sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Palestrantes minimizam efeitos nocivos de agrotóxicos à saúde







Representantes de empresas da área de agrotóxicos e um pesquisador afirmaram ontem (20/10/11) que o uso de agrotóxicos não causa tanto mal à saúde humana. Eles participaram de audiência pública da subcomissão da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputadossobre o uso de agrotóxicos e suas consequências à saúde.

Segundo o coordenador da área de saúde ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ângelo Trapé, não houve nos últimos quatro anos nenhum caso de intoxicação de agricultores no hospital universitário, que atende cerca de 6 milhões de pessoas da região. De uma pesquisa com 10,5 mil pessoas, com média de exposição de 18 anos a agrotóxicos, apenas 2% tinham tido impacto na saúde.

Trapé, que é médico toxicologista, afirmou que, apesar do aumento crescente no uso de agrotóxico no País, o numero de intoxicações está caindo "brutalmente". Na opinião dele, indicado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) para participar do debate, muitos diagnósticos de intoxicação por agrotóxico feitos pelo sistema de saúde são incorretos.

O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), José Roberto da Ros, disse que o uso de agrotóxicos é necessário para desenvolver a lavoura e preveni-la de pragas e ervas daninhas. Os defensivos agrícolas estão em quarto lugar entre as causas de intoxicação, atrás de remédios, produtos de limpeza e animais peçonhentos.

SEM TRANQUILIDADE

Os parlamentares presentes ao debate questionaram as informações dos palestrantes. "Eu não tenho essa tranqulidade de que tudo é simples como parece", afirmou o relator da subcomissão, deputado Padre João (PT-MG). De acordo com ele, existem dados comprovando que áreas com grande incidência de uso de agrotóxicos o índice de casos de câncer é maior.

deputado Amaury Teixeira (PT-BA) questionou por que os agrotóxicos utilizados no Brasil possuem elementos ativos banidos na Europa e nos Estados Unidos. "Se o Brasil está certo no uso de agrotóxicos, porque há restrição em outros países?", questionou.

José Roberto da Ros rebateu as críticas e afirmou que o uso de agrotóxicos no Brasil é diferente do europeu ou norte-americano pelas características do clima local. "Não dá para comparar os países tropicais com os países da Europa. Estamos usando menos do que deveríamos", disse.

COLETA DE EMBALAGENS

A gerente de Comunicação, Educação e Projetos do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), Juliana Hosken, afirmou que 94% de todas embalagens plásticas de agrotóxicos no Brasil foram recicladas em 2010. De acordo com ela, esse é o melhor índice do mundo, acima de países como Alemanha (76%), Canadá (70%) e Estados Unidos (30%).

"O Brasil é reconhecido pela Organização das Nações Unidas como referência na gestão de embalagens", afirmou Juliana Hosken. Todos os fabricantes brasileiros de agrotóxicos são associados à entidade.

Amaury Teixeira disse não acreditar na veracidade dos dados da entidade, pelos exemplos vistos no interior do País, com pessoas reutilizando embalagens para beber água ou como depósito de leite. "Esse dado de que reciclamos 90% das embalagens plásticas não é verdadeiro."

Juliana Hosken respondeu que todos os dados da entidade são confiáveis e servem de referência para ações do governo federal na gestão de resíduos sólidos.

FONTE

Agência Câmara
Reportagem -- Tiago Miranda
Edição -- Regina Céli Assumpção

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