quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Logística atrai novo sócio à Copersucar

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/logistica-atrai-novo-socio-a-copersucar

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 25/11/2010


Até então apenas cliente da Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do país, a Aralco, de Araçatuba (SP), decidiu se tornar sócia e passou a engrossar o time das usinas do oeste paulista que integram o grupo. Com capacidade para moer 7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em quatro unidades industriais, a Aralco entrou na lista das cinco maiores associadas e deverá reforçar a atuação da Copersucar no oeste, segundo maior polo de produção de cana do Brasil.
Com mais essa adesão, a Copersucar passará a comercializar a partir da próxima safra (2011/12) a produção de açúcar e álcool de usinas que moem 121 milhões de toneladas de cana, ante as 114 milhões registradas na atual safra, em finalização.
No entanto, outros associados estão em negociação para entrar na comercializadora já na próxima temporada, diz Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar. Juntos, os novos sócios devem agregar mais 17 milhões de toneladas. Com isso, a comercializadora deve movimentar no ciclo 2011/12 açúcar e álcool derivados da moagem de 138 milhões de toneladas de cana, um crescimento de 21% em relação à temporada 2010/11.

Em 2014, a Aralco pretende pôr em funcionamento sua quinta usina, já batizada de Paisagem, também em São Paulo, com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas de cana por safra. De acordo com o diretor industrial da empresa, José Bilhamil Pelho Filho, o projeto já tem licença ambiental e deverá ser iniciado entre 2011 e 2012, com recursos estimados em R$ 160 milhões. O mix dessa unidade destinará 70% da moagem ao açúcar, de forma a equilibrar a produção da companhia, hoje em dia de perfil mais alcooleiro.
"Em torno de 70% do nosso caldo de cana é destinado para a produção de etanol. Com a nova unidade, vamos equilibrar essa distribuição com 40% para açúcar", reforça o executivo.
Fundada no fim da década de 70, a Aralco foi a segunda usina de cana a se instalar na região de Araçatuba - até então, a produção de cana concentrava-se no polo de Ribeirão Preto (SP), conta Pelho. Além das quatro usinas, a Aralco tem sob seu guarda-chuva uma empresa de cultivo de cana que é responsável por fornecer 80% do que o grupo consome por safra.
A adesão reforça a estratégia da Copersucar de crescer também na região do oeste de São Paulo, a mais recente fronteira de expansão do setor no Estado. Do lado da Aralco, a empresa vê na associação uma forma de aproveitar as oportunidades logísticas oferecidas pela comercializadora.
"Estamos em uma das regiões canavieiras de São Paulo mais distante dos portos, o que potencializa a nossa demanda por competitividade logística. No entanto, nossa avaliação é de que não vamos conseguir isso atuando isoladamente", diz Pelho.
Na safra em finalização, a 2010/11, a Aralco produziu 250 mil toneladas de açúcar e 400 milhões de litros de álcool, sendo que quase todo o volume do biocombustível foi transportado por rodovia. Até o ano passado, o grupo conseguia espaço em ferrovia para transportar 80% de seu açúcar, contrato que não foi possível mais ser renovado, de acordo com Pelho. "Vemos que a Copersucar tem movimentos claros de investimento em logística e está em linha com nossos interesses", completa.
Além da parceria no etanolduto, com a Petrobras, a Copersucar toca uma série de projetos logísticos para fazer frente à expansão do volume movimentado de açúcar e álcool. Juntos, eles devem demandar R$ 1,5 bilhão em aportes nos próximos cinco anos, contados a partir de 2010.



Copersucar dobra contrato de açúcar com a FCA

Autor(es): Fabiana Batista | De São Paulo
Valor Econômico - 26/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/26/copersucar-dobra-contrato-de-acucar-com-a-fca

