sexta-feira, 21 de outubro de 2011

China teme calote e deixa governo local emitir títulos



Autor(es): Por Jamil Anderlini | Financial Times, de Pequim
Valor Econômico - 21/10/2011
 

A China autorizará governos locais a emitir títulos diretamente, pela primeira vez em quase 20 anos. Pequim toma providências para evitar possíveis calotes de governos em nível provincial e municipal, que poderiam provocar estragos no setor financeiro do país.
Um projeto piloto anunciado ontem pelo Ministério das Finanças chinês permitirá que as províncias de Zhejiang e de Guangdong, e as cidades de Xangai e Shenzhen, emitam títulos de três e cinco anos por sua própria iniciativa.
Acredita-se que a iniciativa será estendido a outros governos locais, muitos dos quais tomaram pesados empréstimos para financiar projetos de infraestrutura, como parte do enorme estímulo econômico adotado em 2008 no país.
Na China, os governos locais não têm autorização para emitir seus próprios títulos ou incorrer em déficits orçamentários desde 1994, devido ao temor com as enormes dívidas que estavam sendo acumuladas. Mas a maioria deles contornou essas restrições mediante a criação de "empresas de finalidade específica" para custear obras públicas e investimentos.
Essa prática multiplicou-se exponencialmente após Pequim ter lançado seu pacote de estímulo para enfrentar a crise financeira de 2008. A dívida dos governos locais mais que triplicou, segundo algumas estimativas, de cerca de 4 trilhões de yuans em 2007 para 14 trilhões de yuans - cerca de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2010 - no fim do ano passado.
O Ministério das Finanças não informou quanto cada governo local será autorizado a captar, mas o montante será, de início, relativamente pequeno, sendo que às quatro autoridades locais deverá ser alocada uma quota combinada de 20 bilhões a 30 bilhões de yuans (US$ 3,1 bilhões a US$ 4,7 bilhões), antes do fim do ano. Os títulos poderão ser comprados por investidores chineses, assim como por um número limitado de instituições estrangeiras autorizadas.
Atualmente, o Ministério das Finanças da China vende até 200 bilhões de yuans por ano de títulos em nome de governos locais.
Liu Mingkang, presidente da agência reguladora bancária chinês, reconheceu na quarta-feira haver sérias preocupações com o peso das dívidas de governos locais. "Não podemos negar que as plataformas de financiamento dos governos locais não foram bem administradas. A falta de mecanismos de monitoração e outros problemas criaram vários riscos."
Mas Mingkang disse que o problema ainda é "administrável", graças ao rápido crescimento das receitas públicas e da economia.
"Devidamente gerenciado, o problema do endividamento local não desencadeará, necessariamente, uma crise bancária e nem uma desaceleração macroeconômica", disse Stephen Green, chefe de pesquisas sobre a China no Standard Chartered.

Falta de verba faz Pequim suspender obras pelo país

Valor Econômico - 21/10/2011
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/21/falta-de-verba-faz-pequim-suspender-obras-pelo-pais
 

A falta de dinheiro está causando a suspensão em obras de rodovias e ferrovias na China. Segundo relatórios do governo chinês, a falta de pagamento tem afetado trabalhadores e fornecedores.
Muitos dos 6 milhões de chineses empregados na grande expansão das ferrovias no país não vêm recebendo há meses, e cerca de 10 mil km de projetos estão paralisados por falta de recursos.
Segundo o jornal China Daily, os contratantes das obras ainda devem grandes quantias a fornecedores de cimento e aço.
A colisão de dois trens de alta velocidade, que matou 40 pessoas e feriu 177 em julho, levou à revisão de muitos projetos ferroviários e à suspensão de outros.
Em setembro, os gastos com a construção de ferrovias caíram 19% sobre o ano anterior, refletindo a queda de ritmo após o acidente. Mas o programa de expansão de ferrovias já sofria com o alto endividamento e dificuldades de financiamento depois que os bancos estatais reduziram o crédito.
"Nos últimos anos, a construção de ferrovias se expandiu muito rapidamente e em uma escala muito grande. Algumas linhas em construção são paralelas e de curta distância", disse Li Hongchang, professor de economia a administração na Universidade Jiaotong, em Pequim. "Se a eficiência é baixa, haverá um buraco entre receita e custos, e o único que pode remediar a situação é o governo."
O Ministério das Ferrovias tinha um endividamento de US$ 315 bilhões no final de junho e deve emitir bônus de US$ 16 bilhões neste ano para financiar as obras. Para seduzir investidores, que andam desconfiados, o governo cortou recentemente impostos sobre os juros pagos por esses títulos e também mudou sua classificação para bônus emitidos pelo governo, em vez de bônus corporativos.

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