em 6,1% no mês passado (acumulado dos últimos 12 meses).
O maior salário mínimo da China é registrado na cidade de Shenzhen (sul do país, vizinha a Hong Kong), onde se paga o equivalente a R$ 364 mensais.
O valor é menor do que o mínimo brasileiro, atualmente em R$ 545, mas está bastante acima de outros países asiáticos.
No Vietnã, por exemplo, o salário mínimo mais alto é de R$ 167 (região de Hanói, a capital do país do Sudeste Asiático).
Os salários mais altos na China têm provocado várias transferências de fábricas de trabalho intensivo para vizinhos mais baratos.
O Vietnã está recebendo dezenas de fábricas de sapatos. Outros países em que o fenômeno se repete incluem Filipinas, Indonésia e Bangladesh.
Em encontro com jornalistas realizado no mês passado, o presidente regional de montadora sul-coreana Hyundai, Jae-Man Noh, disse que a China já deixou de ser considerada um país de mão de obra barata.

RENDA EM ALTA
Jae-Man afirmou que um trabalhador do setor automotivo ganha hoje cerca de R$ 13.520 por ano.
Em 2003, o salário anual era de apenas R$ 6.800. Segundo ele, a renda dos assalariados deve dobrar novamente até 2015
.
Toda a produção da Hyundai na China é vendida no próprio mercado interno, reflexo do aumento do poder aquisitivo dos chineses nos últimos anos.
"Precisamos abandonar a percepção de que o mercado chinês tem uma base produtiva de baixo custo", disse Jae-Man.

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