Companhias do segmento sucroalcooleiro aceleram o passo para ganhar terreno no restrito universo de oportunidades logísticas do país. Na quinta-feira, a Copersucar, líder no comércio de açúcar e álcool no Brasil, anunciou a extensão da parceria com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA ), subsidiária da Vale, e pretende por nos trilhos 3 milhões de toneladas de açúcar até 2015.
O primeiro acordo com a companhia ferroviária, firmado no primeiro trimestre deste ano, previa o embarque de 1,5 milhão de toneladas da commodity.
Com essa parceria, a comercializadora tem em vista transportar por ferrovia 4,5 milhões de toneladas do adoçante em quatro anos, isso sem considerar novas parcerias que possam surgir até lá - a empresa já tem contrato com a América Latina Logística (ALL) para a movimentação de 1,5 milhão de toneladas.
Somando-se os projetos até agora anunciados pela Copersucar com os da Rumo Logística, empresa do grupo Cosan, é possível afirmar que em 2015 o Brasil estará transportando 15,5 milhões de toneladas de açúcar pelo modal ferroviário, o equivalente a 70% do atual volume exportado do produto pelo Centro Sul.
Juntos, os investimentos da FCA e da Copersucar se aproximam de R$ 100 milhões - além dos R$ 25 milhões já aplicados pela comercializadora no terminal multimodal de Ribeirão Preto (SP), que foi também estruturado com um anel ferroviário para tornar a movimentação de carga mais eficiente.
Do valor total, em torno de R$ 60 milhões serão aplicados pela FCA na reforma de 500 locomotivas e vagões, com previsão de entrarem em operação no ano que vem. "A nova estrutura vai reduzir o tempo de carregamento de um vagão de 1 hora para dez minutos", diz o diretor-presidente da empresa ferroviária, Marcello Spinelli.
Os R$ 40 milhões restantes vão ser aportados pela Copersucar na construção de mais dois terminais - um em Minas Gerais, provavelmente em Uberlândia, e outro na região central de São Paulo, diz Paulo Roberto de Souza, CEO da comercializadora. Todas as rotas desembocarão em Santos, no terminal da Copersucar, que em 2011 prevê exportar 6 milhões de toneladas de açúcar - 1 milhão de ensacado e 5 milhões a granel.
Há cerca de quatro anos operando com açúcar, a FCA tem nesse contrato com a Copersucar sua maior operação com a commodity. A empresa também movimenta grãos, de forma que, o agronegócio já responde por 60% do movimento total.
A parceria com a FCA integra projeto maior da Copersucar em logística que prevê investir R$ 1,5 bilhão ao longo de cinco anos, contados a partir de 2010. Além do etanolduto com a Petrobras , o projeto inclui outras iniciativas, como a ampliação do terminal de transbordo de etanol e da capacidade de estocagem de açúcar.


Marfrig tem aprovação do Cade para arrendamentos

Autor(es): Juliano Basile | De Brasília
Valor Econômico - 25/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/marfrig-tem-aprovacao-do-cade-para-arrendamentos


O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, ontem, arrendamentos de seis plantas industriais pela Marfrig. A empresa firmou dois protocolos com empresas do grupo Margen (Magna e Berque) para arrendar plantas de abate, produção e embalagens de carnes bovinas localizadas em Rio Verde (GO), Paranaíba (MS), Rolim de Moura (RO), Ariquemes (RO), Mãe de Rio (PA) e Paranavaí (PR).
Os acordos foram assinados em 18 de setembro, mas o negócio só será efetivado com a homologação de um plano de recuperação judicial que incluiu a cessão da marca Bom Charque para a Marfrig. O julgamento dos acordos foi bastante simples. O relator do processo, conselheiro Olavo Chinaglia, concluiu que as operações da Marfrig não trazem problemas de competição no segmentos de frigoríficos e indicou que o caso fosse aprovado pelo rito sumário - um sistema pelo qual não é preciso nem a leitura do voto do relator. Os demais conselheiros aceitaram e o caso foi aprovado.
De acordo com informações da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, em todos os Estados em que houve o arrendamento de plantas pela Marfrig, a participação da companhia no segmento de carne bovina não ultrapassou 20% do mercado total.

Paraná espera safra menor, mas rentável

Autor(es): Fernando Lopes | De São Paulo
Valor Econômico - 25/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/parana-espera-safra-menor-mas-rentavel

Maior Estado produtor de grãos do país na safra 2009/10, o Paraná deverá perder novamente o posto para Mato Grosso neste ciclo 2010/11, que está em fase de plantio. Isso não significa, entretanto, que a vida dos agricultores paranaenses vai piorar. Ao contrário. Se o clima não comprometer demais as lavouras - e há esse risco, por causa do fenômeno La Niña -, a maior parte dos paranaenses terá rentabilidade maior que na temporada passada, em razão da queda de custos e dos melhores preços sobretudo de soja e milho.

"Os produtores estão animados com as duas grandes culturas de verão, e esse otimismo está diretamente relacionado aos preços", diz Flávio Turra, analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Grande parte da última safra estadual de soja, diz ele, foi vendida por R$ 33 ou R$ 34 a saca de 60 quilos, valor que hoje está em R$ 45, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura.
No mercado de milho, os R$ 13 ou R$ 14 por saca de parte do primeiro semestre, que levaram o governo federal a apoiar o escoamento da produção, agora se tornaram cerca de R$ 20. E como a tendência de escassez hídrica do La Niña alimenta incertezas, os produtores creem que as cotações poderão subir mais. A colheita ganha ritmo no Paraná em fevereiro, e as vendas antecipadas estão paradas muito por conta disso.
A Ocepar é um bom termômetro para medir o ânimo dos agricultores do Paraná porque reúne 82 cooperativas agropecuárias, responsáveis por mais da metade da produção de soja e milho no Estado. Na soja, o percentual chega a 72%; no milho, atinge 52%. Estimativas da entidade apontam que os associados estão plantando uma área de soja 4,5% maior em 2010/11, enquanto a safra de milho de verão terá área 15% menor. É mais ou menos o movimento captado pela Conab para o Paraná como um todo, apesar das pequenas diferenças nos percentuais.
Se o La Niña permitir, prevê a Conab, a produção estadual total de soja deverá atingir até 14,067 milhões de toneladas, mesmo volume de 2009/10 - quando o clima foi quase perfeito -, e a safra de verão de milho deverá render até 5,544 milhões de toneladas, queda de 20%, determinada pelos baixos preços entre janeiro e julho. Se somada a safrinha de inverno de milho, ainda passível de todas as incertezas, o Paraná poderá colher 11,239 milhões de toneladas de milho no total, baixa superior a 16%. A produção paranaense de grãos como um todo deverá chegar a praticamente 30 milhões de toneladas em 2010/11, ante 31,4 milhões em 2009/10. Em Mato Grosso, serão, agora, 32 milhões.
Apesar de boa parte da produção deste ano ter sido comercializada com preços abaixo dos níveis observados a partir de julho, quando soja e milho voltaram a disparar nos mercados internacional e doméstico, o grande volume colhido colaborará para que o faturamento conjunto das cooperativas do Paraná alcance R$ 28,5 bilhões em 2010, 15% mais que em 2009. Mesmo com o dólar fraco, as exportações deverão representar US$ 1,7 bilhão do faturamento neste ano, ante US$ 1,5 bilhão em 2009, conforme Turra. "Só para se ter uma ideia", diz ele, "em 1970 o faturamento foi de R$ 22 milhões, em valores corrigidos".
Como já informou o Valor, os investimentos das cooperativas, por sua vez, deverão chegar a R$ 1 bilhão em 2010, aplicados principalmente nas áreas de carnes de frango e suína e em armazenagem. Em 2009, foram R$ 1,2 bilhão. "A queda se explica pela crise financeira global. Cerca de 50% dos investimentos deste ano foram em agroindustrialização, incluindo os segmento de carnes. A armazenagem deverá representar 35%", afirma Turra. Hoje, a capacidade de armazenagem das cooperativas paranaenses é de 14,5 milhões de toneladas; em todo o Estado, é de 25 milhões de toneladas.

Projeto de 'megacooperativa' de lácteos sob ameaça

Autor(es): Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Valor Econômico - 25/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/projeto-de-megacooperativa-de-lacteos-sob-ameaca

O projeto de criação da maior cooperativa de lácteos do país e da América Latina está na corda bamba. Depois da saída da mineira Cemil, em agosto, a Minas Leite e a goiana Centroleite acabam de se retirar do projeto, que é encabeçado pela também mineira Itambé. Com a saída das três centrais, restaram apenas a Itambé e a Confepar, do Paraná, nas negociações.
Pelo projeto inicial, lançado há mais de um ano, a fusão das cinco cooperativas criaria uma empresa com receita anual de R$ 4 bilhões e captação de 7 milhões de litros de leite por dia.
A Itambé já iniciou conversações com outra cooperativa de leite para uma eventual união das operações, mas analistas avaliam que concretizar uma fusão ficou mais difícil, já que as negociações voltaram à estaca zero.
O presidente da Centroleite, Haroldo Max de Sousa, disse que a central decidiu sair das negociações após uma mudança no projeto original. De acordo com Sousa, o modelo inicial previa a criação de uma grande central focada na organização da produção, captação e comercialização do leite in natura, a Nova Central de Lácteos, e de uma S/A focada na industrialização e na comercialização do produtos. Na central, o comando seria proporcional ao volume de leite produzido e na S/A, proporcional ao capital de cada cooperativa. A Nova Central teria parte da S/A.
Após a saída da Cemil e da Minas Leite, a Itambé propôs uma mudança no modelo, segundo Sousa. Nessa nova proposta, as cooperativas seriam controladoras de uma holding que será acionista da S/A. "Descaracterizou o projeto", afirmou o presidente da Centroleite. Em sua visão, a substituição da cooperativa central por uma holding "descaracterizou as premissas de manter o controle da produção e dos preços da matéria-prima pelos produtores associados às cooperativas".
O presidente da Itambé, Jacques Gontijo, disse que "não houve mudança" e que "o produtor não perde força". Ele explicou que, após aconselhamento de assessores jurídicos, decidiu-se pela criação de uma holding, pois este seria um modelo mais transparente para atrair um investidor externo para o projeto.
"Estamos procurando um investidor para esta empresa, e um interlocutor único [a holding] facilita o processo". O plano de fusão das cooperativas contempla também a abertura de capital da nova empresa na bolsa no futuro. Ele disse ainda que o modelo anterior, em que as cooperativas eram acionistas da S.A, poderia dificultar decisões futuras da empresa.
Apesar da saída das três cooperativas do projeto, Gontijo afirma que a fusão ocorrerá. Segundo ele, a aglutinação com a Confepar será concretizada em breve. "Deixaremos a porta aberta para outras cooperativas interessadas em entrar no futuro".
Ainda que a mudança de modelo tenha pesado para a saída da Centroleite e da Minas Leite, o valor de cada cooperativa associada no novo negócio também explica as defecções. Como é bem maior que as outras cooperativas e tem mais ativos, a Itambé teria um peso bem maior na nova companhia, conforme avaliação realizada pela PricewaterhouseCoopers, contratada em 2009 para avaliar os ativos de cada central de laticínios e estabelecer o peso de cada um dos sócios no negócio. Foi essa a razão para a saída da Cemil.
O presidente da Centroleite, Haroldo Max de Sousa, admitiu que a participação "muito inferior para as cooperativas detentoras somente da produção" no valor avaliado pela Price também levou à retirada do projeto. Disse, porém, que desde o início estava claro que a Itambé teria mais peso. Na última avaliação da Price considerando a fusão das três cooperativas, a Itambé teria fatia de 87% da empresa, a Centroleite, 3%, e a Confepar, o restante, segundo Sousa.

Cota russa de importações de frango será 50% menor

Valor Econômico - 25/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/cota-russa-de-importacoes-de-frango-sera-50-menor

A Rússia anunciou que reduzirá em 50% a cota de importação de frango, para 350 mil toneladas, no próximo ano. A decisão foi divulgada na terça-feira pelo vice primeiro-ministro Victor Zubkov. Em dezembro de 2009, Moscou havia informado que a cota cairia para 600 mil toneladas em 2011 e 550 mil em 2012.
O novo volume está em linha com as expectativas da indústria, e maior parte da cota irá para para os Estados Unidos, segundo Dmitry Rylko, diretor do Instituto para Estudos de Mercados Agrícolas em Moscou.
Os EUA tinham direito a 600 mil toneladas da cota atual de 700 mil , mas este ano as importações do país caíram porque a Rússia proibiu as compras de frango higienizado com cloro. O Brasil está hoje no grupo "outros" dentro do sistema de cotas russo, com 100 mil toneladas de frango em 2010. Por meio de sua assessoria, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) disse que o impacto deve ser pequeno.
A Rússia introduziu o sistema de cotas em 2003 para estimular a produção doméstica. A cota de importação de carne suína ficará inalterada em 472 mil toneladas no próximo ano e cairá para 425 mil em 2012, disse Zubkov, segundo a Interfax, citada pela Bloomberg. A cota para carne bovina congelada também ficará estável em 530 mil toneladas em 201 e para a carne resfriada, em 30 mil toneladas.



Boi no pasto e carne cara

Correio Braziliense - 25/11/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/25/boi-no-pasto-e-carne-cara

Preços elevados ainda castigarão a população ao menos até janeiro, quando o efeito da estiagem deve se dissipar e os abates serão retomados. Mas produtor só vê normalização em março
A estiagem prolongada até o fim de setembro ainda está afetando a recuperação das pastagens no Centro-Oeste e pode provocar atraso de mais de um mês na oferta de boi de pasto pronto para abate, o que deve contribuir para manter os preços em patamares elevados no mercado interno. Analistas do setor sustentam que a normalização só deve ocorrer a partir de janeiro, um cenário que contribui para manter os preços da arroba, que atingiram recordes neste ano, nas alturas. [Os produtores descobriram outra (velha) maneira de compensar sua perda relativa na participação dos lucros: manipular a oferta. Os especuladores deitam e rolam.]
Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados ontem mostram que o rebanho bovino brasileiro cresceu 1,5% em 2009 sobre 2008, atingindo 205,3 milhões de cabeças no ano passado, mas os abates caíram — situação que reflete no preço da carne, já que o mercado está carente de animais prontos para o consumo. O abate de animais em 2009 totalizou 28,063 milhões de cabeças, contra 28,69 milhões de cabeças registradas em 2008. A cotação da arroba superou a marca de R$ 100 por arroba neste ano. O indicador Esalq/BMF&Bovespa chegou a bater R$ 117 por arroba na primeira quinzena de novembro, e a carne bovina passou a ser destaque das altas dos índices de inflação.
“Sempre temos as primeiras chuvas em setembro, mas este ano vieram somente no fim de outubro. Isso vai atrasar em uns 60 dias a oferta de gado terminado a pasto”, afirmou Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte. Pessimista, ele avalia que o pico da oferta de animais de pasto só deve ocorrer em março. O Centro-Oeste, que segundo Nogueira concentra aproximadamente 60% do rebanho do país, ainda teve o agravante das inúmeras queimadas nas áreas de cerrado. “Quando o pasto é queimado, a rebrota demora mais”, afirmou.
Mato Grosso
O problema ocorre justamente no período em que a demanda por proteínas animais se fortalece com recursos do 13º salário e os preparativos para os feriados de fim de ano. Em algumas regiões de Mato Grosso, estado com maior rebanho no país, o atraso nas primeiras ofertas pode ser de um mês, segundo relato do diretor técnico da AgraFNP, José Vicente Ferraz, que esteve na região na semana passada. “As chuvas começam a se normalizar. Os pastos em Rondonópolis (sul do Estado) estão verdes e rebrotando, mas a oferta de boi gordo só deve começar na segunda quinzena de janeiro”, afirmou.
Se o ritmo do setor fosse mantido, os animais para abate da região Centro-Oeste começariam a chegar ao mercado em meados de dezembro, contribuindo para esfriar o movimento de alta registrado desde agosto nos preços. “O normal seria que já saísse um volume melhor de gado em dezembro, mas agora isso só deve ocorrer em janeiro”, observou Ferraz. “É preciso considerar que não é só o clima. Este é mais um fator, que se soma ao problema de escassez de oferta.”

Otimismo dispara
Impulsionada pelas classes de menor rendimento, a confiança do consumidor brasileiro atingiu recorde de alta em novembro, mostrou pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice subiu 2,7% em relação a outubro, para 125,4 pontos, alcançando novo recorde da série iniciada em 2005. “Em novembro de 2010, os consumidores brasileiros estão mais satisfeitos com a situação atual e otimistas em relação aos seis meses seguintes”, afirmou a entidade.
O componente de situação atual avançou 4,5% em novembro, para 147,5 pontos, também maior nível histórico. O de expectativas subiu 1,5%, para 113,6 pontos. “O indicador que mede o grau de satisfação dos consumidores com a situação econômica atual foi o que mais influenciou na evolução favorável do índice de confiança em novembro”, disse a FGV. O número de consumidores que avaliam a situação como boa aumentou de 31,7% em outubro para 34,6% em novembro.
A confiança da população com renda familiar mensal de até R$ 2.100 e até R$ 4.800 cresceu 5,2% e 3% respectivamente, acima dor percentuais de 0,8% e 1,2% das pessoas com renda de R$ 4.880 a R$ 9.600 e acima de R$ 9.600.

PEQUENA INDÚSTRIA ESTÁ SEM FÔLEGO
O crescimento da produção industrial não atingiu as pequenas empresas em outubro, revelou o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto o índice da produção das grandes empresas subiu de 53,6 pontos em setembro para 56,1 pontos, o das pequenas recuou de 52,5 em setembro para 51,2 pontos. A utilização da capacidade instalada (UCI) das pequenas indústrias também ficou abaixo do usual para os meses de outubro, com 47,9 pontos, enquanto a utilização da capacidade instalada das grandes foi de 50,2 pontos, patamar habitual no período. No geral, as expectativas de demanda e de compra de matérias-primas em novembro para os próximos seis meses continuaram positivas, mas foram as mais pessimistas desde julho de 2009. Os empresários também estão menos otimistas (57 pontos) sobre a demanda, item que marcava 59,8 pontos em abril de 2007.


25/11/2010 - 08h54

"Prato feito" sobe duas vezes mais que a inflação em um ano

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/835923-prato-feito-sobe-duas-vezes-mais-que-a-inflacao-em-um-ano.shtml
O tradicional "PF" (prato feito) subiu quase duas vezes mais do que a inflação medida pelo IPCA em um ano.
A combinação de alimentos mais procurada pelos brasileiros --o arroz com feijão acompanhado de salada, bife, batata frita e ovo frito-- teve alta de preço de 14,6% nos últimos 12 meses encerrados em outubro.

O cálculo foi feito pelo economista Jean Barbosa, da Tendências Consultoria, a pedido daFolha, com base na variação dos componentes do "prato feito" no IPCA e o peso desses produtos no principal índice de inflação. No mesmo intervalo, o índice geral subiu 5,2%.

Feijão apresentou a maior contribuição para a "inflação do PF"
O feijão apresentou a maior contribuição para a "inflação do PF". O tipo carioca subiu 98% na média nos últimos 12 meses. O motivo: problemas climáticos comprometeram a produtividade e resultaram em quebra de safra.
A produção brasileira ficou em 3,15 milhões de toneladas na safra 2009/10, insuficiente para atender à demanda. O Brasil consome, por ano, cerca de 3,3 milhões de toneladas de feijão.
"Houve um aperto no consumo. Com o preço mais alto, os consumidores procuram alternativas e o mercado acaba se equilibrando", diz o analista especializado no setor Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze Consultoria.
Os preços pagos ao produtor já começaram a cair e, em breve, o valor nas gôndolas deve seguir essa tendência.
"Entre dezembro e janeiro, começa a colheita da primeira safra de feijão, o que vai elevar a oferta em um momento de demanda tradicionalmente mais fraca, em razão das férias", afirma.
A saca do feijão, que chegou a ser cotada a R$ 230 no campo em meados deste ano, ontem era vendida a R$ 108 na média brasileira, segundo levantamento da Folha. Desde o início de novembro, o preço pago ao produtor caiu 14%.
Editoria de Arte / Folhapress
O bife também pesou no custo do prato feito. O preço do contrafilé subiu 15% em 12 meses, conforme mostra o IPCA. A oferta de carne bovina também foi influenciada por fatores climáticos, como a seca em áreas de pecuária, o que prejudicou a engorda do gado.
Além desse fator pontual, a oferta de animais para abate caiu também por conta de um fator conjuntural.
O Brasil vive os efeitos de um movimento de abate de matrizes (fêmeas) que ocorreu há quatro anos --reflexo dos baixos preços pagos ao produtor na época- e inibiu o crescimento do rebanho em uma fase de demanda aquecida. "O consumo cresceu acompanhando a renda da população", diz Barbosa.
Com o maior peso no custo do prato feito, o arroz permaneceu quase estável em 12 meses, assim como a alface.
Mesmo com influências menores no custo total da refeição, a batata e o tomate evitaram valorização ainda maior do "PF" em um ano, ao apresentarem variações negativas no período.
O ovo de galinha subiu em linha com a inflação.
O IPCA-15, considerado uma prévia do IPCA, divulgado nesta semana, mostrou que, apesar de os preços ao produtor se desacelerarem, o consumidor continua gastando mais no mercado.
O grupo alimentação e bebidas subiu 2,1% em novembro, ante 1,7% em outubro. O contrafilé ficou 6% mais caro em relação ao mês anterior, e o feijão-carioca subiu 11% na mesma comparação.

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