segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Carteiras de ações do Brasil destoam de emergentes e captam graças à China


Autor(es): Antonio Perez | De São Paulo
Valor Econômico - 05/12/2011
 

A movimentação dos fundos de ações internacionais na semana encerrada dia 30 reforça a tese de que o apetite pela bolsa brasileira é mais influenciado pela trajetória da economia chinesa do que pela crise na Europa. Enquanto todos os fundos dedicados a ações de mercados emergentes amargaram, em conjunto, saques de US$ 1,518 bilhão no período, as carteiras que compram apenas papéis brasileiros captaram US$ 103,27 milhões.
Segundo a consultoria americana EPFR Global, responsável pelos números, a redução da taxa de depósito compulsório na China "ajudou os fundos de ações da América Latina e do Brasil". Na semana do dia 30, as carteiras de papéis latino-americanos receberam US$ 19,13 milhões, revertendo o movimento da semana anterior, quando haviam perdido US$ 114,96 milhões. "A perspectiva de uma forte demanda chinesa pelas matérias-primas exportadas pela região ajudaram os fundos de América Latina a apresentar seu maior fluxo semanal desde o fim de julho, enquanto os aportes nos fundos de Brasil atingiram a maior alta semanal em 26 semanas", afirma a EPFR Global, em relatório.
O entusiasmo pelo Brasil não ajudou, contudo, os fundos dedicados aos Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), ressalta a EPFR Global. Na semana encerrada dia 30, essas carteiras amargaram saídas de US$ 83,6 milhões, marcando a 46ª semana de saques nas últimas 48 semanas.
O alívio monetário na China, diz a EPFR, também não ajudou as carteiras dedicadas à Ásia (sem Japão), que sofreram saques de US$ 804,04 milhões na semana. Os próprios fundos que compram apenas papéis da China perderam US$ 344,72 milhões no período. "Foi a maior saída [das carteiras da China] em oito semanas", afirma a EPFR Global, ressaltando que "respeitados gestores de recursos estão levantando novas questões sobre a saúde do sistema bancário do país".
Entre os outros grupos de emergentes, houve retiradas de US$ 401,76 milhões dos diversificados fundos de Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês) - que podem comprar papéis de diversos países - e de US$ 201,72 milhões dos fundos de emergentes da Europa, Oriente Médio e África (Emea, na sigla em inglês). "As retiradas de fundos de ações de mercados emergentes permaneceram na ordem do dia, embora os dados diários mostrem arrefecimento dos saques desde meados de novembro", afirma a EPFR Global.
A consultoria destaca que o bom humor dos mercados acionários mundo afora no fim de novembro, graças à ação coordenada de vários bancos centrais para aumentar a liquidez global, não foi capaz de atiçar o apetite por risco. "Os investidores se mostraram relutantes em perseguir o rali [dos mercados acionários]", afirma a EPFR.
Segundo a consultoria, os investidores mantêm o tom defensivo, com os "money market funds" (fundos conservadores de alta liquidez), os bônus americanos e as carteiras de ouro e outros metais preciosos figurando como "top 3" na atração de recursos na semana do dia 30.
Os fundos dedicados apenas a ações dos Estados Unidos atraíram US$ 423,56 milhões no período. Na avaliação da EPFR Global, uma "série consistente de dados macroeconômicos melhores [nos EUA] sugeriu aos investidores institucionais que há boas oportunidades em ações de empresas pequenas." "O aporte semanal em fundos de "small caps" americanas foi o segundo maior do ano", diz a consultoria.

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