terça-feira, 30 de novembro de 2010

Banco de desenvolvimento da América Latina emprestará US$ 500 milhões para a Eletrobras

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Dinheiro será aplicado em financiamentos de projetos de geração e transmissão de energia e em investimentos em energias renováveis

A Eletrobras fechou nesta terça, dia 30, acordo com a CAF (banco de desenvolvimento da América Latina) para empréstimo de US$ 500 milhões. O dinheiro vai para o Fundo de Financiamento às Controladas (FFC), da holding Eletrobras. Os recursos serão usados em financiamentos de projetos de geração e transmissão de energia e em investimentos em energias renováveis das 15 empresas que integram o sistema Eletrobras.
Em nota, a Eletrobras informou que o valor do empréstimo será dividido em duas partes: a primeira, de US$ 125 milhões, será aportada pela CAF, e a segunda, de US$ 375 milhões, virá de cinco bancos - BBVA, HSBC, Santander, Bank of Tokyo-Mitsubishi (BTM) e Sumitomo Mitsui Banking Corporation (SMBC).
No comunicado, a estatal destaca que faz operações com a CAF desde 1997, quando foi acertado o primeiro empréstimo destinado a promover a interligação energética Brasil-Venezuela, por meio da construção de uma linha de transmissão entre os dois países. Posteriormente, foram realizadas mais três operações de empréstimos.
Sobre a CAF, a Eletrobras informou que a instituição tem como missão incentivar o desenvolvimento sustentável e a integração regional por meio de financiamento de projetos dos setores público e privado, oferecendo cooperação técnica e outros serviços especializados.
Fundada em 1970 e formado atualmente por 18 países da América Latina, do Caribe, da Europa e 14 bancos privados, a CAF é uma das principais fontes de financiamento multilateral e um importante gerador de conhecimento para a região.





Governança sob medida

Autor(es): Josette Goulart | De São Paulo
Valor Econômico - 30/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/30/governanca-sob-medida

O que é governança, afinal? Para o presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz, "é um conceito como felicidade ou amor, para cada um é diferente".
Em um momento em que a bilionária empresa que comanda é questionada por seus acionistas minoritários justamente pela governança, ou a falta dela, e a dificuldade em se obter informações das subsidiárias do grupo, Muniz pondera: "Queria ver qual ser humano seria capaz de ler todas as informações que são geradas aqui".
Ele diz que como presidente do sistema o importante é ter informações dos pontos principais. Afinal, cada empresa do grupo tem seu próprio conselho de administração.
A disputa pelo poder na Eletrobras tem sido acirrada nesta transição de governo. São nove presidências em jogo e algumas dezenas de cargos em diretoria, além dos próprios cargos em conselhos de administração. Nem o próprio Muniz, indicado pelo PMDB, é nome confirmado no comando da empresa. Ele mesmo diz com certa frequência "se eu estiver aqui em janeiro" ao falar sobre seu futuro próximo. Sob sua batuta, entretanto, Muniz é defensor de uma Eletrobras que continue sendo parte empresa e parte agente de Estado.
A governança da empresa e a atuação do próprio conselho de administração, presidido pelo ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, foram duramente criticadas em entrevista recente concedida ao Valor pelo representante dos acionistas minoritários no conselho, Arlindo Magno. Magno falou de assuntos que considera "intocáveis" na Eletrobras e que, segundo ele, deveriam ser enfrentados pelo novo governo federal. "O Arlindo [Magno] quer a diretoria de participações e comitês de assessoramento ao conselho", diz Muniz. "E nós vamos chegar lá".
Mas as propostas do representante dos minoritários vão além. Ele sugere um conselho mais forte, sem que seja presidido pelo ministro de Minas e Energia. "O presidente não pode [constranger] os demais conselheiros", disse Magno. "Nós precisamos de um conselho mais independente". Muniz entende que o fato de ter um diretor do BNDES, um representante do Tesouro, um conselheiro independente e um representante da Casa Civil fortalece o conselho da Eletrobras.
Além das atividades de distribuição, geração e transmissão, a Eletrobras é responsável pela gestão de fundos setoriais e programas de governo como o Luz para Todos. Mas Muniz acredita que a Eletrobras não pode perder seu papel de agente de Estado, e administrar esses fundos faz parte desse papel. Desde que o resultado não seja negativo, segundo Muniz, ficar no zero (na gestão dos fundos) já é bom.
Muniz também é totalmente contra a privatização das distribuidoras da Eletrobras, apesar de não serem o negócio principal da empresa e passarem por grandes dificuldades. "Mas nós vamos recuperar essas empresas", diz.
Desde 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou uma meta para a Eletrobras, de se tornar a "Petrobras do setor elétrico". De lá para cá, a gestão da companhia foi unificada, os planos de cargos e salários devem seguir o mesmo caminho até o ano que vem, o logotipo das empresas tiveram o "Eletrobras" acrescentado a seus nomes originais. As empresas do grupo tiveram suas dívidas com a holding transformadas em capital, uma operação de R$ 10 bilhões.
Mesmo assim alguns incidentes trouxeram à tona a dificuldade de se unir empresas com culturas tão diferentes sob uma mesma gestão.
A subsidiária Furnas, por exemplo, desobedeceu uma decisão estratégica da empresa para participação no leilão da usina hidrelétrica de Teles Pires.
A unificação da marca foi o estopim para que os funcionários da Chesf criassem desconforto com o que consideraram a tentativa de se tirar a companhia do povo pernambucano. Os casos, segundo Muniz, foram isolados e ele mesmo justifica que não se pode querer mudar a cultura das empresas. "A Chesf e Furnas foram criadas antes da Eletrobras e sempre foram muito independentes", diz Muniz. "Estamos passando por um processo de transformação."
Na bolsa de valores, os papéis da empresa refletem o descontentamento dos investidores. Enquanto o índice do setor de energia sobe 9% no ano, as ações com direito a voto da Eletrobras caem mais de 14%. As preferenciais, que são beneficiadas por dividendos garantidos, caem quase o mesmo. Os números operacionais da empresa, comparados com seus pares no setor, também desapontam. Relatórios de bancos de investimento mostram que os índices das empresas do sistema Eletrobras são piores inclusive que seus pares estatais, como a Cemig.
No cronograma da Eletrobras, o próximo grande evento de interesse de seus acionistas deverá ser a capitalização de cerca de R$ 5 bilhões a ser feito pelo governo federal. Além disso, a empresa continua pagando os dividendos que ficaram parados anos na empresa. Uma vitória para os minoritários, segundo o próprio representante deles no conselho, Arlindo Magno.


Energia | 30/11/2010 | 13h35min



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