quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Metade dos trabalhadores infantis está nas zonas rurais

http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2011/10/metade-dos-trabalhadores-infantis-esta-nas-zonas-rurais-3523311.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+RuralBR+%28Not%C3%ADcias+-+RuralBR%29


12/10/2011 | 20h14
Mais de 1,4 milhão de crianças brasileiras já deixaram a infância de lado para ajudar no sustento da casa
  • Angélica Sattler | Brasília (DF)
Atualizada às 20h45
No dia considerado o das crianças, um número assustador: mais de 1,4 milhão de crianças brasileiras já deixaram a infância de lado para assumir o lugar de gente grande ajudando no sustento da casa e mais da metade do trabalho infantil está na zona rural. Os dados são do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
Na contramão do que defendem entidades que buscam a erradicação dessa prática, um projeto de lei que tramita no Congresso quer diminuir para 14 anos a idade mínima para a entrada no mercado de trabalho. As críticas já começaram.
Desde cedo eles são obrigados a abandonar as brincadeiras para se arriscar nas ruas. Em todo o Brasil, até agosto deste ano, o Ministério do Trabalho impediu que 8,074 mil crianças continuassem trabalhando. Na área rural, as ocorrências mais frequentes são em lavouras de milho, fumo e morango. O problema é maior nas regiões Nordeste e Sul.
– No Nordeste é mais a situação econômica, a exclusão social, a pobreza extrema. Claro que tem peso os padrões, os valores culturais, mas no Sul, os padrões culturais que justificam e naturalizam o trabalho infantil são mais fortes – ressalta a secretária-executiva do Fórum, Isa Oliveira.  
– Nós temos que separar aquelas atividades que são desenvolvidas pelas crianças acompanhadas pelos seus pais e que fazem parte da cultura daquela família, de produção por uma exposição de grande carga horária, de peso, de intempéries, de utilização de ferramentas perigosas – explica a secretária nacional de assistência social, Denise Colin. 
A legislação brasileira proíbe o trabalho antes dos 16 anos. O deputado federal Dilceu Esperafico (PP-PR), no entanto, propõe reduzir em dois anos essa idade.
– É para que possamos dar condição de vida melhor para o jovem e também para que possamos tirá-lo da informalidade. Porque muitos deles estão trabalhando na informalidade. E se nós regulamentarmos seus trabalhos, eles estarão trabalhando com carteira assinada, tendo renda, tendo cidadania – afirma.
Adolescentes de 14 anos trabalhariam na condição de aprendiz ou no máximo quatro horas por dia. A ideia não agrada quem luta pela erradicação do trabalho infantil.
– Não está previsto aí a garantia à escolarização. Não é apenas ir à escola, é ter rendimento escolar, porque a educação básica é pré-requisito para a profissionalização e para o exercício pleno da cidadania no nosso país – defende Isa Oliveira.
As atividades em um centro social é que mantém uma menina longe do trabalho doméstico.
– Melhorei na escola, porque a gente traz o dever de casa e faz aqui. Antes eu tirava nota cinco e pouco. Agora eu tiro oito, 8,5 – conta a menor.
Nesses casos, os pais são orientados e monitorados para que recebam ajuda financeira do governo federal.
Mas existe uma condição para que a família receba o beneficio. O filho precisa voltar à escola e no contraturno participar de atividades educativas e de lazer. Uma forma de permitir que muitas crianças entendam o que é ter infância.
– Quando ela vem pra cá, tem um espaço de brincar em liberdade, de correr. Ela pode uma hora jogar bola, outra hora fazer um jogo pedagógico e outra hora na leitura, sem ter de prestar um resultado – explica a pedagoga Fernanda Ramos Martins.
A Organização Internacional do Trabalho recomenda ainda descentralizar as políticas públicas.
– É necessário municipalizar a política federal. É necessário que os municípios consigam elevar a taxa de escolarização e a qualidade da educação. É necessário que a educação seja mais atrativa que o trabalho para as nossas crianças – afirma o coordenador do Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil, Renato Mendes.
CANAL RURAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário